[BROOKLYN - SECUNDÁRIA] 001 - Começando do Começo

Brooklyn Valdstok - Personagem Secundária - ESPECIALISTA DARK I

Reencontrar com Luch havia me trazido sensações estranhas... Obviamente eu nunca iria admitir isso para ele, mas quando deixei Unova para trás e parti às pressas para Hoenn, eu não imaginava que acabaria reforçando os meus laços de amizade. Eu só queria matá-lo! E claro, levar os seus restos até Nimbasa como meu passe livre para ficar novamente "de boas" com os Renegade. Ai... ai... Havia lutado tanto para alcançar aquela minha posição e já havia sacrificado tanto... Creio que agora era a minha vez de ser o "boi de sacrifício" desta história.

Dificilmente havia volta para tudo o que ocorreu e eu teria que traçar uma nova vida em Hoenn... Nada mais clichê do que disfarçar-me de Treinadora comum, daquelas que viaja como uma mendiga pelas ruas e enfrenta outras pessoas por dinheiro, além de Líderes por insígnias. Certamente isso não fazia meu estilo, mas por que não tentar? Foi o que me questionei, com Naville ao meu lado, enquanto caminhávamos pelas Ruas de Rustboro, parando bem de frente com o Ginásio da Cidade, que não era necessário "torrar neurônios" demais para saber que era do tipo Rock.

— Detesto esquecer as coisas... Golpes de Pedra não são muito legais contra Gelo, não é? — Perguntei para a Sneasel, enquanto retorcia os lábios e revirava os olhos — Por que essas coisas são tão complexas? Não era mais fácil se fosse apenas um simples "Jo-Ken-Po"? Dezoiro tipos diferentes, efetividades e fraquezas em dois níveis, imunidades... Que vida complicada... — Comentei ao ar, enquanto buscava a Pokédex e encontrava nas ferramentas anexas a Tabela de Efetividades... Ao que tudo indicava, Pokémon Grass, Water e Fighting deveriam ser meu foco para enfrentar o Ginásio daqui. Entretanto, não havia nenhum destes ao meu dispor.

Continuei lendo e caminhando, até sentar-me no Plaza que havia bem próximo, numa pracinha — Certo, certo... Talvez o tipo nem seja tão importante assim... Esses Pokémon costumam ter Defesas Especiais ridículas! Se eu conseguir quebrar seus ataques e focar em golpes especiais, acho que "tiro de letra". Vamos atrás de algum "bicho" novo ou algum golpe que a gente use contra eles... — Disse para a Pokémon Noturna, levantando-me e começando uma caminhada, ainda sem rumo, mas com objetivos em mente. ◄

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Entender os pequenos detalhes da vida de treinadora não era fácil, mas felizmente não precisava dominar tudo de uma vez, não é mesmo? O que eu precisava me concentrar era em como vencer o Ginásio de Rustboro. Um passo de cada vez! Entretanto, enquanto me concentrava nos longos e cansativos textos informativos da minha Pokédex, era constantemente perturbada por um insistente Pokémon Pássaro que voava sobre a minha cabeça, de um lado para o outro. No início pensei que estivesse trabalhando em algum ninho, afinal esses Voadores fazem isso mesmo, não é? Mas não... Lá pelo quarto ou quinto voo rasante sobre mim, percebi que ele talvez estivesse tentando mexer no meu cabelo. Isso se eu não estivesse louca... De todo modo, coloquei as duas mãos sobre os fios celeste e encarei o Pokémon com a minha "melhor" pior cara feia — Pequenino alado, quem gosta mesmo de Passarinho é o Luch, não eu! O que você quer comigo, hein? — Questionei o Pokémon, que provavelmente não entenderia muito bem o meu papo. Na verdade, acho que os Selvagens só entendem mesmo a palavra do combate, por isso era provável que só tivesse uma escolha viável naquela situação

— Tá, né? Pássaros são fracos contra Rocha, então não será você que me trará a insígnia dessa cidade... Mas... Voadores são fortes contra grama, que é forte contra pedra, então... Enfim. Talvez você me seja útil de alguma forma. — Comentei comigo mesma, em um monólogo, como os que adorava emitir, para o desespero da Sneasel. Ao mesmo tempo, retirei a esfera do Rattata da bolsa e o lancei para o mundo, já solicitando que me ajudasse — Ok, ok, ok... Mr. Moustacho! Vamos derrubar esse safadinho. Ou pelo menos tentar... Use Focus Energy e espere ele estar em uma posição boa, então salte sobre ele com Bite — Ordenei ao Pokémon Noturno que havia acabado de apelidar de maneira espontânea. Até que Mr. Moustacho combinava perfeitamente com ele, não é? ◄

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As nuances da natureza são incríveis, não é mesmo? Uma hora a vida selvagem quer te atacar, na outra precisa de um mãozinha sua. Talvez, eu já tivesse chegado na cota máxima de ataques, o que explicava meu corpo reagir na defensiva tão imediatamente. Antes mesmo de compreender o pequeno voador, já havia mandado o Moustacho agir violentamente. Ora, ora... Mas não é todo dia que se vê um Pokémon desses voando baixo para chamar sua atenção em direção a algum lugar, como se chamasse para algo ou na direção de alguém. E eu achando que ele só queria fazer um ninho colorido com meus cabelos azuis...  — Que curioso... Que tipo de Pidove é esse? — Perguntei ao ar, mas era "meme". Isso porque eu, vindo de Unova, estava acostumado a ver o céu carregado do cinza-pombo dos Pidove. Aqui em Hoenn, por outro lado, havia muito azul, não apenas da água demais, mas também dos Taillow, voando para todos os lados em polvorosa.

