[GYM BATTLE] Vs. Juan #02

Vs. Don Juan

SDDJ (Suggar Daddy Don Juan). Não, sério! Pra um coroa de 52 anos Juan estava inteiraço! Aquele nome estrangeiro também era acompanhado de estilo e sotaques diferentes dos costumes de Hoenn que Natalie estava acostumada. Ele era mais chic (com C mesmo). Ok... Check List: elegante, gostoso e rico! Nossa, se lá fora o dia estava ameno, o clima tinha esquentado rapidinho só de reparar naquele senhor, mas minha amiga, quando ele te recebeu com um sorriso, que era comum até, só que somados aos outros fatores, simplesmente o título de D. Juan fazia todo o sentido. Era só falar qualquer coisa no ouvidinho que ele tinha QUALQUER mulher que desejasse. E o pior, ele sabia disso! Educado nas melhores escolas que o dinheiro pôde pagar e vivido nos palcos de concursos pokémon, ele estava até bem acostumado com a fama que sua imagem tinha. Era mais baixo que Natalie? Sim, mas isso é irrelevante.

Ta bom, a batalha. Ele te recebeu com aquele sorriso e disse - Bem vinda ao ginásio da cidade de Sootopolis, mademoiselle. Você é uma desafiante, eu presumo? - Claro, ele esperava que Natalie se apresentasse primeiro, já que entrava no prédio sem ser convidada ou anunciada, mas logo que o fizesse Juan tomaria a atitude de tocar em sua mão direita e elevar levemente enquanto se inclinava para frente sem tirar os olhos da ruiva, indicando que beijaria as costas de sua mão. - Adan Juan, líder do ginásio especializado no tipo aquático ao seu dispor.

Depois de confundir a cabeça - e talvez os sentimentos - da moça, Juan deu as costas e caminhou para o interior do edifício pedindo que Chase o acompanhasse. Eles fizeram um pequeno tour pelo ginásio de cristal, admirando algumas obras de artes escupidas pelo próprio líder enquanto caminhavam para o centro do lugar, que continha uma cachoeira que alimentava uma piscina natural de água limpa e cristalina. Era tão pura que era possível ver pequenos arco-íris se formando do encontro da queda com o espelho d'água. ESPERA!! Natelie teria que usar apenas aquáticos? Ah, assim que chegou mais perto viu que na piscina, que seria usada como campo de batalha, também tinham alguns suportes. Era um campo bem incomum, que apesar da beleza tinha sua dificuldade.

— Este é Sebastian, meu fiel amigo e será hoje o juiz do seu desafio oficial ao ginásio, mon amour. - Ele passava a palavra para o fiel escudeiro.

O homem tinha mais uma aparência de mordomo com suas roupas formais e postura pronta para atender a qualquer pedido que Juan tivesse a fazer. Será que era assim ser amigo de gente rica e famosa? Bem, Sebastian não parecia incomodado, mas se ele não trabalhasse no ginásio, certamente tinha algum contrato com Juan para estar fazendo aquele serviço de juiz, no mínimo. Ele agradeceu as palavras do líder e seguiu com as regras oficiais de batalha em ginásio enquanto Juan tomava seu lugar do outro lado do campo.

— Boa tarde para todos! Estamos começando mais um desafio oficial ao ginásio da cidade de Sootopolis. Hoje serei o jurado da batalha a pedido do líder Juan! As regras são claras, será uma luta de três contra três e sem nenhum limite de tempo para o fim do combate e nenhum dos participantes poderá usar qualquer item, exceto os que já estejam equipados em seus Pokémon! Além disso, apenas o desafiante terá o direito de trocar de pokémon durante a batalha. Assim que o líder escolher seu primeiro pokémon, a desafiante pode iniciar a batalha com os primeiros comandos.

É isto! A regra é clara! E provavelmente Natalie sabia disso, mas Juan era formal e gostava de tudo transparente como um cristal. E afinando seus bigodes ele mostrava seu sorriso mais uma vez enquanto levava uma pokebola ao peito enquanto revelava algumas palavras antes de assumir sua primeira escolha:

— Você é testemunha de que a batalha de hoje será uma obra de arte, esculpida por meus excepcionais pokémon, a começar por este aqui! - Em um gesto performático ele lançava para o alto a esfera até que uma forma enorme surgia no topo da cachoeira e realizava um salto elegantíssimo na piscina, sem espirrar uma gota na roupa de Chase ou Juan. Merecia um 10 se fosse uma competição de estilo. Logo o pokémon voltava a superfície e se mostrava para Natalie com pose séria.

