#009 Mísia e Luch em: "Erva e Fogo: A Lenda do Musharna Verde"

#023

Pensar em Unova sempre foi algo que me deixava extremamente contemplativo. A região era meu lar e minha alegria, mas também despertava o pior dos meus pensamentos. Eu jamais pensei que voltaria aqui tão espontaneamente, afinal tinha saído às pressas, fugido! A vida nos pega de surpresa mesmo... Mas enfim! Precisavam de ajuda em Striaton e eu não sou de dispensar uma "baguncinha" dessas, ainda mais se fosse na companhia da Mísia, minha parceira de crimes número 1. Gostava muito dela e isso fica bem claro pelo fato de ter trago uma quantidade razoável da mais pura "grama" da minha Fazenda, apenas porque ela pediu um pouco. Se eu fosse pego pela Alfândega acabaria em problemas maiores do que eu tinha quando saí daqui! 

Dito isso, tive que relaxar na marra, já que não poderia me contemplar com a "Fumaça da Musharna Verde" no avião. Para me distrair, coloquei uma música no Spokéfy e respondi algumas mensagens usando o wi-fi da aeronave. Primeiro, avisei para Mísia que estava chegando muito em breve. Depois, conversei com Natalie, que me perguntou se ainda lembrava dela e se estava por Unova. Infelizmente, tinha um tempinho que recebi a mensagem e provavelmente não chegaria a tempo de turistar com ela... Mas ficaria para a próxima!

\"Para Mísia: escreveu:
Tô chegando na área!
Vai ser só penalidade máxima!
Tua encomenda tá aqui, hein.

\"Para Natalie: escreveu:
Esquecer? Como esquecer o inesquecível, bb?
Eu estava em Johto, mas agora estou quase chegando em Striaton!
Acho que vamos nos desencontrar, infelizmente...
Eu nunca fui lá, mas considerando que Nimbasa é única, então igual com certeza não é! Hehe
Um beijão, Naty!

Ao terminar de enviar as mensagens, olhei para a janela e fiquei apreciando as nuvens bastante diferentonas que se formavam especificamente em Striaton. O tom alaranjado dava um toque todo especial, mas não era isso que mais chamava atenção. Ao observar dentro de uma das maiores nuvens, vi um ser esverdeado surgindo... Não era possível. Não era... Isso era apenas um MITO! O Musharna verde sorriu para mim:


Mas aí eu acordei com o meu celular caindo no chão, enquanto uma aeromoça me chamava para sair da aeronave. Foi tudo um sonho? Foi tão real... Até onde seria um sonho? Enfim, Mísia estava me aguardando no Laboratório, que não ficava muito longe dali. Peguei minha mochila no bagageiro e coloquei nas costas, descendo e me apressando para a saída. Felizmente não havia despachado bagagem, então só corri para a saída e depois usei o Rotom Phone para me guiar até o local. Não foi difícil encontrar Mísia, para quem acenei.

— Faaaaala Mísia! Espero não estar atrasado, mas eu cochilei no voo e tiveram que me acordar para que eu descesse do avião. Acredita? Hahaha! Tive um sonho estranhíssimo, mas enfim. Cá estou, como você tá? Te fiz esperar demais?

Enquanto Mísia me dava as boas vindas e afirmava não haver problemas com meu atraso, fui surpreendido por um abraço molhado na altura da cintura. Ainda estava um pouco tonto de sono e se estivesse em alguma animação, sairiam bolhas da minha cabeça, indicando estar high as fuck (apesar de não da forma que eu esperava). Peraí, to me perdendo! Enfim, o Marshtomp me abraçou e eu logo associei 1 + 1, era Virgil o bom e velho Mudkip de Mísia! — Caraaaaca mané, o Virgil. Tá grandão, tá ficando parrudo! Que que tu anda dando pro moleque? — Perguntei para Mísia, dando um carinho na cabeça do Pokémon e logo depois recebendo um abraço da garota também.

Após os cumprimentos, Mísia me perguntou sobre o sonho e, a princípio, minha reação foi dar um daqueles sorrisos marotos "a la emoji do Blastoise", me perguntando como poderia começar a explicar isso. Contudo, antes de poder verbalizar o que vi enquanto dormia, fui interpelado pela chegada de um Combusken que não conhecia — Ih, esse eu eu não conheço! Um Combusken, né? Porra, esse Pokémon é Pica demais! Meio que... Literalmente... Hehe É um prazer Dante! Vamos meter o louco em Unova! — Comentei com o Caralhinho de Fogo, esticando a mão para um "toca aqui" de parceiros. — Onde eu tava mesmo? Ah sim! O Sonho... Eu nem sei explicar, até porque não sei se entenderia. Só posso perguntar uma coisa que pode parecer loucura, mas... Você acredita no Musharna Verde? — Questionei, criando mais mistério do que dando respostas.

