De repente... em Hoenn?

Não sou o tipo de garota que gosta de ficar quieta. Para ser sincera, sou tagarela até demais. No entanto, ao ver aquele majestoso Aerodactyl, admito que esqueci-me de como formar frases coerentes.

De repente, era como se tudo mais parecesse secundário. Caos no museu? Uhum. Homens desconhecidos roubando fósseis? Legal. O fato de eu estar sendo praticamente arrastada para uma perseguição potencialmente perigosa? Maravilha. Afinal, o que era aquilo tudo em comparação ao Pokémon pré-histórico que acabara de se materializar na minha frente?

- Uau... - Foi tudo que consegui dizer enquanto o cientista me puxava para a garupa do Aerodactyl. Nunca na minha vida pensei que teria a chance de ver um daqueles vivo, muito menos voar em um! Era como um sonho virando realidade, eu mal conseguia acreditar que aquilo realmente estava acontecendo.

Quando o pterossauro rochoso alçou voo, por um instante pensei que seria lançada para longe. Mesmo sendo feito de pedra, como ele era rápido! Em pouco tempo já conseguíamos ver um jipe, onde provavelmente estavam os ladrões que o cientista procurava.

- Ahn? Nome? - Repeti, ainda estava tão hipnotizada pela grandeza do Aerodactyl que tive dificuldades em compreender o que o cientista havia dito. - Ah, é Ingred.

Milhões de perguntas poderiam estar se passando na minha cabeça naquela situação. O que está acontecendo? Quem é você? Quem são eles? Por que roubaram os fósseis? Se você tem um Aerodactyl, por que vai precisar da ajuda de uma criança de dez anos?

No entanto, naquele momento, só uma delas me pareceu importante:

- Se eu virar uma cientista, vou ter um desses também?

Àquela altura, eu já estava me sentindo dentro de um filme. A sensação do vento cumprimentando meu rosto, bagunçando meus cabelos, era algo que eu nunca tinha experimentado: a liberdade em sua forma mais pura. Aquilo rapidamente se alastrou dentro de mim, a ponto de qualquer preocupação pelo que acontecia ser esquecida.

Infelizmente, não durou muito: logo os ladrões conseguiram se esconder e tivemos que continuar o caminho a pé. Deixei um "awn..." decepcionado escapar quando precisei descer das costas do Aerodactyl. Embora eu soubesse que provavelmente nunca mais teria chance de montar em um desses, decidi que precisava experimentar mais vezes o sentimento que aquele voo tinha causado em mim. Aquela liberdade... era viciante...

- Uhn... eu não estou vendo nada... - Respondi automaticamente a resposta do cientista, sem nem ao menos ter olhado direito ao redor. Só depois de ter proferido aquelas palavras me dei o trabalho de observar com mais atenção o ambiente que nos cercava.

Como já havia anoitecido, estava tudo muito escuro, era difícil enxergar. Cerrei de leve meus olhos, mas não passou de uma tentativa falha de ver alguma coisa fora do comum ou alguém. Ao que tudo indicava, estávamos apenas eu e o pesquisador ali... todavia... por que eu me sentia como se cada um dos meus passos estivesse sendo vigiado?

- Não gosto do escuro... - Resmunguei enquanto liberava o único Pokémon que estava comigo no momento. Charmander tomou forma em poucos instantes, bradando um entusiasmado "char!". Notei que ela encarava Lars e seu dinossauro rochoso com curiosidade, devia estar se perguntando quem eles eram. - Charmander, pode iluminar o caminho? Eu quero saber se tem alguém espionando a gente.