Diamante Negro!

Eu tentava entender o que ele estava me explicando. Filho do empresário mais rico da parte alta da cidade? Isso era impressionante! Mas eu ainda não entendi o que fazia ele estar tão distante de todas as outras pessoas relacionadas aos serviços empresariais. – Você tem algum tipo de raiva contra essas pessoas? – Perguntei, dei de ombros com o que ele disse ao final. Estava curiosa pela origem daquilo que ele nutria por aquelas pessoas. Escutaria com atenção ao que ele pudesse dizer.

– Entendi..., bem, eu apenas estou de passagem. Sou uma simples treinadora de Sinnoh. Estou a procura de uma espécie em específico aqui na cidade. – Dei minha introdução, mas sem revelar meu nome. – Este em particular. – Toquei alguns botões na pokédex e mostrei a foto do Hondour. – Preciso dele para completar um objetivo específico. – Finalizei.

Deixei claro alguns detalhes como meu foco na busca daquele Pokémon, minha breve estadia na cidade e também não falar meu nome. Kvasir não gostava tanto de contato físico, então ela recuou a mão do Akise com sua patinha, com um sorriso sarcástico enquanto isso. – Ela não é muito sociável, heh. – Sorri envergonhada. – Akise-san, eu tenho uma dúvida. – Tentei trocar de assunto. – Seu pai trabalha com o que? Ele é empresário de que ramo? – Fiquei curiosa então perguntei.

Ouvi tudo com atenção, as respostas faziam sentido e até me senti mal com a última frase dele. – Heh, você me pegou! – Sorri sem graça, mas respondi prontamente. – Me chamo Ame. Assim como a chuva que nunca para de cair no topo do monte Coronet. – Exclamei com orgulho. O olhei nos olhos, como que revidando o que ele disse.

No fim das contas havia me surpreendido mesmo é com o Houndoom. – Uau! Ele é impressionante! – Falei entusiasmada. Me levantei do banco e levei a mão até o cachorro do inferno, queria acaricia-lo. Fiquei com um pouco de receio no início, mas mesmo assim reuni coragem para o fazer. – Dante, hein? Você parece muito forte, garotão! – Disse enquanto tocava o topo de sua cabeça, entre os chifres.

Ele parecia bem treinado também, já que havia atingido a forma final de sua espécie. – Poderia me mostrar onde encontrar o Houndour? – Olhei para Akise. – Meu objetivo é realmente de grande importância, Akise-san. – Sorri para o garoto. Queria parecer simpática, mas seus olhos vermelhos me deixavam meio envergonhada. Confesso que corei no fim da frase, mas tentei esconder isso.

Ele era um garoto inteligente, além disso era de uma família rica e importante na região. Bem, ele não parecia ser uma pessoa tão ruim assim, mas ainda assim era de se desconfiar. – Você gosta de batalhar, Akise-san? – Perguntei animada. Kvasir me olhou desconfiada no mesmo instante, talvez ela já tenha entendido o que eu queria fazer. Minha pergunta era bem sugestiva, dava a entender bem o que eu queria naquele momento. – Eu gosto muito de batalhar..., se é que me entende. – Neste momento eu puxei a pokébola de Hórus e fiquei alisando-a na frente do garoto. Poderia parecer uma cena pervertida, mas minha expressão não queria dizer nada disso.

- É lindo. – Elogiei Dante mais uma vez. Mas com os dizeres finais de Akise eu já tinha um conceito muito bem formado da cidade alta. – Parece que você tem razão... – Me pus próximo ao parapeito do prédio, tendo uma melhor vista do distrito. Observaria os prédios comerciais, as casas, caso houvesse alguma, e principalmente a área que o garoto de preto me apontou.

Eu olhei bem para aquela região, a parte nobre da cidade. – Bosque das Sombras, huh? – Guardei o nome e pensei sobre ele. Blackthorn era uma cidade com vários nomes bem fortes. – Eu gostaria de ir lá... – Falei, em um tom baixo. – Quer se aventurar comigo? – Deixei a brisa, caso houvesse, bagunçar meu cabelo, jogando-o sobre meu rosto. Sorri para Akise de forma bem sapeca.

