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Corona de Lágrimas! [Novela Mexicana]

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Antes de mais nada... Soundtrack para a rota: >>> https://www.youtube.com/watch?v=EayN_Jj0740

Off: Ao narrador desta rota... Lys está em um momento de completa tensão. Completamente fora de si, despedaçado, quebrado, ferido... Caminha pelas ruas sem nem mesmo notar de onde está indo. Desistiu da vida de treinador, então batalhas, estão fora de questão, ao menos inicialmente. Gostaria então desta rota, fazê-lo encontrar uma forma de se reerguer... Enfim... Boa rota a nós. ^^


Havia desistido de uma batalha a qual estava fadada à derrota. Havia desistido também de ir ao tal evento que tinha sua localização em Mu Island, o que o fez lembrar de também - Isso já a algum tempo - Do desafio ao qual fora mandado por Christina, a líder do ginásio da cidade em questão. Havia também desistido de se tornar um treinador, esta talvez sendo a mais triste de suas desistências. Eram muitas coisas a qual o rapaz havia deixado de lado desde o início de sua jornada... O conforto da mansão à qual costumava viver, sob os cuidados de empregados que realizavam todos seus caprichos, mas onde nunca recebera... Bem, talvez nunca seja exagero... Onde após a morte de sua mãe, deixara de receber aquilo que mais sentira falta... Atenção, Amor, Carinho... Bem, pode parecer clichê, mas bem, vindo de uma pessoa que nunca exatamente sentiu outra necessidade, lhe parecia um desejo bem válido.

Havia, no entanto, feito amigos no decorrer de sua jornada... Algo que ele fez questão de, com seu egoísmo, ou talvez a desculpa de afastá-los para assim se recuperar, afastar. Os amigos haviam ficado para trás, junto com todas as outras coisas que ele valorizava. E como o rapaz estava no momento, com todas estas perdas, e mais recentemente a perda da sua vontade de se tornar um treinador? Despedaçado. Seus passos o guiava pelas ruas da cidade de Mountrock, seus olhos inchados, e vermelhos, suas vestes, ligeiramente amassadas, não que ele se preocupasse com a sua aparência atualmente. Enfim, continuando com sua descrição física, uma calça cinza acompanhava a camisa branca e amassada, seu cabelo, outrora sempre bem penteado, estava despenteado, mas ainda assim, não refletia em nada o de tempos atrás. Tinha Pancham em seus ombros, tinha um olhar preocupado, mais uma vez, estampado em sua face. Mesmo que não estivesse a tanto tempo ao lado do rapaz, se preocupava com este, havia desenvolvido algum vínculo com o rapaz, mesmo que ainda não tão forte. Gostaria de poder ajudá-lo, de forma que de tempos em tempos apontava a algo que lhe chamara a atenção, suas patinhas sendo lançadas ao ar enquanto esboçava um sorriso em sua face... Algo que não saíra tão bem quanto o esperado.

O rapaz simplesmente encarava o que seja lá o que o ursinho lhe apontava, e no momento seguinte, voltava a encarar o chão.  Mas, o que estava fazendo ali se nada daquilo lhe interessava? À luz de seus pensamentos anteriores ele deveria estar à uma hora destas retornando a seu pai, lhe informando sua decisão de abandonar tudo aquilo. Mas, não estava pronto... Não poderia ainda deixar tudo aquilo para trás. Um tênue fio o prendia a tudo aquilo, o dava forças para continuar em pé, mesmo que suas pernas estivessem vacilantes, como se a qualquer instante poderia simplesmente despencar ao chão, sua aparência era de incrível fragilidade. Caminhava sem rumo, perdido em pensamentos confusos que nem mesmo ele compreendia, como se em segundos estivesse pensando em algo, e no outro, não se lembrasse mais, como se tivesse completamente perdido o fio de seus pensamentos. Funcionava como uma marionete, à qual uma entidade invisível e misteriosa puxava as cordas e o levava a cantos que nunca passara a sua mente, e também um tanto desatencioso, uma vez que o fizera colidir com umas três ou quatro pessoas, batendo seus ombros, mesmo com o aviso de Pancham que não fora ouvido pelo rapaz. Pancham aos poucos parecia cada vez mais frustado com aquela situação, como se estivesse tentado de todas as formas que lhe viera a mente reerguê-lo frustadamente.

