Aquele cenário era um completo desastre. Os Pokémon de Rafael eram muito mais coordenados para batalhas, e ele também era muito bem coordenado com eles. Já eu, literalmente batia cabeças com todos os detalhes da batalha. Lucy caiu rapidamente, Leona logo em seguida. Elune mal se mantia em pé. E era somente a segunda rodada da batalha. Mordi raivosamente meu labio inferior mais um erro meu. Mais uma falha. E lá estavam meus Pokémon sofrendo com com elas. - Elune, desvie e use Double Team, em seguida Tackle em Hinata! - era o mínimo que poderia fazer, já que desistir agora era uma afronta à bravura de Elune.                                            

A batalha se findava, e com o som do baque seco do corpo de Elune caindo ao solo, meus olhos se fechavam. Estava furioso comigo mesmo, a ponto de quase cortar as mãos com a força das unhas contra o punho fechado. Rafael foi impecável, e aquela derrota desceu amarga. Não pelo contexto da derrota em si, mas pelo meu desempenho. Eu que me considero um bom analista, fui desleixado, levado pelas emoções. E minha equipe pagou o preço.

Uma outra pessoa entrou na arena e começou a tecer comentários, mas eu apenas tinha foco em me aproximar de meus camaradas nocauteados. - Me desculpem… - apenas consegui dizer estas palavras antes de recolhê-los para as esferas bicolores. Rafael e o outro rapaz, nomeado Paulo, aproximaram-se. Aparentemente Paulo obtinha um status mais alto na hierarquia, tanto que me deu uma espécie de comando para treinar com o líder da sociedade. Uma expressão fechada tomou meu rosto, enquanto meu queixo se eleva junto da respiração. Sim! Era algo que iria aproveitar até o último minuto, se isso fosse me deixar mais forte. - Agradeço pela consideração, Paulo. Estou ansioso por esse momento! - fiz uma reverência e agradeci o rapaz, que logo se afastou.

Rafael me estendeu a mão e algumas palavras de conforto, além de me oferecer alguns itens como sinal de boa fé. Era muita gentileza de sua parte, ato que me fez sorrir. Tanto ele quanto Dai diziam palavras de reconforto. É uma pena que cada uma delas foi cair em um local infértil. Esperei que ambos terminassem de falar, com um sorriso social no rosto, mas o olhar vago e perdido. - Agradeço pelas palavras, Rafael e Daiene, mas não foi uma batalha. Foi um massacre unilateral. Mas foi um ótimo aprendizado. E não se preocupe, seus sentimentos chegaram até mim e são mais do que necessários para estabelecer essa relação. Por favor, fique com os itens, não posso aceitá-los. Quanto ao ovo de Elune, claro. Ficarei feliz em ajudá-lo com isso! Por hora… - fiz uma pausa e respirei profundamente - Vejo vocês no almoço, mas se me permitem, desejo ficar um momento a sós. - fiz uma breve reverência e me afastei, sendo seguido por parte da minha equipe.

Fui sozinho até o centro de recuperação e cuidei de minhas três guerreiras. Caminhei até um dos quartos desocupados aos quais Alfred havia mencionado, entrei e fechei a porta. Soltei meus seis parceiros, as garotas já estavam bem e até sorridentes. Ajoelhei-me perante todos os seis e abaixei a cabeça. - Me perdoem por ser fraco. - era um pedido para todos os seis, não só para as que participaram da batalha. - Em mais de uma situação coloquei vocês em perigo, onde uma vez prometi cuidar de vocês, deixá-los mais forte. Mas fui fraco, e coloquei alguns de vocês em risco de vida. - muitos viriam aquele gesto como fraqueza, mas era assim que queria lidar com meu time. Não era uma relação vertical, era horizontal, como nossos sonhos. Mas antes que pudesse falar mais coisas, senti uma descarga elétrica bem forte percorrendo meu corpo, que me jogou para trás. Quando ergui os olhos, todos os seis me olhavam com determinação. Logan estava furioso, latindo bem forte. Apesar de não entender o que ele dizia, além da expressão no rosto de todos, era bem fácil entender. “Sai dessa! Ninguém aqui tá de cabeça baixa!”, era o que provavelmente ele dizia. Kinney me devolveu aquele sorriso ousado e desafiador que só ela sabia fazer, e de repente todos ali estavam fazendo o mesmo sorriso. Eles não estavam abalados, muito pelo o contrário, havia determinação incandescente. - Hehe… já disse o quão incríveis vocês são? - sentei-me e olhei para meus braços cobertos pelo uniforme Ranger - Quer saber? Essa coisa me subiu a cabeça! - retirei o uniforme de qualquer jeito e coloquei minha roupa usual, Surrada, mal lavada, coberta por um velho colete. Sentia ali que desde o momento que coloquei aquele uniforme estava me forçando a ser uma outra pessoa. Uma que fosse perfeita, que não podia cometer erros. Um tipo que era totalmente diferente de quem eu realmente era. - Vamos zerar essa conta e trabalhar duro, sem ressentimentos, certo? - cruzei os braços e olhei cada um nos olhos - Vamos para o restaurante. Temos uma família nova para conhecer.

Cheguei ao salão reservado, estavam ali vários rostos desconhecidos, alguns conhecidos e uns recém conhecidos. - Prazer em conhecer todos vocês! Meu nome é Galvanis Vitale, e é um honra estar entre vocês hoje! - fiz uma reverência de quase 90º e me coloquei à mesa para almoçar com todos.