[EVENTO] Gelatina? Não, obrigado

Eu sabia que agora que apenas um dos inimigos resistia de pé, era questão de tempo para que o Ditto transformado em Typhlosion caísse. Uma luta dois contra um não era muito justa, mas eu não poderia me dar ao luxo de pensar em justiça num momento como aquele.

Mais uma troca de ataques ocorria e, apesar da vantagem numérica estar ao nosso lado, eu sabia que a minba dupla podia acabar caindo também. O "Typhlosion" havia sido atingido por uma sequência de golpes e mesmo assim não havia caido, até que foi a hora de seu ataque final. O monstrinho começara com um Shadow Ball em Zuko e já estava preparada para lançar seu segundo ataque. E foi assim que o falso Pokémom de fogo fez, lançando uma baforada no seu rival. Não sabia se teria como meu Pokémon resistir aquilo, imaginei até que seria a vez de Sadie lutar sozinha.

Contudo, antes que eu pudesse dar uma ordem para a coruja o inicial se levantou. Suas chamas pareciam mais vivas e seu pelo brilhava alaranjando, era a ativação da sua habilidade Blaze. Rapidamente o Pokémon derreteu seu doppelganger, reduzindo qualquer resquício dele à gosma que estava no chão.

Apesar de ser uma vitória ela não era satisfatória, era só uma luta contra cópias esquisitas e que, provavelmente, nem era Pokémon reais. Também não daria tempo de comemorar, pois era possível ouvir uma mobilização do lado de fora de um grupo que, aparentemente, queria entrar naquela sala.

Antes que pudesse pensar em qualquer coisa Ataraxia apareceu. O ronin cego não falou muito, apenas ordenou que eu seguisse até os fundos daquela sala e salvasse sua filha. Na hora não tive muito tempo para analisar, mas aquela era a primeira vez que ele exprimia de verdade quem ele havia vindo salvar.

Não dava tempo de eu falar nada e o homem apenas saia correndo na direção da porta, como ele disse que era ele que buscavam, provavelmente ele se entregaria ou tentaria atrasá-los para que eu pudesse resgatar a garota. Não deu para me opor a nada e eu agora só tinha uma escolha.

Observei Zuko e Sadie, o inicial havia ficado muito cansado com a luta e por isso retornei-o para sua Pokébola. Já a coruja seguia bem, então mantive ela ao meu lado.

- Vamos lá Sadie, não podemos deixar ele na mão.

Passar por aquele corredor escuro era algo esquisito, isso porque não dava para entender direito para que lado eu estava indo ou mesmo se eu estava subindo ou descendo. Meus sentindos pareciam suprimidos ali e isso me dava uma sensação estranha de desconexão com o meu corpo.

Após muito correr eu finalmente consegui chegar em algum lugar. O corredor tinha seis celas, todas elas sujas, mas somente uma tinha alguém. Não conseguia identificar direito se era uma criança ou adulto, pois estava encolhida. As únicas coisas que eu notava foram os cortes nas suas pernas e seu choro incessante.

Sadie aterrisou ao meu lado e eu comecei a falar com quem eu acreditava ser quem eu deveria salvar: - Ei, eu vim te tirar daqui. Vim a pedido do seu pai - falei, abrindo a cela e esperando que ela se levantasse.

A garota que choramingava devia ter por volta da minha idade, 20 anos no máximo. Contudo não dava para ter certeza, já que ela provavelmente estava desnutrida. Seu rosto estava coberto por bandagens, porém dava para saber que ela havia sido mutilada.

Mas o que me chamou a atenção mesmo foi a reação da garota quando falei que  havia vindo a pedido de seu pai. A menina entrou em choque total e simplesmente ficou imóvel, em seguida começou a murmurar que não queria aquilo, quase como se... seu pai tivesse feito algo errado.

Parando para pensar nisso algumas coisas pareciam muito estranhas, aquela garota não estava realmente presa afinal. Não haviam correntes e nem um cadeado na cela, além do grande rombo na grade pelo qual um adulto poderia passar facilmente. Das duas uma, ou ela não estava presa ali antes ou algo estava MUITO errado.

- Moça, não se preocupe tudo vai ficar bem. Se ele fez algo com você vou te ajudar a escapar dele - Não sabia ainda ao certo qual era a verdade, mas decidi começar tentando deixar a garota segura. Se Ataraxia havia realmente feito algo, bom ele ia pagar.

Outra coisa de repente tomou minha atenção, um baú. Era estranho um objeto daquele tipo ali, parecia bem posicionado até demais, como se fosse uma armadilha. Algo me dizia que as coisas iam dar errado, mas o que aconteceria ao certo eu não sabia. Respirei fundo e mesmo suspeitando abri o baú.

Somente dúvidas, era isso que eu tinha com a mensagem esquisita e cifrada do baú. A voz que saia dela lembrava a de um homem jovem, talvez Ataraxia, mas eu não tinha certeza. O fato era que não somente eu ouvia, mas a garota também. O baú parecia falar na mente das pessoas e enlouquecê-las, mas eu não tinha certeza do porquê e nem o que fazer.


Porém, após falar a frase o objeto parecia esperar uma resposta, pois vibrava e emitia uma fraca luz. A frase era um enigma? Se sim, eu não entendera a pergunta. Comecei a repassar a frase na minha cabeça, de novo e de novo. Aquilo não fazia sentido, até que me toquei de algo.

- As primeiras letras das palavras, juntas elas formam um nome. Lembra algo que eu já conheço, mas parece uma pegadinha. - Encostei a mão no baú e falei quase como em uma pergunta: - Gilatina?

O baú soltou uma esquisita fumaça roxa, que sumiu rapidamente. Agora aberto pude ver que ali haviam simples pirulitos, o que era MUITO estranho. Porque um baú com a voz do demônio me daria aquilo? Minha mãe sempre disse que eu não devia aceitar doces de estranhos, mas ali estava eu pegando pirulitos de um baú em um dos lugares mais macabros que eu já havia visto.

Após aberto a voz havia parado. Eu não a ouvi mais e, aparentemente, nem a garota. Ela parecia melhor agora, menos assombrada e mais humana. Ainda visivelmente surpresa a garota me perguntava quem eu era afinal.

- Eu me chamo Thomas, vim aqui para resgatar você. Seu pai, Ataraxia, sabia que estava aqui e me pediu ajuda.

Omiti a parte da viagem no tempo, provavelmente ela não estava pronta para saber mais isso. Porém, estava preocupado com o que a moça diria, já que ela parecia muito assustada quando falei do pai dela. Claro, aquilo podia ter sido só efeito do baú, mas algo me deixava preocupado.

Acabei notando que a moça também fitava um canto da sala com uma estranha coloração esverdeada, o que não podia ser nada bom. Olhei para aquilo e só pensei no pior, mas aguardei.