Quais seriam, no entanto, as aventuras que o esperavam?


Última edição por Matt em Dom Dez 04 2016, 14:11, editado 1 vez(es)

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Lestrange fazia jus ao que seu sobrenome podia passar as pessoas, estava estranho, cabisbaixo, desleixado com seu visual - algo que nunca fazia - e se algum psicólogo o visse conhecendo seu "antigo eu" diria que ele estava entrando em depressão ou vivendo algum tipo de luto. 

 E, de fato, era isso, ele estava praticamente desistindo da vida como treinador e concluindo que Lorcan - seu autoritário e poderoso pai - estava certo: ele não nascera para isso. Mesmo Pancham um Pokémon desejado e raro não conseguia chamar a atenção do jovem, em suas repetidas levantadas de pata para coisas aleatórias.

 A cidade estava com uma certa calmaria, o clima era nublado e pelo visto logo choveria e forte, pessoas corriam para escapar da chuva enquanto outras demonstravam total vontade de ficar ali, banhando-se com o que os céus iriam lançar. E no meio daquelas pessoas Lysander era quem chamava a atenção pela sua tristeza, uma menina até pensou em falar com ele, mas desistiu, afinal não o conhecia. 

 Assim para onde o jovem iria? Quando se está sem rumo, são tantas opções, mas nenhuma vontade.

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Ao levantar por frações de segundos seu olhar, desprendendo-os do chão cinzento e trincado das calçadas, o rapaz avistava algumas pessoas, aparentemente agitadas, e ao levantar um pouco mais seu olhar, soube logo o por que... Fugiam do que estava por vir. Fugiam de algo, assim como Lysander, mas, quem dera fosse de algo tão banal que o rapaz temesse. A chuva, a tempestade, ou seja lá o que estava para atingir a cidade, dificilmente lhe feriria mais que seu espírito destroçado, ferido. Na verdade, aquele clima cinzento até mesmo o agradava, as formações escuras percorrendo os céus, assim como em seu coração, que agora lhe parecia inalcançável.

O rapaz até mesmo parara por alguns instantes para encarar o céu. Um gesto que fora repetido por Pancham, que levantara sua cabeça, curioso, mas que diferente do rapaz, não encontrara nada de belo, mas a ideia de precisar banhar-se na chuva também não lhe perturbara, afinal, ainda era uma criança, em muitos aspectos. No entanto, não demorara muito para que seu olhar recaísse mais uma vez, seu corpo ainda no mesmo lugar. - Vai chover... - Concluiu o rapaz simplesmente, um tom de voz tão baixo que se Pancham não estivesse tão próximo a sua cabeça não o ouviria, mas que como o fez, emitiu em baixo tom uma pequena sílaba de seu nome e em seguida se calou. Lys procurou ao redor algum lugar em que poderia se refugiar... Apenas procurou, com seus olhos, ainda imóvel, mas mesmo que encontrasse, o ignoraria, assim como estava para fazer com aquela chuva - O pensamento de Pancham estar ao seu lado e possivelmente se incomodar com a chuva, apesar de não fazê-lo, nem mesmo lhe ocorrera. Desta forma, o rapaz continuou a caminhar, seus olhos mais uma vez vidrados no chão frio e no asfalto, de forma que nem mesmo notara quando uma jovem lhe fizera a menção de dizer alguma palavra, e simplesmente continuara seu caminho... Um caminho que nem mesmo ele sabia onde daria.


Última edição por Matt em Dom Dez 04 2016, 15:07, editado 1 vez(es)

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 A chuva tocou o corpo de Lysander tão rápido quanto o jovem pode perceber que a alguns metros havia uma marquise de uma simpática doceria que estava aberta, era um bom lugar para se proteger da chuva, muitos inclusive usaram o local como abrigo.

 Mas, para Lysander era tarde, as lágrimas do céu caíram fortes, com gotas grandes e fazendo um barulho bem forte, como se estivesse segurando e lançado toda a dor numa torrente de lágrimas.

 O que faria?

