Botando o pé na estrada...

Caminhamos por um tempo relativamente longo até encontrar o lago que restabeleceria Magikarp. Delicadamente coloquei-o na água, imediatamente ele afundou e permaneceu submerso.

Estávamos todos preocupados, e por um momento pensei que tudo tinha sido em vão. Tite estava abatida e quase aos prantos pela sorte do pokemon.

Houve um grande movimento na água e Magikarp saltou para fora num belo salto, que faria inveja a vários atletas.

Ficamos muito felizes por ele ter se recuperado e Tite enxugou as lágrimas com sua vine whip. Magikarp parecia extremamente grato pelo que fizemos. Ele queria que eu o seguisse a nado para me mostra algo.

Para isso precisaria deixar minha mochila em algum lugar por perto. Olhei para meus pokemon, sei que poderia confiar neles. Tomei minha decisão e informei:

- Vou seguir esse Magikarp a nado para ver o que ele quer me mostrar. Preciso que vocês tomem conta das minhas coisas até o meu retorno.

Eles não gostaram muito a principio, principalmente Tite de quem nunca me separei desde que a recebi do professor Carvalho. Expliquei que isso era necessário e que eu retornaria em breve. Tite fez cara feia e foi se juntar ao grupo que estava próximo a uma árvore onde deixei minha mochila.

Fui para onde magikarp estava e entrei na água para segui-lo. Parecia estupido sair assim só com um  pokemon que para outros poderia ser considerado fraco, mas eu sabia que no interior daquele magikarp, a força de um gerador atômico estava adormecida.

A sensação de entrar na água fria quase me fez desistir, mas aos poucos fui me acostumando com a temperatura da água e me senti confortável dentro dela.  

Magikarp nadava logo a frente em um ritmo que eu poderia acompanhar. Nadamos por um bom tempo até que ela me indicou uma caverna subterrânea.

Entramos por sua abertura seguindo em linha reta. Era um pouco apertado mas com espaço suficiente para eu passar. Ainda bem que eu não tinha problemas em ficar em locais fechados. A uma certa distancia eu consegui ver luz.


Esse era o único caminho, e ao chegar lá encontrei uma linda caverna subterrânea. Essa caverna não constava dos mapas e acredito que ninguém esteve no local ainda.

Era não parecia muito grande, tinha algumas plantas que tornavam o ar respirável, mas parecia não haver nenhum pokemon.    

Nesse ponto Magikarp retornou junto de meus pokemon para informa-los como eu estava. Senti-me um pouco desconfortável por estar em um local desconhecido e sem meus pokemon.  Resolvi aproveitar a oportunidade para conhecer melhor o local, a caverna não possuía bifurcações, então seria difícil me perder.

Observando bem a caverna notei que havia iluminação artificial, e um estranho aparelho voltado para as plantas ali presente. Tudo indicava que a caverna já havia visto pessoas e elas mantinham o local bem estruturado. Havia um  sistema de iluminação eficiente, sistema de manutenção do ar  e das plantas possibilitando que elas vivessem nesse ambiente em que todas as suas necessidades eram supridas.

Estar ali poderia ser bem perigoso. Poderia encontrar quem construiu esse sistema. Seriam eles amistosos?

Me passou pela cabeça que essa instalação poderia ser da equipe rocket e neste caso  eu estava em sérios apuros. Sozinha, sem pokemon e neste caso, o nome de meus pais não poderia me salvar. Era encrenca em dobro.

Não adiantava ficar ali parada pensando no que poderia ser. Continuei caminhando  naquele corredor e logo encontrei uma bifurcação.  

Era uma decisão difícil. Um corredor escuro sem nenhuma iluminação que terminava aparentemente em um lugar mais escuro ainda. E um corredor artificialmente iluminado, com mais algumas plantas e máquinas que terminava em uma porta de ferro e uma alavanca.

Essa situação me lembrou alguns filmes que assisti, normalmente o herói escolhe a rota iluminada e sofre com isso. O lógico seria pegar o túnel escuro, nele eu correria menos risco, aparentemente.

Seguindo uma lógica inversa, caminhei até a porta de ferro e puxei a alavanca.

Assim que puxei a alavanca, a porta de ferro se abriu e ela deu passagem para um quarto pequeno e mobiliado de maneira simples mas eficiente. Havia uma cama, um armário, um baú aberto, mas sem conteúdo em seu interior. Uma pilha de livros chamou minha atenção e um computador.

O computador executava algum programa especifico,  era muito provável que ele controlasse o sistema que operava esse lugar. No momento em sua tela aparecia uma sequencia de fotos de plantas. As mesmas plantas que havia nesse local.

Não tive muito tempo para avaliar o que ocorria, quando ouvi passos em minha direção. Acredito que a pessoa que se aproximava não ia gostar nem um pouco em me encontrar aqui. Precisava me esconder em algum lugar até encontrar uma oportunidade de sair daqui.

Havia duas possibilidades, o baú e embaixo da cama. Os dois eram tentadores, mas no baú eu ficaria encurralada e existia a possibilidade de ficar presa nele. O que restou foi me esconder embaixo da cama. A coberta me esconderia e poderia sair dali com mais facilidade.

Correndo contra o tempo, me enfiei debaixo da cama e puxei a coberta para me esconder, esperando não fazer  algum barulho que me denunciasse.

Me senti uma criança novamente, escondida embaixo da cama porque fez algo que não devia. Não podia ver nada de onde estava, só podia usar minha audição.

Os passos foram se aproximando e por fim o dono deles estava naquela sala. Aparentemente não achou nada diferente, nem reparou na porta aberta. Parecia estar preocupado com outra coisa, ou achava bem improvável alguém chegar até ali.

Permaneci imóvel embaixo da cama ouvindo uma voz masculina conversar com algo ou alguém, pois não havia resposta, poderia mesmo estar falando sozinho.

E aconteceu o que sempre acontecia quando era criança. Fui descoberta.

Primeiro surgiu um imã sob a coberta e eu sabia que estava perdida. Um magnemite havia me encontrado, ele se assustou comigo e fugiu. Logo ouvi a porta sendo fechada e a coberta sendo retirada.

Um cientista e seu pokemon estavam a minha frente. Ele me indagava sobre o que estava fazendo aqui.

Fiquei mais vermelha que uma berry madura. Estava extremamente envergonhada e procurava uma maneira de me expressar sobre estar ali. Acredito que a verdade era melhor opção.

- Meu nome é Lilian sou aspirante de criação, estou realizando uma tarefa para o professor Barney na rota quatro. Isso contudo não explica o fato de eu estar aqui. Quando executava minha tarefa, ajudei um magikarp que me trouxe até aqui.

Sei que não deveria ter investigado o lugar, mas fiquei curiosa com a instalação e as plantas aqui existentes. Sinto muito por isso. Espero que me perdoe.