[Swarm] Flare Blitz

flare blitz

Com um misto de calma e urgência, Ayzen mais uma vez dava seu melhor para ajudar os menos favorecidos. A rapidez com que ele tomou as decisões era, sem dúvida, dignas do título que ele portava. Com o Aqua Tail de Dragonite, o local inteiro foi tomado por uma cortina de vapor, o que poderia dificultar um pouco a vista de quem não estivesse preparado; por sorte, não era o caso do rapaz. Aparentemente ele havia trago os Pokémon perfeitos para enfrentar os desafios desse desastre natural, e a presença de Nidoking reforçou isso.

Com a ajuda do terrestre, os três conseguiram forçar o tronco por tempo suficiente para que o pequeno respirasse, mas ele definitivamente não teria força para sair flutuando. Apesar do vapor ter renovado parte da mucosa de seus tentáculos, ele ainda estava ferido demais para conseguir fazer qualquer coisa, então, acabaria sobrando para o Ranger salvar ele dentre as árvores também. O que ele não esperava, era que no meio de toda aquela locomoção, um outro rapaz apareceria, com uma lanterna em mãos e acompanhado de Camerupt imenso, bem maior do que o tamanho padrão da espécie. Ele parecia estar procurando alguma coisa, mas Ayzen tinha o contrapé e poderia aborda-lo antes dele encontrar o Ranger dentre a cortina de vapor.

O vapor das árvores apagadas envolvia tudo como uma névoa espessa, enquanto eu, Dragonite e Nydon trabalhávamos em sincronia para mover os galhos queimados. O pequeno Inkay,  já nos meus braços, estava sem forças. O bichinho parecia exausto, e sua pele ressecada indicava que precisava de cuidados urgentes. Ele não parecia nem ter forças para sair voando por aí, enquanto muitos de suas espécies faziam. Eu deixei em meus braços igual um neném.

Mas aí, no meio da névoa e do calor intenso, eu percebi uma nova presença. Um Camerupt imenso se destacava, suas costas vulcânicas exalando pequenas nuvens de fumaça, algo natural para o ambiente ao redor. Um rapaz surgia junto com ele observando a situação com uma expressão que eu ainda não conseguia interpretar bem. Não seria incomum encontrar civis por aqui, ainda mais com um Camerupt, um Pokémon totalmente adaptado a condições vulcânicas como estas. Eu estava na vantagem, já que no meio do vapor estava oculto. Suava mais que cuscuz baiano, porque além do calor natural, o vapor de água parecia mais abafar a minha ação do que ajudar de fato, além de apagar as chamas.

Eu aproveitei o vapor para manter minha posição parcialmente oculto, mas estava suando tanto que parecia ter saído de uma sauna. O calor, o esforço, e agora, a necessidade de estar atento àquele novo personagem que entrava na história... era um combo e tanto.

- Ei!- chamei, erguendo a mão em um gesto amistoso, sem sair da névoa. -  Parece que você e Camerupt chegaram na hora certa. Esse lugar tá pegando fogo, literalmente. A gente conseguiu salvar esse pequeno Inkay, mas ainda tem muito calor por aqui.- meu tom era descontraído, tentando passar confiança, mas os olhos permaneciam atentos aos movimentos do rapaz. Queria entender melhor quem ele era e o que estava fazendo por ali. Afinal, nem todo mundo se aventura tão fundo em áreas vulcânicas, e especialmente em meio a uma possível crise.

- Você mora por aqui ou tá ajudando a controlar esses focos? perguntei, me aproximando devagar com Inkay ainda nos braços. Era melhor manter a interação amigável até entender melhor o que estava acontecendo. Dragonite, ao meu lado, mantinha-se alerta, assim como Nydon, prontos para qualquer coisa, mas por enquanto, a prioridade era saber quem era aquele cara e o que ele tinha a ver com tudo isso. Ou não tinha, né? ]q

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Da mesma maneira que Ayzen não era visto, pouco ele conseguia enxergar das expressões do treinador ali. Ele conseguia ver seu corpo, muito bem desenhado por sinal, e a presença do camelo que o seguia, mas pouco enxergava do rosto ou da feição do "intruso". Não dava para interpretar muito, mas o rapaz não parecia em posição de ataque; na verdade, se qualquer coisa ele parecia mais disposto a ajudar, e seu tom de voz também indicava isso. - Você me assustou mano... Eu quase mandei o Darius atacar. - Ele se aproximou, cauteloso, e então, o Ranger conseguiu analisar melhor suas características. Era um rapaz alto, robusto e trajando uma camisa xadrez com as mangas cortadas, quase como se tivesse sido rasgada propositalmente; seus cabelos eram castanhos e estavam grudados na testa, mas não eram compridos.

