Em busca dos Meltans

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A ambulância aproximou-se rapidamente e não parecia dar muita bola para o que se passava no pátio além de atender os feridos. Os dois Rangers encontravam-se desacordados próximos do próprio veículo e um a um foram carregados para dentro da ambulância em uma maca. Uma para cada... A única interação com a dupla de treinadores foi quando o serviço estava concluído e isso interrompeu o disparo da arma de Clark, assim como a conversa de Gaulvi. Primeiro um silêncio fez-se, mas Clark tratou de falar alguma coisa, dispensando os paramédicos  – Eram os únicos, obrigado pela rapidez! – Disse o homem, acenando alegremente para os profissionais da saída, que saíram de lá com a sirene ligada.

Em seguida, foi a vez de Gaulvi conseguir falar com o seu colega de serviço, explicando que conhecia uma amiga no Museu de Slateport e que ela poderia dar uma força para eles, retirando esse peso de seus ombros. Clark riu com o que o garoto falou, disparando a rede na direção das criaturas antes mesmo de responder – Ah, adoraria não ter que trabalhar, mas temos... Nosso chefe quer esses danadinhos no Pátio Lateral e devemos ser os últimos a chegar lá, todos já foram. – Confirmou o funcionário, pegando a ponta da rede e apoiando nas próprias costas, enquanto arrastava pelo chão os metálicos ainda desacordados. Enquanto isso, Vendrome tentava usar Heal Pulse, mas não conseguia lançar o movimento sobre si mesmo e por isso, falhou. Entretanto, Apolo devorou a fruta oferecida por Gaulvi sem cerimônias...

Gaulvi precisaria decidir o que faria quanto ao seu colega de trabalho e a forma que lidava com os Meltan. Ele estava seguindo ordens de seu superior e eles possuíam uma missão clara e objetiva de reunir todo e qualquer Meltan encontrado no tal Pátio Lateral. Clark até mesmo arrastou a rede com os três lendários por um certo espaço, mas parou novamente e olhou para trás com uma expressão de dúvida – E então, rapaz? Vai me ajudar com isso aqui ou não? Já estou meio velho e não vou conseguir levar a tempo... – Resmingou o homem, mas sorrindo um pouco depois, após passar o braço pela testa para limar o suor. Diante disso, o que Gaulvi faria a respeito? Aceitaria a ideia de seu mais novo colega ou faria o que achava mais correto para a situação? ◄

>> Vendrome esqueceu Double Team e aprendeu
Draining Kiss!

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Apesar de quase poder sentir que havia algo de muito estranho em tudo isso, Gaulvi resolveu ouvir as palavras de Clark e ajudá-lo no serviço, afinal o treinador havia sido contratado pela empresa também e talvez ganhasse algo com isso se concluísse o trabalho da melhor forma possível. A missão aliás, era bem simples, levar os Meltan facilmente vencidos até um Pátio Lateral e para isso o rapaz apenas pediu que Vendrome e Apolo servissem de guarda-costas dele e dos Meltans, isso é claro, depois de recuperar a energia do Kirlia com uma Potion.  – Eu esperava mais desses pestinhas, são bem resistentes, mas contra um tipo fogo não tiveram qualquer chance. De qualquer modo, eles tem meu respeito – Desabafava o funcionário, fazendo uma certa força para levantar o trio de lendários enquanto caminhava.

A dupla de treinadores e os Pokémon desacordados são levados para depois da "esquina" atrás do prédio anexo, local em que o Processo Seletivo foi realizado. Assim que viraram, Gaulvi pôde ver uma cena no mínimo curiosa, onde vários Meltan estavam amontoados uns sobre os outros no meio de uma área de concreto. Haviam muitos funcionários, a maioria seguranças contratados como o próprio Gaulvi havia sido. Eles adicionavam mais Meltans a pilha e outros funcionários, com as mesmas vestes de Clark, faziam a contabilidade das criaturinhas e conversavam animadamente uns com os outros sobre tudo o que estavam fazendo – Parece que o plano deu certo mesmo! Próximo passo é descobrir para onde vamos enviar esses pequenos. Mas isso é um nível acima né? Primeiro eles devem capturá-los e depois orientá-los para os alvos primários. Vai ser uma loucura! – Comentava uma mulher, com olhos cinzentos e cabelo azulado.

