Pokémon Mythology RPG
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“Que lugar escuro… onde eu estou? Não lembro de ter vindo até aqui. Na verdade, não posso dizer que lembro de muita coisa… apenas sinto minhas patas se moverem, obrigando-me a seguir em frente, embora não seja nenhum desejo racional que as empurre. Por mim, eu continuaria parado bem aqui, até descobrir o que está acontecendo… infelizmente, meu corpo não parece muito disposto a seguir meus comandos.

Após alguns minutos, senti o ar ao meu redor mudar. A umidade aos poucos aumentava, agraciando minhas barbatanas com uma sensação de conforto e pertencimento. Havia água por perto, muita dela… onde, exatamente? Não tenho certeza, mas preciso encontrá-la. Onde quer que ela esteja, é para esse lugar que preciso ir. Por natureza, é o meu lar, sei que lá estarei seguro.

Por sorte, não foi muito difícil achar. Pude seguir uma guia que tão encarecidamente surgiu em meu caminho: uma luz prateada no céu, capaz de cortar parte do breu que me cercava. Deve ser a lua, claro. Até sorri pela minha boa sorte, correndo ao encontro do seu brilho sem nenhuma hesitação. De fato, ela me guiou até um vasto e deslumbrante lago, de água tão límpida que senti minhas brânquias vibrarem de alegria. A sensação de estar ali era tão boa… fez toda a minha insegurança desmanchar-se.

Já não me importava descobrir que lugar era aquele, ou como eu tinha chegado ali. Apenas ergui meus olhos aos céus, sorrindo para a minha guia em agradecimento por sua benevolência. Ainda fiquei alguns instantes mirando-a, encantado por tê-la como companhia, até que ela… retribuiu meu olhar. Uma risada mansa, mas estranhamente maliciosa, ecoou logo acima de mim, fazendo um calafrio percorrer meu corpo. Algo ali estava errado… muito errado...

Percebi com um segundo de atraso que aquela não era a lua. Penas prateadas caíram sobre a minha cabeça, seguidas por uma ventania tão violenta que arrancou-me para fora da água. As mesmas risadas de antes tomaram o ambiente, e pude ver aquele brilho prateado deformar-se no céu noturno, aos poucos tomando a forma de… asas?

“Sa...” Ouvi uma voz débil ao longe, contudo, estava tão hipnotizado por aquela luz que mal dei atenção. Ela bailava sobre a minha cabeça, em movimentos tão graciosos que eu não conseguia tirar meus olhos dela… e foi com essa mesma elegância que conjurou uma segunda rajada de vento, jogando-a diretamente contra mim.

Ergui-me com dificuldade, meu corpo parecia mais pesado que o normal. Não dava tempo de desviar… meu único reflexo foi formar uma esfera de água e jogá-la contra o chão, fazendo uma enorme onda se erguer ali. De nada adiantou - aquelas navalhas de ar partiram-na ao meio, minha última defesa foi destruída como se não fosse nada. Eu... sempre fui fraco assim?  

Aquele golpe me lançou outra vez de encontro ao lago. A água ardia em meus ferimentos já abertos, tingindo-a de vermelho ao passo que me arrancava um lamento sôfrego. Enquanto isso, o baile continuava nas alturas, anunciando em risos zombeteiros que aquilo ainda não havia terminado. No entanto, por mais que a vontade de lutar estivesse em todo o meu corpo, eu não conseguia me mexer. Embora eu estivesse na minha área de domínio, meus músculos simplesmente… travaram… não pude fazer nada além de observar aquele ser nos céus, torcendo para que o desespero não estivesse tão evidente em meu rosto. Não quero morrer como um covarde...

“Sapphire…” A mesma voz de antes ecoou em meus ouvidos, um pouco mais alta. Dessa vez, um calafrio percorreu minha espinha. Onde eu já a ouvi…? Parece-me tão familiar…”

- SAPPHIRE! - Um grito estridente me fez acordar em um sobressalto; tentei colocar-me de pé, contudo, minha pata se enrolou em algum pano e me fez perder o equilíbrio, caindo de cara no chão. Espere aí, chão…? Não, é macio demais para ser isso.

Com a mente ainda aturdida, demorei um par de segundos para voltar aos meus sensos. Por sorte, as cobertas quentes e confortáveis, o espaço arejado e a mobília muito bonita e bem-arrumada criavam uma atmosfera bastante acolhedora, que aos poucos acalmou meu coração ainda aos pulos. Eu conhecia bem aquele lugar: era um dos dormitórios pertencentes à Virtuum, o qual caridosamente fora oferecido à minha treinadora enquanto ela estivesse na mansão.