Na mão direita ele trazia um machado e na outra, uma lanterna. O camelo aproximou-se junto com seu treinador, e abriu um sorriso quando viu que o protagonista também estava ajudando monstrinhos indefesos. - Tu não parece um treinador qualquer... - Ele coçou a nuca, analisando as vestes de Ayzen e a maneira como estava agindo. - Tu é tira? A gente pode te ajudar a ir atrás de mais bichinhos perdidos. - Um sorriso estampou a cara dele, sabendo que provavelmente o comandante não recusaria a ajuda.

- Ramon. - Ele esticou a mão, agindo como se não tivesse um montão de fogo e o pobre do Inkay não estivesse quase morrendo nos braços de Ayzen. Talvez ele tivesse muito músculo e pouco cérebro...

Ramon  se aproximava com um sorriso simpático no rosto, que foi visto só depois que a fumaça/vapor/fuligem/enxofre começou a dissipar mais, mesmo com o calor infernal. Parecia ser um rapaz da região, se fosse julgar. Ele estendeu a mão com confiança, e eu não hesitei em retribuir com um aperto de mão firme, mostrando a mesma cordialidade. Dragonite e Nydon, atentos à interação, também soltaram pequenos ruídos, como se estivessem se apresentando de sua própria maneira, o que arrancou um breve sorriso de Ramon.

- Sou Ayzen, sou ranger. É massa saber que tem gente boa para ajudar. -  me apresentei, mantendo o tom amigável, mas firme. -  Estamos monitorando os focos de calor e os abalos sísmicos na região. Parece que as coisas estão ficando complicadas por aqui. Boa de ver que você tá ajudando. O vulcão parece mais ativo do que o normal, e estamos investigando pra entender se tem algum fator externo nisso tudo. – acrescentei, como se perguntasse indiretamente o que ele achava que estava acontecendo pra tudo ficar daquele jeito.

Com Inkay ainda nos meus braços, eu analisei a situação. Ramon parecia um cara genuíno, preocupado com o que estava acontecendo, mas era difícil ignorar a sensação de que havia mais do que fogo natural e atividade vulcânica acontecendo por aqui. Ainda julgo que um monte de Magcargo caíram no vulcão. - É um prazer conhecer você também, Darius.- dizia, dessa vez, por grandão Camerupt, com uma piscadela de lado.  - Você viu algum sinal de Pokémon perdido por aí?

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- Ah, é tira. - Ele retrucou, com um sorriso no rosto, enquanto apertava a mão de Ayzen. O Camerupt também fez questão de dar seus cumprimentos aos Pokémon do Ranger, e logo todos estavam a vontade. - Óia seu tira, eu moro aqui minha vida todinha, nunca vi esse buraco quente tão quente como agora. Te falando, isso ai não tem nada de normal não. - Ele comentou, com um sotaque extremamente puxado e caipira. A frase parecia sincera, contudo, uma verdadeira preocupação de um local, o que só tornava toda a situação pior.

- Eu num sei como ocêis da cidade fazem, mas aqui a gente sempre olha pelos bichinhos, principalmente em loucuragens como essa. - Uma indireta? Sinceramente, nem eu sei bem o que ele ta falando. - Nois andamos tudo esse caminho da cidade pra cá, mas não encontramos nenhum bicho. Meu véio tá achando que isso tem dedo d'ocêis da cidade. Uma cambada apareceu aqui na semana passada, e depois disso tudo ficou esquisito. - Ele comentou. Um grupo? Sob qual bandeira? O que ele disse sobre não ter nenhum Pokémon no caminho também era no mínimo... Esquisito. Com certeza teriam mais monstrinhos presos por aí, ou até mesmo brigando contra as chamas, né?

- Nois pode tentar correr com esse pequeno pro Centro, mas acho melhor meter uma poção e capturar ele. Tempo aqui não é muito nosso amigo não seu tira. - Ele apontou com a cabeça para o Inkay, mas deixou que Ayzen decidisse o que fazer a seguir. - Depois disso nois podemo procurar mais bicho, de certo que tem mais uns perdidos por aí. - Ele deu de ombros. O tempo era escasso e as pistas poucas, mas tudo que ele disse fazia bastante sentido no final.

Ok, talvez não seja culpa de um bando de Magcargo desorientado. O calor insuportável fazia o suor escorrer pelo rosto de Ramon, que olhava preocupado para o Inkay desfalecido em meus braços. Ele parecia genuinamente inquieto com o estado do pequeno Pokémon e com o clima abrasador que dominava a região.

