[Valley of Steel] Bullet Punch

Suponho que Ayzen tenha subido até o topo do monte para encontrar as garotas. Por isso, vamos tratar os diálogos com a proximidade entre os personagens e um pouco de sussurros, para que não chamassem atenção dos objetos de observação lá adiante.

- Não parecem Pokémon capturados, até onde consigo associar ao que conheço. Mas, de certa forma pode justificar porque não estamos vendo os selvagens circulando pelo vale livremente, como deveria ser. - deveria mesmo, já que relatórios prévios apontavam que esse o padrão registrado no banco de dados Ranger, mas que havia se modificado desde os relatórios dos que estiveram ali antes desta equipe agora - Talvez seja uma medida desesperada deles de se protegerem, já que literalmente não tem pra onde fugir... Isso é, que não descubram rotas alternativas, senão podem causar grandes problemas pras cidades vizinhas, como Mountrock. - analisava a moça.

– Uhm... Comandante, o seu drone...?! – estava uma lástima, era um fato.

O objeto abatido tinha algumas hélices tortas e o eixo delas empenado, provavelmente por conta da queda. A câmera ainda parecia boa, sendo feita de um material bem mais apropriado para proteger todo o aparato sofisticado do aparelho.

– Bem, eu posso dar uma olhada nisso quando voltarmos, mas pelo visto não vai conseguir ir longe com ele agora. - concluía a segunda moça.

- Então, senhor, só pra lhe adiantar: estávamos pensando em estratégias pra investigar lá dentro e, bem, não vemos outra opção senão entrar direto. Durante o tempo que estivemos observando, só os Rhydon e aquele Onix pareciam realmente cumprir a função de guarda, enquanto os demais estão meio que circulando pela zona ou se aproveitando da proteção indireta. Por isso pensei que mais uma pessoa aqui fosse ser útil! Pensei que um de nós pode criar uma distração pros guardas, enquanto os outros dois entram na toca dos selvagens; um avança pelo objetivo enquanto o segundo dá cobertura na retaguarda, afinal não sabemos muito como tá lá dentro, né?! Mas, claro, é claro, se o senhor tiver outro plano... Somos toda ouvidos!

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Não era uma estratégia convencional, do tipo que tem lógica já desde a primeira vez que você a ouve/lê. Tanto é que as duas Ranger se entreolharam por alguns instantes, mentalmente questionando se aquilo não seria pior do que o que sugeriram, afinal mandar Swampert à queima roupa para a toca de um inimigo em potencial era ainda mais arriscado do que só criar uma cortina de fumaça e distrair os selvagens. Mas, pronto, também não era como se o Comandante estivesse aberto ao questionamento, impondo assim sua ideia e de imediato já a executando, sem demoras.

– Ok... – a moça deu de ombros, acatando a proposta e já descendo do monte.

Todos fizeram o mesmo em seguida, já vendo Swampert se encaminhar na direção da galera. As Ranger também se posicionavam na retaguarda do líder, deixando que Ayzen tomasse a frente para ordenar as reações. Cada uma já tinha uma pokébola em mãos, como se quisessem ganhar tempo em seus contra-ataques se necessário. Contudo...

Bem, Swampert levou uns minutos, caminhando devagar até chegar próximo aos Rhydon que logo vieram interceptar o aquático antes que se aproximasse mais. Onix se aprumava, em alerta, aproveitando do corpo longo para fazer uma varredura alta das redondezas.

Lá estava Swampert, literalmente um estranho no ninho, visto que essa espécie sequer é conhecida nesta região. Fora isso, sua pele úmida era claramente um convite à algumas daquelas criaturas evitá-lo. Ainda assim, um diálogo ocorria ali entre o Stronda e os guardas, uma comunicação de Pokémon que não dava para ser ouvida, mas uma coisa ou outra era possível de compreender, como quando Swampert claramente se inclinou para trás e esticou um dos longos braços na direção dos Ranger. É... Ninguém pediu para ele ser discreto, pediu?!

Agora, vários olhos eram depositados sobre Ayzen e suas colegas, alguns metros lá atrás. Em instantes os três se viam quase que cercados por Bronzor e Aggron, que mantinham uma distância segura no alto das muralhas e dos montes nos arredores. Swampert chegava a fazer menção de se deitar no chão, como quem diz "podem pensar a vontade, eu espero". Mas os outros não pareciam dispostos a esperar tanto assim.

No fim, Swampert, era ladeado por uma dupla de Nosepass e, juntos, os três rumaram por debaixo do corpo de Onix, para dentro da caverna por onde sumiram...