E, falando na menina, ela estava sentada bem na minha frente, com os braços cruzados e um olhar irritado, mas também nebuloso de sono. Uma cara de quem acabou de acordar contra a vontade, e não gostou nada disso. O motivo era bem óbvio: a humana estava encharcada dos pés à cabeça, tremendo de frio e com os cabelos pingando tanto que lembravam o céu noturno em uma noite tempestuosa.

- Pode parar de inundar nosso quarto, por favor? - Reclamou, lançando-me um olhar incriminatório e apontando para o teto, onde pesadas nuvens de chuva haviam se formado.

Ah… opa, desculpa…”  Encolhi-me entre minhas cobertas, envergonhado. Acidentes como aquele não eram comuns, mas aconteciam de vez em quando… o Rain Dance não é tão fácil assim de controlar. Basta um estresse aqui, uma dor de cabeça ali, e “plin”, uma tempestade inteira começa a surgir sobre a minha cabeça sem eu nem reparar. “Mas não sei desfazer isso. Ela vai passar sozinha.”  Balancei a cabeça, desesperançoso, só para reforçar o que dizia. Afinal, humanos não escutam muito bem.

- Acho que não tem jeito, né? - Yoshiro suspirou, frustrada, mas bem menos enraivecida do que eu estaria no lugar dela. - Vá dar uma volta, eu arrumo essa bagunça quando a chuva parar.

Não tive coragem nem de erguer a cabeça para encará-la, muito menos para discutir. Apenas saí do quarto, já me sentindo um perdedor nas primeiras horas da madrugada. Esse dia mal começou e já estou torcendo para que ele acabe...

Dentro da mansão não tinha nada para fazer, principalmente àquela hora. Por isso, decidi ir ao jardim, quem sabe um pouco de ar puro me faça bem… embora minha vontade de ver a lua agora realmente não seja das maiores.

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Diga-me, Lua: Você, que vejo daqui, é a mesma que via de lá?

Eis aí uma questão recorrente de vários, vários meses que, infelizmente, nunca obtive resposta que agraciasse quaisquer das dúvidas infindáveis que permeavam as profundezas de meu coração. Admito que é na mescla sórdida de saudosismo e desalento que estes orbes cerúleos divagam nas profundezas do escuro manto celeste, admirando o satélite que colore o véu noturno - ora, desde que cheguei nessa distante realidade assim o é, então, diga: Por qual motivo deixaria de ser agora, não é verdade?

...Um suspiro inquieto escapa-me da garganta, o focinho torcendo-se com discrição enquanto movimento os óculos escuros (que digo como meu único verdadeiro pertence em todo esse circo mundano, embora tecnicamente não devesse ser realmente somente meu) entre as garras escarlate. Displicente, não hesito ao abandonar o objeto sobre a superfície de mármore da fonte em que me acomodo, apoiando com suavidade a canela escura sobre a coxa oposta; Respiro fundo, devagar, e balanço a cabeça em resposta à inquietação que começa a se espalhar pelo peito, sentindo as exuberantes madeixas carmesim movimentando-se em resposta.

— ...Ugh. — Um grunhido inquieto. — Tem mesmo que ser sempre assim, huh? — Murmuro, inclinando o tronco para frente e desviando a atenção, por um mínimo instante que fosse, do satélite esbranquiçado que me encara de volta. É com desconforto pungente que sinto a língua se movimentando dentro da boca, como se não pertencesse à tal ambiente; É incômoda a sensação, especialmente considerando que não há nada que posso fazer para combatê-la, a não ser ignorá-la na esperança de que se vá o mais rápido possível.

Diga: Alguma vez já se acostumou com a ideia de silenciosa tortura psicológica, ao ponto de não ter vontade de evitá-la, mesmo com a consciência de que não é com agrado que o coração recebe as sensações melancólicas à qual ele é exposto?

A liberdade noturna vem com a infeliz percepção de saudade do lar e, ainda assim, sentindo os pulmões se enchendo com o odor nauseante de uma natureza pútrida e afetada por construções humanas, não me incomodo o suficiente para evitá-la; O riso oco, seco, é o que me resta para respondê-la, inclusive, enquanto apoio o cotovelo contra a coxa e a mandíbula sobre as garras, as pálpebras se permitindo cair enquanto a brisa noturna me sacode o rabo de cavalo, as pelagens, e brinca com a umidade inevitável da ponta do focinho.

— Você nunca vai responder, vai? — Sussurrei à Lua, com a consciência de que não receberia tanto positiva, quanto negativa. — Luminosa desgraçada. — Ri, entreabrindo as pálpebras, observando silenciosamente o manto estrelado que se estende acima de minha cabeça. — Quem sabe um dia, não? — Murmurei, uma respiração pesada escapando das narinas. — Babaca. — Reclamei mais uma vez, para nada e nem ninguém.

Infelizmente, afinal, não teria para quem.

