De Cinnabar à Ula'ula Island

O treinamento começava; Phantump e Glingar eram os primeiros a efetuar seus movimentos. O primeiro, o pokemon fantasma, obedecera as ordens de seu treinador e tentou se concentrar ao máximo no poder natural que tinha. Conseguiu? Conseguiu, mas, infelizmente, não da forma que Joul mandara. Concentrou uma quantidade relativamente boa de poder fantasma e, então, tudo se dissipou. Perdera toda a energia que acumulara; ela apenas se transformou em som, vento e partículas inofensivas. Oh, tentaria de novo? Phantump resolveu que sim, mas de nada adiantou, simplesmente o mesmo acontecia. Seu erro principal estava na transição do poder acumulado para as garras; nem ao menos conseguira fazer chegar aos membros superiores. Além disso, a quantidade acumulada de poder não fora tão grande assim, mas este parecia ser um problema de treino, e não de execução.

O segundo pokemon, Gliscor, fora de mal a pior; comparado a este, o pokemon fantasma dera de 10 a 0. Concentrar-se em suas garras não definia muito bem seu objetivo; fortalece-la só por deixá-la maior o fazia se confundir entre defesa e ataque e, ainda, para piorar, não conseguia entender a diferença deste golpe para qualquer outro que alterasse status. A base de todos não era concentração no próprio corpo? Isto ele tinha certeza de que estava fazendo, mas em nada resultara, apenas em confusão.

Em contra partida a isto, uma moça com um pequeno Togepi nos braços se aproximara de Joul, um pouco tímida, mas bem intencionada. Pensara em abrir a boca, mas não teve coragem, então apenas observou-o de e reparou no seu treinamento, sem pensar que esta observação sem permissão pudesse ser incomoda.
A moça era de altura mediana, cerca de um metro e sessenta e oito, cabelos loiros e lisos, pele claríssima e, pelas suas vestimentas, não era natural dali. Seu rosto livre de imperfeições dava lugar a um olho castanho e uma bochecha rosada; seus lábios pequenos fazia um belo par com sua miniatura de nariz e, em seu corpo magro e singelo, dava apoio a roupas finas; um short de lycra meia-coxa e uma blusa de cetim rosa, nada estampada. Aos pés, um sapa-tênis de cor neutra, que combina com tudo. Não estava maquiada e muito menos bem arrumada, parecia estar ali só passando o tempo.

Os dois pokemons tentaram paralelamente, e Joul teria que prestar atenção em ambos sem se perder ou, pior, perder informações valiosas para a evolução e melhora dos golpes. Phantump demonstrava melhoras significativas não só no poder acumulado, como também na transição para seus membros superiores; via o poder desordenado se concentrar em um só ponto, mas não chegar nos seus pequeninos braços; era difícil para ele não só segurar o poder por muito tempo canalizado, como também concentrá-lo em um ponto tão pequeno como seus bracinhos, era como se sua anatomia não facilitasse a aprendizagem do golpe, talvez quando avançasse para a próxima fase de sua espécie, tivesse facilidade em aprender e efetuar, mas como um pequeno Phantump, tinha sérios problemas. Isso não só afetava sua auto-estima como também o fizera duvidar se podia mesmo efetuar aquele golpe, até porque, não tinha garras.

Gligar junto disso, também demonstrou melhoras notáveis, mas diferente do pokemon fantasma, este não parecia que iria empacar neste estágio de melhora; estava realmente se sentindo bem com sua evolução, mesmo que não a tenha visto de fato. Fechara os olhos e lembrado de como o golpe fora mostrado pela PokeDex; tentou imitar não só a coreografia como entender o que um movimento que simulava espadas podia ajudar em si. Não compreendeu, mas ainda assim fez. Não vira aumento de tamanho algum nem sentiu diferenças significantes no seu corpo, mas ainda assim sentiu que estava no caminho certo. Conseguira mentalizar toda a ideia de força e finalizar o fortalecimento, mas continuara sem ver diferenças relevantes. Ainda assim estava seguro de que aquele era o caminho.

Tendo escolhido o tempo de observação como a hora de falar com a moça, era provável que Joul tivesse perdido pontos importantes nos acontecimentos, mas ainda assim o fez, estava entre perder alguns segundos de produção e parecer mal educado, escolhera o primeiro. Vendo que o diálogo com o moço fora iniciado pelo próprio objeto de estudo, a moça então falou:
- Acho que posso me considerar uma - deu uma risadinha simpática no final - Me chamo Nina. Você é de onde mesmo? Achei seu sotaque engraçado.

