004 - BRACCAE

Karen , uma jovem que passou por alguns corres em Fortree para conseguir um pokémon que poderia levá-la pelos céus de Hoenn de um lado para o outro rapidamente, agora estava em Mountrock na busca de um novo membro para sua equipe para aumentar o seu número de cavaleiros. Seu plano? Encontrar um profissional em Scraggy que indicaria a ela onde encontrar seu objetivo, mas onde ele estaria?

A única certeza que Karen poderia ter no momento é que ela não sabia onde encontrá-lo, por outro lado já tinha certa experiência em sair por aí procurando por pessoas que só conhecia de nome, então não seria um grande problema, certo? Talvez se seguisse os pontos de referência encontrasse o local.

À distância, podia ver uma montanha que tangenciava a cidade, o centro de Mountrock era indicado por placas nos postes e outros lugares importantes, como o ginásio e centros arqueológicos. Áreas residenciais ficavam de fora das indicações, dando espaço para lugares que treinadores gostariam de ir, como em praças ou as poucas arenas locais conhecidas. Além disso, o Laboratório de Pesquisas MR também era indicado.

Eram muitas opções para se escolher, mas não dava para estar em todas ao mesmo tempo, para atrapalhar mais, nuvens mais escuras podiam ser avistadas se longe, quase cobrindo o sol. Com certeza viria chuva por aí, então era melhor se apressar, Karen. As ruas estavam movimentadas por hora, mas isso provavelmente mudaria em breve. O que seria? Perguntar para os passageiros? Ir aos pontos indicados? Alguma outra ideia? Arthur esperava enquanto brincava com seu coco, estendendo-o para uma criança... Ah, a velha brincadeira, essa mesma que deixou o garotinho bravo quando o símio a realizou e fazê-lo sair andando com bochechas infladas. Bem, o tempo corria.

A garota, dentre todas as opções possíveis, tomou coragem e resolveu socializar um pouco, afinal que mal poderia ocorrer se ela perguntasse a alguém sobre alguma pista, não é? A desconhecida que ela abordou estava de costas e virou-se surpresa quando a treinadora começou a perguntar. Enquanto perguntava, percebeu algumas características na moça, principalmente seu cabelo que era um castanho bem claro que poderia ser facilmente com um rosado, não tanto quanto o seu. Em sua cabeça havia um chapéu com um lacinho com uma joia preso ao acessório. Suas roupas? De cores leves e o mais importante: seu busto não se comparava ao seu.

O que Karen não esperava era a personalidade extrovertida da estranha que carregava um Vulpix em seus braços, era impressão dela ou a raposa suspirava como se algo de estranho estava para rolar? Se fosse esse o motivo, então estava totalmente certo. A senhorita aproximou-se de Karen a passos curtos, mas longos, fazendo-a inclinar seu corpo para trás como se a estivesse intimidando, uma cena estranha causada por uma garota poucos centímetros menor que ela, era engraçado para quem assistia.

-Hey, hey, hey, não precisa ficar tímida, garotinha - ela parecia tão animada -Você provavelmente deve estar procurando ele por que quer um Scraggy na sua equipe, né? Eu sei que sim, conheço pessoas assim!

O pequeno Vulpix passava vergonha alheia por sua treinadora, tanto que forçou sua ida ao chão, caindo perfeitamente sobre suas quatro patas, era notável que já estava acostumado com essa reação de si mesmo em relação à doidinha que nem pareceu surpresa e continuou falando.

-Acho que eu exagerei, né? - recuou, dando espaço a Karen -Prazer, Karen, eu sou Mei e esse é meu Vulpix, o fiel companheiro da minha família. Estamos passeando por Hoenn um pouco antes de voltarmos para Kanto, você sabia que a região voltou ao normal? Mal posso esperar para...

Ela estava falando demais, o suficiente para Vulpix bater sua cauda nela. Não machucou, muito menos doeu, mas ela entendeu -Ok, ok, acho que eu exagerei mesmo. Desculpa, é que estou animada com poder voltar pra casa. Você quer saber sobre algum caçador de Scraggy, né? Ou melhor dizendo... caçadora. Hehe.

Mei colocou as mãos na cintura e olhou para o alto falando sorrindo e com os olhos fechados e o rosto virado -Eu cheguei a conhecê-la há alguns dias, mas foi ajudando com um problema. Se quiser, eu posso te levar até onde ela mora, mas só se confiar em uma total estranha.

E bota estranha nisso.

Era meio assustador no começo, mas daria para se acostumar com Mei, pelo menos era o que seria melhor para a jovem Karen. A relação de Arthur com Vulpix parecia que daria certo até a garota dar elogios à raposa e deixar o símio enciumado. Grande Arthur e sua personalidade complicada. Seria ele um tsundere?

-Claro que posso! É só me seguir que eu vou te levar direitinho até lá Vulpix virou-se para uma direção que de início parecia aleatória -Você lembra onde fica, né? Então leva a gente pra lá!

Ai, ai. Era assim que Vulpix se sentia por ter uma treinadora desorientada, talvez a única parte de sua personalidade que contrariava sua esperteza que só usava quando lhe era conveniente. O quadrúpede partiu pela calçada com o trio o seguindo na direção de onde vinham as nuvens negras. É, Karen, sua sorte parecia não estar lhe acompanhando hoje.