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O ar da noite recebeu-me com sua indiferença costumeira. Admito, alcançá-lo foi um pouco mais difícil do que imaginei inicialmente. Com a porta da frente trancada, minhas opções restringiram-se às janelas do salão central. O problema? Bem, elas eram meio altas. Não o bastante para causar desconforto a um humano, contudo, definitivamente não foram projetadas para permitir a livre circulação de anfíbios com menos de meio metro.

Com alguns saltos e muito esforço, consegui agarrar-me ao parapeito de uma delas, içando o resto do meu corpo para cima. Sorri comigo mesmo por aquela pequena, ínfima vitória. Como se algo tão insignificante fosse capaz de restaurar um pouco da minha dignidade… mesmo assim, forcei-me a inflar o peito, fingindo estar satisfeito, e tentei atravessar a janela em um único pulo.

Em minha defesa, digo que realmente não vi aquele vidro ali. Hoje de certo não é o meu dia… desde quando estou nessa maré de azar, afinal? Não sei dizer ao certo, contudo, sentir minha cabeça acertar aquela superfície dura e fria foi prova suficiente de que ela ainda não acabou. Rolei um pouco para trás devido ao impacto e tive que me segurar para não cair no chão.

Isso é sério…?”  Lancei um olhar irritado à plena e imaculada tranca, a qual parecia levar muito a sério sua tarefa de manter aquela janela imóvel. Não acredito que fui vencido por um mecanismo tão antiquado… um suspiro frustrado escapou-me, contudo, precisei acolher toda a humildade que me cabia e delicadamente puxei o ferrolho. Após isso, um leve empurrão foi mais que suficiente para abrir minha passagem ao ambiente externo. “Pronto. Não foi tão difícil, foi?

Sem mais interrupções, pude concluir o salto que antes eu tão caprichosamente iniciara. Minhas patas tocaram a grama com delicadeza, quase sem emitir qualquer ruído. Uma aterrissagem perfeita, embora eu suspeite que teria sido mais elegante se não fosse por essa mancha vermelha a enfeitar-me a testa.

Era o que me faltava… obrigado, viu?” Esfregando o lugar dolorido, direcionei um tom acusador ao pobre objeto que, sem qualquer poder de escolha, estava apenas cumprindo o único dever para o qual ele fora criado. Qual deve ser a sensação de ter um destino tão estático…? Jamais poder transgredir as linhas que lhe foram escritas por outrem, fadado ao mesmo ciclo dia após dia, até deteriorar-se e tornar-se incapaz de consumar sua própria razão de existência…

Balancei a cabeça para afastar tais paranoias - havia saído da mansão para livrar-me desse temporal de pensamentos, não para reunir alguns mais em minha coleção. Murmurei um fraco pedido de desculpas para a janela e afastei-me o mais rápido que pude, antes que ela começasse a responder.

Apesar de a noite encobrir-lhe parte da beleza, aquele jardim paradisíaco era dotado de um encanto que escuridão nenhuma conseguiria ocultar. Estar nele era quase como adentrar um universo à parte… tão vívido e puro, intocado pelo caos do mundo externo. No entanto, desta vez, nem sequer ele foi capaz de apaziguar-me a alma. As lembranças daquele pesadelo ainda vinham à minha mente como flashes assombrosos, forçando-me a reviver cada momento. Como eu poderia me acalmar… se não consigo fechar os olhos sem ouvir aquela risada…?

Ok, esse passeio não está sendo exatamente relaxante. Eu já estava prestes a voltar para dentro quando um som distinto alcançou-me os ouvidos. Notei, então, que não estava sozinho ali. Sentada em uma fonte a alguns metros de distância, uma peculiar figura parecia igualmente frustrada. Seu corpo camuflava-se curiosamente bem no véu da noite, contudo, a exuberante juba carmesim que caía sobre suas costas era chamativa o suficiente para anular qualquer discrição.

Não me entenda mal - juro que não costumo ser bisbilhoteiro. Essa parte fica a cargo de Yoshiro. No entanto, em meio ao desespero de acalentar minhas próprias vozes internas, foi naquela voz que encontrei um guia. Aproximei-me dela em passos tranquilos, e abri um sorriso aliviado ao ouvir suas últimas palavras. Bom saber que não sou o único paranoico discutindo com seres inanimados em plena madrugada.

"Vai por mim, é melhor que ela não responda." Ergui um pouco meu tom para garantir que seria ouvido. Depois, saltei sobre o extremo oposto da ponte, mantendo distância suficiente para não invadir tanto o seu espaço. Talvez não seja uma ideia tão boa puxar conversa com estranhos em um jardim deserto, mas… ora, qual o pior que pode acontecer? "Seu treinador te expulsou do quarto também?"

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Há quem não compreenda o perigo da surpresa - estes, admito que invejo.

