n.1 Jeepers Creepers

A sombria batalha dava continuidade enquanto os Pokémon ficavam cada vez mais imersos em seu combate. Labaredas fátuas viajaram até Scizor, envolvendo seu corpo e causando enormes queimaduras contra a mesma. Porém, isso não aconteceu enquanto a série de socos atingiu o corpo de Sableye, causando vários danos. Logo em seguida, o sombrio Pokémon atacou com alguns raios enegrecidos de seus olhos, e eles iriam acabar com Scizor, mas Johan não achava necessário. Retornou sua Pokémon e enviou o seu Gastly, que recebeu toda a carga de danos daquele Pokémon.

O treinador achava aquilo tudo interessante. Observava com tamanho prazer o curso da batalha, e mesmo que Gastly houvesse recebido um golpe gratuito, ele mal parecia se importar. Sabia que, daquele momento em diante, ele deveria se preocupar muito mais com a sorte do que o comum para tentar vencer aquela batalha por completo. Seu sorriso não sumia do seu rosto, mesmo naquela situação.

— Muito bem, Gastly, comece utilizando seu Hypnosis e depois prossiga com um Dazzling Gleam!

Não havia muito o que fazer. Johan sorria se divertindo com o aperto, mas ele estava tão perdido em um estado de violência que mal se importava com o que poderia vir a acontecer. Por enquanto, aquilo era sua condição para a vitória, e ele não se importava nem um pouco se dependeria da sorte ou não, contanto que vencesse finalmente.

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A estratégia de Johan não parecia ser a mais segura a ser utilizada, porém, era certamente interessante. Era seu objetivo adormecer seu oponente para conseguir causar o máximo de dano que conseguisse. Porém, isso certamente não estava planejado da melhor maneira. Gastly, em vão, lançou ondas hipnóticas contra Sableye, que mal sentiu o impacto das ondas. Nem mesmo uma leve sonolência foi causada, a hipnose havia sido um fracasso, e como punição, Gastly recebeu um golpe que consistia em assombrar o oponente, novamente, visto que havia recebido o mesmo golpe antes.

Dado a critica situação da batalha, não havia outra salvação ou algo a se fazer. Um dos Pokémon de Johan deveria servir como um sacrifício para causar mais danos e o outro sair vencedor, poderoso o suficiente para acabar com as esperanças de seu oponente. Sua cabeça, embora deturpada e manchada pelo caos que levava sempre às atrocidades do treinador, logo começou a trabalhar, maquinalmente, para encontrar uma solução para o empecilho. Não foi muito difícil saber o que deveria ser feito ali, certamente era uma pena, mas Gastly deveria ser o sacrifício, a "isca", caso não conseguisse abater Sableye.

— Gastly, envolva seu corpo nesse perdedor prossiga com um duplo Dazzling Gleam, derrube o seu adversário à queima-roupa! — Bradaria Johan, já com o seu plano em mente — Talvez ele consiga sobreviver ao próximo ataque, não?

Mesmo estando momentaneamente encurralado, Johan não perdia a oportunidade de continuar a provocar os seus adversários. Sua natureza não o permitiria. Era como se fosse o seu dever provocar a sua "presa", mesmo que ela estivesse sendo um tanto quanto arisca. Ainda assim, ele acreditava com todas as forças que poderia ganhar de qualquer maneira. Havia apenas escolhido a mais provável para si, o que lhe agradava mais. Mesmo que Gastly não conseguisse terminar o serviço com aquele Sableye, por imprudência, impulso e descuido de seu treinador, ele ainda poderia deixar o Pokémon sombrio ferido o suficiente para que Scizor pudesse derrotá-lo sem problemas.

A única questão era: como esse plano iria se desenrolar?

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Se Johan utilizasse sua estratégia de pura causa de danos desde cedo, ele poderia muito bem ter ganho aquela batalha sem que houvessem sacrifícios necessário. Porém, dada a sua natureza impulsiva, inconsequente e sanguinária, ele não conseguiu prever o que estava acontecendo. O seu oponente era forte, e era também um empecilho naquele momento. Por mais que fosse forte, Johan mal se importava. Iria ultrapassar aquela força, custe o que custar, e não se preocuparia se aquilo significasse sacrificar um de seus Pokémon por um erro mal calculado do treinador.