– Eu, definitivamente, não sei se isso é bom ou ruim. – Sam parecia ansiosa e apreensiva, enquanto Alex olhava para os Pokémon que os cercavam, tentando entender o que acontecia.

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Realmente tudo era tensão pura ali, pois Swampert pareceu de alguma forma bem vindo ao clube, porém o mesmo não podemos dizer dos humanos que eram cercados por todos os lados de Pokémon, além de inúmeros olhos inquisidores que praticamente não se desviavam. Até mesmo a circulação das criaturas que antes entravam e saíam da caverna, agora era momentaneamente interrompida e tudo parecia girar em torno daquela situação.

Com tanta pressão no ar, o tempo também parecia mais esmagador que de costume. Em algum momento a voz de Davi soou nos comunicadores, com a mensagem de confirmação de que tudo permanecia sob controle no acampamento. No entanto, o fato da comunicação ter sido estabelecida era uma forma de marcar a passagem do tempo, que aqui pareceu se estender se arrastando.

– Ali! Parece que ele tá voltando! – exclamava a moça, que até o momento tinha estado de costas para Ayzen e para a outra colega, pois os três Ranger haviam já entrado numa formação em triângulo, um protegendo a retaguarda do outro caso preciso.

Alex anunciava a volta de Swampert, a partir do momento em que Onix levantou o corpo para desobstruir a entrada da caverna. Assim que entrou na luz e no foco, deu para ver que o Pokémon de Ayzen caminhava sobre três patas, pois seu braço direito estava próximo ao corpo uma vez que ele carregava um punhado de... Papéis e tralhas?!

– Yaawwmp... – bocejou preguiçosamente quando se aproximou do seu treinador loiro.

Swampert abriu o braço direito e deixou cair no chão em frente a Ayzen um amontoado de cédulas de dinheiro (total: 500 pk$), umas penas amassadas (3 Muscle Feather) e um par de papéis amarrotados (Weakness Policy). Não é preciso ser um Ranger para compreender a estranheza daqueles itens, uma vez que, com exceção das penas, os demais eram produtos humanos, não da natureza! Mais estranho que isso, só Swampert resmungando um preguiçoso "Yawmp" com a manzorra estendida na direção de Ayzen; os dedos grossos abrindo e fechando...

– Parece que ele quer que dê alguma coisa... – o aquático piscou preguiçoso para a moça, quase como se respondesse um "uhum" com o olhar, depois apontou com a mão livre na direção da caverna e assim ficou: uma mão aberta estendida ao seu treinador, e a outra apontando para a caverna.


*Ps OFF: obviamente os itens citados podem ser pegos, se quiser -q

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– Yaawwmp...?! – o grandão ficava ali parado com olhar de indagação, a mão ainda estendida e "congelada" no ar.

As garotas não questionaram o líder num primeiro momento, arriscando também a tal aproximação que, por alguns metros, foi consentida pelos Pokémon que cercavam a área. Agora, aproximadamente três metros separavam Ayzen e as garotas da dupla de Rhydon que faziam a guarda da caverna. Mas, seria essa dupla rochosa que, com os braços abertos e os chifres apontados para os Rangers, sinalizariam que dali eles não passariam mais. E por falar em "metros"... Mais e mais Pokémon se reuniam na volta do trio, formando um aglomerado de olhares atentos voltados para ele. Entre Pokémon grandes e pequenos, a quantidade certamente não seria possível de contar nas suas seis mãos humanas...

– Swamp-swam! – estava indignado, provando que nem mais de 100 de happiness justificava uma compreensão plena entre treinador e Pokémon ao nível Ash Ketchum.

Swampert vinha se aproximando, abrindo caminho entre a multidão. A Ranger ruiva já começava a expirar e inspirar nervosamente, enquanto a morena respirava fundo e tinha todas suas Pokébolas nas mãos - quem tem cool tem medo :slow:. No fim, Swampert prosseguia seus resmungos, apontando para o interior da caverna, para os bolsos de Ayzen (agora cheios dos espólios trazidos pelo aquático) e terminando com a mão estendida de novo.

– Co-comandante, é só um palpite... Considerando as possibilidades e... A sequência lógica dos fatos e...

– Desembucha, Sam! – exclamava a segunda Ranger, entre os dentes, apreensiva.

– Eles mandaram Swampert trazer itens. Talvez queiram receber itens também. – ela engoliu seco, coçando a lateral da cabeça como um tique para pensar depressa – Deve ser uma permuta, uma oferenda... Pokémon selvagem não tem o que fazer com dinheiro humano. Devem esperar receber algo útil. Só acho...

