Capítulo 4 - Metamorfose [Tielo]

Capítulo 4 - Rota 102

Tielo continuava seguindo seu ritmo, apoiando suas mãos levemente sobre os cascos que a Pokédex lhe indicavam como Silcoons. Pelo que a maioria indicavam, eram Cascoons. Isso o fez refletir um pouco, talvez estivesse enganados pela personalidades dos Wurmples, a maioria tinham personalidades referentes à Cascoons e Dustoxs...

A Pokédex auxiliava muito, porém não era muito segura. A voz robótica que o aparelho emitia poderia causar ruídos e sons exagerados para o ambiente, e isso poderia ser perigoso. Era a primeira vez que o jovem utilizava este equipamento após ganhá-lo. Então, não sabia muito configurá-lo. Tentou rapidamente mexer em opções para ver se conseguia achar algum volume. Porém era melhor deixar o equipamento de lado. Usava apenas a luz da imagem como lanterna. Caso o casulo iluminado fosse roxo, partiria para a próxima. Se fosse branco, tentaria verificar vida dentro dele da mesma forma.

— Ei...! - Sussurrou. - Melhor reforçar seu Sing. - Para Tielo era melhor eles adormecidos do que acordados. Apesar de esclarecidamente não querer fazer mal algum aos Pokémons, os mesmos talvez não tivessem o discernimento sobre isso, portanto se assustariam com um individuo doido tocando-lhes sem sua permissão.

Apesar do Sing ser um ótimo movimento, o bardo reforçou o movimento do Pokémon, com uma cantiga vagarosa e que acalmasse não só os Pokémons, como a si mesmo também.

— Bem no fundo da campina... Sobre o salgueiro... Uma cama de grama... Um macio travesseiro...  Deite a cabeça, e feche os olhos... E quando se abrirem o sol já estará nos prados... - Respirou fundo e continuou. - Aqui é seguro, aqui é um abrigo... Aqui as margaridas lhe protegem de todo o perigo... Aqui seus sonhos são doces e amanhã serão lei... Aqui é o local onde eu sempre lhe amarei... - Cantou em um tom suave, como uma cantiga de ninar.

Esperaria funcionar, pois suas opções de enxergar e conquistar um Pokémon estavam cada vez mais escassas.

"Eu adoro ouvir esse treinador cantando, mas no entanto não posso deixar que esse Sing me afete. Quero ficar acordado para contar história. O treinador seguiu tocando os casulos, e até agora só encontrara casulos vazios e outro Cascoon em sono."
_ Silcoon, o Pokémon casulo. Silcoons dedicam-se a grudar-se com seda em lugares altos para não cair, normalmente em pequenos buracos nos troncos das árvores. Este Pokémon está preparado para suportar a fome e não consumir nada durante o período de metamorfose. Ele acalma sua sede bebendo o orvalho que acumula em sua seda.
"Dá-lhe ela com esse som novamente. Isso indica que ela encontrou um Silcoon bem atrás do treinador... Olha, é mesmo. Três casulos brancos de olhar sereno aqui ao topo. Mas não sei dizer qual deles é um Pokémon vivo."

Capítulo 4 - Rota 102

Finalmente, a Pokédex havia indicado um casulo como o Silcoon. Finalmente. Procurou entre os três bastantes parecido, e colocaria sua mão, suavemente sobre ele, enquanto ainda fazia sua cantiga. Analisou temperatura, movimentos interiores de músculos ou batimentos. Alguma contração que dissesse que havia vida ali dentro.

Entre os três aquele que houvesse algum sinal de vida, o primeiro que fosse. O jovem retiraria de maneira suave as sedas impregnada no local e em volto dele que o prendessem à arvore, e sairia da clareira. Devagar e sem movimentos bruscos.

Se conseguisse, iria para um local mais afastado e bem iluminado para poder tentar uma captura ou se necessário, uma batalha.

"O primeiro que Tielo consegue tocar ele percebe ser um verdadeiro Silcoon pelo calor que ele emitia. Porém se observar o Silcoon do lado direito percebe-se que este está acordado, e só o observa. Um tanto assustador. O rapaz tem em suas mãos um casulo adormecido e do lado um acordado. Seria mais sábio levar qual?"

Capítulo 4 - Rota 102

Observou o calor do primeiro Pokémon. Certamente havia vida dentro daquele casco. Porém, o segundo apenas o observava. Aliás, ele estava acordado. Por que estaria acordado? O Sing falhou para ele? E porque ele não atacou? Emaranhou-o em seda, ou atingiu-lhe com um golpe comum entre os insetos venenosos?