Com um rápido movimento, Gastly avançava e fazia com que seu corpo brilhasse, emitindo uma poderosa luz contra o sombrio Sableye. A luz foi intensa o suficiente para fazer Sableye custar a ficar em pé, ofegante, mas ainda tendo forças para poder lançar um ataque contra o Pokémon gasoso, fazendo com que ele fosse nocauteado pela aura sombria e espantosa e caísse por terra, sua forma gasosa custando a se manter firme. Não foi preciso muito para Johan retorná-lo para a Poké Ball, e o mesmo já pegava a sua Great Ball enquanto ouvia os insultos e provocações de seu oponente. Não pôde evitar além de dar um sorriso de escárnio para aquele homem, divertindo-se abertamente com suas atitudes.

— Imagino que você não saiba com quem está falando, não é? Acho que preciso refrescar sua memória. — Falaria Johan em tom baixo, rindo de maneira psicótica enquanto fixava seus olhos em seu oponente. Lançaria então sua Great Ball — Scizor, vamos finalizar isso. Ataque com um Bullet Punch duplo! Se ele cair no primeiro, pode atingir o dono desse medíocre Pokémon!

O inseto escarlate, de cor cromática e aparência avassaladora, já poderia mostrar sua maestria em batalhas terminando com aquele oponente. Restava apenas um simples movimento para confirmar o fim da batalha. Apesar de sucateada, Scizor possuía uma força e uma habilidade descomunal. Mesmo quase abatida, ela não se daria por vencida facilmente. Ou será que realmente daria? Isso dependeria do que ela poderia fazer naquele momento.

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O fim da batalha não poderia ter sido mais emocionante e satisfatório para Johan do que havia acabado de ser. Scizor saiu, seus olhos penetrantes observando Sableye, e logo foi ordenada ao ataque. Porém, mesmo tendo uma velocidade maior, Sableye foi beneficiado várias vezes pelo item que ele segurava. Em um rápido movimento, sua sombra se esticava até Scizor e a atacava de surpresa, batendo com força em sua carapaça metálica, atingindo em pontos dolorosos, causando o que parecia ser um crítico. Por mais que fosse sua Pokémon, Johan se deleitava com aquilo. Mesmo que sua Pokémon estivesse sofrendo, ele obviamente via que ela aguentava os golpes, mesmo estando sucateada de toda a batalha e ultrapassando os seus limites. Aquilo mostrava que ela era resistente, persistente e uma ótima combatente. Um Pokémon que ele poderia realmente chamar de seu. Mesmo com os erros de Johan, ela suportava tudo até o último segundo.

Num súbito acesso à raiva, Scizor então atacou Sableye com uma sequência de socos extremamente rápida, parecendo vários tiros de balas verdadeiras, lançando o Pokémon sombrio contra a parede e fazendo com que ele fosse nocauteado. Ele não podia mais se mexer. Estava em vantagem, e acabara de ser derrotado pela combatente mais exausta daquela partida. Ela então observava o treinador oposto, pronta para atacá-lo, mas não foi possível. As queimaduras foram o suficiente para fazer com que ela ficasse nocauteada antes que pudesse dar um último golpe.

Acabou. Johan era o vitorioso. Era impossível descrever o prazer que ele estava sentindo naquele momento. Era aquilo que ele realmente desejava sentir. Derrotar um oponente forte, fazer com que mesmo no último segundo ele fosse finalmente o vencedor de tudo. O homem então recolheu seus Pokémon e saiu correndo pelo beco, praguejando. Johan estava satisfeito com o ocorrido. O rasgo em sua boca parecia realmente selvagem, e ele exibia um olhar deleitoso. Caminharia até a Scizor, antes de volta-la para sua Poké Ball.

— Espero que não se esqueça de mim! Chame qualquer pessoa para tentar a sorte comigo, espalhe para as pessoas! Sou o Hell Kaiser Johan! — Gritaria Johan para o homem que já deveria estar saindo dali, mas ainda assim poderia ouvir claramente — Quanto a você, Scizor, não sei se ainda está acordada, mas parabéns. Você excedeu minhas expectativas. Continue assim e você será mil vezes mais poderosa do que atualmente.

