Wailmer apenas abriu o bocão e a Oran parecia pequena perto da boca dele. Lyris nem conseguiu ter certeza se havia acertado (apesar de ser meio difícil errar um alvo tão grande) mas depois viu ele mastigando e teve sua confirmação. Já Elelita, com uma agilidade canina, pulou pra cima e abocanhou a frutinha, comendo e praticamente engolindo sem tomar conhecimento do alimento.

Ambos estavam um pouco mais revigorados agora e podiam continuar lutando contra mais outras quatro gaivotas. Mas não haviam outras, eram só essas, mesmo. Por falar em gaivotas, as que sobraram avançavam novamente contra o gordinho mais aclamado da Rota 121, dando mais pancadas sobre o corpo robusto dele. Até aí, nada fora do padrão. Ele continuava aguentando firme, nada acontece, feijoada.

Agora só havia mais duas gaivotas pra batalhar, o desafio estava próximo do seu fim. Mas não era hora de comemorar, ainda. Elelita estava com sede de porrada, então ela foi a primeira a investir contra o Wingull mais receoso dos dois e ele não estava se defendendo tão bem. Em seguida, Elehope também trombava contra ele, dando uma cabeçada. Por fim, o baleio estendia a barbatana pra perto da rocha e as duas elétricas voltavam até a pedra, então ele fazia seu movimento de mergulhar e saltar, atingindo também a mesma gaivota.

Incomodadas, irritadas e ainda querendo morder os cabelos de Hope, as gaivotas revidavam. Estavam prontas pra avançar em Elehope mas o gordinho se colocava na frente, recebendo os dois golpes no lugar da elétrica. Ele não tinha medo de se ferir nem de lutar. Certamente era um Wailmer corajoso e nada bobalhão, sabendo exatamente como proteger seus companheiros. Elehope aproveitou a brecha fornecida pela defesa do gordinho e atacou a gaivota novamente, que grunhia e tentava bicar a elétrica de volta, mas sem sucesso.

A batalha havia "pausado". As gaivotas, no ar, ficavam estudando o seu time para saber o que fazer. Como estavam no alto, acabou dando um tempinho pra que as elétricas e o baleio também pudessem dar uma respirada. Agora era apenas questão de dar mais comandos de batalha.

A captura dava início. A esfera se abria na mão da menina e lançava um feixe vermelho que envolvia a gaivota e depois a desmaterializava pra dentro do dispositivo. A menina sentia a Pokébola tremer e, se não segurasse firme, o item cairia no mar. Movia-se pra um lado, pro outro, pra mais um outro lado, balançava fortemente. No fim, um pequeno brilho, parecido com uma faísca, estourava a partir do botão no centro da Pokébola. A captura estava feita, mas com uma boa resistência por parte do Wingull.

Enquanto isso, Elehope olhava pro seu treinador com aquele ar tsundere de sempre, como se ela não se importasse com o fato de receber tapinhas na cabeça, como havia sido prometido. No entanto, os olhares mais atentos teriam visto que, agora, ela estava balançando seu curto rabo pros lados, incessante e rapidamente. Ela também havia se colocado numa postura ainda mais séria de batalha, nas quatro patas, encarando as gaivotas.

As gaivotas usaram seus movimentos rápidos e fluidos mais uma vez, atacando Elelita e Wailmer. No entanto, quando um deles avançou, o outro ficou parado. Ele não estava completamente paralisado mas as ondas elétricas faziam com que ele ficasse mais lento. Ele até mesmo batia as asas com um pouco mais de lentidão. Então, naquele momento, apenas um dos Wingulls atacou, atingindo Elelita, que virava o rosto ao receber o golpe.

Em seguida, as duas Electrikes atacavam. Estavam prontas pra amassar a gaivota mais ferida na porrada, dando trombadas e cabeçadas nele até fazê-la cair. Complicado não ter ataques elétricos ainda, as elétricas certamente dariam cabo facilmente dos quatro Wingulls se tivessem. Quando Elelita dava uma jogada de corpo, batendo com a lateral das coxas na gaivota, empurrando-a na direção de Elehope, esta saltava e caía por cima da gaivota, prensando ela contra a cabeça do Wailmer. Foi um golpe bastante duro, que causou mais dano do que um simples Tackle causaria. Havia sido um crítico e, agora, o Wingull estava desacordado.

Restava apenas o que estava com paralisia. Wailmer o atacou com seu Astonish mais uma vez. O Wingull finalmente atacou, lançando um jato d'agua no rosto de Elelita, em retaliação aos golpes que estava recebendo. A dupla de Electrikes também não deixou barato e deu mais investidas contra a ave, com o suporte de dano do baleio. Eventualmente, a ultima ave também caiu. Uma ficou dentro da Pokébola de Lyris, a outra sobre a rocha e mais duas sobre a cabeça do grandão. Ele dava um sinal pra que as Electrikes descessem de cima dele e depois tentava colocar as gaivotas sobre a rocha, que deslizavam sobre ele, completamente desacordadas.

O rapaz tinha em primeira mão a sensação de capturar um Pokémon enquanto a Pokébola permanece em sua mão. Apesar dele ter mirado, arremessar a Pokébola era uma péssima ideia, já que ela provavelmente rolaria pela superfície da pedra e aí alguém teria que se jogar no mar pra buscá-la. Então o ideal era apenas se aproximar da gaivota e encostar o dispositivo na gaivota. Assim feito, assim capturado. Como era Hope que estava tentando capturar, a esfera vermelha nem tremeu, simplesmente soltou uma faísca. Pelo visto os Wingulls queriam mesmo os cabelos sedosos do rapaz. Bem, ao menos um deles (ou dois) terá a honra.

Enquanto o casal de Pidoves comemorava a vitória contra as gaivotas, Hope brincava com sua Electrike, enquanto Lyris dava palavras de motivação e parabenizações ao time por inteiro. Em seguida, a menina se lembrou do brilho que o narrador propositalmente citou apenas uma vez pra ver se estava esperta. Então, nadando ao redor da rocha, a garota se direcionou até a parte de trás dela e ali encontrou um baú. Era um baú pequeno, com mais ou menos do tamanho de um teclado de um computador, não muito alto. No entanto, ele estava bastante grudado na pedra, parecia estar ali há anos. Estava cheio de musgo por cima. No entanto, ao tentar abrir, a menina conseguia, com um pouco de esforço. Estava destrancado, mas as bordas da tampa estavam meio grudadas.

Ao olhar o conteúdo, notou que teria um monte de coisa útil ali. Algumas poções, um monte de fragmento colorido que deveria servir pra alguma coisa e um monte de frutas! Que estavam estragadas, então não dava pra usar... Mas as poções e os fragmentos pareciam inteiros, então valia a pena pegar. (E vocês pegaram)

Depois disso tudo, era hora de finalmente rumar até o Mt. Pyre, com o casal de treinadores sentados na cabeça do Wailmer, deixando as gaivotas adoradoras de cabelo pra trás. O que será que os aguarda na montanha-cemitério?