Enquanto eu ouvia suas observações, algo não batia. Segundo ele, nunca tinha sentido algo assim, e era alguém que conhecia bem essa terra. Um calor repentino e tão intenso só podia ser um sinal de que algo de errado não estava certo. Meu olhar se estreitou ao pensar na última semana, quando um grupo de forasteiros havia passado por ali. Minha intuição de ranger me dizia que havia mais nessa história.

Olhando para o céu coberto de fuligem e sentindo o ar carregado de enxofre, uma sensação de urgência me dominou. O Inkay precisava de cuidados imediatos, mas havia algo mais importante acontecendo. - Sim, claro.- despertei, já que Inkay mal ofertava peso em meus braços e estava tão atento nas falas de Ramon que esqueci de cuidar. Repousei o pequeno no chão, peguei um pano qualquer, molhei com a água ainda fria do cantil, molhei a testa do pequeno lula. Com uma potion, apertava o spray no corpo do Inkay e em seguida erguia uma Cherish Ball .

- Pequeno, oi! Vai ter gente em Pallet que vai querer te ajudar. Espero que você goste. O laboratório do Professor Carvalho tem ar condicionado.- dizia enquanto encostava a esfera no corpo do pequeno Pokémon. Mandaria uma mensagem pelo RotomPhone pro meu tutor pra que ele esteja ciente de que chegará um Pokémon que precisaria de cuidados. Infelizmente, isso despertará nele o sentido de preceptor de cobrar os artigos que ainda não fiz, já que ele me liberou das atividades presenciais, em troca de um modelo assíncrono, onde eu teria que estudar bem para quando me encontrar com ele sofrer a sabatina de pesquisador .... Oh, céu!

- Ramon...- tentava voltar pra meu problema de ranger. Depois eu penso no problema de professor Pokémon - Você sabe se esse grupo já retornou ou só foram e ficou? Porque bate certinho com o tempo que a equipe de meteorologia registrou aumento da temperatura. Talvez fosse interesse você me indicar pra onde eles foram, pra poder saber se eles têm realmente a ver com tudo isso. - e tudo isso significava todo o inferno que se construiu na rota, perto do vulcão.

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Seguindo as dicas de Ramon, Ayzen capturou a pequena lulinha usando uma pokébola especial, toda vermelha e brilhante. A Inkay deu um belo suspiro, mesmo desacordada, quando sentiu a poção ser espirrada em seu corpinho, garantindo uma recuperação para ela, e quase que agradecendo o ranger com a expressão. Logo depois, seu corpo machucado se transformou em energia e foi mandado para dentro da esfera, que desapareceu das mãos do comandante, indo direto para seu storage. Com isso resolvido, ele poderia focar seu tico e teco na informação nova que adquiriu, e tentar desvendar o que aquele grupo de homens estava fazendo ali. E claro, quem eram eles.

- Óia, pelo pouco que meu pai trocou com eles, os cabras iam na direção do vulcão, mas não soltaram quanto tempo iam pairar por aqui não senhor. - Ele deu de ombros. Era mais um indicativo de que, talvez, esses homens tivessem envolvimento com todo esse caso do aumento de temperatura, mas Ayzen teria de investigar de perto se quisesse chegar a raiz desse problema todo. Mas tudo isso era mais importante do que resgatar mais Pokémon?

- Se o senhor quiser eu fico por aqui salvando os bicho, ai o seu tira tem tempo de ir atrás desses cabras. Se foi eles quem botaro fogo nisso aqui eles merecem levar uma coça bem dada. Isso eu sei que ocê vai fazer por nois. - Ele deu uma piscada e uma risada sincera saiu de seus lábios, aquela gargalhada bem alta e exagerada. No mais, a decisão final era do protagonista, mais uma vez: ficar e ajudar a procurar por mais Pokémon perdidos e em perigo, ou ir atrás do grupo que tinha um possível envolvimento com todo aquele caos.

Apertei a Pokébola de Inkay, vendo o brilho suave envolvê-lo antes de desaparecer. Sabia que ele estaria em boas mãos com o Professor Carvalho, mas a preocupação com o que estava por vir ainda pesava.  Voltei minha atenção para Ramon, que, mesmo com o suor escorrendo pela testa, mantinha uma expressão resoluta. Animada, devo dizer. O fato dele estar disposto a ficar para ajudar os Pokémon da área me trouxe certo alívio.

- Valeu, Ramon. Sua ajuda aqui vai fazer diferença. - estendi a mão mais uma vez, num cumprimento firme. Com um aceno de cabeça em resposta, guardei Nidoking de volta em sua Pokébola, mas não antes de dar uma vitamina para repor eletrolitos, enquanto Dragonite se aproximava, já pronto para o próximo voo. Passei a mão nas escamas ásperas e familiares do meu parceiro e subi em seu dorso, acomodando-me na sela de voo.

