[MISSÃO] UFO

e aí, bora abduzir?

O quadro de contratos da Black Stars está bem agitado ultimamente e eu também acabei não ficando de fora. Perto do meu objetivo anterior, que era justamente o ginásio da cidade de Pewter, fiquei sabendo que um grupo de pessoas tinha sumido depois de uma investigação sobre OVNIs... E queriam que nós colocássemos a mão no fogo pela tal equipe.

Como eu sou bem inexperiente nesse negócio de missão, o Blake decidiu vir me ajudar. É, o Blake. Confesso que tenho um pouco de medo dele depois do negócio das TMs ficarem todas jogadas no chão e não tive como me redimir depois disso, nem conversar com ele depois.

Sentado num banco, sentia o Sol bater no meu rosto enquanto Apollo estava ali comigo. Recebendo um afago nos pelos do pescoço, o filhote se deleitava ao até mesmo se aconchegar no banco para receber mais na barriga. Era só o fazendeiro chegar para nos movimentarmos na direção da montanha. Vem aí: a abdução por alienígenas?

e aí, bora abduzir?

- O-o-o-oi! - Respondi surpreso ao perceber o rapaz ofegante já ali depois de alguns minutos atrasados. Se fosse eu, teria levado um puxão de orelha! Além do mais, tinha aproveitado aquele tempo para jogar alguma coisa ou ler o Pokézap. - Não tinha visto você chegar, desculpa.

Em meu colo, Apollo olhava o fazendeiro com uma feição um tanto blasé. Ele estava morrendo para receber um carinho também, mas tinha que manter aquela aparência de difícil nos primeiros minutos, até que eu sugerisse. - Esse é o Apollo, meu Growlithe. Pela feição de babão dele, você pode ver que ele quer um carinho! - Quebrei o gelo, muito para a vergonha do canino, mas também para a agilização das coisas.

Fomos trazidos ao assunto dos ovnis de novo e eu pude perceber que o rapaz teve algum tempo para pensar nisso antes de vir. Eu, sinceramente, quando vinha à minha mente esse assunto me vinham Pokémon psíquicos. Enquanto começávamos a caminhada, pude colocar meus pensamentos no lugar e complementar o que ele tinha dito. - Já que você iniciou esse assunto, a gente não pode esquecer que o Mt. Moon é conhecido pelas Clefairys e pelas Clefables, que tem esse negócio de espaço e também são fadas. Mesmo assim, acredito que a gente vai ficar tendo mais contato com os Pokémon da caverna que psíquicos e fadas propriamente. O que você acha?

e aí, bora abduzir?

- Acho que o Apollo vai ser assim mesmo. Inclusive, tenho a pedra comigo, mas não sei se vale a pena dar esse passo ainda. - Abri um sorriso, imaginando um Arcanine enorme me jogando no chão. Blake decidiu falar um pouco da sua fazenda, o que levou à sua experiência com Pokémon nativos das cavernas, o que me fez perguntar quase que de supetão: - Geodudes, plantações... Eles não são fracos contra as plantas?

Assim como a paisagem aos poucos mudava para as formações rochosas ao redor do Mt. Moon, o céu começava a escurecer e anunciar a noite que não tardaria a chegar. Nossa única companhia era a brisa fria que pairava sobre o mato mais ao sul da rota. Os treinadores já tinham se recolhido aos centros urbanos, assim como os Pokémon que tinham hábitos diurnos.

Notei o crepúsculo e, ao ver que o breu da noite se agravava ainda mais em meio às pedras irregulares, decidi fazer algo. Colocando a mochila para frente do corpo, procurei algum tempo por uma lanterna e deixei-a ligada para iluminar o caminho adiante. De maneira porca, mas ainda assim útil, o dispositivo luminoso cumpria o seu papel pelo menos naquele momento. - Blake, sugiro que você deixe alguma forma de luz para fora também. Acho que uma lanterna comum não vai dar conta... - Sinalizei, enquanto prestava atenção em onde pisar.

Pelo visto, até chegarmos na entrada da montanha ainda demoraria um pouco. A trilha de pedras se mostrava traiçoeira e convidativa para um tombo feio ou uma lesão no tornozelo, o que me preocupava e me fazia agir com uma cautela maior que o de costume. Caso necessário, a Poké Ball da Ananda já estava à postos para quebrar as pedras que se mostrassem insistentes diante de nós.

e aí, bora abduzir?

A depredação daquela parte da rota em busca de bens antigos havia a transformado num enorme complexo de depressões desertas, sem uma presença humana sequer. Mesmo assim, era um lugar que valia a pena observar e ver se conseguíamos alguma pista do que iríamos nos deparar num futuro próximo.

Não tive nem tempo de me preocupar com isso, afinal o meu campo de visão era tomado por um mar de olhos flutuantes que pareciam nos examinar. Para me certificar que eu não estava maluco, perguntei em tom baixo ao Blake ao notar o padrão de sumir e aparecer em contato com a luz. No meu colo, Apollo fitava os órgãos com certo descontrole, soltando alguns latidos para que se afastassem. - Você tá vendo o mesmo que eu? - Voltei a atenção ao cão, tentando me mover o mínimo possível. - Calma, calma. Não sabemos o que eles querem, pode ser perigoso ficar latindo.

Não minto: um arrepio na espinha tomou conta de mim ao perceber que alguns daqueles estavam próximos de nós o suficiente para o toque, mas curiosamente nenhum deles havia tentado fazê-lo. Pude perceber ao longe uma luz diferente, mas mesmo assim achei difícil que conseguíssemos a aproximação rápida dela. Além disso, poderia ser mais encrenca, mas preferi esperar que meu companheiro se manifestasse.

- Tem alguma coisa no final desse caminho, mas teríamos que passar por essas... coisas nojentas. - Tornei o olhar sugestivamente para o que parecia ser uma fogueira. - Acho que é uma boa ideia que investiguemos, saibamos com o que estamos lidando e depois passemos por lá. Além do mais, não acho que isso é do tipo de coisa que se ignora...