[Rota Atemporal]Dia de Praia

“Que menina irritante do caralho”, foi a primeira coisa que pensou ao olhar para Flora. Existem certas coisas que é melhor não ser verbalizadas, assim sendo, o kantoniano somente ergueu as sobrancelhas e baixou-as rapidamente, em uma expressão neutra que não levantasse suspeita.

Papo vai, papo vem, a loira inferiu que preferia quando fossem mais diretas seguido de uma piscadela. A postura ainda era mais conservadora, mas ainda assim, era um verde, confere? Como ainda havia mais coisas do que fazer, mais um sinal era lançado pelo loiro, quiçá um pouco mais atirado: o famoso sorrisinho de puto acompanhado do estreitamento ínfimo das pálpebras; mais claro, impossível. Um espaço para baterem um papo e ver até onde vai tem que ser cavados e, sejamos sinceros, ainda não foi encontrado.

A ideia de brincar na água era sugerida e Nicholas não estava tão longe assim, e já que todo mundo ia sair dali, recordou de que deveria chamar alguém para ficar de olho nas coisas. Balerdroch estava voando e se divertindo, enquanto Critias e Nalu jaziam na água ainda. Mas, por sorte, tinha o segurança perfeito.

Retornou à barraca, descolou a fita de velcro de sua canela e guardou a prancha em um cantinho. Foi até a sua mochila e arqueou uma esfera bicolor, evocando, por fim, Mithra, seu Porygon-Z.

— Aí, pode cuidar das coisas? Vai todo mundo pro mar agora ou já já —e sendo Porygons monstrinhos pré-programados, assentiu com o comando.

Sea time agora, né não?

— Pena por quê? Não é como se fosse um sacrifício te carregar nas costas — inferiu prontamente. Ora, se a troca de olhares tentada outrora já aparentava ser um sucesso, sendo correspondido pela loira, agora era a hora de evoluir a interação e estreitar o contato. Se jogou a isca e deu tudo certo, quem não arrisca, não petisca, concorda?

Agora com tudo pronto, o vigilante Mithra estava em seu posto, todos rumaram na direção do colosso oceânico. Em um fenômeno atípico, com os quatro humanos já calcorreando na direção da água, uma esfera bicolor que Nicholas carregava consigo ativava seu mecanismo sozinho, quiçá por vontade do monstrinho que ela carregava consigo; assim sendo, o feixe alvo materializou uma criatura conhecida por ser o apocalipse encarnado. Mais de dois metros de um corpo rochoso extremamente resistente, dotado de força ímpar; dizem até alguns registros que, com a força bruta, esse pokémon pode mudar cursos de rio a bel prazer ou até mesmo destruir montanhas para se aninharem.

Isso até poderia ser verdade se esse Tyranitar em específico não fosse um puta de um preguiçoso.

Hermos, o Tyranitar, somente se materializou de repente — assustando até mesmo Mithra — para dormir no mundo externo. A cria de godzilla aconchegava seu imenso corpo em um pedaço da canga. Vez em outra, batia sua cauda no chão como impulso do sono, causando microtremores por causa de sua força monstruosa — controlada somente por sua preguiça e sono.

Volvendo para o mar, quando menos se deu conta, as duas garotas começaram a mergulhar e se perderam de vista minimamente. Não há motivo de preocupações, afinal um esquadrão anti-afogamento particular dos treinadores estavam sempre de prontidão. Assim sendo, restou ao rapaz passar um tempo ali.

Um tumulto na orla era simultâneo a tudo isso, já que, como um raio, o lagarto alado não só interceptou um Dragonite com alguém nas costas, como desceu dos céus somente para encher Karinna de lambeijos. Balerdroch era um monstrinho diferente da sua espécie, já que o amadurecimento não levou sua inocência e ternura inatas. Tamanha era essa ingenuidade infante que após mostrar onde estavam os demais, Charizard tentou passar a sua língua sobre a mancha branca de protetor que via com improbidade em seu nariz; isso ativou os receptores, e ao sentir o gosto amargo, cuspiu no chão, como se desabafasse para Ivy em sua língua ininteligível de que aquilo era horrível.

Um Tyranitar preguiçoso, um Porygon vigilante que não tirava o olho da especialista psíquica mesmo oferecendo perigo nenhum — Mithra levava os comandos de seu treinador a sério até demais —, ocasionando alguns olhares acirrados entre ele e o Alakazam de Karinna — jaziam onde estavam os pertences dos outros quatro.

Percebendo que lamber protetor solar era muito ruim, o ígneo voou até o seu treinador; Nicholas havia mergulhado e Critias o erguera para ver o arredor com visão mais limpa. Percebeu seu inicial açodar em sua direção, apontando para onde estavam as coisas. Nico estreitou os olhos e pôde ver um Garchomp se divertindo na areia, quiçá era isso que Droch queria mostrar, não?

— A Cynthia tá aqui? Não tinha oportunidade melhor pra testar os meus limites, e eu vou escolher você — Nicholas ergueu seu corpo ficando em pé sobre o topo da cabeça de Gyarados, apontando para seu Charizard sobre uma possível batalha informal. Prontamente, o réptil negou, e apontou novamente. Mais uma vez, o treinador ás semicerrou as pálpebras ainda mais, ao perceber que a especialista em psíquicos chegara. — A discrição em pessoa. Pronto, meu esquema foi todo pro saco. Ou talvez não — o que era para ser um flerte discreto, quiçá não seria mais, já que toda hora chega mais gente, fazendo o loiro lamentar. Respirou fundo após coçar a nuca. — Bom, que seja, ela consegue te ver daqui, garota, certeza de que já já ela vem pra cá com o comboio que ela trouxe.