Zoo: Perdidos na Selva!

- Certo, conto com sua ajuda, Tomás! E obrigado por nos trazer aqui. – Sem querer se rude, mas sendo, Will entrou na caverna sem olhar pra trás, seja lá o que estivesse acontecendo ali dentro, não era nada de bom.

Praticamente, Shiva fez o trabalho sozinha. Will apenas se deixou guiar com sua lanterna na mão. Ele confiou na competência de sua Pokémon e graças a ela, se esquivaram de diversas armadilhas. No caminho, viu as gotas de sangue e soube que o Pokémon que sua companheira lhe mostrou mentalmente estava de fato em perigo. - “Precisamos nos apressar, de pressa, de pressa” – Martelou a mensagem em sua mente como um mantra, sentindo a urgência em cada passo.

Ouvir aqueles gritos do Pokémon só o deixava mais taciturno, cada “ganido” cortava o seu coração de tal maneira que a raiva o consumia. Se a presença que tinha visto na visão fosse um humano, teria que se conter para não matar aquele indivíduo. E não é que as suspeitas do treinador estavam corretas. Quando viu o estado do elefantinho, ele chorou, seus olhos se encheram de lágrimas, a visão ficou turva e sua raiva aflorou como um gêiser. Não tinha coisa pior para ele do que tortura, ainda mais de um ser inocente.

Ele correu para o elefante. Queria ajudar, mas tinha medo do que poderia acontecer se tentasse arrancar alguma flecha ou mesmo remover a coleira ou a armadilha em sua pata. Foi então que notou a criança e entendeu que quem estava fazendo aquilo não era um simples caçador. – Eu estou aqui para ajudá-lo, amiguinho. Não se mexa ou vai se machucar mais. – Tentou acalmá-lo com sua voz embargada e distraído, só escutou quando Shiva o salvou de ser atingido por uma flecha.

- Seu desgraçado, vou fazer você se arrepender disso – Will ameaçou correr até o homem, mas antes que desse o primeiro passo ouviu o som mecânico e viu as paredes se moverem. Ele não hesitou um instante sequer ao saber que se fugisse, o Pokémon e a criança morreriam esmagadas. – Shiva destrua aquela parede com seus Drain Punch! – Apontou para a parede que vinha pela sua direita, em seguida liberou Zweilous e apontou para a parede que vinha pela esquerda. – Garotos, derrubem aquela parede com os seus Dragon Rage. Se elas se movem, não estão ligadas a caverna, então ela não deve desmoronar. – Estaria correta sua suposição? Ou seria soterrado?

Aconteceu alguma coisa!
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Por mais que ele confiasse em seus instintos, temeu o pior. Ser soterrado ali era morte certa, senão instantânea, uma longa e agonizante sem perspectiva de socorro. Tomás seria sua frágil e única esperança... No entanto, eis que acertara. Quando as paredes começaram a se quebrar devido ao golpe de seus Pokémon, ele soltou a respiração. A tensão aliviou e finalmente pode se dar um momento para refletir e pensar no que fazer em seguida.

O primeiro que decidiu socorrer foi o elefantinho, mas sendo leigo, temeu mexer com os itens de sua agonia. – Me desculpe, se eu tirar essas flechas, pode ser pior. – A única coisa que podia fazer no momento era livrá-lo da “armadilha de urso”. Pois então, junto com Shiva, fez o máximo de força para libertá-lo. Depois, vendo os olhos de súplica da criatura, segurou uma Premier Ball para efetuar a captura. Antes, porém, encostou sua testa na do Cufant e lhe prometeu que iria curá-lo. – Fique firme, Cufant! Agora você está a salvo, vou pedir que uma Enfermeira Joy trate os seus ferimentos assim que possível. Prometo te dar um bom lar. - Descobrira o nome da espécie quando sua Pokedex voluntariosamente identificou o Pokémon.

Após a captura, correu para socorrer o jovem. Ele tentou falar com o garoto, mas ao vê-lo desmaiar e garantir que ainda estava vivo, preparou-se para sair dali. A primeira coisa que fez foi trazer Zodd para fora da Pokébola e lhe aplicar duas Potion – não era suficiente, mas já seria de grande ajuda. – Você cobre nossa retaguarda, Zodd. Mantenha uma mão tocando no garoto para não se afastar demais. – A escuridão poderia ser um problema, mas felizmente tinha bons Pokémon para ajudá-lo. Com o poder mental de Shiva, ela poderia agir como um mapa, além de prever possíveis armadilhas no caminho. Já Zweilous era uma criatura da escuridão acostumada a cavernas parcamente iluminada. – Shiva, você e os gêmeos vão na frente nos guiando. Vamos voltar para a entrada da caverna. Confio em vocês, então tomem cuidado para possíveis armadilhas daquele cara. – Quando garantissem a segurança do jovem, Will jurou que caçaria o cara que fez tudo aquilo.

Will estava pronto para entregar a sua mochila ao Sawk para poder carregar o garoto nas costas quando o seu Pokémon se ofereceu para levar o menino. Consciente de que o azulão queria ajudar, ele aceitou a oferta. Sendo assim, cabia a ele redobrar seus sentidos para sair dali. – Tenha cuidado com ele Zodd.