-Aquelas nuvens... Lembrei! Eu devia ter ido comprar um guarda-chuva, anda chovendo bastante esses dias. Tem uma lojinha aqui perto, quer vir comigo? Ela fica ali, ó.

Mei apontava para uma rua larga e mais movimentada com várias lojas diferenciadas. Logo no começo dela, havia uma loja com produtos bem convenientes, incluindo o famoso guarda-chuva amarelo. Não só isso, mas capa de chuva e toalhas. Era isso que dava para ver da vitrine.

-Ou prefere andar na chuva? Não é tão ruim assim.

A vida de treinador não dá retorno nenhum, né? Eu sei, tá foda até pra mim, parceiro. Ela pegar um guarda chuva ou não dependeria do preço do produto e lá foram as garotas perguntarem para o lojista quanto custava cada um.

-O guarda-chuva é 200, a capa de chuva é 50. Andar na chuva é de graça.

-Acho que de graça sai caro, né? Hehehe. Me dá um guarda-chuva aí, moço! - Mei pegou e pagou, logo que o dinheiro foi entregue uma sirene apitou e as luzes da loja começaram a piscar de várias cores possíveis. Os funcionários jogaram confetes na cliente e o dono deu a notícia.

-Parabéns! Você foi a cliente número 36 a comprar na loja hoje. Você tem direito a levar um extra do que comprou.

-Ah! Sério? Que bom! Eu quero outro guarda-chuva, meu Vulpix vai adorar ter um só pra ele e... - ela olha para Karen -Quer dizer, acho que vou levar pra ela. Pode escolher.

Por que 36? O velho explicou que todo dia a loja sorteava um número aleatório para a promoção e o cliente que fosse esse número ganhava um prêmio surpresa. Que sorte, não é? Karen escolheu o seu e estava pronta para seguir. Vulpix foi na frente guiando o caminho. Mas antes que pudessem sair, ouviu duas senhorinhas conversando.

-Aquele pessoal da Gangue do Saco de Batata tá vandalizando de novo, Gertrudes?

-Tão sim, Maria. Acho melhor voltarmos para casa antes que eles venham causar confusão aqui. O Jeremias deve estar esperando.

Gangue do Saco de Batata? Que tipo de nome era isso? Bem, pelo menos Karen sabia que precisaria tomar cuidado, ou ela poderia receber uma batatada em sua cabeça... Ou seja lá o que eles fizessem. O grupo finalmente prosseguiu pelo caminho até que gotas começaram a cair do céu, sem problemas, era hora de o guarda-chuva brilhar! Era grande o bastante para se protegerem da chuva até chegarem em um ponto de ônibus.

-Eu lembro daqui! Está quase na hora do ônibus passar, a gente poupa quase vinte minutos de caminhada se pegarmos ele, o que acha? - Vulpix parou ao lado do ponto -Acho que ele não vai querer caminhar na chuva. Vamos esperar mesmo.

Lá eles pararam. Estava Mei e Vulpix em seus braços e Karen com uns dois metros de distância, mas todos protegidos pelo guarda-chuva, exceto por Arthur que achou uma folha enorme alguns metros atrás e a colocava sobre sua cabeça para não pegar chuva. Acho que já vi essa cena antes... Nah, imaginei apenas. Mei quebrou o silêncio.

Ah! Você falou que é uma monotreinadora, não é? É por isso que quer o Scraggy, certo? Eu estou aqui há algum tempo e nunca vi um, mas a caçadora deve te ajudar com isso, ela deve saber de tudo sobre eles.

Um tempo depois da conversa e o ônibus chegou, era só subir.

-Aí, você vem?

-Sim! Alguns pokémons são mais raros que outros, tanto por habitat quanto por evolução, não são todos que você vai achar em seu último estágio andando por aí, né?

O ônibus chegou e o grupinho entrou sentando-se nos poucos lugares vagos, mas próximos. Foi uma boa distância percorrida e que se mostrou poupar bastante tempo, principalmente nas subidas que não foram poucas. Finalmente haviam chegado no ponto que Mei indicou quando estavam próximas e puxou o sinal pro motorista parar. Desceram e se encontravam em um lugar totalmente residencial onde as casas quase não se diferenciavam. Se Karen não tivesse pedido ajuda, provavelmente nunca teria chegado lá com facilidade.

Mei olhou para um lado, olhou para o outro e se preparou para apontar em uma das direções quando Vulpix apenas andou reto, deixando a garota sem graça -Hehehe... buahaha - fingiu um choro e seguiu seu companheiro, assim como os demais. Logo avistaram uma casa com um quintal que não parecia ser limpo há alguns dias, mas de resto passava a impressão de ser bem cuidado.

-É ali onde vamos achar nossa caçadora!

A doidinha tocou a campainha e logo uma figura abriu a porta -Quem tá aí... Espera... Mei! - rapidamente a garota ruiva e de óculos foi ao portão recepcionar sua amiga. Ela aparentava ter um pouco mai de idade que as recém conhecidas e era maior em altura, mas ainda perdia em outros detalhes para Karen -E ela é? - referiu-se justamente à garota de Saffron.

-Essa é Karen, mas acho melhor ela se apresentar não é? Até porque ela queria te ver.