O rapaz então respondeu a moça com rispidez que, sem muito esperar aquele corte brutal e mudança de atitude, pediu desculpas pela intromissão, deu meia volta e caminhou na direção oposta ao treinador e seus pokemons; Togepi até ficara eufórico e até cogitara comprar um bate-boca, mas sua mestra pediu para que não o fizesse, ela não estava tão magoada assim.

Paralelo a isso, os dois pokemons ouviam o discursos motivacional de Joul e tentavam melhorar suas habilidades; de nada adiantara tal discurso para Gligar, que se manteve na mesma situação de antes. Mesma! Não mudara em nada. Ainda estava executando os movimentos com perfeição mas sem ver consequência alguma dos ganhos. Phantump do outro lado sentia uma melhora sim, quase nada significativa, porém uma melhora. Agora conseguira canalizar seu poder por mais tempo na região do peito, mas ainda estava com muita dificuldade de trazê-la para as garras inexistentes, não tinha imaginação para projetá-las.

Nina foi se distanciando de pouco em pouco, mas ainda ouvindo o que Joul tinha a dizer; reparara que pediu um descanso ao meio do treino e não entendia muito bem porque, mas não pretendia olhar para trás e analisar o caso. Gligar e Phantump obedeceram, parando e encostando um pouco, fazendo agora uma analise mental. Para eles, era como se estivesse, de castigo após errar demais.

O treinador arrependido agora ia atrás da moçoila perdida, ou nem tanto perdida assim; correr atrás da garota e pedir desculpas fora o suficiente para a menina se dar por satisfeita. Abriu seu sorriso simpático novamente e, com muita atenção, ouviu as desculpas de Joul, respondendo logo em seguida:
- É um treinador esforçado então! Gosto muito disso - Informou de forma inocente - Me desculpa também, eu sei como é, eu também não sei executar um treinamento se não estiver 100% concentrada. Desculpa mesmo por ter incomodado.

Ao fim disso, deu uma risada singela, como quem não sabia muito bem o que demonstrar de reação; caminhou lentamente em direção a dupla de Joul e voltou a falar, tendo bastante medo de ser rude, mas ainda assim não ficando calada:
- Posso tentar dar uma mãozinha? Acho que vai ser mais rápido se trabalharmos em duas cabeças.

Tendo aval para dar pitaco, Nina tirou do bolso um bloquinho de anotação lotado, depois de folear algumsa páginas finalmente achou uma em branco que pudesse escrever, o que escreveria? Bem, não sei ao certo, talvez nem ela saiba ainda, a questão era que ela tinha um bloco e tinha uma caneta, as consequências disso só saberemos após algo acontecer.

A garota então mordeu a traseira da caneta como quem pensava e, depois de bastante silêncio, encarou o treinador e os pequeninos, indicando que falaria aos três ao mesmo tempo, mas daria o enfoque a Joul. Posicionou a caneta atrás da orelha e, como quem estava certa do que dizia, começou:
- Olha, Gligar já aprendeu o movimento faz um tempo... Ele já deve estar no quarto estágio de ataque avançado, só não percebeu porque não usou nenhum golpe ofensivo. Isso é bom, isso facilita que ele aprenda outros golpes físicos enquanto estiver com essa melhora - Deu o primeiro informe, o segundo, seria levemente mais demorado - Sobre Phantump... bem, direi a ele - Pontuou, virando a atenção completamente ao pokemon fantasma - Você não precisa ter garras formadas para efetuar o golpe, meu amor; assim como Goomy's não precisam ter caudas para aprenderem Iron Tail; isso faz vocês terem dificuldade em aprender o golpe, mas não faz com que não consigam. A sua espécie é conhecidíssima pela natureza do golpe, quando crescer, você terá gigantescas garras para fazer tal, mas por hora, terá que imaginá-las! O golpe não será o mais forte Shadow Claw do mundo, mas será extremamente efetivo. Porque não tenta fechando os olhos? Se ficar procurando enormes garras em seu corpo, não conseguirá nunca. Imagine-se arranhando, se abstraia, pense pra fora dos limites que você acha que seu corpo tem. Você consegue ir muito além disso. Você vai ver que, depois que acumular a energia necessária e consegui-la fazer fluir, conseguirá fazer qualquer golpe possível!

A moça terminara o discurso vermelha e bastante sem graça, só ao fim percebeu que, talvez, falara demais, e não queria passar eta impressão. Passou a mão na cabeça e, como quem ria de forma singela e pouco sincera, pediu desculpas mais uma vez; provável que a palavra que ela mais falara até então. Depois disto, completou com uma justificativa que abrira mais incógnitas do que resolvera:
- Desculpa, eu exagero quando estou fazendo algo parecido com meu trabalho - Informou.

Por fim, os dois pokemons não executaram a ordem, por motivos de esperar o aval de Joul; Nina era de fato uma pessoa que falara coisas com potencial, mas ainda não era o treinador deles.