Era engraçado; Não fazia tão pouco tempo assim, mas ainda era capaz de se recordar da primeira vez que havia pisado no interior daquele belíssimo ginásio. Quer dizer, não que não fosse compreensível - de certa forma, após tantas catástrofes que ocorriam em sua trajetória, justamente adentrar naquele recinto tinha, de alguma forma, sido o ponto de total reviravolta que a “lançara de volta para os trilhos”, por assim dizer. Tecnicamente, sequer era possível o contrário, levando em consideração que a disputa realizada na época da Wallace Cup (com uma batalha desastrosa para si, aliás) se revelou basicamente como estopim não só de um recesso no trabalho dos fantasmas que tanto a atormentavam, como também a de uma construção gradual de harmonia para su’alma, essência e presente.

Se alguém lhe dissesse que aquele seria o ponto de virada que traria para si não só fantasmas distantes, como também o calor ofuscante de um amante inesperado, pode ter certeza que sequer apostaria na probabilidade.

Focando um pouco mais no momento atual, é válido mencionar que foi com certa, uh, surpresa que Chase se deparou com o líder do ginásio antes mesmo de esbarrar com qualquer secretário ou algo do tipo, como havia sido em todos os seus outros desafios. Com a cabeça pendendo em milímetros para o lado e os orbes acinzentados passeando pela elegante (e um pouquinho engraçada) imagem de Juan, o questionamento de se aquele detalhe seria uma das características do ginásio veio em sua mente, inevitável, a respiração indo e vindo num agito gentil de maré quando sentiu a palma envolvida pelos dedos pálidos do mais velho.

— Bem, pode-se dizer que suas conclusões são boas. — Retrucou, um sorriso curto e simples adornando os lábios, o olhar se escondendo confortavelmente por detrás da franja longa. — ...Natalie. — Apresentou-se, sem necessidade de muito mais. — Não sei se terei o suficiente para te entreter, mas certamente não custa nada tentar. — Comentou, um encolher breve de ombros antes que as pupilas se agraciassem com as costas anis do sobretudo do gentleman que titereava aquele ambiente de desafios.

Sem questionar, os passos o acompanharam. Era com paciência impaciente que os dedos reviravam entre si uma diminuta esfera bicolor, aquela com a qual almejava iniciar o bendito desafio em busca da belíssima insígnia daquele lugar quase paradisíaco. A visão dançava pelas imagens artísticas esculpidas ao longo do caminho, questionando-se até mesmo se elas já estavam ali quando viera pela última vez e, embora consciente de que a resposta provavelmente seria afirmativa, era incapaz de não duvidar das próprias lembranças nessa questão.

Volvamos então nossa atenção para a piscina natural; E era com um curvar ameno nos lábios e um aconchego aquecido no peito que a ruiva se recordava daquele espaço em especial, ambiente em que Marill submergira nas águas para emergir como belíssima e potente Azumarill. Admitia que era com certo orgulho que guardava as memórias daquela apresentação pois, ainda que não houvesse tido sorte na segunda etapa da competição, a apresentação artística havia sido certamente, na falta de uma palavra melhor, gloriosa.

Certo, mon amour?

... ... ...tóxico como todos os seus fantasmas o eram, foi com violência desnecessária e desmedida que aquelas palavras atingiram-lhe a boca do estômago, os pés estacando no lugar quase que imediatamente e os ombros retesando-se, amargos, diante da conjuntura das palavras escolhidas pelo adversário de meia-idade. O gosto na garganta veio ácido, os dentes se esfregando com discrição dentro da boca enquanto ouvia - sem necessariamente prestar atenção - as regras ditas pelo projeto de mordomo que jazia ao lado da arena; Admito que foi com esforço anômalo que pôde conter a distorção da expressão, os dedos interrompendo a brincadeira com a esfera para se pressionar contra o objeto e aprisioná-lo naquele agarro contido.

...Oh, Richard, quando suas correntes enfim se desatarão dessa existência infeliz?

