[EVENTO / 001] — THE ROAD COMES WITH A MYSTERY.

OFF:
Oi, narrador!
Minha primeira rota e eu já me meto em evento (1° de abril). Maluca ou corajosa?
Enfim, como eu sou novata, não sei muito o que esperar ou buscar. Vi que tem uma população de Vulpix nessa rota, então talvez seja uma boa ideia dar uma treinada no meu concomitantemente ao evento? Não sei, vamos ver no que dá!

Uma rápida mudança de planos fez Lyla parar em uma cidade que nunca antes estivera. Seus motivos: os boatos de que Terrence e seus capangas haviam seguido em direção a Saffron a deixaram enjoada o suficiente para fazer uma volta vertiginosa em outra direção. O transporte havia deixado a loira em Celadon e ela rapidamente tomara o caminho de saída em direção à Rota 08. Por enquanto, queria se manter longe de cidades e de pessoas que pudessem reconhecê-la; temia encontrar gente as quais já havia feito mal e sofrer as consequências de seus atos grotescos — coisas que haviam ficado num passado não tão distante. Estava tudo muito recente para que se arriscasse de graça. E agora tinha uma responsabilidade à sua sombra: Kyuubi.

A pequena Vulpix caminhava ao seu lado, parecendo muito mais feliz e confortável do que em qualquer outro momento. O clima, o lugar e a ocasião parecia fazer bem para o seu físico e emocional, e, apesar do calor e da falta de árvores longas o suficiente para fazerem sombra, Lyla ficava feliz que sua nova — e única — amiga estava contente e satisfeita.

Em determinado momento, a mulher precisou parar para descansar e beber um pouco de água. Chamando pelo Pokémon que parecia incansável, Lyla jogou-se sentada no chão árido e de grama quente para vasculhar a própria bolsa em busca das águas que havia levado consigo.

— Kyuubi... Acho que estamos ficando sem fonte de hidratação — a residente de Hoenn puxou a última garrafa de água de dentro da bolsa. Já estava quente, o gelo havia derretido por completo. — Logo precisaremos pensar em algo bastante criativo. — Abrindo a tampa, Lyla bebeu goles generosos do líquido, oferecendo também para a Vulpix dentro de um pequeno recipiente.

Lyla estava pronta para guardar a preciosa água de volta na bolsa, para que então ela e seu Pokémon pudessem seguir viagem, quando teve o objeto surrupiado de forma ligeira das próprias mãos. Por um segundo, ficou sem reação, o cérebro tentando conceber a informação do que acabara de acontecer. Até que seu corpo reagiu e ela se pôs de pé, os olhos buscando aquele macaco safado que havia roubado a garrafa.

— Ah, não. Agora não. — Seus anos trabalhando com os contrabandistas haviam lhe fornecido uma vasta experiência e amplo conhecimento de espécies pokémon das regiões nas quais atuou criminalmente. Aquele serzinho de mãos nervosas tratava-se de um Mankey. E se fosse tão chato quanto aqueles com os quais já havia lidado, precisaria fazer algo rapidamente antes que ele sumisse com o que era seu. — Kyuubi, rápido!

A loira correu na direção do Mankey fugitivo, a Vulpix assumindo a frente por conta de sua rapidez. Lyla queria chegar perto o suficiente para que conseguissem fazer algo. Mas também não queria destruir a garrafa de água caso atacasse a criatura tão diretamente.

— Kyuubi, use Ember no gramado ao redor do Mankey!

A viagem da treinadora havia ido de zero a cem muito rápido. Num momento, tudo com o que tinha de se preocupar era sobre os cuidados para combater o calor e uma possível insolação até que chegasse à área coberta mais próxima; no outro, lidava com um macaco bandido dos infernos que, além de tentar matá-la e ao seu pokémon de sede, agora ainda tentava agredi-la. Porque foi de surpresa que viu a garrafa voando em sua direção e sequer deu tempo de erguer as mãos para tentar segurá-la — o objeto bateu em cheio contra a sua testa e a dor foi aguda no momento em que sentiu o impacto. Nossa, aquilo ficaria vermelho e muito inchado, no mínimo. Ao menos, agora tinha seu único suprimento de água de volta em mãos, são e salvo.