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A chuva lhe atingiu, sua face, agora levantada aos céus enquanto seus pés continuavam adiante, era banhada com força pelas grossas gotas de água que despencavam do céu como em lágrimas, logo ensopando seu cabelo, por onde as supostas lágrimas escorriam e tocavam seus ombros, junto a todas as outras que também ensoparam suas vestes. Pancham segurou-se firme nos ombros do rapaz com uma de suas patas, e buscando apreciar um pouco aquela situação, esticou seu corpo para o alto, junto a pata que lhe estava livre, balançando-a enquanto gotas tocavam seu corpinho. Enquanto sua face ainda estava levantada, e seus olhos fechados, suas pernas vacilaram por um momento, quase o levando ao chão, mas com um movimento um tanto ágil conseguiu recompor-se. Pancham sentiu a vacilada de sua base, que era o rapaz, e desta forma voltou a se segurar no ombro do rapaz com as duas patas, mas ainda assim parecia tentar se aproveitar, colocando sua língua para fora da boca para que as gotas a tocassem, não que o gosto fosse muito diferente de qualquer outra água que provara.

Depois de quase despencar, o rapaz abaixou enfim sua face, agora vermelha. Lágrimas - as do rapaz, não as do céu - escorriam silenciosamente pela sua face, se confundindo e se misturando com as gotas da chuva, era evidente, no entanto, que sua expressão revelava seu estado atual, era praticamente uma careta, seu lábio encrispado, lutando para não se escancarar, algo que desatento Pancham não notara. Seus pés, enfim pararam, automaticamente, as lágrimas ainda escorriam, quando ao abrir seus olhos, deparou-se com uma doceria, que mesmo em meio a chuva, e o aspecto cinzento que a rodeava - calçada, asfalto, céu, sombras - ainda parecia um lugar divertido, agora repleto de pessoas, mesmo que estivessem ali apenas para se abrigar.

Lysander encarou o lugar por alguns instantes. Seu lábio ainda mais fino, mas as lágrimas pareciam ter parado por alguns instantes. - Seria possível? - Emitiu o rapaz, em uma voz um tanto frágil e estrangulada, quase muda, como se tivesse de ter lutado muito para sair. - Seria possível... Um lugar assim em meio a tudo isso? - Sua voz ainda fraca. - Seria possível encontrar felicidade? - Essas últimas, apesar de seus lábios se moverem, palavras não eram emitidas, se perdiam, junto às demais, em meio ao barulho das gotas tocando toldos de lojas e telhados, bem como o chão frio.

Seu olhar recaiu sobre Pancham por algum instante, notando a presença do ursinho. Nem mesmo quando a pouco ele segurara seu ombro com mais força, ele havia o reparado. Seu olhar então foi mais uma vez diante à doceria... Poderia encontrar felicidade? Seus pés o guiaram em direção à loja... Estava a poucos centímetros de estar protegido da chuva... Mais dois passos e estaria seguro... Estaria sobre a proteção daquela doceria... Mas, mais uma vez o homem lá em cima a puxar suas cordas não movera seus fios, estava imóvel, não sabia se era o certo a fazer. Pancham, por outro lado, saltara logo à proteção da doceria, estava protegido, e agora encarava a seu treinador, aquele olhar preocupado mais uma vez em sua face.

Por ali o rapaz ficara, em frente ao toldo, mas ainda abaixo da chuva.

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 Parado diante da doceria, Lysander era abandonado pelo ser que mexia suas cordas, enquanto Pancham o olhava com um misto de preocupação e ansiedade, o pequeno noturno se mostrava bem companheiro nesse momento e isso seria algo digno de se notar quando Lestrange recuperasse sua forma.

 Se recuperasse.

 Dessa forma, o pequeno urso noturno esperava seu treinador se proteger da chuva, mas o mesmo permanecia ali, imóvel, talvez quisesse que todas as lágrimas - as do céu e as suas - se encerrassem juntas e lavando toda a tristeza, mas, era notório que isso não iria acontecer, pelo menos não agora. 

 Imerso nessa paralisia, o jovem não demorou para perceber uma movimentação ao seu lado, alguém abria um guarda-chuva sob sua cabeça, deixando-o livre das lágrimas - do céu - e ao virar seu corpo para ver quem havia feito isso, via seu oposto: uma menina com um rosto sorridente, cabelos de tons quase azuis, presos em "maria chiquinhas" por panos vermelhos - um pouco grandes demais - uma roupa de cor branca meio suja nesse momento pela chuva e um colete de cores azuladas. Ao seu lado, um Furret usando uma bandana avermelhada encarava Lysander com um olhar menos simpático que o de sua dona. Protetor.