Vê, não é com muito carinho que recordo de cada uma das vezes em que o inesperado interceptou-me o caminho como furiosas lâminas arrastando-se sobre a pele crua; A principal delas, aliás, é justamente a responsável por minha presença nessa realidade de constantes competições toscas, tolas, de ganhos irrisórios e títulos fúteis. Levando isso em consideração, não é lá muito surpreendente o arrependimento instantâneo que pulsou por minhas veias, em desespero sórdido, quando as palavras ecoaram pela noite e, bem, considerando as sílabas não exatamente sussurradas, não foi necessário muito tempo de reflexão para que chegasse à conclusão de que não era o satélite silencioso que enfim havia resolvido dar o ar da graça de sua voz.

Senti minhas orelhas se mexerem, sutis, ao mesmo tempo que os músculos retesavam. Em primeiro momento, recusei-me resposta; E, por um instante ínfimo, enxerguei o mundo ser coberto por uma pungente aura arroxeada, a energia pulsando dentro do peito - e sua estática correndo na direção das garras opostas àquelas em que a mandíbula se apoiava. Senti sua afiação, senti o negrume do poder sombrio que rasgava das entranhas e sibilava contra o choque das unhas, o coração batendo dentro do peito em ritmo agitado e, então, nessa perdição arisca pronta para saltar em seja lá quem houvesse tido a infelicidade de se aproximar, finalmente torci o focinho para a esquerda, os orbes sombreados demorando pouco mais que milésimos para frearem na imagem singela de um... Pequeno... Anfíbio, ao lado oposto da fonte em que repousava.

Pisquei.

Precisei de alguns segundos, admito, para compreender o indivíduo que ali aguardava, com um semblante simpático que não esperava ver naquela madrugada silenciosa. Mantive a guarda alta por alguns instantes, as pupilas passeando rapidamente de um lado para outro até finalmente se depararem com a janela aberta próxima à entrada, que se movimentava com a brisa em um ranger ecoado, distante - que, se prestasse atenção, provavelmente teria me dado conta de sua presença antes mesmo que o baixinho pudesse sequer dar quaisquer conselhos, como bem o fizera.

...Pisquei.

Foi em vagarosidade hesitante que as cores naturais da paisagem se afeiçoaram mais uma vez aos seus objetos, o chiado inquieto das garras se apaziguando à medida que a energia sombria acumulada se dissipava ao reparar a ausência de alguma ameaça digna - ora, o que diabos um peixinho bobo poderia me fazer de mal? -, os músculos respirando e descontraindo enquanto tentava discernir a motivação do quadrúpede para aquela estranha abordagem - ah, talvez estivesse passando tempo demais sem interações com terceiros desconhecidos, isso sim.

E pensar que, um dia, isso já foi tão comum.

Devagar, larguei a mão que apoiava a mandíbula, deixando-a repousar sobre a coxa em serenidade silenciosa. Observei os contornos e detalhes do azulado animal que me encarava, com um tom singelo de curiosidade pois, sinceramente, nunca havia visto um desses até então: O que era uma infelicidade, pois bem poderia ter iniciado uma interação talvez mais agradável se o houvesse percebido a tempo. Quem sabe? Só restava esperar que não o ter espantado, afinal, não é todo mundo que se arrisca em ficar perto de um projeto de raposa doida que ameaça avançar em você, huh?

— ...Me expulsar? — Grunhi, balançando o focinho em uma negativa amena. — Ai dela se tentar se engraçar pra isso. — Respondi, passando a língua na borda da boca enquanto pensava há quanto tempo não tinha uma conversa daquelas, sozinha - independente do quão pouco ela durasse. Não é muito saudável ter a Lua como sua única interlocutora, é? — Devo concluir que ela já te respondeu, e você não gostou muito do que recebeu? — Debochei, erguendo o focinho com sutileza e pendendo a cabeça para o lado, vigiando as reações que o aquático poderia me entregar. — ...Então, você se deixa expulsar assim, no meio da noite, é? — Perguntei, as madeixas rubras balançando com a brisa fria. — Não é meio ingênuo aceitar esse tipo de coisa de alguém que precisa de você? — Questionei, e ali apresentava a verdade dos fatos - se Natalie um dia ousasse me dar as costas, após me arrancar de meu mundo e me fazer passar por tantas desgraças nesse ambiente maldito e em outros, até, tenho pena...

Pois certamente seria a primeira e última vez.

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Mal pude defrontar-me com a tolice de meu próprio questionamento quando a resposta se materializou na minha frente. De um modo um pouco mais literal do que o desejado. Bastou que eu erguesse a voz, em um comentário aparentemente tão leviano, para que a raposa resolvesse quebrar o breu natural da noite com um tom ainda mais sombrio. O chiado em suas garras foi o primeiro sinal, seguido por uma sensação fria a esmagar-me o âmago, fazendo meu coração palpitar e meus músculos retraírem quase em sincronia. Minhas barbatanas sentiram a mudança no ar, captando a ameaça antes mesmo que eu a visse.

