Come and Get Your Love, meu bem! - V

A tal da Anne resolveu ajudar o menino quando via que ele tentava se levantar, saiu da posição que estava e ergueu-se para poder fornecer apoio ao homem sorridente de topete, por um momento a menina pensou no quanto de gel o garoto usara para fazer aquele troço no cabelo. Enquanto ajudava Dandy, frequentemente falava para que ele tivesse cuidado e não apoiasse a perna, após finalmente estar de pé, a mulher voltou ao foco da conversa.
- Ouvi dizer que ele revendia todos os itens das feirinhas de contrabando mesmo - comentou - Mas elas foram fechadas recentemente, sua única chance de achar essas coisas é com ele ou com outro Rocket, eu acho - pôs o dedo na boca mostrando-se pensante, tentou lembrar de mais alguém útil, porém não teve sucesso.
Agora que ambos estavam de pé e as duas pequenas estavam ao chão, as coisas já pareciam mais normal, e Anne sentia um ar de normalidade que a incomodava, coisas paradas são deveras chatas para a moça.
- Bem, acredito que depois do incidente, não o deixaram entrar tão fácil - observou - Eu poderia fazer um ape... - antes de terminar a frase foi interrompida pela segunda caixa que chegava com um homem grande logo atrás e gritava "voltei" com bastante alegria.
Sem muita cerimonia o homem já foi em direção a Dandy, o encarando de cara fechada, mas ao invés de falar algo, apenas abaixou-se e encostou na perna direita do estranho. Mexeu para o lado esquerdo, depois para o direito e por fim o forçou a dobrar o joelho, o terceiro movimento havia sido doloroso, mas nada muito perturbador, o membro estava parecendo apenas magoado pela queda, e não machucado seriamente.
- Algum dos movimentos fez você sentir uma dor muito forte? - Falou, sua voz era grossa e original do mega homem, tinha um sotaque meio internacional na fala, talvez viera de Johto - Tente apoiar no chão e me diga se dói.
Agora o grande homem caucasiano, que vestia um terno preto e uma gravada amarela que não combinava nem um pouco, levantava-se e esperava a resposta do questionário, mas antes daquela situação ser completa, a mulher ruiva falara algo:
- Por que você fez isso? Você é retardado? - logo depois se arrependeu do que dissera, no seu trabalho, não podia tratar ninguém assim, e tanto Anne quanto o moço grande a encararam com surpresa pela frase desnecessária.

Agora com todos em pé, a conversa se tornava mais humanizada, ou assim Anne pensava, mas para continuar alegrando seu dia, Dandy continuou sendo estranho e falando coisas sem sentido, a outra caixa, em resposta, sorriu de orelha a orelha e respondeu:
- Bem, eu sou Alice e nunca ouvi falar de você, prazer em conhece-lo - e estendeu a mão sinalizando um aperto.

Infelizmente o homem de terno e alto não esperou muito a cerimônia de apresentação, puxou o braço de Paluwski e falou "venha comigo" com uma voz calma, pôs bastante força e praticamente arrastou-o para o lado de fora, Anne e Alice deveriam ficar como espectadoras, a segunda assim fez, mas Anne não conseguiu ficar parada e foi logo atrás. Ainda não havia tido nenhuma explicação por parte de nenhum dos dois do que estava acontecendo, e nem de Dandy, então a menina de belas curvas foi a primeira a quebrar o silêncio e propor uma paz.
- Não precisa expulsa-lo assim, Alairtom, eu sei que ele foi estranho, mas ele deve ter um motivo para ter feito isso - explicou.
- Tudo bem - suspirou - Explica por que você foi que nem um doido, gritar no estabelecimento, tentar chutar uma porta, cair e ainda tomar meu tempo atoa. Se eu compreender eu deixo você entrar se quiser.