— ...Obra de arte... — Murmurou, balançando a cabeça com discrição para tentar espantar o negrume que pairava sob su'alma, tão repentino. — Sim, com certeza. — Concordou, um menear singelo antes que, enfim, os dígitos se afrouxassem ao redor da cápsula que mantinham entre si, apenas para permitir que o quebrar do equipamento emitisse e revelasse um raio ofuscante de luz que, gradualmente, se moldou no formato bruto e elegante de sua amável e decidida companheira gramínea. Ao guardar a pokéball utilizada para materializar a quadrúpede, então, os dedos finalmente se uniram à chave de ativação por si mantida, objeto este que facilmente encontrou reação com a pedra evolutiva segurada pela inicial. — ...Num palco de transformação, essa é sua melhor oportunidade para florescer, minha querida. — Sussurrou, enxergando a energia da Mega crepitar no interior da Key Stone que portava. — Ryo, invista num Knock Off seguido de Toxic! — Veio, enfim, a instrução. Tinha consciência de que aquela não seria uma batalha fácil e não tinha ideia de quão brutos poderiam ser os danos oferecidos por aquele tipo de aquático nas mãos de um especialista...

...Mas teria de descobrir, huh?

OFF: ué, mas esse não é meu job? soneca boy mandou bjs tbm (mentira, mas eu to mandando por ele)

Wallace Cup é tabu. Fechamos assim o assunto antes mesmo de desenvolver se não seremos dois amargurados, atormentados pelo passado que devia ser enterrado e considerado como delírio coletivo e o espaço em Sootopolis resignificado como algo muito melhor. Renovação, talvez! Ou qualquer outra coisa que a jovem quisesse, porque estava tendo um momento particular, compartilhado apenas com seus companheiros de jornada, o líder, seus -mons e o mordomo. Mas, coitada. Natalie entrou numa bad trip da qual não foi percebida, pois Juan estava empolgado demais em ter uma visitante em seu ginásio (a segunda em menos de um mês) que nem ao menos se importou com a falta de plateia. Estavam todos assistindo as outras etapas das batalhas da Cherry Cup em Johto, seja pela TV, internet ou ao vivo nos estádios montados para isso.

Contudo, a atenção de Juan estava na batalha e como o Venusaur agora fazia parte dela, a mega evolução tratava de alterar a magnificência do cenário, somando o esplendor da toda aquela energia condensada da experiência treinadora-pokémon. Ryo, a última forma evolutiva do inicial de Kanto, estava ainda mais madura e poderosa! Sim, ela floresceu! Aumentou sua altura e o peso, fortalecendo sua estrutura interna, ganhando algumas resistências convenientes e ganhando pontos no estilo, claro.

— Vejo que veio bem preparada, sinal que certamente vai ser uma batalha interessante. - Juan revelou seus sentimentos, empolgado sem precisar fazer um estardalhaço pelo desafio presente. No entanto, apesar da fala revelar animação, o olhar entregava um brilho intenso e desafiador. - Kingdra, faça a gentileza de usar Focus Energy no interior da piscina e invocar na sequência Draco Meteor!

O líder não pareceu preocupado com o início de Natalie, lhe almejando retirar o item e envenenar seu pokémon. Naaaão! Ele estava muito mais extasiado em ver o poder daquele cuja tipagem tinha certa vantagem sobre a maioria dos pokémon do especialista. Felizmente Kingdra não era um deles.

O pokémon dragão dos mares iniciou aquela disputa de peso. Seu mergulho era raso, pois queriam que o brilho intenso da energia focalizada fosse refletido pela água até os olhos dos que assistiam, num balé aquático. Eram de um violeta muito bonito com filetes brancos e amarelados emanando das escamas de Kindgra enquanto realizava sua performance que, infelizmente, fora interrompido pelas vinhas de Ryo, lhe retirando o Scope Lens no tapa [-16]. O aquático teve de emergir, né. Imagine a expressão que ele fez encarando a Venusaur por atrapalhar seu show. Nossa, mais frio que um Ice Beam! Isso foi convertido em poder, pois, com os olhos vermelhos como sangue, Kingdra lançava para o alto um tiro aleatório que explodiu quando atingiu seu pico. MEU IRMÃO, eu não queria estar debaixo daquele céu naquela hora! Nem o dito cujo, que mergulhou e novo! Desciam em velocidade cadente muitos meteoros do tamanho de pessoas adultas! Alguns atingiram a Venusaur, mas um acertou bem em cheio. Era aquele golpe que chamávamos de crítico e Natalie tentou evitar [-65].