Qual o pior que pode acontecer? Aquela sombria figura fez questão de me dar uma amostra. Firmei minhas patas no chão, flexionando as dianteiras de forma a facilitar uma possível evasiva. Com os olhos fixos naquelas garras, agora cobertas por uma ameaçadora energia, esperei que mais um confronto se iniciasse.

Mas nada aconteceu.

Pisquei, confuso, quando aquela misteriosa figura desistiu de avançar em mim. Ela também parecia surpresa, como se esperasse ver qualquer coisa ali, menos eu. Nossos olhos se encontraram por um breve instante, tempo suficiente para que eu notasse o quão familiar aquelas feições eram. Tenho certeza de que já vi essa espécie antes… mas quando, exatamente?

Ouvi com atenção as palavras que a sombria me destinava, em busca de qualquer sinal hostil, porém não encontrei nada. Apesar de uma primeira impressão não muito boa, ela não parecia querer briga. Provavelmente só ficou surpresa com a minha abordagem, que de fato não foi das mais discretas. Pela primeira vez na noite, permiti-me relaxar, sentando sobre as patas traseiras e deixando as da frente esticadas para apoio.

Desculpe se te assustei. Eu venho em paz.” Ergui uma pata na altura de meu rosto, em um gesto muito semelhante ao que os humanos fazem para mostrar que não querem problemas. Bem, eles geralmente erguem as duas mãos; mas não posso fazer isso sem cair de cara na fonte e prefiro me poupar desse ridículo. “Não está muito acostumada a conversar com os outros, está?”  Abri um sorriso meio brincalhão para ela, já ciente da resposta.

Não é o primeiro Pokémon que tenta avançar em mim sem nenhuma razão concreta, embora de fato seja a mais intrigante dentre eles. Meu lado racional mandava-me dar meia-volta e sair de perto o mais depressa possível. Foi mal, milady, eu só tava de passagem. No entanto, alguma parte (provavelmente insana) da minha mente instigava-me a ficar ali e, quem sabe, descobrir o que aquela raposa tanto tentava descobrir da lua. Falar com tanto afinco com um mero satélite exige uma de duas coisas: ou uma tremenda sensibilidade, ou um delírio igualmente forte. Prefiro acreditar na primeira opção.

Quem diria… estou parecendo a Yoshiro agora. Um riso transtornado escapou de meus lábios quando me dei conta da ironia naquela situação. Ora, quantas vezes critiquei minha treinadora por cometer exatamente esse tipo de imprudência? Logo eu, que sempre me considerei a cautela em pessoa… ou em Mudkip, mas você entendeu o que quis dizer.

Talvez esta seja, de fato, uma noite atípica.

Aliás, falando na garota, o comentário da raposa sobre ela me fez rir novamente, dessa vez de forma mais aberta. Yoshiro não tinha de fato me expulsado do quarto, claro que não. A ideia era tão surreal que parecia uma piada. Eu só tinha dito aquilo como uma tentativa (bem falha, por sinal) de quebrar o gelo, mas estava tão tenso que devo ter soado mais sério do que o planejado.  

E, pelo visto, também não está acostumada a brincadeiras.” Tentei conter as risadas, não queria provocar demais um ser claramente muito mais forte que eu. “Minha humana tem seus defeitos. Ingratidão não é um deles.

Pausei por um instante, ponderando se deveria contar o motivo da minha vinda. Por um lado, seria humilhante admitir que ainda não tenho um controle pleno dos meus poderes. Por outro, é melhor do que deixá-la com uma impressão tão ruim da minha menina, a qual não teria coragem de expulsar nem um Rattata dos seus aposentos.

“Estou aqui porque inundei o quarto e não tenho mãos para ajudar a arrumar aquela bagunça toda. Pelo menos no jardim não faz mal se aparecerem algumas nuvens de chuva, né?”  Tentei dar um tom de humor para a história, na esperança de esconder o quão envergonhado eu me sentia ao admitir aquilo.

Ah sim, a lua… quais respostas ela poderia me dar? Não foi sem amargura que encarei aquela forma luminosa sobre minha cabeça, a qual, com um brilho tão deslumbrante, mais parecia estar zombando de mim. Acho que não vou conseguir vê-la com bons olhos tão cedo...

É, acho que você pode dizer isso, sim.”  Suspirei, mantendo meu olhar céu por mais alguns segundos antes de voltá-lo à noturna. Eu tinha notado o deboche na fala dela, é claro, mas resolvi não dar atenção a ele. Não era nada importante. “E você está aqui no meio da madrugada só para arrancar alguma resposta dela? Não parece um jeito muito legal de passar a noite.

