VII - Pela estrada afora eu vou bem sozinho...

Gloom já se preparava para lançar o veneno contra o ruivo, que ficava pálido por estar diante da morte. Chris não queria sujar suas mãos, então lutar não era uma boa opção, nem deixar que o homem fosse morto lá. Se colocou na frente do nativo para mostrar uma outra alternativa, e o homem fez um sinal para que o gramíneo parasse o movimento por um instante. Pensou durante um tempo, olhou para o ruivo que quase chorava e fitou o treinador também. Respirou fundo e soltou o ar com tudo antes de dar seu aval.

- É... Você está certo. - O homem começou. Fez o caçador levantar e segurou suas duas mãos para trás. - Você vai passar a noite em minha tribo. - E começou a andar. Assim que passou por Chris, o ruivo mexeu os lábios exageradamente para falar um "obrigado" sem som. Gloom ia na frente, cambaleando de sono. Chris conseguira estabelecer uma nova alternativa, e agora era esperar e ver o que estaria para acontecer. Kira começou a andar, novamente fazendo uma trilha confusa, a qual somente os experientes moradores sabiam.

Em pouco tempo de caminhada encontraram outra área sem árvores. Um círculo era formado, e delimitado pelos troncos marrom, e a lua iluminava a área. Cinco ocas, sendo uma maior e no lado oposto de onde Chris estava, se dispunham ao arredor de um mastro de madeira, onde dois esqueletos estavam colocados. Um deles estava sem os ossos da perna direita, enquanto o outro estava sem os dois braços. Eram somente esqueletos, e no meio deles o ruivo foi colocado. - Esta é a minha tribo. Estão todos dormindo, eu vim fazer a ronda. Fique à vontade, eu vou terminar minha patrulha. - E então saiu, voltando a serpentear as árvores para rondar, junto do sonolento Gloom.

Estava sozinho numa tribo, sem nenhum aconchego... Estranho, não é? Somente Chris e o ruivo estavam lá, o resto estava dormindo. Ou não. O que faria?

Chris Ayusa, com medo de ser atacado, achou como proteção, o diálogo com o caçador para não dormir. Se aproximou do homem cabisbaixo e perguntou sua história, o homem sorriu sem muita alegria e começou a falar. - Bom... Como você sabe eu sou um caçador e lenhador. Não consegui passar na faculdade e tive que fazer isso para sustentar minha mulher, que engravidou muito cedo. Não gostaria de estar aqui, matando animais e cortando árvores... Mas se eu não faço isso, o que vou fazer para conseguir alimento para minha família? - Perguntou. Mexeu as pernas com euforia e continou: - Me solta daqui, vai. Some da floresta, fica longe daqui. Todos nós vamos ficar bem!

O homem falava brevemente o que fazia e porque o fazia, e sem delongas mandava o pedido de ajuda para Chris, já que o único Pokémon que o caçador tinha estava dormindo e não acordaria tão cedo por conta do horário. O que faria?

Para a infelicidade do ruivo, Chris já tinha sua decisão tomada e opinião formada. O homem balançava a cabeça negativamente querendo achar uma forma de mostrar que o treinador estava errado, e movimentou as pernas novamente. Apontou com a cabeça para os esqueletos e falou em baixo tom, porém em alerta: - Não, cara! Eles são canibais! Acha que essas caveiras estão sem perna e braço por quê? - E aquilo fazia sentido, mas talvez não fosse verdade.

- Minha família vai passar fome se eu for preso. Ou se eu for morto por esses caras. Se você resistir vão te atacar também! - Ele parecia nervoso, talvez fosse uma forma de persuadir o garoto, ou então uma forma de mostrar que seu desespero era justificado. Em que o menino acreditaria?

Chris não iria voltar em sua palavra. Kira pareceu muito confiável ao ver do treinador, e para o mesmo, caçador e lenhador não era um trabalho honesto. Parece que o que o homem dizia sobre seu passado não surtira muito efeito, e poderia ser positivo no caso do ruivo tentar persuadir o treinador. - Não cara... Não. - Decepcionado abaixou a cabeça e se virou um pouco. Arregalou os olhos ao perceber algo. - Chrono! A Pokéball de Chrono não está aqui. Ele ficou lá! Os índios vão devorá-lo! - E isso só serviu para aumentar sua euforia. - P-p-p-por favor! Busca meu Pokémon, por favor! Mantenha-o em segurança!!

Como o treinador reagiria?

Falar sobre Pokémon realmente era algo que mexia com Chris. O assunto sobre o caçador ter deixado seu Pokémon sonolento na floresta escura era um bom motivo para ajudá-lo, e com isso o garoto se levantou, mesmo sem saber direito como chegar ao local. Avançou alguns passos na mata fechada, e o breu era bastante horripilante. Começou a seguir trilhas familiares, quando sem muita demora encontrou o local onde o caçador fora apreendido. Mas não havia nada lá, nem Pokéball, nem Pokémon. Alguém teria pego?

- Eu falei para você ficar lá! - A voz de Kira surgiu atrás. - Por acaso você vai ajudar o caçador? - O homem perguntou nervoso, pronto para atacar com seu Gloom bastante sonolento. - Eu tenho uma Pedra da Folha aqui. E se você fizer algo brusco, terá que enfrentar o futuro líder da tribo junto com seu Vileplume. É bom que tenha uma ótima explicação!!!