[Missão de Sub-Classe] Reciclagem com Rebeka

Por Arceus! Que vergonha. Fuchiquei as informações do celular do menino sem querer! Ainda bem que ele não se importou e ainda respondeu gentilmente minha questão.

— Isso! Esses mesmo. Será que eles entregam se comprar pela internet? Não gosto muito de viajar. Fui recentemente para Celadon com meu filho, mas é estranho estar longe de… casa.

A palavra casa de repente já não tinha o mesmo significado, mas não era tempo de ficar questionando essas coisas. Goldenrod foi nosso lar por um longo tempo e era difícil mover raízes, mas eram novos tempos e mudanças eram necessárias. Ao menos acreditava que sim.

Com Rebeka explicando a primeira parte do processo, Jackie me acompanhava na fila para que pudéssemos conhecer o casal cujos cuidados ficariam a nosso cargo. Me sentia ansiosa. Eufórica! Tudo era uma novidade pela forma como estava acontecendo, apesar de um dia já ter passado por tudo isso. Em nossa vez, recebemos um Mantine e um Swanna. Matthew ficaria contente em ver que eram dois Water-Type, o tipo favorito de Joseph.

Enquanto nos preparamos para limpar o criadouro que usaríamos, conferia os cartões com as fichas de cada pokémon para entender melhor o tipo de ambiente que seria propício para o relacionamento funcionar.

— Como Mantine é a fêmea, teremos um Egg de Mantyke. Vejo que não vai ser um problema para o acasalamento se o macho for agressivo, teria se a fêmea que fosse a territorialista, mas se o Swanna não gostar dela por estar no “território” dele isso pode nos prejudicar! - Comentava com Chan ao ler as fichas. - O que acha que devemos fazer com esse Swanna?

Pensaria, tanto na sugestão de Jackie quanto em outra proposta enquanto a faxina era realizada no interior do criadouro, afinal, ninguém gosta de motelzinho sujo!

— Eu tenho um Ditto que pode se transformar num Swanna e tentar conquistar de mentirinha a Mantine. Isso pode ferir o Ego do macho e criar uma disputa pela fêmea, como numa batalha de dança!

Era uma ideia divertida. No fim seria como criar um espaço para um ritual de acasalamento onde o melhor macho conquista a fêmea com sua dança.

Enquanto isso, Matte ainda meditava ao som de Bob Farley e marijuana.

Já sabia o que pediria pro meu bebê de presente de chá de panelas pra casa nova! Aqueles incensos pareciam uma aquisição muito tecnológica e útil nos dias de hoje, no entanto, pra tarefa atual não parecia necessário recorrer a outros artifícios, apenas conquistar o básico: que dois pokémon do mesmo agrupamento acasalarem e gerassem um ovo!

— Muito bom Jackie! Acho que vai ser perfeito porque o ego dele de ter vencido vai estar inflado e com o incenso ele vai relaxar e se entregar pro amor como prêmio de vitória.

Não dava para forçar o amor, mas pelo menos você podia facilitar o clima pro amor acontecer. E com amor, quero dizer… afogar o ganso.

— Ditto, querido, quero te apresentar meu colega de classe, Jackie Chan. - A geleca azulada rebolava de alegria em conhecer um colega. - Temos um trabalho pra você. Vamos criar um cenário de batalha de dança onde o prêmio será o coração de uma Mantine. Você vai assumir a forma de um Swanna e fazer uma dança de acasalamento, disputando com o Swanna real, mas no final você deve perder porque o objetivo é fazer com que o Swanna se esforce pra conquistar a Mantine.

Parecia algo bem simples. Chegar lá, dançar meio bobo pra conquistar a atenção da Mantine e ferir o orgulho do Swanna e depois perder numa disputa de dança.

— Só tem um porém querido.. Se ele ficar violento e te agredir, não responda com violência. Mostre classe e continue dançando, mantendo a transformação. Acha que podemos começar?

Com o criadouro limpo, Jackie bem posicionado com o incenso e Ditto pronto pra assumir o papel do Ricardão, só restava que todos confirmassem para que eu chamasse Mantine e Swanna para fora das pokebolas.

Matte só queria paz e a marola tava ajudando. Era difícil ser um ninja sem clã bem definido, já que Janine não fazia ideia que Matte recuperou as memórias do intensivo com o Grão-Mestre.

Acompanhar a privacidade de alguém era tão errado, mas tão viciante. Talvez por isso pessoas desocupadas amam reality shows.De qualquer forma estávamos acompanhando pela ciência! ...Ou algo do gênero.