Dei a sugestão, mas apenas aceitaria um sim como resposta. Eu realmente não conheço nada da cidade, apenas vim capturar um Houndour. Ver que o filho de um figurão me contou um pouco sobre aquela região me fez pensar que ele também conheceria a cidade como um todo. Além disso me recordei que a velha da lojinha falou que haveria um tipo de festival. Eu gosto de festas assim! – Vai me acompanhar? – Caminhei até Akise e ergui uma mão em sua direção, com a outra passei sobre o cabelo o arrumando. – Hein, Akise-san?

- Certo! – Cerrei os punhos ativamente e esperei alguns instantes antes de descer. Precisava criar uma distância entre mim e ele, porém não tão perto ao ponto de nos encontrarem e nem tão longe ao ponto de me perder. Eu precisava chegar no ponto de ônibus em sete minutos também. – Vamos, Kvasir. Nós temos de ser bem espertas! – Falei para a Sentret, que me olhava energeticamente.

Desci as escadas, dessa vez foi bem mais fácil, e passei pelo beco estreito. Me lembrava do caminho de volta ao ponto, porém tomei alguns cuidados para não chamar muita atenção. Não estava correndo, mas também não estava andando. Estava atenta a minha volta, olhando para todos os lados, inclusive pelas portas e janelas, caso houvesse alguma. Chegando na rua tentaria avistar Akise, disfarçaria quando o encontrasse, e me dirigiria ao ponto de ônibus. – Ele tinha comentado algo sobre as câmeras, tenho que tomar cuidado com isso também. – Me alertei em um sussurro. Em seguida dei uma breve olhada pelas ruas, procurando as tais câmeras que o garoto comentou. Caso encontrasse me esquivaria delas.

Caminharia com a Sentret próxima a mim de volta ao ponto. Tomaria cuidado para não ficar próxima demais do Akise e nem distante demais para não o perder de vista. Pensei também nos problemas que ele poderia ter quando pego pelos funcionários de seu pai e, no pior dos casos, pelo próprio pai. – Sigh... – Suspirei. Ele estava colocando muita coisa em jogo por um simples pedido meu, não queria deixa-lo encrencado.

Chegando no ponto eu aguardaria o ônibus. Evitaria contato com aquelas pessoas que faziam comentários negativos e me olhavam de forma julgativa, também deixaria Kvasir em meu colo por precaução. Sei lá o que se passa na cabeça daquelas pessoas de índole questionável. Pelo que Akise me falou elas não eram confiáveis. – Vai ficar tudo bem, garota... – Acariciei Kvasir enquanto aguardávamos o ônibus. Quando ele chegasse eu seria bem rápida em entrar e buscar um banco mais ao fundo. Poderia ser involuntário, mas a esfera de Hórus estaria em uma parte de fácil acesso em minha bolsa.

Felizmente a viagem fora tranquila. Akise conseguiu cuidar para que tudo corresse bem, inclusive nossa fuga secreta. Me senti naqueles filmes de espiões que os agentes especiais desapareciam como as sombras. – Hihi, foi divertido. – Sorri para o garoto enquanto admirava a paisagem do bosque que estávamos para chegar.

Ele se sentou ao meu lado e eu me senti um pouco envergonhada. Era raro casos como estes acontecendo, me lembrei até de um namorico que tive em Sinnoh nos meus tempos de escola. Me rendeu um sorriso bobo, mas tentei apagar estas memórias por enquanto para focar no que realmente importava. – Obrigado por me acompanhar, Akise-san. – Olhei para o garoto com o semblante agradecido. – Eu imagino quantas coisas você deve estar arriscando por isso, eu agradeço de coração. – Foi o que consegui falar na hora.

Descemos do ônibus após alguns minutos e logo de cara fiquei encantada com o local. Os arcos altos e decorados e as flores pelo jardim eram lindos. Kvasir observava tudo com atenção, assim como eu que também não conseguia parar de admirar aquela paisagem. Realmente Blackthorn guarda coisas impressionantes! – Uau! – Exclamei sem perceber. Caminhei pelo arco me dirigindo até o Bosque das Sombras. Por um momento até esqueci de minha missão de capturar o Houndour.

– Por onde começamos? – Perguntei ao Akise. – Você disse que deve ser rápido? – Indaguei mais uma vez. Estava não só ansiosa como também curiosa para o que estava a acontecer.