– Calma aí, galerinha! Olhem só, tô guardando minhas pokébolas. Amigos! Amigos! – Alex realmente colocava suas esferas no bolso, fazendo movimentos bem lentos. Com uma mão ela mexia na bolsa de perna que tinha, a outra mão se mantinha para cima em "rendição" – É melhor evitarmos movimentos bruscos, né?! – murmurou para seus companheiros.

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Funcionou! Quero dizer, parecia que era exatamente aquilo mesmo que Swampert queria, pois acomodou todas as frutas no braço e saiu para dentro da caverna de novo. Sim, eu disse frutas pois o Comandante tinha razão: berry era a coisa mais óbvia que tinham e julgavam útil para qualquer criatura; seja por suas propriedades medicinais, seja pelo sabor.

Enfim, Swampert logo era engolido pela escuridão da caverna, deixando os Ranger para trás. Os selvagens da guarda do lugar afrouxavam o cerco, voltando a relaxar um pouco mais, porém sem sair da volta dos humanos. Aquela espera agoniante faria os minutos se passarem devagar, ou ao menos era o que parecia. Talvez até em poucos instantes Davi iria entrar em contato para falar da situação na base. Contudo, esse momento em si talvez não aconteceria...

Mais atipicamente do que qualquer borra de café errônea, o céu sobre as cabeças dos Rangers se fechava em nuvens pesadas e escuras. Antes mesmo que conseguissem discernir a diferença entre a sombra da montanha e o abafamento do sol, as pesadas gotas de chuva já estariam caindo do alto, jorrando uma chuva que o Valley of Steel raramente via. Os Pokémon que puderam se antecipar e temiam a água logo começaram a se afastar. Só que algo de errado não estava certo!

Tudo aconteceu em questão de segundos. O caos! Estampidos agudos ecoaram de várias direções e logo longas redes de captura tomavam os ares por todos os lados possíveis, caindo sobre as algumas das criaturas aglomeradas. Então tudo virou o caos! Era Pokémon correndo para tudo quanto é lado, fugindo de chuva e das redes, mas muitos deles acabavam ficando presos.

Os Rhydon porteiros urravam de ira e seus instintos apontavam os alvos, também localizados em direções diversas, humanos ocultos em seus uniformes camuflados, com suas minúsculas Ribombee de apoio aéreo que se tornavam quase imperceptíveis na visão turva causada pela chuva. Nenhum deles devidamente notado pois os Rangers ergueram a guarda para os selvagens e as baixaram para os verdadeiros inimigos daquele mapa.

Como bons protetores que eram, os chifrudos se mantiveram firmes na entrada da caverna, enquanto Onix enrolava o próprio corpo como uma cobra que fosse dar o bote, pronto para responder. Rhydon orquestravam a fuga e também a fuga dos selvagens livres, que se dispersavam pela área, fosse para se esconder, fosse para encontrar os adversários e combatê-los. Naquela confusão, era difícil dizer onde estava cada um deles, ou quantos eram... Ah, e quanto aos Ranger?

Sam tinha sido pega por uma rede de captura, bem ali ao lado, e estava emaranhada em fios, Aron, Geodude e toda sorte de Pokémon que tinha sido capturado com ela. Mas a garota ativara seu modo sangue frio e Ayzen poderia vê-la tentando se libertar daquela rede. Alex, por outro lado, teve uma reação mais espontânea e impulsiva. A morena de cabelos curtos já podia ser vista avançando à esquerda de Ayzen, saltando por sobre Pokémon e redes; à frente dela nosso loirinho reconheceria com facilidade a silhueta de um Lucario indo de encontro ao que parecia um Krookodile e um Excadrill.  

Numa visão ampla da cena, em meio a confusão, nosso Ayzen talvez só encontrasse um alvo em potencial que ainda não tinha sido alvejado pelos selvagens afoitos da área. Dois Pokémon estavam estrategicamente posicionados numa rocha relativamente alta, a alguns metros de distância dali. Era uma posição estratégica pois mantinham-se longe da confusão e relativamente seguros, o suficiente para que cumprissem sua função, já que um deles era um Politoed que, com um sorrisinho meio sádico, observava a confusão lá embaixo. Ao lado dele, Jolteon lançava faíscas de estática dos espinhos de seu corpo, e parecia prestes a aumentá-las num nível perigoso...

Isso é, nosso protagonista é loirinho e às vezes demora a compreender certas coisas, mas acho que aqui a matemática do caos (Politoed, chuva) e do perigo (Jolteon, trovões) era relativamente fácil de se fazer, né?! É só uma pena que nessa equação, por enquanto, não tinha um Swampert para resolver boa parte das coisas.

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