Passeio no Museu - Atrás do senhor das pedras :p

Lucario prontamente atendia o chamado de seu mestre. Partindo para cima do Sentret, ele se colocou para interceptá-lo. Só que o normal também sabia o movimento, e assim que viu o metálico indo em sua direção, partiu para cima de seu mestre. Isso aconteceu praticamente ao mesmo tempo, levando Lucario a segurar a pirita com seus dedos bem diante do trio de crianças valentonas. As duas mais atrás ficaram visivelmente temerosas com aquele grande Pokémon poderoso e intimidador bem diante deles, mas o líder assustadoramente não. Abrindo um sorriso ainda maior, soltou um “hehe” contido, como se seu plano estivesse indo para o caminho que havia traçado. - Muuaaaa! Que medo! Esse treinador comandou o Pokémon para nos atacar! Socorro! - ele, então começa a chorar, um choro falso que poderia convencer algumas pessoas desavisadas, mas não aqueles presentes à cena. Os seus amigos seguiram seu comando, somando ao coro do chororô. Lucario ficou, obviamente, confuso com aquela reação.

Enquanto isso, a cena na ribanceira era bem acolhedora. Harmonia fazia das suas de gigante fofa, tirando todos do chão em um abraço bem acolhedor. Ágatha definitivamente fora surpreendida, o que fez com que ela se distraísse do lugar ruim que estava recolhida e esboçasse um sorriso. Os olhos cheios de lágrimas, as bochechas ainda mais vermelhas e inchadas… era um semblante bem triste que aos poucos ia se desfazendo. A garota da Sandshrew correu em sua direção, se aproximando e dando um abraço. - Tá tudo bem Ágatha, tá tudo bem. - ela envolvia a cabeça da garota em seus braços.

Ela só conseguiu responder a questão de Rafa com um balançar de cabeça. Se antes era difícil responder, agora estava bem pior. - Tommy e os outros são uns bobões! - a garota que chegou depois, enfim, se coloca a responder - Só porque é filho do diretor do museu ele acha que pode fazer tudo!

Quanto a Lucario, bem… ele estava enfrentando uma situação bem complicada: segurava a pirita em suas mãos, como seu treinador comandou. Acontece que havia um Sentret pendurado nela pelos dentes! E junto disso, três crianças chorando, o acusando de terem feito algo contra elas. Umas aglomeração de pessoas alheias a coisa toda se formava, dentre elas um policial já com seu Growlithe liberado, pronto para atacar Lucario, e um par de adultos com uniformes de funcionários do museu.                    

Como contornar uma confusão? Crie outra maior ainda! Pelo menos era a solução encontrada por Rafa naquele estranho momento. Sim, tornar as coisas infantis é uma saída bem criativa. Tiraria os olhares mais sérios das pessoas ao entorno, principalmente das autoridades presentes. Acontece que num jogo de infantilidades ganha quem tem mais experiência… ou menos, se formos considerar a idade. Assim que Lucario soltou a pedra e, consequentemente, o Sentret, os garotos saíram em disparada. Cada um para um lado, não dado para ver ao certo com quem teria ficado a pedra. O policial até tentou gritar algo para fazê-los parar, mas foi em vão. Os moleques não se intimidaram e nem se abalaram, apenas correram e sumiram de vista, deixando o local somente para Rafa resolver o pepino.

Tanto o oficial quanto os funcionários do museu ficaram sem entender. - Pepita? Que pepita? Como assim prender as crianças, rapaz? - ele pedia por explicações enquanto seu Growlithe rosnava para Lucario - Você é quem tem a cara de ameaça por aqui, mocinho! - as palavras vieram constatar o óbvio: era um treinador com uma grande Tyranitar e um Lucario fazendo três pobre crianças locais chorarem. Ainda mais agora que as pestes conseguiram fugir, levando a pirita de Ágatha como prêmio. Como toda confusão infantil, o policial apenas advertiu verbalmente Rafa, sem consultar nenhum registro que o criador havia mencionado, e as pessoas começaram a se dispersar. Vitória das pestes, por enquanto.

Ágatha ainda estava bem abatida, junto de sua amiga. Elas caminhavam na direção de Rafa e sua trupe, lado a lado, com Ágatha tendo os olhos inchados, mas pelo menos havia parado de chorar. - O-obrigado pela ajuda… - ela sussurrava, com a voz embargada - O-obrigado você também, Mel… - ela se voltava para a dona da Sandshrew, que não saiu do lado dela nem por um instante sequer. - Tudo bem, Ágatha, não precisa agradecer! Mas eles levaram a sua pirita! Ainda falta muitas? - Mel perguntava sobre algo que Rafa ainda não sabia, e recebia um balançar negativo com a cabeça de Ágatha como resposta. Mas do que elas estariam falando?                      

De fato era um passo importante para o desenvolvimento de Ágatha. Rafa nem imaginava o quanto, mas confie neste narrador que vos fala: o primeiro passo de uma jornada às vezes é tão pequeno que a princípio nem parece um avanço. Mas de fato é, e dos grandes! Lembre-se que um dia os oceanos foram nuvens de chuva!

