Contest #01 - Apresentações

O porque de eu ter me inscrito nessa brincadeira toda era uma incógnita para mim. Listando os motivos para não participar, conseguiria fazer uma lista enorme; não gosto de atenção, não gosto de roupas na moda, não tenho coordenação alguma, não sei liderar grupos. Se um dia eu supus que não sendo boa em batalhar eu seria em apresentar, essa suposição estava completamente indevida. Acordei cedo, já fazia dias que tentava formular algo e não conseguia, então corri até Vicent e conversamos, esperei fielmente que, meu irmão mais velho, iria me salvar dessa, me dar ideias, sugestões, hipóteses ou, no mínimo, me responder a tal pergunta que indaga o que diabos estava fazendo nisso, infelizmente ele não me foi útil, ainda assim darei de ombros e direi: Que seja, me inscrevei, haverei de ir, por mais vago e sem sentido minha apresentação ficasse.
Conversei um pouco, treinei algumas coreografias e deixei que meus pokemons se soltassem, em algumas brincadeiras tortas, conclui que seria melhor demonstrar o espontâneo, nada que fosse muito composto já que nenhum dos meus pokemons sabem combos complexos, e isto é completamente culpa minha, nunca pensei em ensinar. Das rápidas brincadeiras que realizei hoje, finalmente tirei uma dupla específica para apresentação inicial, me baseando principalmente em personalidade. Por que? Não sei bem explicar mas senti que uma dupla que pudesse entrar em conflito em campo não me parecia dar certo. Hati e Tyr poderiam não ter sincronismo, Quagsire e Balder tem personalidades demasiadamente parecidas, o que arriscaria uma monotonia, Freya era bastante desinteressada se não houvesse Gin no meio e, de modo geral, Vili não bateria com alguém que tivesse uma autoestima tão grande quando a dela.

Levemente decidida no que fazer, voltei ao meu cômodo do centro pokemon e retirei minhas roupas todas, joguei-as em cima da cama e avaliei uma por uma, conclui algo bem idiota que acho que todos que me conhecem já sabiam; eu não tenho roupas boas o suficiente. Meu visual de peças confortáveis e chinelo era padrão, o mais diferenciado que tinha ali era o uniforme de cheerleader que de nada iria servir. Recuso-me a vestir como se estivesse torcendo para mim mesma e, além disso, só chamaria mais atenção.
Encarei as peças ali por um tempo, decidindo o que fazer com elas. Fora muitos minutos de processos vazios até que um insight me atingiu: Eu poderia retaliar algumas coisas. Retirei Balder e Hati da pokebola e pedi que, com a força de um e o dente de outro, me ajudassem. No fim disso, estava com um short desfiado preto, um cropedd largo, azul e bastante curto, um retalho preso na cabeça em laço e outro desfiado em uma das canelas, caído até a sandália de dedo que, graças ao calor de Hati, consegui derreter levemente a correia e colar alguns strass de outra blusa que estraguei.
Visual feito, de resto só me faltava arrumar a mochila. Correndo coloquei tudo para dentro, as seis pokebolas, pokedex, água, roupas extras, agenda, chave do cômodo, documento e, o mais inútil de todas as coisas: uma arte em arame. Talvez ela me dê sorte, não é mesmo? Terminado isso, fui.

Obviamente fui a última a chegar, nada mais nada menos que o esperado da Winnie. Vi todas as apresentação e com um frio na barriga, aceitei que minha vez chegara, fui ao centro do palco, encarando todas aquelas pessoas e fechei os olhos, joguei as duas esferas selecionadas para o alto e rezei para que tomassem por mim as dores da atenção.