Assim que os funcionários notaram a chegada de Gaulvi e Clark, pararam o que falavam e apenas sorriram, indicando o lugar onde deveriam deixar os três novos Meltan – E aí Clark? Quem é seu estagiário? Só coloquem eles na pilha e podem ir buscar mais, foi a orientação do chefe. Não pode sobrar um ou o plano todo vai por água abaixo. Parece que nem chegaram ao depósito. O esquema de segurança foi caro, perigoso, mas funcionou. Ponto para Isabelle! – Comentou um rapaz, ao lado da menina que havia falado anteriormente. Clark parecia cansado e respirou profundamente antes de tomar a palavra – Sempre confiei na companhia. Isso tudo é um plano genial! Em pensar que os donos da companhia de ferro e aço pareciam tão humildes, mas são um poço de inteligência. Mas ó, quando o Chefe chegar me chama, quero ver o que ele vai fazer com essas coisinhas! – Finalizou Clark, virando-se para Gaulvi e esperando que os dois retornassem para o resto do complexo em busca de mais Meltans. O que o treinador faria a respeito?  ◄

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Gaulvi não sentia algo bom no ar, principalmente quando comentaram em voz alta sobre a palavra "alvo". Ao ouvir isso o treinador ficou com um pé atrás sobre o destino dos Meltan, poderia não ser nada, mas as chances eram grande de seu instinto estar correto. Aparentemente os funcionários não pareceriam compreender por completo os objetivos daquilo tudo, mas talvez o rapaz conseguisse arrancar alguma informação importante mesmo assim numa conversa descontraída com seu novo colega. Para tal, aproveitou-se do cansaço do Senhor Clark, para dar uma desculpa por uma pausa no trabalho e assim, questioná-lo sobre pontos importantes de toda essa "missão".

– Vamos, vamos sim. Já passou da hora de te deixar a par de tudo, não é? – Dizia o senhor Clark, tossindo mais algumas vezes e dando dois tapinhas nas costas de Gaulvi, chamando-o para ir até um prédio menor e mais próximo daquele espaço. Essa nova construção era a menor de todas, com uma parede inteiramente em vidro na região frontal e uma porta automática. Não devia ter mais do que dois andares, sendo um deles apenas um mezanino para o amplo espaço térreo. Ao adentrarem, o local mostrou-se ser um grande refeitório, bem limpo e agradável, com ar condicionado no ambiente todo. Clark aproximou-se de uma máquina, apertou uns botões e tirou uma garrafa de água, seguindo para uma mesa vazia – Se quiser, aperte um dos botões da máquina e tire algo para você beber também: tem Fresh Water, Soda Pop ou Lemonade – Comentou o homem, afastando-se e sentando em uma das mesas ao seu aguardo.

Assim que você decidir o que fazer e também sentar-se, ele revelaria o que sabe sobre a empresa – Por partes, certo? Primeiro devo dizer que é para ficar frio, eu trabalho aqui há 30 anos e conheço o dono, sua família e tudo mais. São moradores antigos aqui de Rustboro! Os negócios da Companhia são basicamente a prospecção, armazenamento e transporte de ferro e aço, bruto ou não. É uma das Companhias mais antigas que fazem isso por aqui em Hoenn, com exceção de outra em Mountrock, mas essa é milenar... – Ele diz de uma forma bem agitada, gesticulando bastante e dando de ombros ao falar da concorrente, mas com um certo desprezo e incômodo no olhar.

– O que acontece é que o Chefe anda desconfiando de uns ataques que sofremos... A polícia e os Rangers não puderam fazer muita coisa e ele resolveu se defender sozinho. Foi aí que os Meltan surgiram e veio a ideia de usá-los, já que teríamos que batalhar com eles para defender nossos estoques. Parece que o plano era capturá-los aos montes e enviá-los com as escoltas de nossas entregas para comer os veículos e armas dos ladrões de carga sem muita batalha, isso resolveria fácil nossos problemas e sem perdas! – Completou o homem, explicando tudo o que sabia. Era um plano realmente... curioso. Haveriam muitas formas de resolver esse problema sem necessitar de tantos Lendários, mas para Clark ao menos, um funcionário antigo, era uma forma sensata de ver a situação. O que Gaulvi faria a respeito? ◄

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Aderindo à sugestão de Clark, Gaulvi aproximou-se da máquina de refrigerante e apertou três vezes seguidas o botão da Lemonade. Apesar disso, apenas uma latinha caiu pelo compartimento, fazendo um barulho de algo rolando. Possivelmente porque havia uma certa "trava" de quantidade disponível para os funcionários. O rapaz ofereceu o conteúdo para seu Pokémon mais debilitado, Vendrome, que bebeu com bastante rapidez o conteúdo, refrescando-se e recuperando uma boa quantidade de energia. Em seguida, acompanhou o colega de trabalho até uma das mesas, sentando-se e ouvindo o que ele tinha a dizer.