Dito isso, Johan retornaria sua Pokémon para sua Great Ball com tamanha satisfação que possuía por tê-la agora em seu time. Guardaria a esfera e então iria até onde a carteira havia sido deixada caída. Ele havia notado um objeto diferente após o desespero do homem em sair daquele local. Ele não o culpava. Os fracos sempre se assustam com a brutalidade de um ser mais poderoso. Era uma reação natural.
De qualquer maneira, pegaria a carteira e analisaria o que pudesse estar nela. Pegaria o que quer que fosse de dinheiro ali e colocaria em seu bolso, sem se preocupar muito com o que quer que pudesse ser depois. Analisaria também alguma informação ou algo sobre aquele fraco homem para tentar saber se havia alguma gangue maior naquele local. Talvez pudesse se divertir mais tarde após ir até o Pokémon Center. Pegando tudo o que pudesse ser útil, jogaria então a carteira na lixeira mais próxima, dando risadinhas psicóticas.

Após tudo isso, começaria a se afastar daquele lugar e procuraria o local mais próximo para poder recuperar seus Pokémon, fosse num Pokémon Center, em algum lugar que pudesse fornecer uma recuperação rápida em uma das cestas ou o que quer que fosse útil. Recuperaria seus Pokémon rapidamente, com seu semblante de loucura, sem encarar ninguém, mas exalando uma aura de impiedade para quem quer que o notasse. Apenas fixaria seu olhar em quem pudesse ser útil para ter uma nova batalha e ele puder provar novamente o que seus Pokémon podem fazer. Aproveitaria para deixar Grimer em seu time, caso fosse necessário algum bode espiatório para estratégias ou coisas relacionadas.

De toda maneira, após fazer o que precisava fazer no Pokémon Center, caso não houvesse ninguém que viesse a ser interessante para batalhar ou ter qualquer assunto interessante sobre isso, ele apenas sairia pela porta da frente e procuraria mais lugares onde pudesse batalhar. Havia muito chão por Mu Island, inclusive terras profanadas com gangues diversas que estavam ansiando para receber um pouco do tratamento do Imperador do Inferno.

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A situação estava interessante e parecia melhorar muito para Johan a medida que o tempo passava. Ele estava se sentindo prazeroso com o sabor da vitória que acabara de ganhar, e, junto dela, uma recompensa um tanto quanto fora da lei. Encontrava pK$300 em belas cédulas e 2 bonitos cristais. Pareciam cacos de vidro opacos, que brilhavam com um feixe de luz neles, e tinham a coloração azul. Johan sabia muito bem que aqueles eram Blue Shards, ótimas "moedas" de troca em vários serviços, visto que muitas pessoas os utilizavam de inúmeras maneiras, conferindo uma grande variedade para serem gastas. Seu sorriso se alargara enquanto ele observava os grandes fragmentos em suas mãos, e então ele atirou a carteira para longe.

Por infelicidade — ou talvez felicidade — do destino, a carteira não atingiu a lata de lixo que Johan estava mirando, e sim em uma lona sobre algumas caixas naquele beco. A carteira foi escorregando e batendo nas caixas empilhadas e cobertas, mas não era a única coisa que emitia barulhos. Uma gaiola balançava, e sons de algo tentando sair dela eram audíveis, além do fato de haver um zumbido pairando o ar que tirava completamente a atenção de Johan sobre o que ele desejava fazer. Ele não pôde ir ao Pokémon Center sem checar o que aquilo poderia ser. Sem hesitação, caminharia calmamente até as lonas ali, e então agacharia, fixando seus olhos selvagens e penetrantes na lona que provavelmente estaria cobrindo a gaiola.

— Olá, doçura. — Diria ele, dando um sorriso de interesse logo que conseguisse retirar a lona de cima da gaiola.

Observaria o que estava dentro da gaiola. Poderia muito bem ser um Pokémon contrabandeado que ele não havia notado devido à intensidade da batalha que ocorria ali. Ou também poderia ser o caso de alguma máquina que estivesse se movendo dentro de uma gaiola, por algum motivo aparente que Johan mal conhecia. Porém, tendo uma certa curiosidade sobre coisas peculiares e interessantes que aconteciam ao seu redor, e sendo o espírito inconsequente que era, ele estava ali, ignorando a saúde de seus Pokémon para observar o que poderia haver dentro de uma gaiola de metal, tentando se livrar dela e fazendo zumbidos para que alguém a notasse. Era certamente uma oportunidade que o treinador selvagem não poderia perder. E ele não perderia. Não com aqueles seus atentos olhos famintos, que fixavam-se no que quer que estivesse dentro da gaiola.

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