4 - Petalburg

Tudo normal por aqui!

Merle finalmente havia chegado em Petalburg e era agraciado pelo seu clima agradável e um belo odor de "verde", graças à proximidade da cidade com a grande Floresta que também levava seu nome. Petalburg era uma verdadeira mesclagem entre o bucólico e o moderno, dividindo-se facilmente em regiões. Mais ao Leste, bairros rurais e de moradia humilde, ainda em processo de urbanização. Caminhando em direção ao Oeste encontrava-se logo de cara o Centro, o lugar mais movimentado e moderno da cidade, com altas construções cromadas e cobertas de janelas espaçosas de vidro. É uma das partes mais importantes de Petalburg, por isso foi a primeira a conhecer o futuro em suas tecnologias e investimentos. Por fim, havia o Oeste, composto pelo recém-construído Porto da Cidade, onde antes havia apenas alguns pequenos casebres de pescadores sobre a areia da praia.

Merle se encontrava ainda no extremo Leste, numa rua bastante arborizada e repleta de casas simples, inteiramente de madeira e que transmitiam uma sensação bucólica ao treinador. O rapaz, acompanhado agora de sua Illumise, resolveu então usar uma das técnicas de sua Pokémon inseto, o Sweet Scent para assim, atrair a atenção de algum Pokémon nas redondezas para perto e facilitar uma possível batalha e captura. Illumise tratou de obedecer seu treinador com prontidão e agitou suas pequenas asinhas, liberando uma onda de um perfume agradabilíssimo, que competia fortemente com o odor já agradável da floresta. Era até notável uma nuvem bastante transparente e carregada de brilhos etéreos espalhando-se a partir da Pokémon, sendo carreado pela leve brisa que sacudia a copa das árvores e finalmente invadindo o quintal das casas próximas.

Por alguns segundos o movimento não parecia fazer qualquer efeito, mas em pouquíssimo tempo, uma enxurrada de sons como grunhidos e latidos começaram a vir de todos os cantos daquela ruela, por todos os lados. Não era fácil identificar a quem pertencia, pois pertenciam a muitas criaturas, mas era sabido que em poucos segundos muitos Pokémon chegariam ali, talvez nem todos selvagens. O que Merle faria então? Permaneceria firme ou tentaria abrigar-se da fúria "fofa" das criaturinhas atraídas pelo olfato? ◄

Tudo normal por aqui!

Depois de ter ordenado o movimento adocicado de Illumise, Merle começou a pensar se tinha sido uma boa ideia realmente, principalmente pela grande quantidade de rosnados e grunhidos. Ele não estava acostumado com um local tão próximo do rural, mesmo que fosse uma cidade relativamente grande. Seu tempo em Lillycove haviam lhe "acostumado mal" ao movimento intenso da cidade e a falta de Pokémon selvagens. Felizmente, a Pokémon inseto tinha um instinto bastante afetuoso e lhe acalmou, voando nas proximidades de seu rosto para trazer paz ao treinador.

Entretanto, não havia tempo para descanso ali, em pouco tempo os sons de Pokémon revelaram-se criaturinhas diversas, quase todas do tipo normal. Para a sorte de Merle eles eram todos de treinadores, estando ou encoleirados como criaturinhas domésticas ou simplesmente afastados do treinador por uma cerca viva ou de madeira, que encerrava os jardins daquelas residências não muito grandiosas. Havia um Linoone gigantesco com as duas patas em no topo de uma das cercas, "latindo" para Illumise e também para o rapaz, mas não demonstrando muita hostilidade. Um Zigzagoon cheirando o solo e estragando a grama na casa ao lado e um bando de Poochyenas filhotes, saltitando uns sobre os outros em uma brincadeira descontraída, além de outras criaturas que não estavam a vista do rapaz.

Quando a situação pareceu resolvida contudo, algo esbarrou com tudo sobre Merle, derrubando-o no chão e assustando sua Pokémon, seguido de um grito feminino de espanto e muitos pedidos de desculpa – Desculpa, desculpa, desculpa! Ai que vergoooonha! – Dizia ela, com as mãos em sua boca. A garota vestia-se de forma bem simples. Uma blusa rosa bastante confortável e uma saia longa, branca com estampa de margaridas e seus caules esverdeados. A sua frente, um Growlithe, o responsável por derrubar Merle e que agora tentava desesperadamente lamber o rosto do garoto, enquanto era puxado pela sua treinadora – Está tudo bem? Podemos ir para o Centro Pokémon se você se machucou. Eu não sei o que houve com ele, simplesmente saiu correndo até você igual um louco lá do final da rua! – Detalhou a menina, claramente envergonhada. O que Merle faria diante disso tudo? ◄

Tudo normal por aqui!

Enquanto Merle surpreendia-se com a bela presença de um Pokémon de fogo, Illumise parecia mais preocupada em evitá-lo, subindo nos ombros do rapaz para manter-se em segurança. O importante é que toda a confusão havia sido apenas momentânea e aos poucos tudo voltava ao normal, até mesmo os Pokémon da vizinhança acalmavam-se com a dispersão da fragrância atraente da Pokémon inseto. Diante da preocupação da menina, o rapaz tratou logo de acalmá-la, não responsabilizando-a pelo ocorrido, além de se apresentar e aproveitar a oportunidade para questioná-la sobre dicas interessantes para novatos na cidade.

