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Isto? Estes amuletos irão força-la a sumir, talvez a machuquem, mas será merecido, ela tem que pagar!Novamente a velha senhora gritava como se estivesse delirando, mas isso a distriu por um instante, o bastante para seu musharna focar no sonho da pequena fantasma caida que Asaph tentava proteger. Lentamente, o pokemon psiquico se aproximou e começou a devorar o sonho de Misdreavus.
Aipom puxou o cabelo de seu dono para que ele visse o que acontecia, nisso tanto eles quanto a velha já estava rodeados por uma nevoa cor de rosa brilhante. Nessa nevoa rosada expelida por Musharna era possível ver imagens nebulosas, mal eram discerníveis, mas conforme a anta psíquica comia mais do sonho da fantasma mais nítido ficava o que era exibido em sua nevoa e a nevoa estava tomando conta da sala, envolvendo plenamente a todos, quase que os tornando parte daquele sonho que acontecia numa floresta profunda e escura como uma noite sem estrelas.
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Musharna, já chega, pare de comer agora!Asaph pode ouvir - qualquer um poderia - o grito da velha senhora, ele não tinha como vê-la agora, estava totalmente envolvido por nevoa, shuppet havia sumido dentro dela, apenas Aipom restava consigo. Essas imagens estavam muito vivas, muito reais, ele realmente estava dentro de um sonho? Estava no meio de uma floresta seca cujo o chão estava forrado de folhas secas, a vida parecia ter sido varrida dali.
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Socorro!A voz que veio por trás de si o pegou de surpresa, ao se virar, Asaph foi surpreendido bela imagem de uma jovem pequena, parecidíssima com o cadáver possuído de mais cedo, seria ela? A neta da velha?
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Alguém! Por favor, tem alguém me ouvindo?!A menina passou através de Asaph, ela seguiu pela floresta, estava claramente perdida, mas não sozinha. Asaph enfim percebeu Misdreavus junto a menina, estava a guiando, tentando conduzi-la para algum lugar, talvez sua casa. Mas as duas davam voltas e mais voltas, sem achar um caminho que saísse dali. A menina estava cansando, estava com frio, com fome, ela estava definhando sem saber o que fazer.
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Miss, eu estou cansada demais, tente achar alguém, eu preciso descansar. _ Disse a menina se escorando numa arvore seca.
Misdreavus estava preocupada, não queria ir, mas ela teve, o estado da jovenzinha era sério, tinham que conseguir sair daquela floresta e com isso em mente a fantasma fez como pedido e tentou encontrar alguém, qualquer um.
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Você esta com ela... _ A voz alterada da senhora soou como um rugido, mesmo sendo soluços, vindo do interior da floresta _
Você era dela... Por quê a deixou? Não devia, não devia!Os gemidos da velha tornavam-se eco no cenário que ficava mais escuro, anoiteceu e não havia estrelas para iluminar a pobre menina que esperava a sua pokemon voltar. Quando suas pernas estavam mais descansadas, ela decidiu ir atrás de sua pokemon, seus passos eram lentos, pesados, era visível que exigiam muito esforço. Num pisar mais fraco, ela acabou tropeçando e quando deu por isso estava dentro de um buraco, folhas secas caiam sobre si.
Ela tentou chamar por socorro, tentou por muito tempo e muito mais depois, mas ninguém veio. A noite transformou-se em dia que virou noite e assim se repetiu até que a garota estivesse coberta por folhas secas. Quando a ajuda enfim veio, tudo que viram do alto daquele buraco era as pernas quebradas que saiam de uma pilha de folhas. O choro arrepiante de Missdreavus que estava junto das pessoas que vieram ajudar era de partir o coração e tornou-se ainda mais angustiante ver a pokemon surtar quando o corpo da menina foi enfim tirado do buraco, ela estava tão machucada, tão magra e fria. Na mão dela, bem firme entre seus dedos endurecidos estava a pokeball de Misdreavus, rachada, inutilizada.
Misdreavus havia chegado tarde, havia perdido sua dona, ela estava sozinha.
A nevoa tornou-se escura e as cenas mudaram, estavam novamente no meio da floresta, mas desta vez as arvores estavam floridas, a grama era verde e vivaz e só havia uma pessoa diante de si, uma mulher idosa que o encarava, o olhar dela era como se tivesse visto um fantasma.
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Não pode ser... Como? Por quê? _ A mulher aproximou-se de Asaph, lagrimas nos olhos, uma expressão de desespero lhe tomou quando ela estendeu os braços para pega-lo, mas assim como a menina, ela o atravessou e invés dele, ela abraçou um pokemon. Um pequeno pokemon com cabeça de madeira e corpo negro translucido que chorava repetindo
Vovó.
De longe, escondida entre arvores, Misdreavus via a reunião das duas, não se importava em conter o choro, ela era uma estranha para a avó de sua dona e apenas uma lembrança distante para sua dona renascida. Seu lar era inexistente, tudo que sobrou era vê-las de longe como o fantasma que era.