Capítulo 14 - Replanejamento [Tielo]

Que o Mt. Mortar é grande já deu pra constatar só em vê-lo de fora, pela Rota. Agora, o quanto esse tamanho poderia conferir um problema de acesso, aí é uma conclusão nova a ser atingida aos poucos.

Isso se dá, principalmente, porque o lugar possui várias cavernas e cavernícolas, câmaras, galerias. A maioria delas com entradas bem escondidas aos olhos nus; e é evidente que alguns cantos só seriam acessíveis escalando ou voando. Mas, havia certa vantagem em este também ser um lugar procurado por quem desejava treinar ou simplesmente meditar, pois eram essas pessoas as responsáveis por arquitetar e descobrir, pelo menos, as trilhas iniciais.

Ali, deixando o lago da Rota 27 e contornando a base no lado leste da montanha, Tielo encontraria uma destas trilhas. Ela começava bastante discreta, com o piso em terra batida padrão da floresta, marcado só pelo excesso de pessoas que transitavam por ali sem deixar a grama crescer em seu tempo.

A trilha começaria a se tornar íngreme aos poucos; primeiro para o lado esquerdo, depois à frente. Já dava pra ter uma noção de que se a seguisse por completo, ela ziguezaguearia até deixá-lo próximo ao meio da montanha. Era uma conclusão aceitável não só por ser um caminho bem evidente, mas também pelas pessoas que se encontravam em alguns pontos dela, ora explorando, ora tirando fotos, ora descansando, mas serviam como referência deste caminho.

O que não dava pra ver de longe era se em alguma parte dali tinha uma entrada para cavernas. Contudo, outros caminhos também sempre são possíveis, basta procurar!

Rota 27 - Manhã | 31ºC - Tielo

Sempre há uma saída para os que a buscam. Ou, nesse caso, uma entrada... Ou duas, ou três, ou mais, talvez (?!). Era o que Tielo viria a descobrir por simplesmente seguir na trilha, agora já subindo pela lateral da montanha, e depois de fazer uma curva bem fechada para a esquerda, mudando sua orientação totalmente - se antes ia no sentido Norte, agora estava à Sul -, só pra em determinada altura do solo fazer outra curva e mudar novamente o sentido, ziguezagueando.

Os primeiros espaços que ele encontrou na costa da montanha eram cavernas tão rasas que dava pra ver o fundo delas sem nem precisar entrar. Ali os únicos Pokémon seriam os dos treinadores que aproveitavam a sombra pra realizar toda sorte de atividades. A terceira abertura, contudo, tinha mais profundidade, não sendo seu fundo visível à princípio, mas sua entrada era um bocado estreita, do tipo que um homem deste porte (sem chapéu) passaria se espremendo meio de lado.

Se não desejasse se aventurar por esta, encontraria mais outras passagens adiante, cada uma menos reveladora do que a outra; exceto por aquela que ficava já a uma altura considerável do solo. Essa era ampla e tinha até uma plaquinha na entrada, onde lia-se "Cuidado! Sítio de Exploração". Aviso pertinente, já que por ali havia um casal de pessoas com trajes que lembravam o de arqueólogos clássicos.

Não só isso, também pelo caminho Tielo avistaria, em momentos distintos, dois homens com trajes de escalada, que estavam pela trilha a fim de se prepararem para subir a montanha por outro meio. Pessoas como essa, há de se pontuar, em geral são bem informadas sobre os lugares que exploram e desafiam. Talvez possam dar alguma informação.

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Ser parado pela dupla na entrada da caverna era inevitável. Tielo estava entrando no "terreno deles" sem se apresentar ou ser conhecido pela equipe. Quem lhe dirigiu a palavra primeiro foi a mulher; nova, cabelos castanhos escuros, usava um chapéu de abas largas e óculos escuros para se proteger do sol que atingia aquela parte da montanha [imagem ilustrativa].

– Oi! Senhor, com licença. Onde pensa que vai? – tinha a voz calma, apesar do olhar sério e julgador.

– Calma, dona... – interviu o rapaz, antes mesmo de Tielo dar uma resposta.

