Lyla Devereaux
“I think I was wrecked all along.”
Treinadora | Sem especialidade |
20 anos | Lilycove City |
56kg | 1,65m |
DESCRIÇÃO FÍSICA
Lyla é uma mulher de traços fortes. Possui uma beleza natural acentuada pela própria vaidade, ainda que sem muito esforço. Seus cabelos são naturalmente loiros, num tom puxado para o dourado, de fios lisos e sedosos, sempre longos até abaixo da cintura. Ela geralmente os utiliza soltos, mas por vezes, principalmente quando está trabalhando ou treinando, e necessita de concentração, os prende com uma fita de cetim. Seus olhos são de um tom de violeta forte, um roxo brilhante. É possível ver olheiras sob as orbes, ainda que disfarçadas por uma fina camada de maquiagem. O nariz fino e pontudo, os lábios medianos e as bochechas magras tornam seu rosto harmonioso. Seu corpo é curvilíneo e muito bem distribuído e simétrico. Sempre usa trajes que realcem suas curvas, que delimitem sua silhueta. Suas roupas sempre seguem colorações escuras, tanto preto quanto roxo. Algumas cicatrizes de machucados diversos estão espalhadas pelo seu corpo, algumas tão claras e pequenas que sequer é possível notar; contudo, duas se destacam: a cicatriz longa de um corte na face interior da coxa direita, e uma profunda e rosada em sua clavícula esquerda. Lyla possui um Rayquaza tatuado na região inferior das costas, na altura de sua lombar.
PERSONALIDADE
Lyla não é uma mulher mal-humorada. Talvez seja o semblante fechado e sua postura de durona que a façam parecer ser deste jeito. Ela apenas é alguém muito fechado, que não confia com facilidade, e que precisa desenvolver algum tipo de ligação mais firme antes de começar a se abrir. Isso faz com que pareça ser misteriosa, na maior parte do tempo — principalmente porque não possui amigos ou familiares, e, portanto, não há quem saiba de sua história. Possui muitos segredos. Obviamente, sabe vestir uma capa e uma máscara de sociabilidade quando é necessário. Tem um dom de conversa e lábia fáceis, mas apenas revela a superficialidade de seu ser. Gosta de paz e sossego, embora a própria mente e lembranças não permitam que ela consiga ter a tranquilidade que tanto almeja. É perspicaz e inteligente. Boa em ler pessoas e péssima em ser lida. Sua fraqueza está em desenvolver raízes e relações profundas, porque não consegue se deixar envolver ou ser conhecida; não consegue abrir suas camadas mais profundas para que consiga fazer amigos. Sua fraqueza também reside nos fantasmas de seu passado, sempre a perseguindo em pesadelos e maltratando sua psique. Suas emoções são sempre muito bem guardadas no fundo do baú, mas estão sempre agitadas, tempestuosas como o mar.
BIOGRAFIA
Lyla não tem registros e muito menos recordações do dia em que nasceu, nem de quem a concebeu. Tudo o que data em seus documentos mais antigos é que foi deixada em um dia de primavera, à altura de abril, em frente ao orfanato público de Lilycove City. Aparentava ter poucos dias de vida. Faminta e com frio. Ela foi recebida pelos agentes comunitários e misturada às crianças sem familiares, criada sob o nome escolhido por uma completa desconhecida apenas porque precisava ser registrada. Lyla era a avó daquela funcionária, e talvez esta fosse a coisa mais pessoal que aquela criança tivesse desenvolvido ao longo de sua vida. Não tinha sobrenome, não tinha história, não tinha amor.
Apesar disso, Lyla cresceu como uma criança normal. Brincava, se desenvolvia e estudava como qualquer outra. Exceto por ver cada um de seus amigos de sempre serem adotados de um por um, ou tornarem-se velhos demais para continuarem ali. Cada um seguia seu rumo, até que ela percebeu que não valia a pena apegar-se. Aos dez anos, foi-lhe dada a oportunidade de seguir viagem como uma treinadora. Não tinha dinheiro, mas havia ganhado uma bolsa pelas boas notas. Escolhendo um Torchic como Pokémon inicial, Lyla acidentou-se na primeira floresta que adentrou. Foram atacados por uma alcateia de Mightyenas e Poochyenas enfurecidos. Inexperiente e sozinha, não soube como defender-se nem ao seu Torchic. O Pokémon não resistiu, e a própria treinadora sofreu um ataque tão violento que rasgou a carne de sua coxa direita e sofreu uma fratura no fêmur. Foi resgatada às portas de um choque hipovolêmico enquanto perdia grandes quantidades de sangue. Passou meses no hospital e, então, foi devolvida para o orfanato. Sem esperanças de um futuro além daquilo.