Será que ele observa à quanto tempo? Era tantas as dúvidas. Colocou sua mão sobre este mesmo Silcoon, e sentiu as mesmas coisas que o primeiro, que apenas adormecia.

Optou então por levar o segundo, afinal, se não tinha atacado, provavelmente era porque seria amigável, ou apenas estava se precavendo de encrenca. Talvez fosse a escolha mais sábia...

"Tielo resolve que levar o segundo Silcoon seria a melhor escolha, mas... Ao puxar aquele casulo ele percebe que ele está grudado como queijo derretido no seu colega vizinho. Por mais que o treinador puxa, esse Pokémon lança um novo String Shot no companheiro. Será que são irmãos ou amantes? O quanto isso abala o emocional do treinador?"

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O jovem percebe que a seda fina era bastante grudenta, e que o Pokémon se recusaria à desistir de ficar com seu parceiro.

Aquilo soava um tanto misterioso e confuso para o garoto. Seria por medo, agarrou-se ao vizinho para manter-se no local.

Assustou-se ao ver a agulha passando de um lado para o outro e rapidamente largou o Pokémon no mesmo local. Talvez ambos os Pokémons, houvessem algum laço afetivo. Isso destruiria completamente os planos de Tielo, jamais separaria uma família, muito menos amantes. Era um trovador, sabia desses sentimentos mais do que ninguém. O desprendimento deveria ser voluntário e partido unicamente das partes.

Sentiu-se um pouco amargurado e culpado de suas ações. Mas não tinha o que fazer. Largou o casulo ali, com um aperto no peito. Estava quase perto.

- Me desculpe. Não vi que vocês eram parceiros. - Cochichou. - Cuidem bem um do outro... - O jeito era continuar a caçada, no mesmo ritmo, e na mesma sequencia.

"Tielo era uma pessoa de bom coração. Deixar que ambos Pokémons ficassem juntos e ao mesmo tempo abandonar suas ambições era algo bonito de se assistir. Seria uma pena a mãe natureza não recompensar alguém assim.
Quando estávamos prestes a partir, o treinador percebeu que seu braço estava preso em algo. Ao olhar para trás um pedaço de seda estava grudado na mangá de sua camisa. Era o terceiro casco que ele não havia tocado ainda. Por ironia do destino aquele pequeno se emocionou com o que o humano tinha realizado.
O Pokémon então começou a brilhar intensamente, até rachar a sólida esfera de seda e se libertar como seu colorido par de asas. A evolução de Beautifly iluminou todo o local, e deixava para trás um rastro de esporos brilhantes, voando por um caminho entre os galhos vagarosamente. Parecia um convite para que o treinar o seguisse."

Capítulo 4 - Rota 102

Por ironia, Tielo não havia verificado o terceiro casulo. Estava definitivamente decidido a abandonar o local e seguir seu caminho para a próxima cidade. Acreditava de que se não havia acontecido, talvez não fosse o momento, uma hora iria conseguir. Só não iria se por entre seus conceitos por puro luxo e ganancia.

A evolução havia iluminado todo o local. Por um momento, deslumbrou-se com a paisagem que via. Não era mórbido, mas não era alegre. Era praticamente um templo. Visto com bons olhos, o local era uma passagem, onde deixava-se o passado para trás, para reinar como um Pokémon forte pelo mundo. Era incrível e ao mesmo tempo chocante de uma maneira angustiante.

A pequena borboleta compadeceu das emoções de Tielo, e ficara muito feliz com isso. Conseguia cativar não só humanos mas como Pokémons, apesar de que esses seriam mais fáceis. O Pokémon atraiu Tielo para fora do local, como se o chamasse. Ficou um pouco desconcertado, mas foi. Tinha a esperança de que este Pokémon levasse-o à um Silcoon, afinal, queria ter a experiencia de treinar todos os Pokémons, e não pularia a etapa evolutiva de Beautifly. Apesar de ser bem peculiar, era o seu desejo.

"Passando pelo caminho estreito de troncos e galhos, o rapaz finalmente encontra uma saída e a claridade forte do Sol sobre a planície que era a rota em questão. Beautifly o esperava do lado de fora, experimentando suas novas asas. O Pokémon borboleta chega bem pertinho do rapaz, e fica ali parada no ar, como se tivesse dizendo: 'qual o seu desejo?'. "