Depois que todos os meteoritos tinham passado, Kindgra ameaçou voltar a superfície, mas Ryo, esperta, mirou uma bomba de toxinas bem no espaço da piscina onde ele emergiria e a lançou. Nossa, aquilo dali incomodou um pouco Sebatian - o juiz - por estar jogando substâncias tóxicas na água limpa! Mas ele também não disse nada, só fez um barulho irritante, esperando que Juan interrompesse o combate, mas o líder, muito educado, aguardou respeitosamente até que Kingdra emergisse e se contaminasse com os tóxicos [-8] para poder dizer:

— Estou curioso para ver o que pretende fazer depois disto. Não é qualquer treinador que tem esse poder, tão pouco a habilidade para controlar o fenômeno. - Ele fez uma pausa longa. Talvez esperasse que Natalie respondesse, ou apenas que seu pokémon se recuperasse, mas prosseguia com o desafio. - Kingdra, prossiga com outro Draco Meteor e Scald na sequência.

Era assustador.

Sim - talvez essa fosse a melhor palavra para a situação do combate, que se revelou em pouco menos de uma rodada só. Não se engane: De maneira alguma havia adentrado aquele ambiente e desafiado o guardião da Insígnia da Chuva sem a consciência de que não seria um embate a ser vencido com facilidade escancarada, tal qual um desafio de iniciante qualquer. Não; Juan era detentor de um poderio avassalador, quase sombrio, e trazia em suas mangas a brutalidade e os sussurros de um mar violento que busca retorcer seus oponentes com a destreza e agressividade das mais profundas correntezas.

Apesar dos pesares, dos tormentos que galgavam em arranhões profundos por suas costas, das correntes que açoitavam-lhe o psicológico e faziam o possível e impossível para afastar a paz momentânea n'alma e, sobretudo, da frágil situação na qual a pobre Venusaur se encontrava, o arrepio que percorreu pela linha de sua coluna veio em carícia gentil, fazendo reagir um sorriso tosco e afetado no canto dos lábios: Não por insânia, ironia ou coisa do tipo - mas pela simples e pura admiração quanto ao poderio dos oceanos, da água, da maré.

...E pensar que nem era de maneira direta, de certa forma.

— Sinceramente? — Deixou as palavras escaparem, a cabeça pendendo em alguns milímetros para o lado enquanto as íris acinzentadas dançavam em rápida análise de toda a situação. — ...Talvez eu também esteja, Mister. — Sussurrou, puxando ar em uma respiração profunda e apertando as pálpebras por alguns instantes, pressionando com delicadeza as unhas contra uma das próprias palmas. — Ryo, aguente firme; Vá de Protect e Synthesis! — Pediu.

E desejou pelo melhor.

OFF: ai isso é tão 2015, eu to aqui pela narração punitiva qq

Natalie poderia facilmente se afirmar poetiza, meio filósofa, meio sociopata, mas era uma treinadora. Talvez um pouco perturbada por seus traumas, mas nada demais. Ah, claro, também era uma criminosa em ascensão, mas não vem ao caso. Sua mente era um turbilhão de ondas psíquicas que faziam com que ela enxergasse além da visão. Tinha beleza até no pensamento mais sombrio. Não dizem que a flor mais bela pode brotar até mesmo no asfalto? Pois então;

Como Juan não fazia ideia da tormenta que estava ocorrendo dentro da jovem, ele destinava sua atenção pro que acontecia na batalha e os movimentos que a ruiva comandava no contra-ataque certamente o surpreendia.

Todo aquele esforço anterior de nada adiantou, pois Ryo erguia uma barreira esférica que a protegia de todo e qualquer meteoro que ousou causar algum dano nela, mas não conseguiu evitar ser atingida pela água escaldante que terminou por queimar algumas das patas da Mega Venusaur em outro golpe crítico [-20] que desta vez era de poderio mais controlado que a última cólera do dragão. Ah, mas tudo bem, né, porque Ryo fazia uma fotossíntese gostosa e recuperava lindos pontos de saúde [+42].

— Pokémon de Grama e seus movimentos de cura... São meio irritantes, não? - Ele sorria, retendo a frustração de seus movimentos terem sido bloqueados. - Mas tenho que admitir mon amour, conseguiu se livrar muito bem da minha estratégia.

Cordialidade ou não, Chase tinha feito uma boa rodada. Por fim, os pokémon em campo sofriam os danos passivos das queimaduras [-7] e toxinas [-15].

Se muito podia dizer, a parte boa de toda aquela situação era que, mesmo que de maneira mais ínfima possível, a grande quadrúpede reptiliana era capaz de resistir por algum tempo extra contra o fino e violento "tanque de guerra" que Kingdra demonstrava ser. Ora, o coração até mesmo havia amenizado o ritmo diante da pequena recuperação de Venusaur, o sorriso breve passeando pelo rosto enquanto a venenosa se impunha, teimosa e persistente, contra o dragão cavaleiro que com tanta frieza galgava vantagem naquele embate de flora/fauna.