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Foi com um interesse divertido que observei o projeto de "redenção" protagonizado pelo anfíbio, que erguia a pata em sinal de paz - ora, se achasse que não era o caso, ele certamente não estaria tendo o tempo necessário para protagonizar aquele gesto bobo e simplório, e tampouco teria me dado ao luxo de deixar para trás a decisão de avançar na diminuta e curiosa criatura aquática. Por outro lado, a menção do bichinho sobre minha própria falta de costume com a companhia de outrem fez-me encolher os ombros, discreta, ponderando se tal informação era tão estampada daquele jeito ou se seu comentário era somente uma breve provocação a respeito das palavras recém-ditas.

...Também não sabia se tinha muita vontade de descobrir a verdadeira razão.

— ...E o que te faz pensar isso? — Rebati, serena, as orelhas movimentando-se com sutileza pois, sim, a curiosidade de suas sílabas pronunciadas sobressaíam o desejo que torcia o âmago, a inquietação tentando se socar no fundo do estômago e esfacelar-se diante da possibilidade de interação com alguma coisa além de um satélite natural que jamais me agraciava com uma única vogal de retorno, fosse para o bem ou para o mal. — Bem, é difícil dizer. Nunca se sabe o que esperar deles, não? São sempre criaturas curiosas a se desvendar, dia após dia. — Comentei, roçando mais uma vez a ponta da língua pela parte inferior da boca. Quer dizer, minha própria "dona" (hah, não) tinha passado por inúmeros altos e baixos em nossa não-tão-longa-e-nem-tão-curta relação; Particularmente, não seria muito surpreendente se a tal do baixinho fosse, de fato, capaz de expulsar o próprio companheiro/serviçal do quarto.

— Inundou? — Perguntei, franzindo o cenho com discrição, pendendo a cabeça para o lado em alguns centímetros - precisei analisar aquela expressão-sem-expressão por alguns instantes, admito, antes de deixar um riso contido escapar. — Ah? Sem controle, baixinho? — Brinquei, numa provocação discreta, apoiando mais uma vez a mandíbula sobre o punho, movendo com suavidade a ponta do focinho. — Deve ter ficado uma bagunça do lado de dentro. — Ri, balançando os ombros e virando um pouco o corpo na direção do quadrúpede, sentindo as madeixas se movimentarem junto e ameaçarem roçar nas águas da fonte. Um torcer de canto de boca veio como reação automática, e balancei a cabeça para "jogar" a cascata rubra para o lado de fora antes que acabasse encharcada além de minha vontade. — Espero que não planeje me ensopar, também. — Comentei, estreitando o olhar com delicadeza - nada realmente ameaçador, nada de fato sério. Só... Palavras perdidas para estender aquela tola e aleatória interação.

— ...Depende. — Disse, a respiração indo e vindo, o focinho se erguendo enquanto desviava os orbes cerúleos na direção do manto celeste e, mais especificamente, da gigantesca bola de queijo que orbitava no além-mundo. — Arrancar uma resposta? Não sei se eu diria isso. — Murmurei, as pálpebras caindo em alguns centímetros, praticamente semicerrando-se. — Mesmo que eu quisesse e tentasse muito, ela não responderia, né? — Sussurrei, permitindo que os olhos se fechassem por alguns instantes, sentindo a brisa noturna acariciando-me o corpo. — Não que eu tenha muitas opções de passar a noite, sinceramente. Mas, acho que minha falta de respostas é certamente mais tranquila que a sua tempestade. — Acrescentei, entreabrindo uma das pálpebras e espiando o azulado pelo rabo do olho, torcendo um discreto sorriso de canto. — Ou estou errada?

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Certa vez, ouvi meu antigo dono dizer que há uma linha muito tênue entre a curiosidade e a loucura. Qualquer um que tente se equilibrar sobre ela pode facilmente pender para qualquer um dos lados, e, muitas vezes, só percebe quando a queda já é certa. Tais dizeres, na época, não me fizeram o menor sentido. Muitas das coisas que ele dizia não faziam sentido, aliás. Sempre ouvi dizer que era um menino muito esperto, contudo, às vezes eu suspeitava que era simplesmente meio doido. Por isso, eu não pensava muito sobre as suas falácias.

… O que não significa que as esqueci. E agora, paralisado sobre uma fonte enquanto converso com um Pokémon capaz de cortar-me a garganta por mero capricho, seus dizeres voltaram-me à mente. Por mais que eu acreditasse não haver qualquer agressividade nas feições da raposa, o chiado de suas garras ao conjurar seu ataque ainda ecoava em minha cabeça. Olhei para a água que jorrava daquela fonte, meu único elemento de domínio. Parecia tão simples e frágil… nada impressionante, comparado a alguém que consegue manipular a energia da própria noite.

