Re: [Breaking Illusions] - Limbo -

por **Shianny** Seg Out 13 2014, 12:35

Particularmente, eu não tenho certeza de como se manisfestava cada sentimento naquele embaraço confuso dentro da mente da jovem. Não creio que poderia ser desvendado por quaisquer máquinas ou mesmo pessoas, tão difuso seria o método que findasse aquele gosto amargo no peito. A única coisa que posso garantir é que aquele sorriso, vago e quase insano - se comparado com toda a situação que a levara até o espaço atual - não morreria com tanta facilidade.

Os destroços de uma alma nunca se recuperam de maneira simplória, hm?

- Eeh... Você é algum rei? Oficial? Nabucodonosor? - Um riso vago... Inclinou-se sutilmente na direção do rapaz; Pendeu a cabeça para o lado, os dedos remexendo-se em silêncio. Mnf... - Meu nome? Você não sabe? Awnnn... Não parece tão morto. Está? - E... Avançou alguns poucos passos, os pulsos se esfregando suavemente um contra o outro por dois segundos atrás das costas - Aah, sim, sim, eu acho que não sou daqui mesmo. Mas, uhh, você é importante mesmo? Parece que vai pra uma festa à fantasia. É divertido. Você lembra tanta gente, sabia? - Sacudiu levemente as mãos - Não dá pra existir em dois lugares ao mesmo tempo, não? Eu acho que é. Ou tem mais coisas como essa? É estranho, sabe... - Fitou o espelho espatifado... E um tremor subiu pela espinha da garota; A visão retornou imediatamente ao outro residente de... Bem, sabe-se lá onde - Eu não sei. Eu olhei um círculo e, ka-bum, estava aqui! Esse lugar é tãão solitário... Você gosta de viver assim? Sabe, sabe, não sei se sou só eu quem acha, mas aqui poderia ser um lugar tão interessante pra um exílio. Tem os toques suficientes pra um! - E... Dois passos para o lado oposto ao que os fragmentos prateados se espalhavam ao chão - Mas você, você pode me chamar de Natalie. Ou o que quiser. O que é um nome hoje em dia, nee?... É algo tão fútil! Sempre se pode apenas fazer o que bem entender e quem impedir na maioria das vezes fica pra trás, ué!.. Mas você, você. O que é você, hein?

por **Nerkon** Seg Out 13 2014, 19:42

O rapaz fechou os olhos e passou a respirar fundo por alguns segundos, ciente de que precisaria de bastante paciência para conseguir lidar com alguém no atual estado de Natalie, e quando novamente separou as pálpebras, tornou a focar sua atenção completamente na ruiva. Talvez infelizmente ele ainda permanecia nervoso com as ações da garota, porém não apresentava sinais de desejar partir para qualquer tipo de agressão.

- Meu nome é Gilgamesh. - Ele declarou. Gilgamesh... surpreendentemente, tal nome é bastante antigo, conhecido por alguns por ser o mesmo nome do personagem central da epopeia de Gilgamesh. Talvez Natalie não possuísse consciência de tais lendas, ou talvez sim, porém ela ainda era capaz de discernir o fato de que tal nome não era usado em sua época. Quando ele continuou a falar, ele o fez com um semblante de dúvida, sim, até mesmo seu tom de voz possuía teor influenciado pelas questões possuídas pelo loiro. - Círculo? Você não deveria conseguir entrar nesse lugar a menos que controlasse algum deus, não tem como algo tão simples ter sido a causa de outra pessoa entrar aqui após... tanto tempo. - Ele declarou, virou-se para o lado e começou a fitar uma das extremidades do local, então começou a caminhar ao lado oposto que Natalie estava, como se desejasse evitar contato direto com a garota. - E antes que continue com suas baboseiras, eu sou, ou era, o rei desse lugar. Acontecimentos muito complexos para entendimento de uma plebeia ocorreram cuja consequência foi uma cidade inteira ser sugada e... bem, não há o que falar, do contrário eu desperdiçaria horas explicando. - Após aquelas palavras, ele virou-se para Natalie, dessa vez seu semblante novamente estava a demonstrar a raiva do rapaz. - Nomes não são inúteis. Nomes são quem você é, e quem você se tornou, se um rei recebeu o epíteto de O grande, então é fácil de deduzir que suas ações foram as responsáveis por tal denominação e... esqueça. Você é só uma louca mesmo, não é à toa que conseguiu destruir O espelho, faça como quiser.

