Mais uma vez bastante empático, Tony seguiu direto para dar atenção aos funcionários. Ele tentava abordar Alfred, um dos mais antigos da casa, mas o homem parecia indisposto demais para falar qualquer coisa. Assim, quem veio trazendo as respostas foi o Chef, uma vez que Morty já tinha voltado ao atendimento.

– Senhor Tony, é um prazer conhecê-lo pessoalmente. Mestre Gaulvists avisou que viria. Seja bem vindo e nos perdoe por qualquer confusão. – Gusteau trazia um bule com um líquido fumegante e três canecas – Eu lhe explico: Alfred e os outros foram averiguar a origem dos ruídos no salão casual, hoje mais cedo. Eles acharam que o barulho vinha da saída de ar, mas quando puseram uma lanterna para olhar ali foram atacados por uma névoa tóxica. Agora estão assim. – um auxiliar vinha seguindo o Chef para ajudá-lo a servir o chá para os adoentados – Decidimos isolar a área para evitar mais acidentes. Como os clientes começaram a chegar cedo, também não tivemos tempo de tentar resolver... Mas, por sorte eu conheço bem esta receita aqui. O chá de Pecha Berry deve deixá-los melhores num instante.

Gusteau tinha a voz animada, bem otimista com o auxílio que estava prestando. Enquanto isso, o dispositivo de Tony carregava várias informações sem muito filtro. Desde empresas que terceirizavam serviços, até pessoas aleatórias que se ofereciam para o mesmo tipo de trabalho. Se eram confiáveis? Só Arceus sabe...

– Será que posso lhe servir alguma coisa? Já comeu? Posso pedir que alguém providencie um prato ligeiro para o senhor. Eu mesmo me ofereceria para fazer, mas preciso arregaçar as mangas para ajudar o jovem Morty lá fora. – o homem se inclinou para sussurrar teatralmente o seguinte: – Cá entre nós os clientes sempre ficam muito contentes em ver o Chef em pessoa. E eu também adoro receber os elogios diretamente, hahaha! – gargalhava com alegria.

Os intoxicados bebiam do chá aos poucos. Os efeitos não eram tão instantâneos como um Antídoto num Pokémon, mas também não deveriam demorar muito a aparecer. Alfred inclusive já conseguia inspirar e expirar profundamente, tentando recobrar a estabilidade. Talvez só mais uns minutos e eles já estariam um pouco melhores, de fato.

Tony - Restaurante Lua Nova - Manhã nublada

Várias ideias passavam pela mente de Tony para solucionar os problemas do restaurante naquela manhã. Assim, tomou iniciativa de alocar os intoxicados para fora daquele ambiente abafado e quente da cozinha. Com o Chef ajudando Morty no atendimento e recepção, o Lobo também ficava mais "tranquilo" para direcionar o próprio foco à causa de todo aquele caos.

– Ah, uma boa ideia senhor Tony. Meninas, ajudem a levar o pessoal lá para os fundos. – Gusteau concordou com a ideia e deslocou duas de suas auxiliares para aquilo, momentaneamente.

Enquanto ele saía na frente pelo corredor, abrindo caminho e verificando se nenhum cliente veria a cena, Tony vinha atrás acompanhado das moças e dos moribundos.

– A reserva está marcada para as 12 e 30. O que nos dá pouco mais de meia hora... Espero que tudo esteja bem até lá. – o Chef soou apreensivo, ainda que sorrisse com otimismo.

No fim do corredor ele fez sinal para que todos seguissem seu caminho até os fundos, enquanto ele próprio se dirigia para a entrada do restaurante.

Depois de deixar os doentes na área aberta, como era a intenção. Tony foi se equipar para enfrentar o desconhecido no salão vazio. De luvas, máscara e um Shellos, ele cruzou a barreira de cadeiras até se ver na ampla área do salão casual. Um ruído metálico insistente ecoava sutilmente pelo local mal iluminado, já que a maioria das luzes tinham sido apagadas para evitar olhares curiosos.

Não era difícil, entretanto, definir a saída de ar onde o problema se apresentou, mais cedo naquele dia. A grade continuava fora do lugar, jogada no chão, com o retângulo bem aberto na parede. Bem, há de se lembrar que foi dali que uma nuvem tóxica atingiu os empregados. De que outra forma seria possível explorar mais adiante sem correr riscos?

Tony - Restaurante Lua Nova - Manhã nublada

Tony agia com cautela, já que a falta de informação e pistas comprometia bastante suas decisões. Não era nem fácil decidir por onde começar, além de obviamente se esgueirar para explorar o lugar de onde teria vindo o gás.