O explorador era claramente alguns anos mais novo, tinha um ar descolado e simpático. Ocultando boa parte dos cabelos loiros muitíssimo claros, usava um equipamento de iluminação. Estava visivelmente mais sujo de terra do que a mulher, revelando quem dos dois fazia a maior parte do trabalho braçal por ali [imagem ilustrativa].

– Ele deve ser o carinha do turismo que falaram que ia vir. Olha só: magro, alto. Se não for esse, deveria! – os dois encaravam Tielo dos pés à cabeça.

– Hm. Pode ser... Você é?! – a dama cruzava os braços, pensativa, mas dando brecha para que o rapaz se encaixasse numa oportunidade de entrar naquela parte mais acessível da caverna; ou, no mínimo, se informar de como fazê-lo sem causar problemas.

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Apesar dos olhos ocultos por trás dos óculos, a mulher se envolvia numa aura de ceticismo muito presente diante da apresentação de Tielo. Já o outro rapaz parecia estar ali como uma peça completamente oposta à ela, tanto que tinha um sorriso sutil se desenhando num dos cantos da boca.

– Seu nome não me é famili...

– Ah, claro! Então você é mesmo o Roger. Hehe, ai ai, nomes compostos. – ele interrompeu mais uma vez, de um modo que começava a ficar suspeito, principalmente somado ao seu tom de voz quase jocoso.

– Mas...

– Deixa comigo, dona, eu levo ele na tour pela caverna. – se precipitava a completar antes que a mulher retrucasse algo.

O loiro se adiantou uns passos também, passando ao lado de Tielo e lhe dando alguns tapinhas no ombro, antes de seguir para a entrada da caverna, esperando ser seguido pelo outro rapaz.

– Não se preocupe, iremos só até onde as luzes alcançam. E qualquer coisa, tô com o comunicador. – apresentou o objeto correspondente, até então enfiado num dos bolsos.

– Hm. Não sei porque isso não me cheira bem... Certo. Procurem não ficar muito tempo parados. – e fazia um gesto de dispensa com a mão livre, enquanto usava a outra para alcançar seu telefone. Algo de errado não estava certo...

Off escreveu:

Esse Ez é Mid, vai fazer AP -qqq

Ah! Ganha 1 BC por cada uma destas coisas (pescar e capturar), eu que esqueci de adicionar a outra mesmo xD
Consertarei o/

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O explorador parecia tão afoito para sair dali quanto Tielo. Então, não se demorou a caminhar para dentro da caverna assim que Soul o acompanhou.

Há de se confessar que a "fachada" da caverna era enganosa. Sabe todo aquele espaço de entrada, que tinha até uma boa iluminação solar? Falso! Digo, essa parte era mesmo assim, mas o caminho real para o interior da montanha era outra coisa e o loirinho parecia conhecê-lo bem.

Entraram num corredor estreito, com as irregularidades rochosas espalhadas do chão ao teto, gerando obstáculos que lhes faziam ora andar de lado, ora se abaixar um pouco, ora caminhar com cautela sobre um piso de pedras soltas. Fazendo desse trecho uma aventura por si só. Por sorte tinham uma iluminação artificial ali, proveniente de um singular esquema de lâmpadas espalhadas em pontos estratégicos da parede.

– Não via a hora de deixar aquela chata pra trás. – o loiro cortou o silêncio das vozes com o comentário sem cerimônia – Pode ficar tranquilo. Eu já saquei qual é a sua, Res-qualquer-coisa-Roger. – se atreveu a dar uma olhadinha para trás, com um meio sorriso brincalhão – Pode me chamar de Ez. Eu só precisava de um motivo pra me livrar dela e você apareceu na hora. Logo vi que só queria explorar o lugar sem treta, assim como eu.

Em dado ponto do caminho, Tielo sentiria nas panturrilhas o esforço para manter o equilíbrio, isso porque a trilha não aparentava, mas era íngreme, levando-os cada vez mais para dentro e para baixo.

– Ah, a propósito, por onde gostaria de ir? Acho que quero apostar na sua intuição. – dizia isso parando de súbito e ficando de lado, pois adiante o caminho se bifurcava (clássico), sendo que a iluminação se mantinha apenas no lado esquerdo, e o direito seguia numa penumbra progressiva.

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