Apresentação Visual

Do alto duas criaturas se materializaram e as pokebolas caíram exatamente em minhas mãos de volta, nada treinado para a ocasião mas, eu fazia tanto isso em minhas batalhas, que já não era tão difícil de executar com perfeição. Sem muito mais cerimônias, os dois tocaram o chão. Estes eram Furfrou e Poliwhrath, que reagiram completamente diferente ao caírem por terra, enquanto uma chegava erguida, de pelagem negra e penteada de forma Kabuki, o outro caia retraído, sem muita certeza do que estava fazendo ali, isso era bom, já que os dois se completavam quase que cem porcento em quesito personalidade.
Vili então começou, criou uma atmosfera de dentro de si e a emitiu ao ar, purificando-se de qualquer energia negativa e trazendo uma atmosfera brilhosa a sua volta, enquanto andava a frente do palco, desfilava e voltava, chamando a atenção completamente para si, este era seu Refresh, o golpe que mais gostava já que, ao termina-lo, seu pelo ficava bem mais limpo e macio. Balder então sentiu-se mais a vontade e tomou a deixa desde então, usou seu Hipnosis, emitindo lindos anéis instáveis ao alto que, sem muita intenção criava um efeito levemente alucinógeno, já que a medida que os círculos desmanchavam e perdiam a forças, eles caiam como pluma, levemente conquistando o chão do palco. Com o intuito de adicionar e dar forças ao espetáculo do amigo, Furfrou voltou ao centro do palco e pisou forte e liberou pulsões negras (Dark Pulse) por toda extensão que lhe era permitida usar, tingindo a área completamente de preto por alguns segundos, permitindo que o brilho da hipnose de Balder realçasse ainda mais. Sai de cena, fui ao canto, deixei que os dois recebessem os aplausos, apenas vendo de relance os acontecimentos. Terminado a combinação de golpes, a dupla foi a frente e reverenciou o público.

Apresentação Artística

Já em campo com as devidas apresentações feitas, era vez de Balder tomar iniciativa na brincadeira, sendo assim, parou de olhar a plateia e se concentrou quase que completamente no ensaiado. Com os pés bem treinados começou a dançar uma valsa lenta, sozinho, se aproximando aos poucos da canina solitária; a dança trouxera uma fraca chuva, um chuvisco, uma garoa que, aos poucos ia tomando mais força. Vili começava a ter seu pelo molhado, seu brilho sumia e, sem muito o que fazer, desanimava. Balder tentava ignorar o mal estar da fêmea e apenas prosseguia a brincadeira, sua pele úmida tornava os respingos um conforto maravilhoso. De olhos fechados e braços leves ele continuou a dançar pedindo o que tanto lhe fazia falta naquele continente; chuva. Rain Dance começava a fazer mais e mais efeito até chegar ao seu ápice, era ai que o aquático começava, suavemente, uma brisa com Ice Beam, sem parar de dançar, mais diminuindo drasticamente o ritmo. Aos poucos a presença de água líquida no ar ia diminuindo, caindo cada vez mais a temperatura no palco até criar pequeninos fragmentos congelados e, aos poucos, gerar uma fina neve. Parara ai, não aumentaria a intensidade, seu intuito não era prejudicar a ninguém, apenas demonstrar um clima. Vili ficava irritada, seu pelo que antes estava apenas molhado, agora se encontrava encharcado e revestido por uma finíssima camada esbranquiçada, além de que, aos poucos, sentia cada vez mais frio. Calafrios e tremeliques tomavam o controle do corpo da canina de vez em sempre.
A dança cessara, Balder vinha ao encontro de sua parceira, andando leve, nas pontas dos dedos, com bastante cuidado e elegância, finalmente parava o Ice Beam, ficando completamente inato quando oferecera uma mão a amiga. Meio incomodada, Vili não tinha muitas opções, se não fosse ao seu encontro, ele não iria parar, sendo assim lhe deu a pata, dando aval para que o próximo passo do pokemon fosse efetuado, ele lhe chamaria para uma dança. De nada adiantaria dançar para passar a chuva, pensou Furfrou, mas ainda assim, de nada adiantaria ficar parada enquanto o clima continua. No ritmo que outrora Balder estava Vili entrara, uma valsa lenta, elegante e romântica, sem toques corpórea mas com um bailar extremamente sincronizado, que provava muito bem o pilar principal da dança; não precisavam se tocar para estarem na mesma sintonia. Esquerda, esquerda, frente, frente, direita, direita, cumprimento e rodopio. A pokemon começava a deslizar no chão molhadisso, a dança ia casa vez mais rápida e veroz, se aproximavam cada vez mais um do outro, suas complexidades cresciam exponencialmente até que tudo parou. A chuva cessara, dando lugar a uma finíssima garoa, a penumbra branca sumira, agora, o que restara era apenas poças, um amigo e uma lembrança. O que era uma dança da chuva tornara-se só uma dança na chuva e, a medida do possível, os dois deslizavam-se um para o outro, riam e se recompunham, como se aquilo tudo fosse uma brincadeira comum. Por um momento esqueceram que aquilo tinha hora para acabar. Quando lembrados, pararam completamente e foram a frente, rindo, bobos e contentes, dar as tais referências mais uma vez.

OFF: Peço desculpas pela demora, eu realmente tava tentando fazere algo bom/original mas não deu muito certo =/