Foi só enquanto percorria a caverna na escuridão que as pontas soltas começaram a se ligar. O nome daquele garoto seria Emanuel? – Não se esforce, garoto. Descanse. Prometo que você vai voltar pra casa – O treinador se virou e conferiu mais uma vez o estado do rapaz. Ele ainda não conseguia acreditar como alguém era capaz de torturar uma criança. O que levava um ser humano a isso? Seria o simples prazer de provocar dor ou teria algo mais? A verdade é que Will não queria saber, no momento, só desejava socar a cara do homem até quebrar todos os seus dentes.

Ele se deixou orientar pelos seus Pokémon ao mesmo tempo que tentava iluminar o caminho com sua lanterna. Durante o restante do percurso, pediu que fizessem o máximo de silêncio possível até ouvir o grito e a armadilha, confirmando o “pingo no i” que faltava, suas suspeitas estavam certas, o homem era Don Pierro. – Zweilous, destrua a rocha com os seus Dragon Rage! – Tomado pela urgência, sabia que se tentassem procurar algum refúgio no interior da caverna provavelmente não conseguiriam escapar a tempo, ainda mais com o garoto naquele estado. Sua única chance era encarar o problema de frente. – Shiva, se os golpes dos Gêmeos não forem suficientes, você vai precisar agir... Deixe eles “enfraquecerem” a pedra o máximo que puder. Então destrua-a com o seu melhor golpe.

Tenso, ele engoliu seco, torcendo para o poder de seus Pokémon ser suficiente para resolver a situação. Felizmente, nenhum deles hesitou em frente ao perigo e com confiança destruíram a armadilha. Não é preciso dizer que Shiva deu um show à la Neji melhor ninja antes das loucuras do Kishimoto de deixar seu treinador orgulhoso.

- Bom trabalho, pessoal – Sem perder mais tempo, correu para fora acompanhado de seus Pokémon.

A luz do dia incomodou em um primeiro momento, mas logo se acostumou com a claridade e avançou para ajudar Tomás ao ver o ferimento. – Pensei que você ia pra cidade... – Ajoelhou ao lado do homem avaliando o que via: a ferida era preocupante, mas não parecia tão grave.

Tomás mal deu tempo para que Will respondesse alguma coisa. Não que o Karateka tenha tentado interrompe-lo, preferiu ouvir tudo, pois já estava consciente do que precisaria fazer. – Não se preocupe, Tomás. Eu vou pegá-lo! – O Allstar se levantou com o radar na mão e recolheu para suas esferas Zweilous e Sawk, após este colocar gentilmente o menino no chão perto do homem. – Proteja-o, Tomás. Eu volto logo.

Com Shiva ao seu lado ele começou a correr na direção que o radar indicava. Contanto que Pierro não fosse um atleta ou tivesse um meio de transporte, Will facilmente o pegaria, era só questão de tempo. Com um corpo saudável e acostumado a corridas matinais, o jovem era quase um atleta olímpico, sendo corrida a longa distância uma de suas áreas. – Fique atenta Shiva.

Bem lembrado narrador! Infelizmente na pressa, Will e sua consciência, esqueceram de obter uma informação privilegiada que poderia fazer a diferença mais à frente. Contudo, como na maioria das coisas que ele fazia na vida, o Karateka era mestre do improviso. Ele não conseguia lembrar se alguma vez já seguira um plano até o final.

Correr floresta a dentro nunca é fácil. Você precisa desviar de árvores e galhos, evitar pedras e buracos, por isso o treinador fazia o seu melhor para manter um ritmo que lhe garantisse segurança sem perder muita velocidade. As marcas e cortes em seu rosto e braços eram a prova de sua determinação, quando percebia que não dava tempo para desviar, erguia os braços para proteger a cabeça e se deixava chicotear pelos galhos que o açoitavam sem piedade. Shiva ainda tentava ajudá-lo, mas ele sabendo que ela provavelmente lutaria, recusava seu auxílio e agia como escudo para poupá-la.

Eis que seu esforço foi recompensado, logo avistou o seu alvo sendo transportado por um Pokémon pronto para atacar outra criaturinha da selva. Aquele cara não cansava de provocar dor? Rapidamente conferiu o radar para confirma sua suspeita e quando teve certeza, não hesitou. Devido à distância, sabia que Shiva não seria rápida o suficiente para ajudar o Pokémon selvagem. A única maneira de ajudar seria com um golpe de longa distância e o seu único Pokémon capaz disso era o Zweilous. Will pegou a Ultraball do bolso e a lançou, depois de apertar o botão central, como um jogador de beisebol lança uma bola rápida na direção de Don Pierro. Assim que Zweilous se manifestou no chão a uma boa distância a sua frente, ele gritou o seu comando. – Garotos, derrubem aquele homem do Pokémon. Ataquem com seu Dragon Rage. – Eles precisavam evitar que Pierro fizesse uma nova vítima, além de derrubá-lo para que o impedisse de fugir. Enquanto os Gêmeos atacavam, Will e Shiva não pararam de correr.