Discharge Brothers

Impossível deixar de perceber o som do cantarolar que vinha de entre as árvores da floresta. Quase como se fosse um canto hipnótico, a dupla era atraída para longe da trilha principal e se emaranhava na mata mais densa a procura do produtor daquele “assobio”.

Garchomp foi convocado para localizar quem ou o que quer que estivesse produzindo o ruído. Por ser um predador, seus instintos ajudavam, mas a floresta era um ambiente incomum para um tubarão-voador. Tanto era que Ashura parava em um ponto e ficava rodando como se seu sonar estivesse pifado, pois não havia NINGUÉM ao redor. Quer dizer, não na mira dos olhos que pensavam encontrar o dono da voz no horizonte. Eles teriam que mirar mais acima.

Pelos galhos das árvores uma criaturinha azul com penas fazia seu canto ecoar. Os ouvidos mais atentos já teriam identificado se tratar de uma ave. No entanto, se repararem bem, não era uma espécie comum na floresta e também não estava em tempo de swarm (portanto não capturável). Ao apontar o rotom-phone e abrir no app da pokédex, veriam se tratar de um Rookidee. A criaturinha repousava em um dos longínquos galhos e ficava observando os treinadores de longe com certa curiosidade. Seria esta recíproca? Rafa e Ray ainda poderiam caçar a trilha e tentar o caminho normal sempre que quisessem.

Muitos pensamentos, inclusive alguns vazios de ideias, passavam na mente da dupla contratada. A principal delas era: o que um desses fazia tão longe da região nativa e qual a relação dela com a floresta? Talvez fossem respondidas em algum momento, mas eles teriam que estar atentos aos sinais e ter mente aberta para o que estava por vir (porque o narrador não vai repetir, pois atenção aos detalhes faz parte do enredo).

Enquanto Rafael pegava parte dos seus recursos para atrair o pequeno pássaro azul, Raissa tinha uma curiosidade, sanando-a com ajuda das informações armazenadas na pk-dex. Sim Raissa. O som que Rookidees faziam era um tanto quanto diferente daquele pássaro em específico. O canto daquela espécie em específico era mais suave que os outros registrados, sem contar que o ritmo e o tempo do som eram outros, quase como se fosse uma habilidade especial.

Bem devagar aquele Rookidee saltava de galho em galho até se aproximar - numa distância segura - do rapaz com os biscoitos, mas antes que pudesse chegar mais perto, o lupino disse algo que engatilhou o pokémon, fazendo-o recuar um instante e soltar — Me machucar? Por que fariam isso? Vocês trabalham pra coisa? — em voz feminina, em alto e bom som, entendível para os ouvidos humanos.

E agora?

Talvez fosse demais para assimilar. Não é sempre que encontram uma espécie que consegue se comunicar com humanos sem nem ao menos ter algum tipo de relação especial, como o caso de alguns psíquicos ou normais famosos.

Rafael podia jurar que viu a passarinha revirar os olhos como se a expressão fosse “não gênio, é tudo alucinação”. Talvez fosse. Tem alguém sentindo cheiro de gás ou tocou em um arbusto de cogumelos venenosos recentemente? OPS. Spoilers!! Voltemos à programação normal.

— ...sou Beatrice. - Disse a Rookidee afinal. - Vocês não deviam estar aqui. Elu vai pegar vocês assim como fez com tudo e todos que habitavam a floresta.

Ela fez silêncio repentinamente e olhou para além das árvores como se ouvisse algo impercetível para os humanos. As Pachirisu procuravam alguma coisa também, mas se perdiam nos sons que lhes eram estranhos. Beatrice voltou instantes depois para falar com eles. Já tinha dado uma breve olhada na imagem e respondia apressadamente:

— É. Eu sei onde fica esse lugar aí. Posso levar vocês lá, se quiserem. - Ela disse, adicionando uma condição. - Só que vão ter que fazer o que eu mandar, sem questionar. Não quero ser capturada…

Ela então esperava, um tanto quanto aflita, uma resposta. Se tinham um acordo ou não.