Uma pessoa normal provavelmente teria sua curiosidade atiçada pelas declarações do homem, afinal ele parecia de fato viver ali, além de que certamente em momento algum aquele lugar apresentou-se como normal... mas que parte de Natalie era normal naquele momento, né?

por **Shianny** Seg Out 13 2014, 23:49

A ruiva chegou a franzir o cenho e piscar por alguns segundos com as consecutivas declarações... Até que seu próprio corpo optasse por um sorriso sutil de canto. O fato de tentar distanciar-se de maneira curta logo se mostraria inútil, visto que ela fazia o favor de acompanhar silenciosamente os passos do rapaz - cobrindo os sons dos próprios ao sincronizá-los com os opostos. Talvez mais do que deveria, porém, só se aquietou novamente quando o loiro não mais se moveu.

- Soa como algo grande que se mexe. - Pendeu a cabeça para o lado com sutileza. Ok, talvez fosse um trocadilho (?) infame, mas... Unf. - Deuses? Eu duvido que eles existam. Não parecem servir de nada atualmente. - Deu de ombros os dedos se retorcendo uns contra os outros. - Aliás, devia ser um rei bem fraco, já que não pôde evitar a decadência e "afogamento" da cidade. - Cobriu os lábios com um punho cerrado... Suprimiu-os, um sorriso divertido emoldurando-lhe a boca pálida - Espelho? - Caminhou alguns passos à frente; Rodeou-o, os orbes correndo curiosos pelo corpo oculto do que ali se mantinha. Aliás, se ela ainda prestasse atenção, o único cujo diálogo poderia ser considerado com algum fundo lógico... Ou não. - Não sei do que está falando.

por **Nerkon** Qua Out 15 2014, 23:27

A reação de Natalie veio na hora errada, no momento errado e direcionado à pessoa errada. Simplesmente não havia outro comentário mais correto que esse para a situação do local, pois as palavras e gestos da garota serviram apenas para enfurecer o rapaz presente no lugar a tal ponto que ele já não suportava escutar a ruiva.

- Calada! - Ele gritou, ordenando a treinadora enquanto sua face assumia uma feição diferente da de anteriormente. - Não permitirei a você insultar a mim e nem à história de meu povo, irei te fazer pagar agora mesmo. Enkidu!

Em menos de dois segundos após o chamado de "Enkidu", uma criatura saltou de Deus sabe onde e entrou por um dos buracos que existiam mais próximos ao teto do lugar. Sua queda foi grande e o impacto que aconteceu quando ele caiu entre Gilgamesh e Natalie abalou toda a torre e fez a garota recuar para evitar a poeira levantada. Quando o obstáculo visual dissipou-se, ela notou a presença do que na verdade era um Pokémon grande e quadrúpede, detentor de longos pelos marrons e uma imponência sem igual, seu rosto estava quase que completamente oculto por trás de uma máscara tricolor, cujas cores eram apenas o amarelo na parte superior, vermelho na central e cinza no que lembrava muito um bigode longo e com pontas direcionadas ao chão, seus olhos eram escarlates como os de seu mestre, e sua mandíbula era uma das únicas regiões frontais da cabeça que não eram cobertos pela "máscara", da mandíbula ao peitoral, havia uma faixa de pelos de coloração bege. Nas patas da criatura haviam anéis de ferro, aparentemente inquebráveis, e nas costas duas fileiras de espinhos eram visíveis, uma em cada lado e ambas crescendo em direções opostas, entre ambas as fileiras havia uma longa crina de tom acinzentado, porém claro.

