[Blake McBride] Capítulo 32 - Farmando EXP e literalmente farmando na farm

Era difícil caminhar pelas ruas de Ecruteak e não sentir a nostalgia me afogando como uma onda desavisada, daquelas que te derruba e te dá um caixote de deixar tonta, sabe?  Assim que meu íntimo se sentia. Agoniado, trêmulo, irritadiço, triste. Um misto de emoções que faziam os pelos do corpo se arrepiarem com toda brisa que passava e levava minhas longas e soltas madeixas.

Ecruteak fora onde passei parte da minha infância, principalmente nas apresentações de violino no Centro Comunitário; Olivine não possuía um, então minha mãe sempre me levava de Cianwood até Ecruteak, todas as vezes com um sorriso estampado no rosto e dois sanduíches para passarmos o dia. Os pés caminharam, lentos, até a porta do edifício de madeira maciça, ainda fechado para manutenção após o dilúvio que assolou Kanto e Johto. Suspirei, cerrando os olhos por alguns segundos e deixando que o consciente se debulhasse em memórias que, honestamente, me fazem mais mal do que bem. Era para eu ficar feliz, acho. Feliz por saber que pude aproveitar esses momentos uma vez na vida. Mas é difícil manter um bom pensamento se anos depois isso seria arrancado de mim abruptamente, não é? Não somente Ivy, mas também o dom da única coisa que sempre me manteve sã: a música.

Balancei a cabeça negativamente uma única vez, fitando o dorso da mão esquerda que carregava a ínfima cicatriz que tanto me incomodava. Depois de semanas usando roupas de manga longa, decidi me atrever a não tentar escondê-la mais. E só Giratina sabe o quanto isso está me consumindo por dentro. Qualquer olhar na minha direção de transeuntes é razão para achar que estão vendo a grande marca na minha pele e rindo. Ou comentando. Ou julgando. Huh, sonho com o dia que deixarei de me comparar com objetos quebrados -- porque no momento, tudo que acho, é que sou como um espelho quebrado ao meio, incapaz de refletir a si própria a visão que todos dizem ter de mim.

— Não, Karinna. Não fazemos mais isso. — sussurrei para mim mesma, abaixando a cabeça — Sem se autodepreciar. Tá tudo bem.

Os pés moveram-se, carregando o triste e nostálgico corpo na direção norte da cidade. Ergui a cabeça, fitando o horizonte e a estrela principal do sistema solar que iluminava aquela tarde em Ecruteak; depois de tanto tempo em Hoenn, era boa a sensação dos raios solares que não te queimavam a troco de nada. Precisava espairecer, pensar, respirar e, pelo menos ali, não havia lugar melhor para fazer isso que se não nos campos da UCE.

A mão direita buscou a esfera de Braviary, Altaria e Alolan Raichu, liberando os três ao meu lado. A expressão do voador me arrancou o primeiro sorriso desde que cheguei em Johto: seus olhos brilhavam tanto quanto suas penas azuladas, animado para voar por todo aquele infinito verde. Consenti com a cabeça, permitindo que o fizesse e Ramen não tardou em alçar voo, inclusive convidando Okawa para que o acompanhasse. Musubi, por outro lado, se agarrou em mim, também encantado pelo panorama que estava diante de seus olhos. Flutuando em sua própria cauda, quando se sentiu mais confortável e se afastou um pouco de mim, começou a fazer piruetas no ar, até bater de cabeça no chão uma única vez e começar a chorar.

— Filho... Devagar, poxa. — continuei caminhando, aproveitando para acariciar sua cabeça e o pequeno galo que fizera no topo da cabeça — Não vai deixar marca, mas vai doer por um tempinho, tá? — levei o dedo indicador até o queixo — Um Potion não vai dar jeito nisso... Será que alguém que tem uma fazenda por aqui pode nos ajudar? Já estamos bem distantes do Centro Pokémon. — acenei para Braviary e Altaria que exploravam os céus e dançavam juntos enquanto brincavam de pique-pega no ar; assim que perceberam meu sinal, desceram — Tentem achar algum fazendeiro por aí... Seu irmão bateu a cabeça. — Raichu chorava como uma criança mimada, mas, fazer o quê? A culpa é minha mesmo que mimo demais — Musubi, vem cá. — não poderia ser diferente, né? peguei-o no colo — Usa seu poder psíquico pra levitar um pouco. Se não fica muito pesado pra mamãe. — seu choro diminuiu um pouco, mas o drama continuava; era engraçado ver aquele pequeno galinho vermelho dentre sua pelugem laranja, mas não podia rir ou ele ficaria triste E enfezado — Seu irmão e sua irmã estão atrás de algum fazendeiro. Quem sabe ele ou ela não tenha algum gelinho para colocarmos aí?

Day Care escreveu:

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Eggs escreveu:

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Ecruteak