- Se pegar muito chuva, vai ficar doente, vem, vamos pra doceria!

 Quem seria essa jovem? Apenas uma boa samaritana, provável.

Off: Sobre a NPC: IMAGEM

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Seus olhos agora estavam fixos na figura a seu lado, uma sorridente garota de cabelos azuis, que o rapaz, se estivesse em sua plena normalidade, julgaria como engraçado. Ela havia colocado um guarda chuva sobre sua cabeça, seus corpos agora bem próximos para se refugiarem da chuva, que atingia tudo ao seu redor. Lys o encarou por alguns instantes, suas palavras pareciam ecoar em suas mentes, repetindo-se, mesmo que a garota já estivesse em silencio.

Aquilo poderia lhe fazer mal... Ficar na chuva fria poderia lhe causar um resfriado... Mas, de que importava isso? De que forma uma gripe poderia se igualar à morte de sua alma, seu espírito, que é o que o rapaz imaginava ter acontecido? - Bem, aqui uma informação extra... A mãe do rapaz havia morrido de uma gripe. Uma gripe mal curada que com o tempo se tornou uma pneumonia, e foi com o tempo, agravando seu estado.

No entanto, a garota continuava a seu lado, disposta a levá-lo até a doceria. Pancham encarava as duas figuras a sua frente, não conhecia a garota, mas esperava que ela o convencesse. Lys não soube exatamente como... Como em um salto, seu corpo se moveu para frente, um movimento brusco do homem que puxava suas cordas. Os passos do rapaz foram o suficiente para levá-lo até a segurança do toldo da doceria. Sua expressão, no entanto, não parecia demonstrar muita coisa. Encarou Pancham por um instante, o pequenino parecia feliz pela garota tê-lo feito sair da chuva, de forma que abrira um largo sorriso.

No momento seguinte, voltou seu olhar à garota, um tanto confuso, e ao mesmo tempo, estranho - Obrigado... - Sua voz parecia ainda abafada, sufocada e fráca. Suas mãos perdiam-se no interior dos bolsos de sua calça ensopa. - Obrigado... Hum... Como devo chamá-la? - Continuou o rapaz em tom mais alto, tentando se sobressair sobre o barulho da chuva.

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 Já protegido pela marquise da doceria Lysander perguntava o nome da jovem e recebeu como resposta um sorridente "Amélie" como resposta e mais uma indagação, dessa vez dita pelas palavras da própria jovem:

- Você não está muito bem, vamos entrar? Peço um chocolate quente, você pode trocar de roupa ou algo assim, se ficar molhado fica resfriado... Furret pode usar Flamethrower e tentar secar suas roupas, né Furret?

 O furão aquiesce com um vigoroso movimento corporal. Amélie era o oposto da situação atual de Lysander, era como um sol no meio daquela chuva, seu jeito engraçado e preocupado era totalmente adorável, mas ajudaria Lestrange em sua situação? Realmente estava totalmente molhado e o frio começava a fazer carícias em seu corpo, causando-lhe calafrios.

- Ei, tá vendo! Vamos? Um chocolate quente sempre melhora o dia...

 O que o jovem faria?



 Do outro lado da rua, debaixo de um guarda-chuva de cor vermelha, uma figura observava a cena, apesar do tempo ela vestia um belo vestido e seus longos cabelos castanhos quase tocavam o chão, com as duas mãos cheias de pulseiras silenciosas segurando o cabo do aparato de proteção dos pingos de água que caem do céu, ela olhava triste para Lysander.

 O jovem não a viu.