— ...Não tanto quanto o dano pesado de um crítico. — Comentou, ajeitando com delicadeza uma das madeixas por detrás da orelha. Mais uma vez, então, os músculos se tencionaram diante das palavras do titereiro daquele ginásio, e o canto dos lábios se torceu em desgosto discreto, a respiração indo e vindo enquanto lidava com a enxurrada caótica que borbulhava dentro de si. — ...Desculpe, mas... — Interrompeu, os orbes acinzentados volvendo-se na direção da imagem do mais velho. — ...não me chame assim. Eu... Não gosto desse, uh, apelido, sei lá. — Pontuou - tinha a impressão que, se não o fizesse, as coisas perdurariam daquele jeito e, sinceramente, não tinha certeza se tal ideia seria muito agradável pra sua... Saúde mental, sabe como é.

— Ryo, vamos tentar manter esse ritmo, tudo bem? Mais uma vez, Protect e Synthesis! — Instruiu. Não tinha certeza de quanto tempo seria capaz de perdurar daquele jeito mas, pelo menos naquele momento, imaginou que o melhor a fazer seria simplesmente arriscar suas cartas tanto quanto possível.

...Esperava estar certa.

OFF: maldito seja o tipo grama e sua regeneração, eu abomino!

AI NÃO. JUAN É GOOD VIBES, ROMÂNTICO E CHEIO DA TESTOSTERONA PRA COMPARTILHAR. NADA DE SENTIMENTOS RUINS, NÃO NO GINÁSIO DE CRISTAL!! Ele enfim percebia a chateação da moçoila com aquela expressão em específico e, mesmo não sabendo do passado dela, sabia que uma dama que chega ao ponto de pedir-lhe para parar, é porque PRECISAVA que parasse. E isso tocou muito forte o velho romântico, porque aquelas palavras só teriam como causar 2 efeitos, e infelizmente um trauma passado era ativado com ela pela amargura com que Natalie se mostrava.

— Perdão mademoiselle, não mais o farei. De forma alguma quis lhe constranger. - Ele disse com uma breve reverência, se autorizando o próprio perdão. - Espero que isso não seja um empecilho para se entregar por inteiro. Sua Venusaur está totalmente entregue a ti.

Ele apontava para Ryo, que confirmava em apoio a Natalie, afinal, elas ativaram uma energia DO VÍNCULO entre as duas. Mano, aquilo era mais íntimo e poderoso que sexo! Uma ligação tão pura na base da confiança e respeito mútuo que não poderia ser negligenciado por um aspecto da vida da treinadora que nem estava de corpo presente naquele momento. Estava na hora de apagar o passado e se fazer PRESENTE!

Juan esperava que suas palavras se fizessem vivas dentro da jovem, pois seguia com seus comandos:

— King, vamos interromper esse ritmo com Dragon Dance e Iron Head.

Ryo ativava sua barreira protetora por precaução. Kingdra realizava um balé belíssimo entre as águas e saltos esporádicos na superfície sob um véu purpura acumulando a cólera draconiana que ao identificar uma brecha nos escudos da venenosa, partiu para um ataque como cavalheiro empalando um adversário. Infelizmente para ele, o golpe pegava de raspão [-14]. Esse não foi o melhor turno de Juan. Nem um crítico, nem um flinch. Só tristeza pro lado de Kingdra, e alegrias para Venusaur que se recuperava ainda mais com sua fotossíntese, bem iluminada [+32]!

Mais uma vez, ao final da rodada, ambas as criaturas sofriam os danos passivos das queimaduras [-7] e toxinas [-23].

— Vamos tentar atrapalhar eles usando uma sequência de Iron Head, mon chéri!

Admitia: Era um pouco desconcertante, de certa forma, a maneira com a qual o homem pediu perdão de uma maneira até exagerada - quer dizer, ou talvez simplesmente não estivesse acostumada com aquele nível de arrependimento, levando em consideração que normalmente era somente a própria consciência que se debatia entre sentimentos sórdidos de culpa e insensibilidade. Apesar disso, foi com delicadeza que os dedos remexeram alguns dos fios acerejados, suspirando com delicadeza e permitindo que os orbes acinzentados brincassem não só pela imagem do líder, mas também pela de sua quadrúpede, oferecendo-lhe um sorriso breve de canto de boca.