OFF: Porra, esse cara não era o Paul, é o segurança ):

O homem então franziu o cenho em sinal de desaprovação, suas críticas e xingamentos estavam na ponta da língua mas engoliu, não queria ser anti-profissional como Alice fora, como segurança, deveria mostrar para seu chefe e clientes do seu chefe, que não age de forma impulsiva ou pessoal, esse era um dos maiores motivos para tentar ouvir a explicação de Dandy, mas aquilo já era o ponto final. O homem então consertou sua postura, deixando claro que era bem mais alto e forte do que Dandy, além de estar com a perna inteira, a vantagem física era abismal, porém Mrs.K não ligava, ela já estava irritada com a situação, e como toda a boa pokemon, defendia seu mestre com gritos e teias. Estava conseguindo ser mais irritante que o próprio treinador.
- Meu deus - Bufou Alairtom - Você já pode sair correndo, se não eu te tiro daqui. Me recuso a deixar você incomodar um cliente importante como Paul.
- Deixe disso Tom - retrucou Anne - Além do mais, ele nem vai se importar, Paul provavelmente é pior que ele.
- Pelo menos ele tem dinheiro, o chefe gosta disso - respondeu - Esse cara não parece ter nem onde cair morto, muito menos dinheiro para fichas de Poker. Nem se eu deixasse ele entraria.
Os três se entreolharam e encararam o rapaz de topete, analisando-o de cima a baixo e julgando o veredicto do segurança formoso. É, de fato, Dandy não era a pessoa mais arrumada, esperta e agradável do mundo, pessoas com características como ele normalmente não conseguem emprego fácil, logo, não devem ter tanto dinheiro, a menos que tivesse um pai rico, não? Mas sendo um treinador, já deveria ter desvinculado-se do pai a um bom tempo. Alice grunhiu como um gato, não parecia aprovar muito a escolha que estavam prestes a fazer, em sua cabeça, aquele garoto gastaria até o que não tinha apenas por ser burro, e não queria ter mais dor de cabeça com ele.
- Você tem condições de pagar as fichas? - perguntou a menina curvilínea - São 500 Pk$ o mínimo para chegar a mesa de Paul.
Alairtom virou para trás, tentando não mostrar a risada que soltara, também tentou abafar o som com a mão, mas ainda assim era perceptível que estava achando hilária a situação.

Anne, ao ouvir isso, abriu um sorriso e sinalizou para os dois amigos logo atrás. "Eu assumo daqui", disse. Puxou o garoto pelo braço e o levou a frente de um dos caixas, ficou frente a frente com a vitrine e pediu para que Dandy esperasse ali, para ela entrar na cabine. Sumiu a esquerda e em pouco menos de 30 segundos, reapareceu do outro lado da vitrine, a porta estava escondida em algum lugar por ali, mas isso não era importante. A moça curvilínea se abaixou para falar em um microfone presso a mesa, seus peitos derramavam sobre a mesa e sua voz saia do outro lado sem a mesma delicadeza e apelo que tinha ao vivo:
- Precisarei do seu nome completo, idade, número de pokemons consigo, nome e espécie, e a quantidade que realmente comprará de fichas, você pode me informar esses dados? - Perguntou - Além disso, detesto te informar, mas você deve manter todos seus mascotes na bolsa, guardados, por questões de segurança.
A moça esperava as respostas para poder digitar os dados, e mesmo sendo um curto período, mexia a perna em sinal de impaciência. Acabou por atropelar Paluwski e falar algo complementar a citação anterior:
- Ah sim, preciso saber se tem namorada e se beija bem também - Falou tentando manter-se séria, mas acabou não conseguindo mais que dez segundos - Brincadeira - liberou o riso fino e gracioso de vez.
Aparentemente, depois que liberara a piada que tanto quis fazer na vida, voltou ao normal e esperou as respostas.

A menina então deu um sorriso lateral, meigo, em sinal de "ok", não estava correspondendo o flerte perfeitamente, mas estava sim acompanhando e deixando o garoto ir, Anne era realmente uma menina que adorava uma animação no seu dia. Virou a cabeça para a tela do computador e começou a digitar bem devagar, ela não parecia ser muito boa nisso, mas pelo menos estava tentando. O que, para uma pessoa normal, levaria poucos segundos, acabou em minutos, talvez deixando Dandy impaciente ou nervoso com a lerdeza da garota, parecia até proposital. Depois do tempo de espera, a menina saiu da cabine - desaparecendo e surgindo de repente de novo - e foi ao encontro do menino-topete, olhou-o de cima à baixo e falou:
- Pronto? - Não esperou a resposta e o pegou pelo braço, com gentileza e doçura - Vou te mostrar sua mesa.


