Lá estava eu novamente na rota um após alguns dias. Se existir essa coisa de destino, ele parece estar querendo me manter no eixo Pallet-Viridian por um bom tempo. O clima, porém, estava diferente desde a última vez que estive aqui. O dia estava nublado, fazia frio e o único barulho que eu ouvia era o restolhar das folhas causado pelo vento. Era finalzinho da tarde, mas, no céu, já era possível se observar a lua; branca, apática, aguardando o cair da noite para enfim aparecer com todo seu esplendor.

Andei por algum tempo na estrada de areia que leva a minha cidade natal, sem pretensão de chegar até lá. Aparentemente, tudo estava em ordem, nenhum pokémon ferido, como a enfermeira Joy presumiu. Espero que ela também esteja certa sobre a presença de Gastlys por aqui, pois seria muito interessante topar com algum. Olhei para os lados e voltei a procurá-los.

Já estava caminhando há quase uma hora sem encontrar nada por aquela rota. Havia anoitecido e já considerava voltar para Viridian quando algo me fez parar. Senti uma certa pressão sobre minha cabeça e logo em seguida algo frio tocando meu rosto, como se fosse um dedo. Engoli em seco enquanto uma gota de suor frio escorria pela minha testa. Seria um pokémon?

– O-olá? – Tentei puxar assunto, sem fazer muitos movimentos.

Lentamente, saquei a pokédex do bolso, apontando-a para minha cabeça logo em seguida.

A pokédex me informou que se tratava de um Abra, um pokémon psíquico de Kanto. Mas o que será que ele queria? Pelo que tinha conhecimento, Abras não eram muito sociáveis. Guardei o aparelho no bolso e só então olhei para frente, percebendo a presença de alguns pokémons daquela rota caídos no solo.

Seria isso que o Abra queria me mostrar? Preocupado, foquei minhas atenções nos monstrinhos machucados, perguntando-me se eles teriam sido envenenados ou estavam apenas fatigados. Foi então que senti algo puxar minha orelha, direcionando minha cabeça para o alto.

Uma esfera negra rodeada por uma espécie de gás fantasmagórico flutuava alguns metros à minha frente. Sim, era um Gastly. A primeira vez que via um na vida, agora entendia porque eram tão temidos pelas pessoas. Teria sido ele o motivo de tantos pokémons machucados? Se sim, havia motivos para se preocupar, pois o mesmo era também do tipo venenoso.

– Hey, Gastly. – Falei, tentando chamar a sua atenção. – Parece que você gosta de uma batalha, certo?

Peguei uma pokéball que estava no meu bolso, aquela que preparei para esse encontro. Estava tão concentrado no pokémon fantasma que não havia percebido que o pokémon psíquico desapareceu. Agora sua aparição fazia sentido, já que Abras geralmente são grandes rivais dos Gastlys.

– Vá, Violeta. – Joguei a pokéball da pokémon gasosa no ar, liberando-a. Ela encarou o adversário com alegria, girando e exalando alguns gases. – Conto com você nessa.

O Gastly não se intimidou com a minha presença. Assim que viu a Violeta já tratou de atacá-la com o Lick. Por um momento fiquei com pena de minha pokémon, ser lambido por um fantasma não deveria ser uma sensação muito boa.

– Violeta, ataque com o assurance. – Disse. Por sorte, na última luta que tivemos, a animada Koffing aprendeu essa técnica. – Duas vezes!

Enquanto isso, examinei um Rattata que estava desmaiado próximo a mim. Pelo tamanho deveria ser um bebê e não apresentava sinais de envenenamento. Talvez aquele Gastly que lutava com minha pokémon ainda não tivesse algum movimento desse tipo.

Foi após o movimento de Gastly que me dei conta que muitos daqueles pokémons feridos estavam, na verdade, dormindo. Era o efeito do Hypnosis do fantasma. Esse golpe poderia causar sérios problemas a Violeta se a alcançasse; o melhor seria arranjar um meio de prevenção.

– Use o smokescreen para atrapalhar a visão dele para só então atacá-lo com o assurance. – Expliquei.

Aquele Gastly me parecia ser apenas um bebê assustado, e por isso esteve atacando tantos pokémons.