Ficar cara a cara com o detentor de um poder como esse não é a mais sábia das escolhas, admito.

Então, por que continuo aqui? Por que me sinto tão impelido a descobrir o motivo pelo qual aquela atípica figura havia escolhido a lua como sua única ouvinte? Não sei ao certo. Cada gesto da raposa era simplesmente intrigante. Há apenas alguns minutos, parecia inabalável - forte, feroz e segura de si, o tipo de Pokémon que eu não me atreveria a desafiar. No entanto, bastou que eu comentasse sobre a sua evidente falta de costume com conversas para que ela encolhesse os ombros, desajustada e curiosa, em uma atitude que até foi fofa. Perguntou-me o que me fez tirar essa conclusão. Não consegui conter um leve riso. Ah, quem sabe… quem sabe descobrir um pouco mais sobre ela faça o risco valer a pena?

Talvez você tenha deixado um pouquinho evidente. Sempre tenta pular no pescoço de quem te dá oi?” Brinquei, ainda com um sorriso discreto no rosto, enquanto apontava para suas garras. As mesmas que, ainda há pouco, estavam cobertas por uma energia poderosa o bastante para despedaçar qualquer anfíbio sem muito esforço, provavelmente. “Ah, os humanos? Eles são esquisitos, isso sim.”  Respondi, balançando a cabeça em um gesto meio frustrado. Não posso negar, estou muito longe de entendê-los. E logo eu, que sei mais do mundo humano do que do selvagem…

Nasci e cresci em meio a essa espécie, logo, seria de se esperar que a convivência tivesse me tornado um especialista no assunto. Não é bem assim. A única conclusão concreta à qual cheguei nesses anos todos foi esta: não adianta procurar por lógica no que eles fazem. Sempre vão dar um jeito de te surpreender, não importa o quão bem você pensa que os conhece. Assim como meu antigo dono me surpreendeu ao, de forma tão súbita, avisar-me que eu ganharia uma nova treinadora.

“Acho que nem os próprios humanos entendem a si mesmos. Deve ser isso que os deixa imprevisíveis assim, quem sabe.” Suspirei, tentando trazer meus pensamentos de volta ao presente. Não seria legal parecer tão avoado no meio de uma conversa, né? “Mas ainda assim, dá para ter algumas certezas sobre eles. Eu tenho uma ou outra sobre a minha treinadora. Você não tem sobre o seu?

O próximo tópico foi trazido por ela com certa confusão. Demorou alguns instantes até descobrir que o meu “inundar” foi dito no sentido mais literal possível. Não posso culpá-la. Não é todo dia que se vê um Mudkip perturbado criar nuvens de chuva dentro de um quarto fechado, ainda mais em plena madrugada, é? Realmente espero que não. Senti meu rosto enrubescer com os comentários da noturna, mas ainda assim forcei-me a sorrir e a inflar o peito em um orgulho fingido.

Posso até ser baixinho, mas sei invocar ondas com o dobro do seu tamanho. A tempestade nem foi grande coisa.” Retruquei, carregando na voz um tom levemente desafiador. Apenas uma brincadeira, é claro. Eu tinha plena ciência de que as chances de ela conseguir desfazer meu Surf com um breve balançar de garras eram altas. No entanto, esse é um detalhe que não tenho a mínima intenção de verbalizar.

Pela primeira vez desde que reparou na minha presença ali, a raposa virou-se mais na minha direção. Considerei isso um bom sinal - talvez eu estivesse começando a parecer mais interessante do que aquele satélite traiçoeiro. Com o movimento, suas madeixas rubras  penderam para dentro da fonte, e a raposa rapidamente jogou-as para o lado oposto antes que ficassem ensopadas. Um gesto simples, todavia, peguei-me estranhamente fascinado por ele. Os fios carmesim eram rebeldes e majestosos em igual medida, cortando o breu da noite com uma cor ainda mais intensa e vívida do que as das flores daquele jardim. Eram bonitos… assim como a dona…

Espere aí… no que diabos eu estou pensando?! Foco, Sapphire!

Balancei a cabeça com força, como se isso de fato fosse jogar meus pensamentos pra longe, e desviei os olhos da minha interlocutora. Mais ou menos nesse instante, ela fez um comentário sobre não querer que eu a molhasse, e aproveitei essa brecha para me recompor. Tive que forçar um sorriso, contudo, o tom brincalhão saiu naturalmente.

Se prometer que vai me deixar sair daqui inteiro, posso até pensar no seu caso.”  Imitei seu estreitar de olhos, o que deve ter parecido muito mais cômico do que desafiador, dado o formato naturalmente bobo do meu rosto. Apesar da brincadeira, eu não me sentia mais intimidado por aquelas garras, nem por qualquer outra coisa nela. Pode parecer loucura, mas… era confortável estar ali. A companhia da noturna mostrou-se divertida e intrigante, mil vezes melhor do que passar a noite amargurando sozinho por algum estúpido pesadelo.

