(010) — hidden springs/call it what you want

Que provocação dolorida! Meu amigo, se você quer ganhar a atenção da sua mina quando ela ta irritada, NÃO provoque-a. Com toda a certeza do mundo eu ganharia alguma marca no braço, Karinna fincou suas unhas na minha pele com tanta força que chegava a sangrar um pouco, mas eu me continha e ficava quieto. - Obrigado por isso. Eu provavelmente ia me prejudicar muito se tentasse limpar tua barra por aqui, na tora. Acho que nem tenho patente pra conseguir esse tipo de coisa por agora também. - Falava em tom mais baixo, sussurrando para a garota enquanto suspirava. - Quer dizer, não é como se eu fosse limpar tua barra pra toda merda que você vai fazer! - Cortava imediatamente, já temendo o monstro que podia criar dizendo isso para a loira. Que merda tu tem na cabeça, ein Fernandez?

Enquanto conversávamos, a dupla grama-psiquíca continuava com sua brincadeira de boneco de posto ambulante e acabava nos tirando mais algumas risadas, antes de o papo começar a ficar mais sério. - Eu não sei bem... três crianças sumidas depois de comportamento estranho me lembra aqueles filmes de ficção científica com ETs, sabe? - Ria, descontraindo um pouco. - Mas também me lembra um pouco da história do Flautista de Hammelin... e isso me preocupa. Um toque de flauta que hipnotiza as pessoas. Quer dizer, tipo, sei que não existe Pokémon assim que tenha sido catalogado, mas nem todos os Pokémon do mundo foram catalogados ainda. Será uma espécie nova? - Perguntava, me perdendo no horizonte enquanto divagava. - Mas antes, eu quero ver os tais desenhos daquela garota. Eles podem nos dar alguma pista... - Dizia, esperançoso.

As palavras de Karinna sobre estar preparado para qualquer coisa me fizeram sorrir de canto. Quer dizer, eu sei que ela confia em mim e acredita em mim, mas tenho certeza que ela mais por preocupação do que por demérito da minha pessoa, apesar de reconhecer que eu não sou um treinador forte. Me senti na obrigação deixá-la despreocupada. - Ta tudo bem, Tyrant me falou bastante sobre os contratos, como eles fogem bastante da realidade de uma primeira missão ranger, ainda mais de uma de Guarda Ambiental. Eu tô preparado pra tudo, até pra um daqueles ETs esquisitos entrando minha cabeça. - E balançava a cabeça, fingindo um asco. - Mas relaxa, acho que se entrarem na minha cabeça é bem capaz de fugirem de mim, tendo que ouvir todas as merdas que eu penso. - E ria um pouco.

Quando Karinna mudou de assunto, eu fiquei preocupado a priori, deixando esboçado na minha cabeça. - Ruim o suficiente pra me chutar da organização, eu acho. - Falava enquanto esfregava a nunca com a mão livre. - Minha nota na prova escrita foi bem okay, e na prova prática eu tirei o suficiente pra me passar, principalmente por insubordinação leve e indisciplina. Minha chefe era bacana, mas eu a perturbei do jeito errado logo de cara, sabe? Não acho que foi agradável da minha parte. - Mas depois aliviava a expressão. - Sei que ta. E ei! Essas são as missões de patrulheiro, eu não faço isso! - Tentava me defender, mesmo sabendo que era inútil. - Mas e você? Pensa em se tornar ranger, criadora...? Ou só não quer se alinhar a corporação nenhuma? - Perguntava curioso, até alguns meses atrás, eu mesmo jamais pensaria em virar ranger, mas eu PRECISAVA do dinheiro. Sabe? É complicado...

OFF: OBRIGADO PELA ROTA BEBÊS FOI INCRÍVEL

Quando eu perguntei Karinna sobre que classe ela queria assumir, ela aparentou ter ficado nervosa, e eu não entendi um caralho daquilo. Bem, fazer o que. Assim que as bonecas chegavam, eu tratava de pegar a minha, agradecer o pequeno Pokémon e me retirar junto de Karinna do parque. - Ei, não foi exatamente por querer... é só meu jeito mesmo. Soou agressivo, eu sei lá. - Suspirei. A pior parte é que eu não tive nem COMO contestar a porra da nota, sabe? Minha superior falou aquilo e eu só tive concordar e dar razão pra ela.

A medida que prosseguíamos, íamos até a estação de trem com nossa dupla de Pokémon nos acompanhando, e ao chegar lá, Bley aproximava seu rosto do meu. - Você não deixa uma escapar. - E ria. - Eu também achei... e mal posso esperar pelo próximo. - Dizia, com certo nervosismo. Mesmo eu, nessas horas, pedia um pouco da coragem e ficava meio inseguro, mas logo o assunto mudou, com Karinna dando uma leve inflada no meu ego e socando o meu braço logo em seguida, me tirando algumas risadas. - Pode deixar, vou fazer questão de te deixar contar pras outras pessoas. - Em seguida, eu me despedia da loira, beijando seu rosto, e resistindo muito pra não roubar um selinho porque do jeito que eu estava ninguém merece. - Pode deixar, eu aviso. Boa viagem! - Falava com um sorriso enquanto via a loira e seu Pokémon entrarem no trem-bala, enquanto eu e Brave ficávamos na plataforma, esperando pelo próximo trem que nos levaria até Riyado.

Via que Brave ficava animado, por vários motivos, e ele não deixava de socar minha canela de leve. Ele aparentemente havia amado aquele dia também. - Foi incrível, não é? - Dizia com um sorriso, e era respondido com um balançar de leve do seu corpo. O Gloom fazia uma amizade forte, finalmente, de fora do meu ciclo de Pokémon, ah qual é, até mesmo eu ficava animado pelo Pokémon. - Sabe, quando eu te capturei daquela floresta, mesmo que eu quisesse, eu nunca conseguiria imaginar que você seria meu principal parceiro. - Falava, olhando para o telão e roubando a atenção do gramíneo momentaneamente. - Só não conta pros outros, ta bom? Eles ficariam enciumados. - Em seguida, me ajoelhava para dar um soquinho na mão do gramíneo, que respondia do mesmo jeito e tentava resistir a deixar uma lágrima caindo. - Obrigado por estar comigo hoje também. - E levantava, entrando no trem logo em seguida, com o Gloom sentando ao meu lado no assento.

Enquanto o trem não partia, eu pude ver que algo na minha mochila estava brilhando, e pra minha surpresa, meus dois ovos chocavam. Eu peguei os ovos de Torchic e Feebas no colo e pude vê-los brilhar, até que os Pokémon saiam da casca. Eu fiquei surpreso, mas dava um grande sorriso. - Ei, amigos! É um prazer! Sou o Daisuke, e espero poder contar com vocês a partir de agora! - Falava, todo abestalhado com o que acabava de ver, e era respondido com um brilho nos olhos de igual intensidade antes de retornar os novos recém-nascidos para suas capsulas. Infelizmente, Brave não assistiu nada, eu não tinha me dado conta, mas o Pokémon havia apagado ao entrar no trem e sentar do meu lado. O retornei para sua esfera e passei todo o caminho até Riyado contando para Lisanna como tudo tinha sido, através das mensagens. Eu não sabia que quando eu chegasse na cidade da base Ranger, ela sairia pra beber, mas isso sequer é importante, né?

Eu agora tinha uma rota clara na minha mente, e esperava de verdade chegar antes das 2h da manhã em Fortree. Mas será que a sorte sorriria pra mim? É o que eu veria...