- Mestre. - Não estava imaginando, o Pokémon realmente havia se pronunciado e dito uma palavra da língua humana em tom alto e claro. Gilgamesh, enquanto isso, ainda não havia dado ordem alguma. Qual seria a reação da garota a qual, aliás, finalmente notou que estava com todas as cápsulas de seu Pokémon, incluindo Spinda e Nidorino!

por **Shianny** Qua Out 15 2014, 23:49

Talvez a mente não acompanhasse todos os acontecimentos ombro a ombro, porém, pode ter certeza que o corpo não poderia fugir de tal maldição. O tremor da estrutura não apenas arrancou-lhe o equilíbrio, mas deixou as marcas de uma bela possibilidade de queda - evitada apenas e singularmente graças ao apoio que as costas encontraram na parede com um recuo instintivo... E foi nesse momento que um brilho prateado suave e momentâneo atraiu-lhe o olhar para as cápsulas bicolores que deveriam resguardar os companheiros que lhe serviram de base contra Gabriel.

Então, a mente quase colapsou quando as imagens de mutilações correram quadro a quadro em seu cérebro. Os dedos lentamente se apertaram contra as próprias roupas - não quis conferir para saber da realidade ou falta dela. Aliás, não foi uma opção considerada: Principalmente quando o olhar encontrou aquele projeto que mais parecia uma mistura de animal e humano - não com simultaneidades apenas em seu molde físico.

Neste momento, a risada voltou - um tom indefinido, que talvez mesclasse o desespero e a simples graça. Sinceramente, eu apostaria na loucura. Não seria surpresa que alguém perdesse o chão num local tão ilógico quanto ao que estavam no momento, seria? Depois de tantos impactos contra a própria razão, o ambiente em si mostrava seu poderio e se alavancava contra uma existência de conhecimento limitado ao mundo onde não mais estava - e quem poderia dizer que voltaria à tal realidade espaço-temporal?

- Como se qualquer ação sua fosse mudar a realidade atual que te prende...

por **Nerkon** Qui Out 16 2014, 01:54

- Não vai mudar, mas irá impedir o dano que você está causando a essa cidade. - A resposta de Gilgamesh foi fria e franca. O loiro havia deixado mais que claro que estava se referindo ao espelho, talvez temesse que a ruiva voltasse a quebrar coisas naquele lugar? Talvez, mas se fosse esse o caso ele ainda poderia detê-la com enorme facilidade, afinal o ser que estava sob seu controle tratava-se de um Pokémon de poderio massivo, não?

- É incrível que quando finalmente aparece um humano aqui ele é tão ignorante, lamentável. - Mais uma vez o rei pronunciou-se. Ainda estava enfurecido com a atitude da garota, porém... ele não mentia em relação a lamentar o que acabara de acontecer quando ele finalmente encontrou outra pessoa.

por **Shianny** Qui Out 16 2014, 02:10

- Dano...? - Um sorriso simples escapou, e os ombros lentamente se retesaram. Um vulto correu pelos orbes acinzentados, ao passo que um dos punhos se cerrava com vagarosidade - Eu quem estou causando o dano...? Está de palhaçada comigo. - Ela respirou fundo, os lábios entreabertos auxiliando na suavidade da entrada e saída de ar. O apoio bambeou nos próprios músculos - sua alternativa extra foi deslizar com as costas na parede até o chão. Um riso rouco... A face se baixou em centímetros e a franja fez o trabalho de ocultar-lhe os orbes foscos - Você realmente não tem o direito de dizer isso.