Ao se aproximar do espaço da ventilação, foi possível perceber que o som aumentava, indicando que provavelmente vinha dali também. Era uma batida repetitiva e constante, mas ainda difícil distinguir o que exatamente a causava. Contudo, o ruído parou imediatamente quando o especialista focou a lanterna lá dentro. Ainda que ele não conseguisse enxergar nada, ouviu um som grave, quase gutural, vindo do buraco no lugar das batidas...

Quando Shellos foi convocado para ajudar na busca, ele olhou apreensivo para dentro do duto de ar, ponderando quão prudente seria entrar ali. Ainda assim, depois de alguns minutos refletindo, decidiu obedecer o treinador. Seu corpo pequeno e mole realmente se ajustava bem àquela entrada. Mas, infelizmente, também impedia que a luz da lanterna alcançasse para iluminar mais adiante, já que o próprio corpo do Pokémon barrava o feixe de luz.

De repente, tudo aconteceu bem depressa. Nem bem Shellos saiu do campo de visão de Tony, e o som grave se intensificou, ficando bem alto. O Pokémon do especialista gritou em resposta, mais até do que duas vezes, como tinha sido previamente combinado. Então o pequeno aquático deu uma ré acelerada, caindo pelo duto de ar e rolando pelo chão, tomando o máximo de distância que conseguia dali.

Shellos estava sendo mais do que prudente, já que uma névoa roxa começava a sair suavemente do buraco. Por pouco o Pokémon de Tony não ficou tão envenenado quanto os moribundos deixados nos fundos do restaurante.

Pelo menos, algumas coisas parecem mais certas até aqui: ao que tudo indica o problema está sendo causado por algo vivo, provavelmente um Pokémon mesmo, e por algum motivo essa criatura não se mostra; pode ser que esteja presa, de fato, ou com medo, ou ainda esperando um estímulo melhor para sair...

Tony - Restaurante Lua Nova - Manhã nublada

Tentando se precaver da melhor forma possível, a primeira ideia do especialista foi tentar definir a distância aproximada em que a criatura se encontrava. Isso não era difícil, graças ao feixe de luz que atingia a parede do duto de ar, por pouco mais de meio metro, no ponto em que a estrutura se curvava indo para cima, em direção aos andares superiores do edifício.

Depois, para evitar submeter o pequeno Shellos a um novo risco, Dragneel lançou mão de duas abordagens distintas, para atrair o bicho e/ou descobrir se ele estava preso. Esta última foi praticamente inconclusiva, já que o invasor seguia murmurando algo em seu tom grave e monótono, repetidas vezes.

Contudo, um som arrastado pôde ser ouvido alguns minutos após as frutas serem ofertadas e ele até mesmo parou de vocalizar. De lá de dentro e à meia luz, Tony poderia ver um par de olhos brancos e grandes, injetados numa massa roxa e gosmenta. Também, uma boca bem larga se abriu para engolir as frutas todas de uma vez.

Estimulado e curioso o Pokémon começava a, literalmente, escorrer para fora do duto de ar, enquanto deglutia a comida. Numa de suas extremidades tinha grudado uma simples colher de sopa, que provavelmente era o que usava para causar o tilintar metálico enquanto se escondia.

Se aquele "troço" roxo era um Grimer, um Muk, um Mau ou um Chicletão mutante, ainda não dava para definir com precisão... A única certeza é que ele tinha um olhar interesseiro. Ainda não se mostrava hostil. Porém, nunca se sabe como alguém faminto pode reagir, não é?! Pelo menos o bicho escorria devagar, dava tempo de Tony ter alguma reação.

Tony - Restaurante Lua Nova - Manhã nublada

É, ao que tudo indica o Pokémon estava mesmo faminto, porque quando o prato de frutas foi posto à sua frente ele até passou a escorrer mais depressa para fora do espaço na parede.

Agora totalmente no chão sua forma era mais clara, revelando um Grimer, afinal. Seus olhos atentos mantinham-se fixos em Tony, como se estivesse pouco convencido pelas palavras e aparente vulnerabilidade do treinador, que se sentava para conversar. Assim o venenoso se arrastou até a refeição, engolindo-a toda duma vez, com prato e tudo.

– GRWAHAHAHAHAIMER! – gargalhava, satisfeito em ser alimentado.

Apesar das aparências, Grimer continuava com os olhos bem fixos em Tony. Sua expressão profunda de curiosidade impedia definir o que ele queria, suas intenções. Entretanto, com a colher em mãos, se pôs a batucar mais uma vez, agora no chão. O mesmo ritmo repetitivo de antes... Até que os olhos do Pokémon se desviaram momentaneamente para Shellos, e aí então o roxo soltou mais uma de suas gargalhadas fatais... No que isso vai dar?!

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