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Spoiler :


A garota agora lhe convidara a uma xícara de chocolate? Quem era aquela garota afinal? Sabia o nome dela, era Amélie.  Mas quem era a garota? Por que ela estava ali, ajudando o rapaz? Quer dizer... Quem faz esse tipo de coisa? Quem encontra um estranho andando pelas ruas, sendo atingido pelas gotas da chuva, que como lágrimas envolviam seu corpo, e lhe cobre com um guarda chuva e ainda o chama para um chocolate quente? Por que ela estava sendo tão bondosa? Eram alguns dos pensamentos que se perdiam dentre muitos outros na cabeça do jovem, que mesmo com tantas dúvidas, não tardou a responder-lhe, apesar de sua voz ainda permanecer frágil, ainda mais com os calafrios que percorriam sua espinha dorsal:

- Tudo bem... Uma xícara de Chocolate... Quente. - Suas palavraz pareciam um pouco desconexa, mas ainda assim dava para entender que aceitara. Desta forma, entrou na doceria, indicou uma mesa vazia e puxou uma cadeira, não abrindo mão de sua educação. - Pode sentar... Vou... Hum... Trocar de roupa então. Não precisa do Flamethrower... - Sua face parecia baixa, agora encarando o estofado da cadeira. Realizou em seguida um aceno a Pancham, que o acompanhou até o banheiro.

Uma vez lá dentro, abriu sua pasta, e de uma segunda sacola, retirou uma outra troca de roupa. O plástico, assim como a pasta em si havia protegido ela das gotas, mas ainda assim estava ligeiramente úmida, mas muito melhor que suas atuais. Com os lenços de papel disponibilizado pelo estabelecimento, secou seus braços depois de desabotoar sua camisa, a qual enfiou desleixadamente no interior da pasta, não estava com tempo para pensar em dobrá-la. Abaixou-se e com mais lenços enxugou também Pancham, principalmente sua cara, mesmo que este lutasse para fazê-lo sozinho, protestando frequentemente com seus bracinhos.

Pediu para que o pequeno virasse quando estava para trocar suas calças e também sua cueca. E o pequeno logo o fez, tampando também seus olhos com suas patas, mesmo que sufocasse alguns risinhos. Uma vez que estavam todos prontos, apesar de ainda um pouco úmidos, o rapaz saiu do banheiro, ligeiramente preocupado com o estoque de lenços que o rapaz utilizara em seu procedimento. Ao passar pela atendente, pediu por duas xícaras de chocolate quente, e foi sentar-se com Amélie, apesar de parecer não saber se era o certo a fazer.

-Por que... - Começou ele, sua voz frágil. - Por que está sendo tão bondosa comigo? Digo... Nem me conhece... - Encarava suas próprias mãos, agora sobre a mesa. Pancham, sentado em uma banqueta, observava o Furret da moça, um olhar de curioso, como se estivesse prestes a chamá-lo para uma brincadeira.

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 Com uma roupa nova e seca, Lysander sentado numa das cadeiras da doceria era fitado pela jovem de cabelos azuis - essa enquanto ele entrou no banheiro desfez as amarrações de seu cabelo, prendendo-os em uma só fita avermelhada na parte onde sua nuca iniciava, ela sorria.

- Ficou melhor assim... Eu sou uma coração mole, gosto de ajudar e percebi que não estava bem - ela aponta para o rosto de Lysander - seu corpo parece estranho, seus ombros estão retraídos, rosto fechado, como se tivesse carregando o mundo... um Atlas da vida real.

 Ela ria após fazer sua analogia ao ser de um livro sobre uma civilização fictícia que tinha como castigo após perder carregar o mundo em suas costas e logo tomava um belo gole de seu chocolate quente.

- Se quiserem brincar tem uma área coberta nos fundos, podem ir lá - dizia Amélie olhando para a expressão de Pancham para Furret.

 O furão parte como um conhecedor do local e como o "mais velho" da situação. 

- Sei que mal nos conhecemos, mas as vezes é bom falar dos problemas exatamente com quem mal conhece, sabe! Podem dar boas dicas.

 O que Lysander faria?

 Sob a chuva, a mulher de cabelos castanhos e pulseiras quietas mal conseguia ver dentro da doceria, mas em seu rosto um sorriso se desenhava, era alívio ou felicidade? Não sabemos, ainda. Mas era um belo sorriso de um rosto que por muito tempo não era inundado pela felicidade.

 Ao seu lado surge um homem - com muitos centímetros a mais que ela - com roupas semelhantes, porém com uma cor azulada, toca em seu ombro de forma cúmplice enquanto também olha para a doceria, dizendo:

- Acha que fez certo? 

 Ela toca a mão do homem e com a cabeça faz um sinal positivo. A chuva continua, assim como os dois parados ali.

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