A pequena comoção formada ao redor da cena se desfazia, ao passo que as atenções se voltavam novamente para o bem estar de Ágatha. Tao e Ace, por favor não fiquem tristes! Suas brincadeiras e fofurices foram sim notadas pela garota, mas aquele momento era bem particular. Tão particular que a presença de Harmonia era sim muito importante. Tanto que a garota, inconscientemente, se inclinava na direção da grande rochosa. O choro já tinha se dispersado, e o reconforto tão próximo de Mel não era mais tão necessário. Inclusive esta sim, tinha notado os gracejos da dupla de coelhinhas! Tanto que sua Sandshrew resolveu entrar na brincadeira! Enquanto elas saltitava, a tatuzinha rodava em torno de si!

Quanto a pergunta de Rafa, Ágatha tentava se acalmar para responder. Ali, naquela situação, ficava nítida qual era a dificuldade da garota na hora de se comunicar: nervosismo por uma timidez extrema. Pessoa introspectiva levada ao último grau. - É… tipo… - ela se colocava de joelhos, cabeça abaixada e fazendo carinhos em seu Pokémon rochoso - T-temos que encontrar alguns tipos de minerais e rochas para montar uma c-coleção… - ela respirava bem fundo enquanto falava as palavras, tentando se manter calma na presença daquele estranho que a chamou de amiga. Uma sensação completamente nova para a garota! - Pra alguns é só uma atividade… mas pra mim é… é muito… - ela então voltava a chorar, meio que misturando dor com um pouco de desespero. - Sabe, nós todos estamos procurando com a ajuda de nossos Pokémon. Mas o Tommy e os garotos eles… ai, que ódio! - Mel tinha uma forma muito fofa de demonstrar raiva pela situação da amiga!  

Então ali que tudo começou a se encaixar. Roggy tinha se separado de Ágatha para procurar pelos exemplares, e acabou encontrando uma pirita e… uma Ace voadora! Foi ali que o encontro dela e Rafa aconteceu. E pelo visto o trio de garotos estava tomando o caminho mais curto, menos nobre por assim dizer. Mas considerando que Tommy se acha intocável por ser filho do diretor… enfim, Ágatha não disse quantas eram as espécies que ela precisava para a coleção, nem quanto tempo ela tinha para reuní-las, portanto não dava para saber o peso material que a falta da pirita fazia, mas o peso emocional de ter o esforço roubado por um bando de valentões, esse dava para saber.                        

Ao ouvir a proposta de Rafa, os olhinhos de Ágatha voltavam a brilhar. - M-m-mas is-isso é pr-problema meu… - ela ainda tentava argumentar sobre algo, mas Mel já intervia - É uma ótima ideia! Eu também vou ajudar! Já completei a minha coleção, então não preciso de ajuda, tá? - ela da uma piscada nada disfarçada para Rafa. Harmonia solta então um urro confiante, que poderia intimidar qualquer outro, mas não aqueles ali presentes! Ágatha começou a rir da empolgação da gigante, enquanto seu Roggy dava pequenos saltos, cheios de energia! - O-obrigada! B-bem, faltam para mim: pirita, hematita e citrino… - ela conferia suas anotações para saber ao certo de quais precisava, e então recebeu um pelo puxão bem empolgado vindo de Mel - Ah, eu sei onde tem um monte de citrino! Vem! - e, de mãos dadas, lá se foram a dupla de amigas juntas da dupla de coelhas saltitantes e da gigante superprotetora! Mas Harmonia havia percebido uma presença a mais, mas decidiu não comentar nada por ter certeza de que era uma medida de seu mestre: era Thomas possuindo o Rotom Phone e gravando tudo.

Quanto a Lucario, ele logo expande sua aura e informa a Rafa a possível localização dos três garotos infratores. Era sentido norte, próximo do museu. Com uma proteção em torno das meninas, talvez agora fosse uma boa hora do criador buscar por Steven novamente. Mas onde iria procurar?                      

Com todos os pormenores nem tão menores assim estabelecidos, Rafa e Zheng, recém nome dado a seu leal Lucario, seguiram o caminho que levava até o famoso museu de Pewter. Pelo caminho, era possível ver algumas crianças correndo de um lado para o outro, levando consigo rochas e todos os tipos, formas e cores. Algumas trocavam àquelas que possuíam a mais, outras indicavam para os colegas onde encontraram de algum tipo, e uma em especial fazia um papel, digamos, inusitado: ela caminhava com um sobretudo alguns números maior do que ela e, ocasionalmente, chamava alguma outra criança para perto e abria a vestimento, revelando que em seu interior haviam várias rochas! Era um tipo de mercador de produtos ilegais ali, bem à luz do dia!

Tão logo que essa cena se passou, os dois, criador e Pokémon, chegaram até o museu. Ali, logo de cara, dava para ver os dois funcionários que assistiram a cena envolvendo Tommy mais cedo, a comoção em torno do falso chororô. Eles cochicharam alguma coisa enquanto observam Rafa entrar nas dependências do local. Ali, Rafa é informado que o diretor estava em reunião, mas que poderia esperar no saguão caso quisesse. Quase que ao mesmo tempo que esse recado lhe era passado, uma voz bem familiar se fez ouvir da entrada do museu: - Ora, ora! Taí uma figura que não se vê todos os dias por aqui!

Era Brock, o líder do ginásio local! Diferente de sua postura habitual, ele ostentava um grande sorriso ao ver Rafa e seu Zheng, acenando enquanto se aproximava da dupla.