[Gym Battle] Vs Wattson #26

— Era uma jogada de 50/50: ou apostava em algum ataque devastador contra Gastrodon ou então em uma jogada para você se prevenir dos ataques. Se estivermos em um cenário onde a sorte não define, por mais que o Magnet Rise te deixe mais tempo no campo, a vantagem ainda assim é minha — inferi, semicerrando as pálpebras e buscando analisar melhor as possibilidades.

Merda, maldita paralisia. Se Shiranui não fosse parado justo naquele momento, era o timing perfeito de um ataque com quádrupla vantagem atingir o metálico e facilitar as coisas para mim. Ademais, não é motivo para entrar em pane ou mesmo perder a calma: se Magneton não possui algum ataque de grama ainda me colocava à frente daquela dança com um quê de delicadeza por minha parte e de Wattson. Estava longe de seu clímax, contudo, não delongaria tanto até que este chegasse.

Mitigar as defesas e então começar a atacar para compensar a tela protetiva, quiçá até mesmo apostar em um efeito colateral, huh? Magneton ainda era um problemático, entretanto, fazendo a dança correta, teria como lidar com o mesmo sem precisar expor muito Nalu — era o meu coringa naquela luta, afinal.

— Yawn e Scald — pedi então, assumindo postura mais centrada e extinguindo toda aquela confiança de outrora; até segundas ordens, aprisioná-la-ia. Quem sabe não se desvencilharia das amarras emocionais quando o metálico enfim se exaurisse. Até lá, toda calma era pouca.

Não vou pagar para ver algum efeito colateral daquele ataque, portanto, a melhor alternativa era jogar seguramente; induzindo-o ao sono enquanto ataque, poderia até mesmo beliscar o efeito colateral do golpe de água, não?

A experiência vale tanto quanto um bom conhecimento teórico — quiçá, até mais. O conhecimento prévio aliado às adaptações em diversos cenários é uma ferramenta crucial para todo e qualquer treinador; desenvolver uma casca, evoluir desafio a desafio. O vovô tinha a idade como uma arma, e não um obstáculo: desvencilhava-se de minhas jogadas hora ou outra, ademais que julgue que tenha o controle da situação. Bom, se quiser volver a ter a certeza de que venceria, teria de derrotar Magneton o quanto antes.

— É aí que tá, Wattson: toda vez que faço uma aposta, por mais que haja reviravoltas, torço para a moeda cair para o meu lado. Então, vamos ver para quem a moeda cai? — de meu bolso, retirei uma moeda do mais ínfimo valor possível, posicionando-a sobre meu dedo indicador e repousando o braço à frente de meu corpo. — Prefere cara ou coroa? — com o metálico dormindo, pude desvencilhar aquela confiança toda que tinha outrora, e assim que o líder respondesse, arremessaria a mistura de metais com valor monetário, vendo o resultado assim que o turno concluísse.

Magneton dormiu. Isso era bom, contudo, sorte era um requisito que não gostava de contar, apesar de minha confiança demasiada. A única certeza que tinha era que ganhei uns bons minutos de vantagem com a condição ao trio de ímãs conectados entre si, logo, jogar em cima disso no momento me era a melhor opção — quiçá, o destino poderia ouvir minhas silenciosas preces e me abençoar com uma queimadura também, huh?

— Continue avançando com mais dois Scalds — orientei o gastrópode, e então tornava a fitar Wattson. — E então, Wattson, qual vai ser a sua escolha?

As batalhas são algo que não devem ser banalizadas de maneira alguma. É um emaranhado entre estratégias com ínfimas pinceladas da entidade superior responsável pela sorte jogar ao seu lado; imaginemos como jogar xadrez com alguém, no entanto, você define o seu movimento ao arremessar uma moeda, quiçá um dado para tomar sua decisão e pensar acerca de qual peça movimentar, mantendo o mesmo intuito do jogo de tabuleiro: cercar o oponente. Ora, para alguém decretar ordens ao seu monstrinho, existem trinta e seis possibilidades diferentes para tal, e organizá-las da melhor maneira possível é mais ímprobo do que aparenta.

Antes de iniciar os movimentos e com o líder decretando as suas ordens, Wattson escolhera qual o lado da moeda. Por mais louco que pareça, em uma batalha, riscos são necessários e jogar de acordo com as probabilidades não é um erro — ora, se existe possibilidade até mesmo de acerto de ataques, contar com as porcentagens não é um pecado, huh? Com um ínfimo movimento do polegar esquerdo, o disco metálico rodopiou em seu próprio eixo no ar, delongando míseros segundos para estatelar contra o chão; voluteou ainda mais, até finalmente ter uma posição fixa, com clara imagem para os orbes.

Deu coroa.

— Talvez hoje não seja o seu dia de sorte — fitei o líder de ginásio, sorrindo com a presunção tingindo os lábios.