– Prazer Merle! Meu nome é Kátia e desculpe-me novamente... Bem, sobre dicas? Eu também sou uma novata, então não sou a melhor guia turística. Entretanto, meu pai mora aqui em Petaluburg e por acaso, conheço algumas coisas legais. – Disse a garota, afastando-se um pouco já que o garoto conseguiu levantar. Ela trazia consigo Growlithe e o acariciava na cabeça, enquanto conversava – O que você mais gosta de fazer? Eu tentarei te levar para algum lugar legal e posso ver se ajudo, mas aqui nessa região residencial não vamos achar nada mesmo. A diversão é maior no Centro, próximo do Ginásio e tudo mais. O que me diz? – Questionou Kátia, explicando melhor sobre a dinâmica da cidade e sobre os pontos mais badalados dela. Diante disso, o que Merle decidiria? ◄

Tudo normal por aqui!

Kátia havia oferecido ajuda para Merle e o rapaz prontamente aceitou, não sem antes questioná-la sobre seu objetivo por ali: encontrar Pokémon. O rapaz perguntou se encontraria alguma criatura como Growlithe pelo centro, o que fez a garota rir levemente. Merle também começou a caminhar em direção ao Oeste enquanto conversavam e a treinadora o seguiu, enquanto explicava o que sabia sobre Petalburg e seus Pokémon – Não, infelizmente Growlithes são mais comuns em Kanto e Johto, que estão alagadas agora... Fico pensando nisso sempre... Será que os Pokémon conseguiram se salvar?  – Comentava Kátia, fechando um pouco sua expressão ao lembrar o ocorrido nas duas regiões. Growlithe notava sua tristeza e enquanto caminhava fazia umas carícias com a cabeça em sua perna.

– O que encontramos muito nas cidades são Taillow, assim como em todas, eu acho... Eles adoram fazer ninhos nas árvores, então você só precisa dar uma sacudida nelas para que saiam. Geralmente em bandos...  – Comentou a treinadora, sorrindo para seu companheiro Pokémon que assumiu a liderança da caminhada, enquanto observava tudo ao seu redor com curiosidade. – Tem também Pokémon elétricos, mas eles se escondem nos esgotos geralmente, porque conseguem roubar energia dos fios enterrados, sabe? Lá também tem alguns venenosos, tipo Grimer. Só não deve ser fácil achar eles, pois se escondem bem fundo! – Continuou explicando Kátia, até ser interrompida por seu Pokémon de fogo, que apontava para um local e rosnava fortemente.

Há alguns metros dali, numa esquina ainda da área residencial, havia um garoto muito bem vestido e com um cabelo penteado de forma impecável jogado no chão. Ele era acompanhado por um Combee que tentava defendê-lo e parecia estar sendo hostilizado por alguns outros garotos que formavam uma rodinha ao seu redor. Kátia, ao ver aquela cena, deixou Merle para trás e partiu em disparada na direção dos garotos, sem dizer uma palavra sequer. Growlithe a seguia e parecia disposto a entrar em um combate se fosse necessário. Diante dessa situação, o que Merle faria? Será que era uma boa se meter em uma confusão dessas ou era melhor esperar para ver como a menina se sairia nessa investida? O que ele faria afinal? ◄

Tudo normal por aqui!

Diante da explicação dada por Kátia, Merle pareceu não se preocupar em capturar voadores, mas interessou-se pelos supostos Pokémon elétricos que haviam por ali, mesmo não tendo dito nada para confirmar isso. Guardando essa possibilidade para si, ele seguiu a menina e seu Growlithe pelas ruas da Área Residencial até que Kátia o abandonou de supetão. Seu destino? Uma confusão que acontecia ali perto entre alguns garotos parrudos e um outro magricela e bem arrumado, que parecia ser a vítima da situação. Merle ainda pensou bem se deveria ou não se meter e, indo contra o que parecia mais lógico, acabou correndo também na direção que a garota seguiu, mas ainda sem se inserir totalmente no meio daquela suposta briga. Uma decisão sensata...

 – Por que não procuram alguém do seu tamanho, seus brutamontes?  – Dizia Kátia, pegando uma pedrinha minúscula no chão e tacando na cabeça do rapaz mais alto, que possuía mais ou menos a mesma estatura que ela. Growlithe vinha logo atrás, mostrando os dentes e rosnando, enquanto pequenas labaredas escapavam por entre suas presas e seus pelos se eriçavam. Era evidente que aquela minúscula pedra não havia causado mais do que uma cócega na nuca do garoto, mas havia sido o suficiente para tirá-lo do sério. Ele virou-se na direção de Kátia com os olhos brilhando de ódio e a fulminou de tal forma, que a menina inevitavelmente recuou alguns passos enquanto ele bradava para ela – Você já era, colega!  – Gritou o garoto, segurando uma Pokéball.

Merle, que chegava logo atrás da menina, vislumbrou toda a cena, inclusive a parte em que Growlithe entendia o risco que sua treinadora sofria e saltou com força, mordendo a mão inteira do garoto, inclusive com sua Pokébola junto. O brutamontes passou imediatamente de um bad boy para um bebê chorão, gritando e correndo, arrastando o canídeo de fogo pela calçada. Era o momento perfeito para Kátia segurar o braço do garoto hostilizado e tentar puxá-lo dali, mas outros dois meninos encrenqueiros começaram a puxar ele do outro lado, fazendo um verdadeiro cabo de guerra humano. Diante dessa situação, o que Merle faria? ◄