Mas aquele não era o fim de seus problemas. Nem mesmo o menor deles. Ainda com a testa doendo, Lyla visualizou Mankey se posicionando à frente de Vulpix na intenção de iniciar uma batalha. E, de repente, muitas coisas vieram à tona para a mulher que, naquele momento, pareceu congelar. Lyla viu-se com dez anos, na companhia de um Torchic machucado e quase morto após um ataque feroz de pokémons selvagens; a primeira e única vez que tentara ter uma batalha acabando em tragédia e traumas e ossos quebrados e o fim de um sonho. Viu-se pelos anos anteriores trabalhando de forma criminosa com contrabandistas que faziam mal e machucavam pokémons indefesos — pokémons como Kyuubi, que havia sido previamente sua vítima mas que, de alguma forma, conseguira perdoá-la. Seus olhos fixaram-se naquele pokémon que há pouco havia simplesmente roubado sua garrafa de água e, de repente, ficou com medo de machucá-lo caso comandasse algum ataque contra ele. Este sempre seria o seu carma, afinal. Mas também tinha medo de deixar Kyuubi ser machucada e ter o mesmo fim de Torchic, dez anos antes. Não sabia o que fazer.

Não sabia o que fazer.

Não sabia o que fazer.

— Vulpixxxx! — o chamado impaciente da sua pokémon a acordou do estado de paralisia e Lyla percebeu que ela confiava em si. Só esperava um comando, um norte para o qual seguir. Mankey iria atacá-la e isso não era uma brincadeira ou uma piada. A loira precisava reagir e abandonar os pensamentos ruins, muito embora achasse que jamais seria capaz de se livrar os fantasmas que a perseguiam; eles sempre estariam ali para assombrá-la e congelá-la em momentos cruciais. Aquele era somente um Mankey, mas e quando houvesse uma matilha de Mightyena e Poochyena raivosos contra o pequeno e indefeso Torchic, como havia acontecido em seu passado? — Kyuubi, use o Tail Whip e logo em seguida use Ember! — Sua voz mal conseguiu sair, mas foi o suficiente para que Vulpix a ouvisse.

O suor escorria pelo rosto de Lyla à medida que seu coração acelerava e o fervor da adrenalina misturava-se ao calor do sol. Com o antebraço, ela limpou a própria testa para impedir que as gotículas salgadas caíssem em seus olhos e a impedissem de enxergar pelo ardor. Como ainda estava machucada, o movimento arrancou-lhe uma careta de dor; esta que não se desfez ao visualizar a batalha que se desmanchava à sua frente. Um comando errôneo e ineficaz causou a Vulpix um dano dobrado. Mankey havia acertado seus dois ataques à pequena raposa e a treinadora percebia que havia se machucado. Sua garganta se fechou.

Não. Não é hora de surtar. Sua briga interna acontecia concomitantemente às estratégias que se montavam em sua cabeça. Era como se uma parte do seu cérebro estivesse estapeando-a para atrapalhá-la enquanto a outra dava a vida par ajudá-la. Sua vontade era de chamar Kyuubi para a Poké Bola rapidamente e jogar a garrafa de água contra o pokémon selvagem antes de sair correndo. Mas não seria muito heróico da sua parte, não? Seria covarde agora, Lyla?

— Kyuubi, aguenta um pouco! Vamos continuar queimando-o. — Lyla queria soar confiante e ser um porto seguro para a sua companheira, mas sua voz tremia um pouco. Precisava encontrar forças para que também pudesse fornecê-la a Vulpix, principalmente em momentos como aquele. — Use Ember novamente! Tente jogar suas chamas quando ele vier para cima de você. E depois continue usando Ember mais uma vez.

OFF:

Esqueci de falar antes, mas tem esse bônus de XP na minha ficha que eu gostaria de aplicar. Não sei se ele pode ser usado só nessa situação ou se ele pode ser aplicado no fim da rota, o que beneficiar mais. q

- Ticket Especial  - Bônus de 15% de XP x03 - Validade: xx/xx/2023

Kyuubi parecia estar revertendo o cenário inicial de batalha e isso deixava Lyla um pouco mais aliviada — mas não o suficiente para cantar vitória. Estava longe disso, afinal. Aquele Mankey podia não parecer, mas era difícil de derrubar ainda que Vulpix tivesse muitas coisas a seu favor, desde o gramado pegando fogo até a quentura estarrecedora do sol. Lyla apertou as mãos em punhos fechados para conter a ansiedade, os pés fixos no chão para não correr em direção à batalha e fazer algo pessoalmente.

— Kyuubi, use Ember! Não vamos deixá-lo descansar — a treinadora comandou. Torcia para que sua parceira aguentasse os arranhões potentes do pokémon selvagem, ao menos mais um pouco. E que não ficasse tão machucada quanto julgava ser possível. — Não o deixe se aproximar novamente, Kyuubi. De novo, Ember contra o arranhão caso ele tente outra vez!

Sua ideia era impedir que a ofensiva de Mankey fosse bem sucedida, usando ataque contra ataque, mas caso não fosse o suficiente para pará-lo, ao menos conseguiria causar danos igualmente.