E, de fato, a sorte não sorrira para Wattson. Seu metálico não acordou a tempo, sendo o suficiente para Gastrodon acertasse mais dois ataques nele; ademais, não causara a queimadura que visava além do dano considerável quando premeditei aqueles movimentos. Todavia, Magneton estava prestes a exaurir com mais alguns ataques de Nalu; tudo isso era potencializado quando o pulso magnético encerrara, estando vulneráveis para ataques do tipo solo — se não usasse Magnet Rise novamente.

Wattson dera os seus comandos, e nenhum deles fora, de fato, aquela jogada que o líder considerava o trunfo contra Nalu; era a brecha que queria para galgar mais próximo da vitória. Restando ainda duas boas escolhas para mim, quiçá Gastrodon e Xatu seriam o suficiente para colocar minhas mãos sobre a insígnia e os demais prêmios.

Claro, contando que a moeda continue a cair cara.

— Acabe com isso usando dois Earth Power — passeei os olhos sobre o gastrópode róseo, acentuando mais aquele ar arrogante que, por mais irritante que fosse, era-me intrínseco.

Magneton estava para cair, isto é, caso não acontecesse algo completamente inesperado. Sendo Wattson dono de vasto conhecimento e experiência, qual seria a jogada dele a seguir?

Puta merda. A única tristeza é ser controlado por essa íngua que pensou o roleplay todo bonitinho, mas na hora de passar pro papel, consegue cagar tudo. Ele esqueceu que o Wattson tinha escolhido coroa, e como agora todas as interações foram feitas, não dá pra voltar atrás, não é? Parabéns, seu jumento; e isso que eu pensava que não existiam mais tantos burros no mundo assim.

Ah, perdão o desabafo. Tive de quebrar a quarta parede pra esculhambar o meu criador. Agora, voltemos para o que realmente interessa, huh?

Com o metálico enfim nocauteado, percebi que o tapete, pouco a pouco, estendia em minha frente prestes a colocar as mãos na insígnia do dínamo. É cedo para falar se já estava ganho, apesar das condições adversas em que retornei Shiranui e toda essa defesa retirada de Nalu; ademais, tinha ainda uma terceira escolha que seria venturosa: ou Vijam ou Balerdroch. Confiar em Gastrodon finalmente com todas as suas reservas energéticas recarregadas parecia ser mais propícia, restando só a última escolha de Wattson.

E ele a fez: Electrode.

Era como estava dizendo: de absurdo, apenas a sua velocidade. Quanto aos demais atributos, bem distribuídos e dono de defesas bem problemáticas; não tinha como forte a ofensividade, entretanto, os golpes de Magneton ainda ressoam no corpo do gastrópode e podem atingi-lo veementemente, quiçá forçando a utilizar o seu movimento de cura. Os golpes do elétrico enervante me eram incógnitos; necessitaria de um tempinho para analisá-lo e posicionar minhas peças no tabuleiro conforme preconizara.

E Nalu, apesar de suas debilidades, tinha as condições perfeitas para tal: vitalidade, boas defesas e alguns movimentos interessantes para aquela finalidade. Bom, vejamos o que é que esse Electrode tem.

— Yawn e Toxic — ordenei, volvendo a uma postura mais centrada e sisuda que outrora. As pálpebras semicerradas e os orbes bailando pelo campo de batalha, tenazes, buscando qualquer vantagem sobre o elétrico que pudesse utilizar naquela luta.

As coisas podem começar a ficar um pouco mais chatas a partir daqui. O acesso ao movimento noturno era combinado com sua velocidade exímia e deixava Gastrodon nulo naquele turno; entretanto, nem todo o avanço ou tentativa poder ser considerado um fracasso. Ao menos nesse momento, saberia que a única estratégia que teria ao enfrentar Electrode seria a ofensiva desmedida: dentre os que trouxe para o desafio no ginásio, não havia um único que o superava em agilidade — tinha Ninjask em meu storage, mas trazê-lo a um combate em que estaria em desvantagem demasiada era suicídio.

Diante dos próximos comandos de Wattson, a única coisa que o mesmo queria evitar a todo custo era a cura ou mesmo alguma condição maliciosa que o gastrópode poderia impor ao mesmo. Nalu não tem potencial nulo para atacar, e ainda assim, tinha movimentos problemáticos para Wattson. Não tinha a informação se o mesmo utilizava o Magnet Rise para ofensivas futuras.

Ademais, o elétrico poderia ter suas resistências acentuadas após árduos treinos, diminuindo o dano dos ataques de Gastrodon — em um cenário hipotético. De todo o modo, Nalu ainda conseguiria respirar nessa rodada e vai ser nessa em que tirarei as minhas dúvidas; se o líder clama para que eu o ataque, então o farei sem pestanejar.

— Avance com Earth Power. Em sequência — pedi à lesma, fixando as minhas vistas sobre o enervante Electrode.