Já havia passado por muita coisa para se desconectar de uma batalha por conta de um simples apelido que assombrava suas memórias, sombra caótica de um passado conturbado em que a inocência com tanta fatuidade se esgueirava por cada uma de suas células e ao longo de toda a estrutura óssea, reverberando fagulhas pacíficas que malmente existiam àquela altura.

...Mas, não vamos pensar nisso, sim?

— ...Ora, Mister... — Suspirou, balançando a cabeça com suavidade. — Se fosse tão fácil assim desconcentrar, creio que não deveria estar aqui. — Comentou, um dar de ombros singelo que serviu de reação contida às palavras do titereiro do dragão aquático. — Ryo, pode insistir. Protect e Synthesis! — Bem, certamente era o tipo de estratégia que se precisava ter paciência para executar, mas...

Tinha... Tempo.
Né?

Com a resposta da ruiva ao incentivo do líder, ele reagia com um sorriso maroto de canto de boca. Era bom sentir aquela rivalidade amistosa em campo e já de início a treinadora mostrava suas cartas, deixando claro que não era amadora. Tão pouco teria sossego ou veria facilitações pela parte do desafiado, afinal, além da reputação, a insígnia e outros prêmios estavam em jogo, não é mesmo? Ela teria que se esforçar de verdade para conquistar aquelas honrarias.

Pois bem, se o anterior foi A rodada de Natalie, essa era A rodada de Juan.

Kingdra, afiadíssimo como uma lança de ferro, avançou sobre a mega com extrema agilidade, sendo bloqueado de primeira, mas no contra golpe Ryo não conseguiu desviar, sendo estocada pelas costas por um golpe crítico [-31] que ainda foi capaz de incapacitar a venonosa de usar seu movimento curador. O gigante dos mares sentia-se rei na piscina depois daquele turno de sucesso.

Claro! Ao final da rodada os pokémon sofriam os danos passivos das queimaduras [-7] e toxinas [-31].

— Fantastique mon roi! Belíssimo!! - Aplaudia Juan saudosamente pela performance de seu cavalo marinho real.

Era a vez de Natalie dar as ordens primeiro. Adam estava curiosíssimo para saber o que a jovem faria na sequência. Outra rodada do mesmo deixaria ela exposta, assim como o aquático que estava em seu quarto turno de envenenamento.

Maldição.

Foi um suspiro frustrado aquele contido pela moça quando, abalando a estrutura da tática utilizada por si, o avanço imponente de Kingdra fez com que a venenosa recuasse em hesitação que poderia facilmente custar-lhe toda a batalha. Bem tinha a consciência que, de certa forma, também dependia da sorte - mas aquela maestria do cavalo marinho certamente não poderia ter surgido em hora pior, levando em consideração o estado frágil que ambos os animais se encontravam. Tudo que precisava era uma última cura; E, de repente, estava aprisionada no tudo ou nada, sua oportunidade de vitória ameaçando escorregar por entre os dedos e seus fantasmas sussurrando-lhe, zombeteiros, que todo o trabalho tido até então havia sido, simplesmente, pra nada.

...Podia permitir que realmente o fosse?

Por alguns segundos, se manteve em silêncio - fê-lo, pois precisava pensar. Encarando a arena à sua frente, soube que seria necessário pesar o que valeria ou não fazer ali e, principalmente, considerar que tipo de monstruosidades se escondiam nas mangas de Juan para tentar predicar até que ponto deveria deixar janelas de lado ou saltar para dentro delas. Óbvio que também não tinha todo o tempo do mundo, então todo esse processo teve de ser feito de maneira rápida, as unhas pressionando-se na palma em uma tentativa silenciosa de apressar toda a linha de raciocínio e controlar o próprio coração que, ali, batia rápido dentro do peito, incômodo, encurralado.

— ...Ryo, Protect... — Decidiu, apertando as pálpebras por um breve instante. Valeria, de fato, apostar todas as suas fichas em se o cavalo marinho seria ou não capaz de, em toda a sua glória, fazer com que sua persistente quadrúpede recuasse para um nocaute inconsequente?

...Não.

Os olhos se abriram mais uma vez, a postura alterando quando os dedos tiveram de pescar duas das cápsulas que mantinha consigo - não parou para pensar duas vezes antes de mirar uma delas na direção da espécime evoluída, ordenando que retornasse em uma decisão que não poderia voltar atrás. No lugar dela, permitiu a entrada de uma simpática, inofensiva e inocente máquina de lavar, que surgiu em uma das plataformas com seu semblante vítreo e as faíscas cintilantes em torno de seu próprio ser.

É com você, Balthazar.