Está certíssima, milady” Devolvi, curvando-me em um gesto até cavalheiresco, mas meu tom de voz e a piscadela que dei a ela deixaram claro que estava apenas implicando. Só uma brincadeira inofensiva, eu espero. “Por um acaso, também não tenho jeito melhor de passar a noite. Espero que não se importe em dividir a fonte com um mero anfíbio.” Dei alguns passos cautelosos na direção da ruiva, parando ainda a uma boa distância. Não queria invadir seu espaço, apenas procurava por uma posição melhor para sentar-me e continuar a conversa sem ter que erguer a voz para ser ouvido. “Aliás, ainda não me apresentei. Eu sou Sapphire.” Estendi uma pata para ela, mais por educação do que por alguma real esperança de que o cumprimento fosse retribuído. Mesmo assim, esperaria por alguns segundos antes de baixá-la - afinal, sempre há uma chance, não?

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Silêncio quase constrangido foi o que usei para devolver a pergunta inevitavelmente ácida, porém brincalhona, despretensiosamente jogada em mesa pelo anfíbio. Discreta e impulsiva foi a reação de cerrar um pouco os punhos, em uma vã tentativa de fazer desaparecer as garras do campo de visão do quadrúpede; Era inegável o desconcerto que invadiu-me diante do projeto de acusação feita pelo azulado - quer dizer, não, tecnicamente eu não tinha (ou não deveria ter) mania de ameaçar o primeiro que me abordasse numa noite escura mas, veja bem...

...

Muda estava, muda continuei, ao aperceber-me que não existiam desculpas plausíveis para justificar a situação que havia traçado contra o baixinho aquático. De fato, tinha de admitir que o culpado daquilo tinha sido um impulso peculiar do âmago, até feral, e não me orgulhava particularmente de pensar à respeito. Por isso, me dei ao luxo de manter a quietude enquanto o anfíbio divagava sobre os humanos - e torci o nariz, suave, com sua questão sobre as certezas que poderia ou não ter de minha treinadora, no caso, Natalie. Balancei a cabeça em negativa, amena - a única coisa que sabia daquela cabeça de vento era que ela com certeza tinha alguns parafusos a menos e, sinceramente, essa informação por si só já era suficiente para que me mantivesse minimamente atenta quando em seus arredores; Sabe-se lá quando um surto pode ser fatal, huh?

— Ah, você consegue? — Foi o que disse para que o silêncio de minha parte não começasse a se tornar constrangedor. — Que tal mostrar, então, hm? — Desafiei, um sorriso vulpino escapando pelo canto da boca, a certeza absoluta de que o pobre espécime bicolor não ousaria erguer uma única pata para moldar o tal tsunami do qual se vangloriava. — Seria incrível ver algo do tipo, baixinho. — Provoquei, inclinando o tronco um pouco mais na direção do anfíbio, estreitando o olhar com delicadeza. Claro, também tinha dito que não queria tomar um banho àquela hora, e foi com um sorriso ameno que recebi a concordância do outro, endireitando a coluna e cruzando as pernas por sobre a linha de mármore da fonte.

Mí casa, su casa... Ou fonte, se preferir. — Respondi, balançando os ombros com desleixo, apoiando a bochecha nas costas do punho. Observei-o se aproximar por alguns instantes, antes de desviar o olhar na direção do pálido satélite que decorava o manto celeste - e foi neste momento que ouvi também a apresentação do até então desconhecido, a orelha esquerda se movimentando com suavidade para indicar que bem tinha ouvido seu cumprimento. — ...Eu... Me adaptei ao nome de Joker. — Disse, então - talvez uma maneira estranha de dizer, admitia, mas também fazia um tempo desde a última vez que havia tido um tipo de conversa daquelas, ombro a ombro, sem estar em alguma situação trágica de vida ou morte. — Apesar de que às vezes não sei se me cai muito bem. — Comentei, torcendo com discrição a ponta do focinho, deixando escapar um bocejo preguiçoso. — Sapphire, aliás, não é um nome feminino? — Perguntei, sem desviar a atenção da lua, a respiração indo e vindo num ritmo gentil.

— ...Me diz. — Disse, então, antes de finalmente voltar a atenção à joia de quatro patas que ali repousava. — ...Você costuma sair sozinho, à noite? Assim? — Veio a questão, o peito subindo e descendo em ritmo regular ao da respiração. — Faz... Um tempo desde a última vez. As coisas andam meio... Sufocadas. — Admiti, num sussurro. — "Sua" humana também costuma te levar pra boca de problemas o tempo todo? — Sorri, amena, permitindo que a conversa se estendesse um pouco mais.

E por que não, afinal?

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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
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