[GYM BATTLE] VS. FLANNERY #23

Aquela energia gramínea luminosa compactada pelo camelo causava danos em demasia até mesmo em Slowbro, uma verdadeira fortaleza, seja por sua vitalidade ou por sua defesa; ainda assim, aquele tempo dado por Critias era o suficiente para impor a Camerupt a condição de sonolência, restando aguardar para que o magmático não despertasse tão rapidamente, garantindo o tempo necessário para, enfim, encerrar aquele desafio e se tudo der certo, sair como o vencedor do mesmo.

Flannery entendia a estratégia de utilizar aquele movimento engatilhado pela exaurida serpente marinha: abrir o caminho para o Yawn e me dar mais um bom tempo para matutar sobre o que fazer em seguida, ou mesmo continuar em ofensiva desmedida até Camerupt cair. Tinha noção de que a mesma não iria perder tão cedo, devendo-se à habilidade especial do ígneo, sendo um contraponto interessante à fraqueza dupla aos golpes de Mayakashi.

— De fato. As coisas saíram um pouco diferente do que havia premeditado, mas nada que eu não consiga lidar. Alguns pokémons seus são uma bela dor de cabeça — fitei a ruiva, exprimindo calmamente.

Agora que Camerupt adormeceu, não existe motivo para jazer sem atacar: era a hora perfeita para partir para a ofensiva, e quem sabe, arriscar algum crítico para facilitar as coisas no desafio, huh? Gradualmente, as coisas se encaminhavam ao meu favor. No entanto, tenho a noção de que a mesa pode tombar rapidamente.

Vejamos o que viria a seguir, não é?

— Ataque: duplo Scald — pedi ao psíquico, não erguendo muito o tom de voz, sempre passando a intrínseca calma e analisando cada movimento ao meu redor para, quiçá, tirar uma vantagem ainda maior daquele cenário.

A líder fita os comandos do jovem a sua frente e respira, dando uns saltos para se animar e então volta a falar com seu pokémon.

Vamos lá Came... Acorda que hoje não é domingo! Vamos com Yawn, acorde e mostre o que é sono para ele. Se não conseguir, continue tentando acordar com esse bocejo.

A batalha então segue com o Camerupt abrindo a sua boca, mas a única coisa que sai é um ronco, o Slowbro olha aquela situação e dispara novamente o seu jato de água, causando mais danos ao camelo de fogo.

O desafiante via as suas chances melhorarem, porem o camelo abre os olhos, talvez o pelo encharcado o tenha despertado ou o que quer que fosse, mas olhando a sua frente e vendo seu adversário, ele abre a boca enormemente, fazendo mais uma vez todos ali dentro reproduzirem o efeito.

O grande pokemon rosado, cambaleava, olhando para o chão pensando onde seria um bom local para dormir, mas antes disso dispara um jato de água contra o adversário que não resiste ao golpe caindo ao chão. A líder então suspira e fala.

Ual! Isso ai! A batalha foi fenomenal!

A garota retorna seu pokémon colocando na caixinha e fechando.

Bom, vamos lá para a sala, vc pode tomar uma água e se refrescar enquanto solicito seus prêmios.

A garota indica uma passagem na arena, onde Nico é levado até uma sala, onde uma grande geladeira tinha todo tipo de bebida gelada, talvez ela já soubesse a necessidade das pessoas se refrescarem após a luta.

Após um tempo ela retorna com uma pequena caixinha vermelha, onde Nico podia ver a insígnia do Calor, uma cartão com uma quantia de dinheiro registrado no canto e um disco de TM.




Campo: Descrição do campo de batalha e clima.

Exatamente como havia planejado. Graças ao legado de Critias naquela luta, o turno em que o camelo magmático jazera dormindo foi crucial para que dois ataques efetivos o atingissem, decretando mais uma vitória diante daquela corrida desenfreada em ginásios. Não credito à vitória apenas à serpente oceânica, de modo algum: o poder de fogo de Slowbro fora fundamental para vencer a fortaleza terrestre que a ruiva utilizara e o pouco utilizado Xatu, o monstrinho que fez Gyarados ter o controle da velocidade diante de um atroz Magmar.

Ainda que aos trancos e barrancos, precisando mexer novamente as peças no tabuleiro, consegui ter o controle de todo o embate e venci. A capacidade de improvisação para se manter vivo no jogo é um fator ímpar para quem quer ser um treinador com o mínimo de capacidade; apenas empolgações e sair explorando por aí não sabendo o que faz determina o fracasso de muitos treinadores, seja no início ou no fim de suas cruzadas. Estou longe de ser perfeito, confesso, entretanto luto cotidianamente para buscar essa resiliência que tanto prezo, e sinto-a amadurecer pouco a pouco.

Estou ficando mais forte. Galgando de patamar em patamar, no tempo certo, traçando as metas minuciosamente e me destoando da leva de fracassados que uma ilusória vida à mercê de forças superiores os ilude.

Flannery elogia o combate, recolhendo para a cápsula o intrépido Camerupt e guardando-o dentro do recipiente cúbico carmesim e guiando-me à uma sala não muito longe da arena. No recinto, uma geladeira com inúmeros tipos de bebida jazia à mercê de quem ali estivesse; após aquele calor miserável, uma cerveja não mataria ninguém, huh? Ademais, já tenho dezoito anos, então sou maior de idade; meu aniversário é em janeiro, então tá tudo certo.

Passou mais alguns minutos e a líder volve àquela sala com todos os prêmios oferecidos a quem vencesse o desafio de Lavaridge: um disco com um poderoso golpe e dinheiro. Sem muitas cerimônias, tomei os prêmios em minhas mãos e guardei-os cuidadosamente em minha mochila. Fitei Flannery, ainda com o mesmo cenho inexpressivo.

— Valeu pela batalha, agora tenho que ir. Quem sabe não nos enfrentamos em outra oportunidade. Até mais — despedi-me da líder do ginásio com um simplório balançar de cabeça e discreto riso no canto dos lábios, tomando o caminho para a porta que me leva de volta ao centro de Lavaridge.

Recuperei os monstrinhos no centro pokémon mais próximo, materializando Shiranui; era necessário mais um voo, dessa vez para Fortree, onde resolveria uma singela pendência antes de seguir com os meus planos.