— Ok, Moustacho... Recue, por hora... — Disse ao Pokémon Noturno, fazendo-o agitar-se de volta aos meus pés, ficando bem próximo de mim. Enquanto isso, mantive a minha posição, observando o sobrevoo do pássaro que mais uma vez parecia indicar uma direção em específico. Eu poderia economizar meu tempo derrubando ele o quanto antes e o capturando, mas talvez ele me levasse para algo maior e melhor... Será? Ainda era cedo e valia a pena arriscar, né? — Vejamos o que você quer me mostrar, pequeno Taillow. Espero que seja algo que me ajude a derrotar a Líder de Rustboro... Mas algo no meu pâncreas diz que náo é bem isso... Oooh céus... — Comentei ao ar, direcionada ao voador, mas sabendo que provavelmente ele nem compreendia. Em seguida, o segui... ◄

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Diante das insistentes insinuações do pequeno Taillow, acabei não resistindo em segui-lo até o local que havia me chamado... Admito que tinha pretensões grandiosas, de talvez ser levada a um ninho de Taillows para levar alguns a mais do que precisava. Usaria um esquadrão para capturar outros Pokémon e até poderia vender o que sobrasse, quem sabe? De todo modo, precisaria ver com meus próprios olhos a situação... Não aguentaria apenas deixar para lá e depois morrer de curiosidade, por isso segui, deixando o Rattata com cautela bem atrás de mim e observando com cuidado o caminho que traçávamos até o destino. Um Terreno Baldio.  — Isso tá estranho, colega... — Disse ao Pokémon Voador que, ao finalmente me fazer chegar, voou em disparada para o centro do local, juntando-se a duas figuras semelhantes, apenas maiores em porte.

— Por Arceus... — Comentei, ao me deparar com a situação bastante.... "Gore". Os supostos pais daquele Taillow estavam destroçados, com partes do corpo faltando. Eu gostaria de imaginar que foi resultado de um ataque de outro Pokémon. A natureza seguindo seu curso, mas... Era inevitável lembrar que em Nimbasa, a gangue a que fazia parte tinha práticas semelhantes de tortura aos Pokémon e muitas vezes desafiei e até ordenei que os novatos otários fizessem esse tipo de coisa. É, eu deveria ter remorsos, mas eu também conseguia ser dissimulada o bastante e também hipócrita para dizer pra mim mesma que era diferente. Eu não sujava minhas mãos... Mas enfim! Vamos seguir...

Era provável que um dos dois já estivesse com a morte decretada, será que valia a pena sacrificá-lo? O outro, ainda deveria ter alguma chance afinal... Levar até o Centro Pokémon provavelmente seria sua morte, pelo menos não sem tentar uns primeiros socorros — Inferno.. INFERNO!. — Esbravejei procurando a única poção nos meus pertences e fui direto ao mais ferido, tentando aplicá-la sobre o ferimento exposto. Em seguida, se ele permitisse, amarraria um pedaço da minha própria roupa, que rasguaria sem dó, apertando bem firme o local. Caso contrário, afastaria-me e pensaria numa outra saída. ◄

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Apesar da minha tentativa de curar o mais ferido dos Pokémon, mesmo sabendo que este não tinha muito tempo de vida, não tive muito sucesso. Assim como esperado, ele bateu as botas antes mesmo que pudesse chegar até ele. Enfim, coisas da vida... Não ficava feliz com isso, mas sabia que "fechar a cara" não ajudaria o outro, um pouco menos "ferrado". Portanto, respirei fundo e deixei o corpo sem vida, tentando ignorar o desespero do filhote, que fatalmente me lembrava do meu próprio desespero ao saber do suposto suicídio do meu pai - mesmo que jamais tenha expressado devidamente, nem sozinha. Engoli então a vontade estúpida de chorar e parti ao trabalho.

 — Ei coleguinha, sei o que está passando, mas... Guarde o choro para quando esse outro aqui estiver curado. Pode ser? — Disse ao pequeno Taillow, tentando ser forte e tentando fazê-lo ser forte. Com o maior cuidado possível, com movimentos bem firmes, terminei os cuidados com o ferido e então, virei-me para observar o possível filhote, por sobre o ombro, expressando um malicioso sorriso de canto dos lábios — Viu? Está ficando bem melhor, não? — Fiz, por fim, um estalo com os lábios e mais uma vez respirei fundo, levantando-me e pegando o ferido nos braços, preparando-me para correr até o Centro Pokémon mais próximo.

— Infelizmente tenho que deixar o outro aqui... Mas farei o possível por esse, tá? Se preferir, cuide do... Corpo... Eu, voltarei para darmos um fim digno... — Expliquei ao Taillow, mesmo sem saber se ele compreendia. Ai... Ai... Que fase, eu realmente estava muito sensível, talvez fosse a Lua ou, enfim... Após o comentário, comecei a correr até o Centro Pokémon, chamando Moustacho para me seguir de perto. Poderia ter tentado capturar o ferido, mas só traria mais sofrimento e se não funcionasse, perderia tempo. Agora era torcer para conseguir alcançar o CP a tempo, ou então teremos mais um órfão no mundo. E, sério... Já tem órfão demais por aí...  ◄