#005.5 - Dois tempos

Ao passo que seguia sua parceira voadora através daqueles campos, o garoto começava a se preocupar pelo fato de terem ido parar em um local desconhecido e totalmente isolado, já que por mais que andasse, não conseguia avistar nada que indicasse algum tipo de vida. Contudo, para sua felicidade, após alguns minutos acabara por avistar uma cabana e um cercado, onde algumas criaturas felpudas viviam.

De imediato a tal visão, Raiko não deixara de se sentir animado ao imaginar que quem quer que fosse que morasse ali e cuidasse daquelas criaturas poderia lhe ajudar a descobrir onde estava e, quem sabe, dizer como poderia voltar a Aztlán. Assim, o jovem continuara a correr para tal local ainda envolto de suas úmidas roupas, passando a chamar Cameron para ficar próxima a ele.

Estando próximo ao cercado e a observar as ovelhas, percebendo de vez que nunca havia visto criaturinhas como aquelas, tivera o leve pressentimento de que não havia ninguém por ali naquele momento. Entretanto, tomado ainda pela esperança de conseguir informações o mais rápido possível, seguira em direção a porta, batendo nela a espera de que alguém a abrisse a qualquer momento.

Contudo, caso ninguém houvesse aberto a porta, o de cabelos verdes tornaria sua atenção para o cercado, dessa vez estando com a borboleta em seus braços e a afagá-la, para observar melhor aquelas criaturas e obter informações sobre elas através de sua enciclopédia eletrônica. Após isso, encostaria suas costas no cercado e sentaria no chão, passando a afagar a inseto em seu colo.

- Onde será que viemos parar, hein? – Murmurara um tanto apreensivo.

Como de costume, o garoto ouvira atentamente as informações que seu aparelho lhe apresentava, porém não deixara de demonstrar surpresa quando estranhamente a enciclopédia apresentara informações de outra criatura que até então não havia percebido naquele cercado, um pequeno carneiro por entre as ovelhas.

Contudo, não tivera muito tempo para observa-lo mais e saber o porquê dele ser o único naquele cercado, já que de repente um senhor, que aparentava ser o dono daquele local, chegara perguntando para ele quem era e o que fazia ali.

- Me chamo Raiko, senhor. – Dissera de maneira rápida e um tanto surpresa pela aparição inesperada do homem. – Bom, talvez o senhor não acredite em mim, mas...

Então, um tanto preocupado do homem não acreditar em sua história, o jovem fizera um rápido resumo do que acontecera do momento em que saiu do Centro Pokémon de Aztlán até chegar em frente aquela cabana, tratando de exibir muitos detalhes para parecer convincente.

-... Então é isso. – Finalizara enquanto fitava o senhor. – Poderia me dizer onde estamos? E, por favor, se o senhor souber, como podemos voltar para Aztlán?

Talvez não tenha sido de se estranhar, ao menos para ele, quando o garoto produzira uma face de espanto ao escutar que estava em um local que nunca ouvira falar na vida e que definitivamente não se encontrava em Hoenn, mas em Kalos mais precisamente. Assim, o jovem fora tomado por seus pensamentos enquanto passara a segurar mais firme sua parceira em seus braços.

- Como assim Kalos? – Murmurara.

Então, de repente, sua atenção fora chamada pelo senhor que estava ali, que agia com surpresa ao descobrir que a criatura bode estava em meio ao seu rebanho, pedindo ao jovem de cabelos verdes que o ajudasse a tira-lo dali. Entretanto, para desgosto do rapaz, o senhor partira na frente tentando espantar tal criatura, deixando-a irritada e pronta para atacar.

- Calma! Não precisa fazer isso. Deixa que eu, assim como o senhor pediu, tento tira-lo daí calmamente, certo? – Dissera para o homem enquanto soltava a borboleta, deixando-a livre para voar. – Cameron, fique por perto, okay? E se algo der errado, use o Sleep Powder para tentar fazê-lo dormir.

Ditas essas palavras, sem muito pensar, o garoto retirara sua mochila das costas e tratara de procurar rapidamente uma fruta azulada em sua mochila enquanto adentrava no cercado, deixando-a no chão logo após encontrar a Oran e passando a andar na direção do carneiro com as mãos para o alto, como se tentasse demonstrar a ele que não queria lhe fazer mal algum.

- Calma, Skiddo... Ninguém vai lhe fazer nada de ruim, certo? Só queremos que você vá para fora do cercado, nada demais. – Tentara dizer com a voz calma enquanto estendia a fruta para a criatura. – Você não quer uma Oran Berry? Vem cá que eu te dou. Essa tá bem docinha.

Caso o Pokémon se interessasse pela fruta, o garoto passaria a dar calmos passos para trás em direção à saída do cercado, procurando atraí-lo para fora, não deixando de entrega-lo se saíssem dali. Entretanto, não tinha certeza alguma de que seu plano fosse dar certo, tanto pela forma impulsiva com a qual ele fora feito quanto pelo fato do gramíneo parecer irritado, mas agora, que já estava em prática, só restava torcer para que desse certo.

Felizmente o pequeno bode havia concordado em procurar por frutas em companhia do garoto, fazendo-o sorrir e imaginar se não demoraria muito em terminar aquele favor para o senhor, para então começar a tentar encontrar por pistas que o levassem de volta para Hoenn. Assim, seguiu com sua parceira e o gramíneo ao seu lado, não tardando a deixar que seus olhos fossem de encontro a algumas árvores, o que de imediato o fazia supor se não haveria frutas ali.

- Ali! – Anunciara o garoto para as criaturas. – Talvez tenha alguma naquelas árvores.

Então, sem apresentar delongas, o garoto começou a andar na direção delas enquanto forçava a visão na tentativa de ver algo mais naquele espaço.