#Extra [Teatro] - A Guerra de Naipes

    Wallace aproximou-se daquele estranho mosaico central, curioso e intrigado. Aquilo poderia significar muitas coisas, mas nenhuma delas faziam sentido, como evidenciado em voz alta pelo personagem. Até que o piso abriu-se para dentro, com um baque alto, deixando um vão aberto no chão. E dali, saíra um mecha em versão felina, cujo controlador era também um gato. Não apenas um gato qualquer, mas ele, o Gato de Cheshire, que tinha ido até lá apenas para procurar diversão. Pelo visto, acabara encontrando muito mais do que esperava, o que talvez não tenha sido muito bom, levando em consideração o estado caótico em que aparentemente encontrava-se.
    Wallace não sabia o que dizer, assustado. Embora estivesse com certo temor de ver mais um amigo-inimigo, ele também estava feliz por saber que o felino estava vivo, não tão bem, mas vivo. Parecia que entrariam em mais uma batalha, contra mais um rosto já conhecido. O aristocrático garoto estava claramente frustrado com o fato, como ele demonstrara muito bem por meio de suas falas. Não havia muito o que fazer, além de expressar o desagrado, portanto, o garoto logo sacou seu pokémon.

    — Guerreiro armado, precisarei mais uma vez de tua força, tua ajuda! Uses Copycat, em sequência, seguindo os movimentos de nossa ágil aliada! O primeiro no mamífero corneado, já o segundo, em Relicanth também! — dissera, para Hokori, que saía mais uma vez da Poké Ball. Ele usaria os movimentos Anzu, que era mais rápida que o tal. Ren também instigara-se em relação ao pokémon que aparentemente era Bouffalant, uma espécie não muito comum na região. Parecia ser forte e brutal, mas quem saberia do quanto seria capaz nessa batalha?

    — Mercenário. Que chamemos o robô, para enfrentarmos meu antigo aliado! Uma batalha mecânica, para recuperar a sanidade e a glória! DAZZLING KITTY AIM!!! — exclamara para Suitless, mostrando sua intenção de combate. O Gato de Cheshire estava dentro de um mecha também, então não corria muitos riscos de machucar-se no processo. E algo dizia para Ren que essa batalha não seria tão simples quanto a outra. Bem, o tal quisera fazer algo diferente, e tentara utilizar um golpe felídeo também, com as tecnológicas armas. Restava-lhe ver no que aquilo resultaria.

       O mecha controlado pelos dois rapazes estava munido agora com gatinhos brilhantes, que quicavam furiosamente no robô de características felinas, incomodando muito. A cada vez que os gatinhos acertavam o alvo, miavam alto, brilhando ainda mais, para então cair. Cheshire Mecha colocava os punhos na frente, esperando uma brecha para avançar, coisa que não demorou muito. Enquanto os treinadores trocavam golpes e tiros, os pokémon também estavam concentrados em sua própria batalha.
   Hokori copiava os movimentos da aliada, procurando imitar cada passo, até mesmo esfregando suas bochechas, procurando encontrar a tal eletricidade. A luta parecia ir bem, até que o mímico caiu, desmaiado com um só golpe, logo após de lançar sua rápida esfera elétrica. Isso foi motivo de desespero para Ren. Era... Era a primeira vez que Hokori desmaiava... Fora o garoto inconsequente demais? Por que diabos ele forçara tanto seu expressivo companheiro?! Lágrimas agora caíam de seus olhos, mesmo que ele tentasse não transparecer. Ren realmente estava muito triste, e irritado consigo mesmo. Deveria ter pensado mais, protegido mais, feito mais. Agora havia perdido Hokori, mesmo que apenas temporariamente... Aproveitando todo esse sentimentalismo, o garoto voltou a interpretar, expressando sua dor e confusão, perdê-lo já era suficientemente agonizante, agora, perder para um antigo aliado...

     — Companheira... Precisarei de tua ajuda... Vamos destruir aqueles que nos machucaram! — tentava falar, mesmo que sem forças, lágrimas a escorrer por seu rosto. Ele havia sacado a Poké Ball de Dandara, que ainda não havia atuado. — Por favor... Usaremos Rollout, aproveitando o dano acumulativo. — ele disse, lembrando-se dos momentos em que usaram o movimento com Nise e seu Bonsly. Por tocar no assunto, seria a primeira vez, desde aquele dia, em que a aquática procuraria "atuar". Mesmo que não fosse o forte dela, Ren confiava em seu potencial e na força de vontade da pokémon.

     A pequena Marill finalmente entrara em cena, após tanto tempo parada. Entretanto, seu adversário não era um dos mais agradáveis de se lidar com. Após girar, usando seu movimento rochoso, a aquática recebera em cheio a investida elétrica que o búfalo inferira. Ela conseguira ficar de pé ainda, mas ja muito enfraquecida. Isso entristecia Ren. E se Dandara também acabasse por desmaiar? Seria ele um treinador tão péssimo assim? Ele segurou para não chorar novamente, tinha que ser forte pelo personagem e o teatro, pelos seus pokémon, por si mesmo.

     — Minha querida, aguentes firme! Continues desse jeito, sei que pode! Não temas, estou aqui ao teu lado... — dizia agora, em uma mistura de Wallace, Ren, treinador e sabe-se lá o que mais. Ele estava muito chateado agora, mas não havia muito o que fazer.

    — Você... Lamento gatinho, mas as coisas não serão desse jeito. Suitless, ajude-me! Seguiremos sem piedade, FURIOUS SHATTERING PUNCH!!!

     É, mais um turno daquela desgastante batalha. Não fora muito longa ou coisa do tipo, mas afetara negativamente o mono treinador, com a rápida derrota de Hokori, e o forte golpe que quase levara Dandara em um instante também. A aquática dava seu máximo, mesmo que enfraquecida, girando teimosamente ao atacar o búfalo. Até que... O grande bovino, com um bater de patas, ele derrubara ambos os pokémon adversários, e até mesmo fizera uma rachadura no palco, a qual os treinadores precisaram pular para desviar.
   E... Dandara se fora também. Não podia ser possível. Não. Não. Não! Não... Pois bem. As lágrimas eram inevitáveis, mesmo que sendo motivo de risada para alguns na plateia. Poderiam rir, mas não importava. O rapaz realmente estava triste e magoado, e pequenos comentários ou aparentes sinais não poderiam influenciá-lo. Ele era mais que aquilo, ele aguentava. Então expressou sua dor, pura e real, pela perda de consciência vinda de seus pokémon. Era sensato o garoto sentir-se de tal maneira, uma vez que era realmente a primeira vez em que os monstrinhos de Ren acabavam por encontrar-se nesse estado. Ele estava arrasado, e mal conseguia ajudar Ryousuke a movimentar o mecha. Assim sendo, ele fragilmente sacou sua última Poké Ball, que continha Ísis, e a jogou em campo.

  — Ísis... Ajudes-me a acabar com isso de uma vez por todas... Uses o Fairy Wind repetidamente, e tomes cuidado! Não quero que nada de mal te aconteça... — a pequenina saíra da esfera calma e límpida, procurando o motivo de sua convocação. Um tumor foi visto ao ver que ainda estava na presença de muitas pessoas, mas logo a Flabébé focou nas ordens. Wallace deixou o restante nas mãos de Suitless, uma vez que estava incapaz de fazer muito.