Enfim, Mísia também havia me pedido a encomenda e parecia precisar muito. Não devia estar sendo uma semana fácil. — Me acompanhe até meu escritório, vulgo beco, e vamos bolar um fininho para nós dois. Mas te aviso... Esse negócio não é xarope infantil, bate forte! Puxa um pouco, bem de leve. É flor de Alolano Golden que tirei do Fomantis do Tyrant sem ele saber... To tentando plantar lá na Fazenda, mas são poucos que ficam no PONTO CERTO. Esse aqui tá só a Elite, que não é dos 4, mas se bobear nos deixa de 4! Puxa suave, vai com calma. To te falando... — Expliquei, dando uma puta explicação, talvez longa demais. Mas é serio, essa porra é forte e eu não me arriscava a dar um puxadão trava-zap.

Antes de Mísia aceitar ir até o beco para realizarmos queimadas ilegais, sofri um grande "vácuo" de Dante. O Pokémon parecia ter uma personalidade forte e não curtir muito presenças que lhe são estranhas. Será que tinha medo de que um estranho lhe roubasse a atenção dos demais? Enfim, até a própria garota deu um esporro no Pokémon, mas pedi que deixasse para lá. Disfarcei o "toca aqui" negado com um movimento de braços e fomos até o local isolado para os assuntos medicinais, era o melhor a se fazer antes que tivéssemos que ir até o tal Laboratório que precisava de ajuda.

— Melhor esquecer do Musharna Verde. Eu... É, deixa pra lá. Enfim! O aviso tá dado. Hehehe E eu tenho seda sobrando... Relaxa... Vamos lá, antes que nos peguem no flagra... — Disse, abrindo o casaco com o botão que ficava sobre o peito, fechando-o. Nos bolsos internos havia de tudo um pouco para o "ritual" de queimar Oddish, principalmente seda. Em alguns segundos eu dichavei o material e já bolei um fininho no talento, depois o segundo. Acendi o meu próprio e usei ele para acender o de Mísia. Depois de umas tragadas, expirei com suavidade, deixando a fumaça escapar pelas narinas — Olha, esse não tem bateria de carro e nem pé de Kricketot, mas tá bom uma tragada só. Ou então... Não sei se vou ter capacidade de ajudar qualquer pessoa... Haha.... Hahaha... — Falei, dando uma risada sem filtros e depois segurando a boca para evitar escapar mais alguma. É... além da fumaça óbvia e que para mim já não era nem sentida, ainda teria que lidar com os sorrisinhos fáceis, mas acho que tudo terminaria bem.

— Qual o nome da Doutora que nos chamou? Eu ouvi falar de uma tal Fennekin.. Fennekin? Que merda to falando? Hahaha! — Comecei a dizer com uma fala meio mole. Levei a mão até a própria cabeça e depois dei mais uma breve risada. — Vamo que to curioso!

Eu acho que precisava entrar em um estado de seriedade antes de entrar no Laboratório. Infelizmente não havia pensado nisso antes e agora tinha de dar um jeito da forma mais abstrata possível. Afinal, tudo era abstrato neste estado. Ainda tinha a questão do Musharna Verde. Ele estava ali, em algum lugar e agora mais forte e imbatível, afinal a névoa esverdeada já tomava conta do meu cérebro de alguma forma. Era como um pequeno condutor na cabeça robótica que me pertencia. Levei então os dedos para dentro dos cabelos ondulados sobre a minha cabeça e fechei os olhos — Como podem ser contra algo que só nos deixa feliz, né? — Comentei com Mísia, parando um pouco de andar. Sacudi a cabeça para os lados e dei mais um sorriso, dessa vez contido. Acho que além da minha cara de sempre, de... "alheio ao mundo", não havia nada que poderia me deixar em maus lençóis no local para onde iria. Isso se meus passos, tão macios quanto pisar em nuvens, não fossem notados. Torcia que não... — Estou pronto. É isso! Sigam-me os bons!