Depois de escutar atentamente os planos da Companhia, Gaulvi resolveu dar uma opinião sobre o assunto, dizendo que entendia a situação deles, mas que tinha uma opção muito melhor do que simplesmente mandar Pokémon razoavelmente fracos para o combate, comentando também sobre os The Wolves, sua própria Sociedade - dado que manteve em sigilo por enquanto. Ele até sugeriu que o Chefe de Clark poderia conversar com um membro da Sociedade sobre isso, fazendo o funcionário refletir sobre o assunto. Um ponto positivo no meio desta confusão toda... Entretanto, antes de responder qualquer coisa, um garoto de óculos, magricela e aparentemente tímido e desconfiado passou por trás do homem carregando uma bandeja e acabou roubando sua atenção.

– Doug! Ha ha ha! Quanto tempo! Você está sumido rapaz! Sente-se aqui conosco! – Comentou o homem ao jovem. Este tal Doug até tentou sair de perto, assumindo uma expressão assustada com a intervenção de Clark, balbuciando alguma desculpa que ninguém conseguia ouvir, mas desistiu ao ser puxado pelo braço pelo homem, sentando-se também logo ao lado dele e de frente para Gaulvi – Rapaz, esse aqui é o Doug. Ele é nosso funcionário de T.I.! Andou fazendo uns trabalhos diretamente para o Chefe e sumiu, tá até mais magro menino! – Dizia Clark de uma forma espaçosa, como sua personalidade. Como esperado, Doug não respondeu, apenas tentou esboçar um sorriso e o funcionário aproveitou para metralhar mais uma fala

– Fala então com esse seu conhecido aí! Eu vou marcar um horário com o próprio Chefe... Vou pedir para a Isa! Conversem entre vocês enquanto isso... Doug sabe mais do que eu sobre a parte inteligente do plano. Até mais! – E com isso, o colega de trabalho de Gaulvi levantou-se em um salto, saindo do refeitório e deixando Doug e o treinador sozinhos. O jovem de T.I. esboçou um novo meio-sorriso para o rapaz e depois "enfiou" novamente a cabeça dentro da bandeja e prato de comida. Ele não era muito aberto a conversas, mas talvez com jeito ele se expressasse um pouco e assim Gaulvi descobriria mais coisas acerca do plano da Companhia. O que o treinador faria diante disso? ◄

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Diante da timidez e introspecção de Doug era esperado que uma conversa com ele à sós fosse quase impossível. Entretanto, Gaulvi esforçou-se para conquistar o rapaz, tentando falar sobre algo que ele possivelmente se interessaria. O treinador então lançou um apelido no ar, dizendo que era chamado de Silver, iniciando uma conversa sobre placas de vídeo e fazendo o seu melhor, diante de suas limitações. Doug não parecia tão empolgado assim na conversa, mas olhou por alguns segundos para Gaulvi e sorriu de forma um pouco mais sincera, indicando que estava realmente prestando atenção no que o rapaz falava. Este foi o momento perfeito para o treinador tocar no assunto do "plano da companhia", além de citar a The Wolves e um possível encontro com o dono.

Assim que Gaulvi entrou nesse assunto, principalmente quando tocou na palavra roubo, era notável que Doug sentiu-se desconfortável, fazendo uma espécie de careta típica de quem achou estranho o que ouviu – Roubo...? – Questionou bem baixinho o jovem, assumindo em seguida uma expressão de descontentamento – Isso tem que parar... Os Meltans... Não aguento mais... – Dizia ele cautelosamente, quase sem mexer os lábios, observando o tempo todo se havia alguma câmera apontada para ele. Seja lá o que havia por ali, parece que Gaulvi finalmente havia achado um elo fraco na Companhia que fosse capaz de colocar tudo para fora, se bem orientado. Seu único problema era a timidez e o medo. Se o treinador quisesse realmente saber mais, teria que deixar o garoto mais a vontade, talvez em um novo ambiente. O que Gaulvi faria diante dessa situação? ◄