10@ Em busca dos Stunkys!

Era pouco mais de meio dia quando Vincent resolveu fazer uma boquinha. Estava um pouco longe do Centro Pokémon e só pretendia retornar para lá no final do dia, assim optou por um desses lanches na rua. Enquanto dividia um sanduíche com o seu Croagunk em um banco da praça, ouviu uma conversa que lhe chamou atenção. Um jovem conversava com uma garota sobre um encontro que teve na rota 03 que acarretou no envenenamento de seu Marill. O curioso da história era que o tal envenenamento teria sido causado por um Stunky selvagem.

Vincent pensou em se intrometer na conversa, mas sua timidez o impediu. Dessa forma, assistiu o jovem se afastar com a garota em seu canto. Croagunk estava alheio à tudo, observando fixamente uma fonte que havia no centro da pracinha. Decidido a investigar, o monotreinador de pokémon venenoso se levantou e começou a marchar rumo a rota que tanto explorou no dia anterior.


Tudo estava como ontem, exceto pelo céu que agora apresentava um aspecto acinzentado, dando a impressão de final de tarde. Vincent caminhava pela rota ao lado do pokémon lutador buscando por algum sinal de Stunky. Não sabia se a história era verdadeira, mas se existir realmente algum desses pokémons por ali, ele, como treinador do tipo venenoso, teria que encontrar uma.

Vincent procurou e procurou por algum tempo, mas nada de encontrar qualquer sinal de Stunky. Estava começando a achar que a história que ouviu não era verdadeira quando avistou uma árvore solitária no meio do caminho. Percebeu um ninho entre seus galhos e, antes que pudesse pensar qualquer coisa, sentiu algo passar por sua cabeça, obrigando-o a se abaixar e fazendo com que o mesmo quase derrubasse o ovo.

Era um Spearow, o terror das rotas iniciais. Sabia que mais cedo ou mais tarde um desses iria atravessar o seu caminho, só não esperava que fosse ali, na rota de número 03, tão distante de Pallet onde os relatos de treinadores atacados por grupos dessas aves eram frequentes. Olhou para o seu pokémon lutador, para se certificar se o mesmo estava bem, e deu de cara com o pokémon parado no mesmo lugar, olhando para a ave com a mesma cara de sempre. Era um pokémon voador, mas isso parecia não amedrontar o seu parceiro.

– Você está bem, Croagunk? – Perguntou, mas o pokémon sequer o olhou. – Acho que não é uma boa para você, certo? Ele me parece bem forte e irritado.

O mono-treinador sabia que aquele pokémon dificilmente o deixaria em paz e o perseguiria pela rota incansavelmente. Como estava protegendo um ovo, não poderia se dar ao luxo de sair por aí em uma fuga arriscada, então o que lhe restava era tranqüilizar a besta. Mas Croagunk não era a melhor opção em seu time, nem a doce Venonat que tirara do storage recentemente. Na verdade, um Spearow era a pior encrenca que poderia aparecer em seu caminho.

– Terei que contar com você novamente... – Falava sozinho enquanto vasculhava sua mochila. – Vá, Tentacool. – Jogou a esfera bicolor do pokémon aquático pro alto, liberando-o no campo. – Acalme esse Spearow com uma rajada de Poison Sting!

E assim fez sua escolha, optando pelo uso do seu igualmente frio e anti-social Tentacool. A postura de Croagunk também ajudou na sua escolha, já que o pokémon anfíbio não demonstrou nenhum interesse em lutar contra ave.

O Poison Sting tinha acertado em cheio o pokémon selvagem, que agora sofria com o veneno que lhe corroía por dentro. Apesar disso, não se deixava abater e seguia firme na sua aparente tentativa de afastar os invasores de perto do seu ninho.

– Acho que irá chover em breve... – Comentou o treinador com o pokémon que não participava da batalha. Este olhou para cima com um olhar esperançoso, dando a entender que as tempestades não o assustam. – Muito bem, Tentacool. – o rapaz voltou sua concentração para o pokémon aquático. – Agora espere que ele venha em sua direção e contra-ataque com o Ice Beam, assim como treinamos ontem. Ele é rápido e voa, tornando-se um alvo complicado, mas eu confio em você. Depois reforce o dano usando o Acid!

Tentacool sabe boas técnicas, o que o torna um dos pokémons mais fortes de Vincent. No dia anterior, nessa mesma rota, o pokémon aquático passou a tarde treinando o domínio do Ice Beam, obtendo resultados satisfatórios. O treinador se orgulhava do seu parceiro e estava confiante em uma vitória; é com ele que pretende desafiar o líder do ginásio de Pewter.

Tentacool quase não se movia em campo, isso graças a sua estrutura. Sustenta-se através de dois tentáculos que funcionam bem melhor em ambientes aquáticos. A ave, por sua vez, tinha uma grande área ao seu favor, movendo-se maravilhosamente bem e dificultando as investidas do pokémon venenoso. Mesmo assim, era ela quem demonstrava estar mais cansada em campo.

– Excelente, Tentacool. Agora uma tarefa mais difícil: peço para que se concentre em mirar alguma asa do Spearow e acertá-la com o Ice Beam. Assim, você pode deter o voo do mesmo e torná-lo mais vulnerável. Feito isso, use o Acid para completar o ataque.– Ordenou o treinador bem pausadamente, tentando ao máximo se fazer entender pelo seu parceiro em luta.

Vincent chegava a sentir pena da ave. Havia escolhido seguir carreira como mono-treinador do tipo venenoso mais por identificação ao tipo que costuma ser tão negligenciado por treinadores, ficando a mercê de rockets e etc. Porém, admitia que o estilo de luta desses pokémons é brutal e, às vezes, devastador. Vendo o estrago que o veneno causava no Spearow, entendia o fascínio que vilões tinham em usar essas pobres criaturas para o mal.

Mas não era hora para pensar nesse tipo de coisa. Apesar do pokémon venenoso está soberano em campo, a ave ainda resistia e continuava oferecendo perigo. Estava na hora de finalizar aquilo de uma vez por todas.

– Tentacool, falta pouco. Vamos tentar algo mais simples, use o Poison Sting para nocauteá-lo. Se o mesmo resistir, utilize o mesmo golpe outra vez.

O treinador sabia que o Poison Sting era uma técnica mais leve e fácil de se controlar. O Tentacool provavelmente não enfrentaria problemas em acertar a ave, ainda mais no estado de cansaço que ela se encontra.