Ao fazer dezoito anos, Lyla teve de sair. Não podia mais ser sustentada pelo governo de Lilycove, então as ruas eram o seu destino visto que não tinha a ajuda de ninguém, nem a promessa de um trabalho para a menina que havia matado seu Torchic em menos de uma semana de viagem. Ninguém gostaria de deixar responsabilidades sobre seus braços. Foi por isso que Lyla juntou-se à criminalidade.
Havia ouvido falar de uma equipe de contrabandistas que sequestravam Pokémon para serviços abusivos de entretenimento, como circos. Ofereciam uma grana suficientemente agradável para matar sua fome e garantir que ela não morresse de frio nas ruas das cidades de Hoenn. Trabalhava com um líder igualmente abusivo, mas ela não se importava enquanto estivesse recebendo dinheiro. Ao longo de dois anos, enquanto viajavam de região para região, Lyla fez muitas coisas ruins a treinadores e Pokémons. Torchic poderia não pesar em sua consciência por conta do acidente, mas todos os que vieram depois dele pesavam, e tornaram-se pesadelos em suas noites mal-dormidas.
Depois de dois anos, o salário havia reduzido. Talvez foi por isso que ela começou a se revoltar. E então as represálias começaram. Lyla era agredida pelo chefe, Terrence, e muitas vezes deixada nas gaiolas junto dos Pokémon que ela mesma raptava para que aprendesse a ficar de boca fechada. Muitas noites ela passou ao lado de pobres criaturas que também tinham medo dela. Especialmente de uma.
Um Vulpix foi seu último ato criminoso. Havia roubado de uma fazenda de criação em Kanto e o havia machucado de forma grave para que ele não a queimasse. Somente assim conseguiria um aumento. Quando percebeu que não ganharia nada mesmo com as atrocidades que cometia em busca da própria sobrevivência, Lyla brigou com Terrence. Sua segunda cicatriz profunda foi ganha naquela noite, quando ele a espancou com tanta força que a fez se equiparar com o Vulpix que havia machucado anteriormente. Jogada na mesma gaiola que o Pokémon raposa, ele rosnava para ela e ameaçava atacá-la, mas detinha mais medo de Lyla do que raiva. E não era como se ela tivesse forças para continuar. Estava machucada e muito debilitada, assim como a criatura que compartilhava o espaço limitado.
Naquela madrugada, a equipe foi embora, deixando ambos ali para morrer de fome. E dois dias se passaram com ambos presos, sem água ou comida, com a consciência em seu limite, indo e vindo. Até que o mesmo fazendeiro de quem Lyla havia roubado a encontrou. E, por incrível que pareça, demonstrou alguma piedade.
Lyla acordou uma semana depois, seus ferimentos sendo cuidados. Completamente perdida, foi visitada pelo senhorzinho que a havia encontrado. Ele lhe contara a história de como a havia resgatado, mas ela não lhe contou que fazia parte da mesma equipe de contrabandistas a qual ele temia. Prometendo que ela poderia ficar alojada em sua casa junto dele e de sua esposa até que se recuperasse totalmente, Lyla assumiu um disfarce para que conseguisse ajuda. Não dava informações sobre sua história nem de onde vinha, apenas falava o suficiente para que permitissem que ela permanecesse ali por um pouco mais de tempo.
O Vulpix, porém, lembrava dela. Diversas vezes ele ameaçava atacá-la sempre que chegava perto de si. Muitas vezes, desferia ataques contra Lyla que os fazendeiros não sabiam explicar o motivo, embora justificassem com os traumas a estranhos que aquela situação toda havia deixado. A culpa assolava Lyla, embora nunca demonstrasse.
Com o tempo, sua saúde melhorou, ao passo que tentava se aproximar do Vulpix em questão. Aos poucos, e pela primeira vez na vida, ela se permitia abrir e deixar outro ser vivo se aproximar e conhecê-la de verdade — ainda que não fosse humano. Aos poucos, a raiva e o rancor da criatura transformaram-se em desconfiança, e da desconfiança tornou-se indiferença, e com a indiferença veio a curiosidade, e depois uma aproximação promissora.
A relação havia se tornado algo tão único que o fazendeiro decidiu doá-lo de presente a Lyla. E disse-lhe que ela seria bem-vinda ali sempre que precisasse de um lugar para descansar. Seu coração era agradecido ao casal, mas sua mente era incansável — ela havia feito mal a eles, e a muitos antes deles.
Será que algum dia poderia ser capaz de se curar?