O calor intenso da rota ainda queimava, mas a sensação junto do dragão renovava as minhas esperanças. Antes de decolar, ajustei os Safety Goggles firmemente sobre os olhos, protegendo-os do vento forte e das cinzas vulcânicas que flutuavam no ar. Enxofre e seja lá quais outros elementos químicos da tabela periódica estivesse no ar. As lentes escuras filtravam o ambiente caótico ao redor, permitindo uma visão mais clara e precisa do caminho adiante.

Com um breve comando, Dragonite abriu as imponentes asas (pequenas, porém eficaes) e decolou com um poderoso bater, levantando poeira e cinzas do solo. Olhei para trás por um instante, vendo Ramon acenar, antes de focar no horizonte e no imponente Mt. Chimney. A missão agora era clara: descobrir quem eram os responsáveis por toda essa confusão e o que exatamente estavam fazendo para perturbar o vulcão. Claro, eu cheguei nessa rota jurando que era uma variação mais natural, no máximo algum acidente. Mas todo aquele caos, das queimadas a agitação da terra, estava sob a influencia de pessoas. Gente dá trabalho, hein?!

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Determinado a chegar no cerne do problema, Ayzen tomou a dianteira, agradeceu ao rapaz por sua colaboração e alçou voo com seu Dragonite mais uma vez. Era uma decisão acertada, com a garantia que Ramon ficaria cuidando da rota e ajudando os monstrinhos em perigo, o comandante poderia seguir diretamente para o Chimney e buscar respostas. Ele não sabia bem o que iria encontrar, apenas que procurava por um grupo de homens da cidade, que provavelmente tinha algo a ver com todo o ocorrido. Não eram muitas pistas, mas já era algo.

O "caminho" até o Chimney era tortuoso, cheio de nuvens esquisitas dos mais diversos gases que não estou afim de explicar os efeitos que poderiam causar no corpo do ranger mas que certamente não vão causar nada pois não temos tempo pra isso, além de claro, o calor que ia aumentando a cada segundo que se passava. Observando a área abaixo, Ayzen poderia ver que muito do caminho estava bloqueado, fosse com árvores caídas em chamas ou até mesmo algumas pedras fora do lugar. Poucos Pokémon eram avistados da altura que ele mantinha, mas certamente haviam muitos escondidos, com medo e desesperados.

Tirando isso, uma única treinadora foi avistada durante esse pouco tempo de voo, apenas caminhando pelo trajeto que subia a montanha, sem nenhuma atitude suspeita. Um som de dois monstrinhos pôde ser ouvido quando o comandante passou próximo da entrada de uma caverna, que ficava numa encosta do vulcão. O som era de briga, e um ataque mágico passou voando ao lado do rosto do rapaz quando ele atravessou a frente da entrada. Talvez valesse a pena conferir, poderia ser um Pokémon exótico predando um endêmico, e Ramon não iria subir a montanha para tentar apartar a briga.

Atingir o pico do Mt. Chimney foi como entrar em um forno. O calor era sufocante, o ar denso com gases vulcânicos e a fuligem tornando cada respiração mais pesada. Isso poderia ser bem ruim pra saúde! Dragonite voava baixo para evitar as correntes de ar mais tóxicas. O calor poderia fazer qualquer um desmaiar se permanecesse ali por muito tempo.

Olhei ao redor. Nenhuma atividade suspeita até o momento, apenas o ambiente hostil da montanha. Um calor tão intenso que poderia matar legal. Como que Frodo aguentou isso? ~q. Mas, ao longe, avistei algo incomum – uma figura solitária. Uma treinadora explorando a área, alheia ao perigo ao redor. Franzi o cenho, sabendo que tinha de adverti-la. Não era seguro estar ali sem o devido preparo. Estava prestes a guiar Dragonite para uma abordagem tranquila quando ouvi o som nítido de uma briga.  Um feixe mágico cruzou o ar, passando a centímetros do meu rosto, dissipando-se no vento quente. A adrenalina disparou, meus sentidos se aguçaram.  

Levei Dragonite para pousar rapidamente, próximo ao local onde parecia vir o golpe, oculto no meio da fumaça preta. Algo estava acontecendo ali, e não parecia ser apenas uma batalha comum. Ajustei os Safety Goggles uma última vez, deslizei da sela de Dragonite e segui a trilha com cautela. Dragonite, apesar da resistência, estava com várias marcas negra de fuligem no corpo, como se tivesse deitado em cinzas. Ele mal se importava.