Eu não sei exatamente o motivo na hora, mas foi neste momento que uma das esferas bicolores criou vida própria - um sopro gélido percorreu o ar envolta da materialização do raio esbranquiçado que repentinamente rasgou o nada e ricocheteou na parede para levitar um metro acima do solo - o momento em que a figura hexagonal tomou forma e os orbes azuis vazios encontrassem a dupla do lado oposto da sala. A ruiva não reagiu; O cristal de gelo nada fez. Suas correntes balançaram no ar tais quais sinos de vento, ao passo que um gemido retorcido escapava de uma de suas fissuras negras - onde se expandiam pequeninas esferas claras. Como uma estatueta viva, o espécime cruzou seu foco contra ambos os orbes escarlates que cintilavam a alguns passos de distância; Aumentou e diminuiu a altura de sua levitação - aquietou-se.

Eu realmente adoraria saber o que aquela criatura pretendia fazer - ou se simplesmente estava ali por um mero acaso.

por **Nerkon** Qui Out 16 2014, 02:26

Como se não tivesse nem mesmo percebido o Pokémon que estava próximo à Natalie, Gilgamesh começou a caminhar até que se pôs ao lado de seu companheiro, Ekidu, o qual lentamente andou ao redor do loiro antes de por fim deitar-se atrás do rapaz e então fitar a dupla invasora com seriedade, pacientemente aguardando por alguma reação real de algum deles.

- Não possuo direito? - Ele questionou, cerrando os olhos enquanto trincava os dentes. - Você invadiu minha cidade, fez tudo o que bem entendia por suas ruas desertas, subiu essa torre e então conseguiu quebrar um presente dos deuses, e como se essas evidências não bastassem, insultastes até mesmo a mim e as crenças de meu povo! - Ao término daquelas palavras furiosas, o homem abriu bem os olhos e deu um passo firme à frente. - E agora possui a audácia de insinuar que eu não possuo direito de fazer tal declaração?

A presença de Gilgamesh era bastante assertiva a tal ponto que o próprio Cryogonal recuou alguns centímetros para trás. O rei aparentava estar realmente irritado com a conduta da ruiva, porém a discussão aparentava não ter fim próximo.

por **Shianny** Qui Out 16 2014, 19:43

- Como se eu estivesse adorando estar aqui! - Cruzou os braços e virou o rosto - Eu nem sei do que você está falando! A única coisa que isso aqui fez!... - E a voz morreu, tão rápida quanto se iniciou. Os dedos se apertaram silenciosamente, a respiração pesando no peito.

A dor, o medo.
A confusão das peças sem encaixe.

E o floco de neve gélido, que girou segundos no próprio lugar antes de estender lentamente uma das correntes que pendia do corpo na direção do rapaz. Lento e receoso; Buscando um contato qualquer. Os orbes azuis friorentos cintilando na cavidade escura onde residiam; Tranquilidade, embora não exatamente como a de segundos atrás. Afinal, quem manteria uma postura sólida frente àquele que, de acordo com o próprio, poderia facilmente ser comparado com um rei em exílio na localidade que um dia comandara?...

por **Nerkon** Sáb Out 18 2014, 16:09

E foi justamente aquele contato tímido de Cryogonal que Gilgamesh aceitou. Com as mãos parcialmente erguidas, o rapaz tocou o floco de neve enviado por Cryogonal como uma mão, uma ponte para conectar-se ao rapaz. O pokémon não falou nada - afinal, sua espécie não era lá conhecida por fazer sons tão diversos como o de um Growlithe ou Meowth -, porém gesticulou sutilmente para o rei e seu aliado.

- Não. - Ele falou, mas não como uma resposta à Natalie: Seus olhos estavam direcionados ao Pokémon de tal forma que ele parecia ter respondido à criatura e não à adolescente. - Realidade e ao mesmo tempo sonho. - Novamente Gilgamesh pareceu dar uma resposta para algo e, estranhamente, após tais palavras Cryogonal começou a lentamente puxar o pequeno floco de neve com o qual tocara o loiro. Era tudo simplesmente tão confuso... como Natalie iria sair daquela situação? Ela já não entendia mais nada do que estava acontecendo ali.

por Conteúdo patrocinado