Aconteceu que foi tudo bem, mas Ditto SIMPLESMENTE ESQUECEU DE PERDER A RINHA DE DANÇA! Quem acabou se cansando foi o Swanna, que ficou violento, mas ao invés de derrotar o metamorfo… Mantine impedia que continuassem!

Tinha que impedir aquilo. DITTO ERA ESTÉREO! Não deu tempo de explicar a Chan, só tive que encontrar uma brecha pra me comunicar com ele.

— Pssiu! Querido! Começa a ser levemente agressivo com a Mantine, mas sem machucá-la. Isso deve chamar atenção do Swanna pra defender ela!

O esperado era que ele entendesse o plano B. Depois voltaria para explicar a Jackie o que foi aquilo.

— Acho que assim o Swanna vai tentar defender a fêmea, bancando o herói. Vamos torcer… Caso contrário vamos tirar zero por ter acabado com o romance entre os dois...

Ta, poderia ter sido dramática? Sim. Mas sem nenhum afeto aqueles dois não seriam compatíveis nunca.

Justo quando estava ficando bom, tivemos que encerrar o acompanhamento. Oras! Ao menos Ditto tinha feito um ótimo trabalho. Abraçava o coitadinho que não gostou de agir como um brigão. Ainda bem que criei bem minhas crianças.

Com o desafio do dia concluído, nos restava apenas ir para casa e aguardar. Acontecia que Goldenrod ficava muito distante para retornar na manhã seguinte e ainda não tinha o certificado para dar entrada no terreno em Ecruteak. Teríamos então que passar a noite no restaurante que Matthew gerenciava. Não era nada demais, mas ao menos não incomodava ninguém, mesmo sendo muito fofo de Chan se preocupar conosco.

— Aceito o jantar, pode ser legal, mas não precisamos de um lugar para passar a noite. Temos alguns quartos no centro da cidade, mas obrigado pela preocupação Jackie. Só vou chamar meu filhote e podemos ir.

Matte não tinha muito progresso com Matthew. Thito não se envolvia, mesmo estando preocupado com o primário. Talvez ainda era necessário mais alguns dias de retiro naquele lugar especial e seguro no ponto mais íntimo de nosso ser.

Pachirisu e Dedenne estavam de volta (com algum item brabo, espero). Mamãe parecia pronta para ir, mas por algum motivo ela desejava jantar com o coleguinha de classe…….

MATTE
“Tudo tem um limite. Eu não vou.”

THITO
“Eu posso assumir”

Sendo assim, o coordenador sorriu amistosamente - coisa que o ninja jamais faria - e abraçava a mãe chegando mais perto e revelando que estava ansioso para conhecer o novo coleguinha da mãe. A estranha mudança de humor deixou Mary levemente assustada, mas ela sorriu devolvendo o abraço.

— Estamos de carro. Vamos?

Ditto retornava para a esfera, assim como os pestinhas elétricos. Estava na hora de ir embora, mas na real não iríamos para nossa casa. Isso ainda era meio nebuloso. Casa. Goldenrod sempre foi sinônimo de casa. Estar em outra cidade, mudar de rotina, nada disso parecia com a casa que sempre tive.

Bom, Chan nos convidava para jantar. Seria bom conhecer um colega em sua intimidade e ainda evitar de comer no restaurante que Matthew administrava. Não que a comida fosse ruim, mas… só tinham produtos vegetais.

— Posso dirigir? - Matthew perguntou como se fosse costumeiro, sendo que não me recordava de um dia ele ter pegado no carro… mas, bem, ele aprendeu a pilotar antes mesmo de mim, então não deveria ter tantos problemas.

— Jackie, o cinto - disse, ao entregar a chave pro filhote.

Um erro, mas nada grave acontecia. A caminhonete morreu duas vezes, deu um solavanco no início, mas depois foi tranquilo. Não era difícil passar marcha, apenas encontrar o ponto exato para mudar o pé e acelerar.

Ao trocar os sapatos na entrada, pedia licença ao entrar e levemente um sentimento de arrependimento passou pelo meu peito em aceitar a oferta de Chan sem perguntar se não seria um incômodo aparecer assim, de surpresa! Matthew não tinha esse costume, então não pensei em me colocar no lugar da mãe do menino.

— Não precisa de nenhuma ajuda? Posso colocar a mesa se quiser. - Me candidatava, sem ser chamada, para não dar tanto mais trabalho pra matriarca da casa. - Desculpe por aparecer assim, tão em cima da hora.
Matthew, estranhamente falante, sentava no sofá interagindo com a família. A mudança repentina de humor era um pouco preocupante, mas talvez fosse o jeito dele de mostrar gratidão (mas na verdade é só a personalidade excêntrica, Thito, fazer uma breve aparição).