Os dois deram quatro passos curtos até chegar ao fim do corredor preto, que revelava uma sala com luz opaca, paredes verdes-dinheiro e teto branco, piso quadriculado preto e branco, garçonetes lindas de vestidos curto andando por todo o canto, e cerca de 30 mesas diferente, 10 se jogava 21, 5 se jogava dados e 15 se jogava poker. A vestimenta dos homens eram bem diferentes, das mesas de Poker mais a esquerda, ficavam os homens desarrumados, rasgados, que pareciam não ter mais que aquelas fichas, mais a direita, os homens-charuto, com suas mil fichas empilhadas que pareciam até tampar o rosto. Não era muito fácil ver o fundo da sala, a fumaça proveniente de cigarros e charutos fazia a visão ficar nebulosa, e a coitada da saída de ar não era tão útil para aquela quantidade. A garota então puxou o cliente para dentro daquele ambiente enfumaçado, o cheiro era de misturas de ervas, não de tabaco em si, mas ainda assim incomodava Anne, que tossia de vez em quando. Chegando a antepenúltima mesa da esquerda para direita, a fumaça afinara, a garota então parou, se posicionado ao lado de Dandy e encarando os homens que, por algum milagre, não estavam fumando, e eram apenas dois. Anne então falou:
- Olá Paul e Joe! Dandy vai entrar na mesa de vocês - Sorriu simpática e indicou uma cadeira para o novato sentar - Sente ali, já traco suas fichas.
- Já estava ficando chato jogar entre nós dois - Falou o homem à cabeceira esquerda da mesa, que era retangular, enquanto brincava com suas fichas, fazendo um barulho rítmico - Sou Joe e aquele é Paul.
Paul, o tão esperado, estava a direita rindo da situação, seu olhar preconceituoso caíra sobre o menino estranho e a crise de risos foi inevitável, o homem não falou nada no início, era incrível como alguém tão barrigudo podia ter fôlego para rir por tanto tempo. Quando parou, jogou para trás seu cabelo meio-grisalho meio-não e tomou a palavra.
- Vejo que vou recuperar as fichas que perdi - Cessou o riso, falou, pausou por um breve momento e então bateu forte na mesa - Mais uma rodada, Suzany! - Gritou a segunda frase.
Suzany aparentemente era a croupier tímida que estava na cabeceira oposta a Joe, ela então pegou as cartas com a mão e embaralhou, sem jeito. Paul, parecendo saber o que estava fazendo, pegou uma das suas fichas que estava na mesa, levantou e foi até a menina, quando já estava bem perto, ergueu a ficha entre os dedos da mão e sorriu cinicamente, passou com delicadeza o objeto no rosto da garota e foi descendo até seu pescoço, a garota então engoliu seco, preferiu não se mexer para não levar a pior, mas o movimento de sua garganta foi nítido. O maluco então desceu mais ainda sua mão e finalmente soltou a ficha entre o decote do vestido preto com branco da dealer, deixando assim cair entre seus peitos pequenos mas charmosos.
- Para dar sorte - Riu e voltou para o lugar.
O estranho no ato dele era que, por mais que Dandy não soubesse o verdadeiro valor das fichas, Paul tinha muito menos do que Joe, ele realmente podia gastar assim? Bom, não importa, a ficha é dele, certo? E as do novato já estavam chegando em uma bandeja regida por Anne, que abaixava, sem medo de esfregar seus peitos na cara da sociedade, e colocava o que antes segurara com toda a graça, na mesa á frente do dono.
- Bom jogo - Sorriu e se foi, mas enquanto andava gritou adicionado - Se precisar de mim, doutor Paluwski, só grite - riu e saiu mais rápido ainda de cena, Paul ficara um pouco revoltado com isso, mas apenas bufara sem arranjar problemas.

Suzany então viu sua deixa e começou a entregar as cartas, duas para cada um e cinco na mesa, viradas de cabeça para baixo ainda, quem começava a rodada era Joe, que colocou a aposta obrigatória do iniciante na mesa: Uma ficha de 25. Depois era a vez de Paul, que pagava o valor mínimo: Uma ficha de 50. Nenhuma carta ainda era mostrada, era a vez do novato jogar, ele podia olhar sua mão que veria um ás e um dez de espadas, esta era realmente muito boa, talvez fosse sorte de principiante. Ele tinha três opções: Correr da rodada e não gastar nenhuma ficha, pagar o valor mínimo (25) ou apostar mais (de 26 à 500).


E agora depende apenas do menino novato e de sua sorte para conseguir o dinheiro e o que necessitava.