Pokémon Mythology RPG
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[OzPantalho no País das Esmerilhas] – Forina Theater –

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off :


Enfim, o Teatro.

Após tanto tempo investido não apenas no desenvolvimento de seus pokémons, como em viagens de cá para lá - e vice versa - para que pudessem organizar tudo dentro do prazo, o fato de estarem ali de verdade quase se tornava surreal, digno de conto de fadas - e, por ironia ou não, até podia dizer que era exatamente disso que a peça se tratava, tecnicamente… Outro fato impressionante, aliás, era como a cidade parecia ter se transformado e adaptado para receber o curioso mundo de Alice pulsando em cada esquina, fosse pelas decorações espalhadas pelas ruas ou mera e somente por sua existência animada na boca de, supunha, cada uma das pessoas que marcavam presença, naquele exato momento, em Forina. Tinha consciência de que o evento teria um porte tão grande, senão mais, quanto a própria Wallace Cup, mas testemunhar as proporções que ele havia tomado verdadeiramente era quase assustador.

Talvez fosse por isso que sentia as mãos trêmulas, enquanto tentava preparar tanto a si quanto a seus companheiros para o espetáculo iminente. Ainda estava meio incrédula, na verdade, sobre como haviam conseguido passar com aquela ideia maluca de mistura de obras mas, ainda que estivesse feliz com o fato, era incapaz de impedir o nervosismo que subia à cabeça em uma velocidade aterradora. Quer dizer, se estragasse qualquer coisa, não seria ruim apenas para si, como no caso de uma competição individual - mas também para Luch, e todo o elenco!

Teria sido uma boa ideia, realmente, aceitar participar daquilo?


Com um suspiro pesado, o olhar analisou novamente o trio gramíneo, que relaxava no momento anterior à apresentação. Para sua felicidade, não tinha que se preocupar com o figurino dos animais, visto que mesmo seu natural combinava perfeitamente com a ideia da Cidade das Esmeraldas, com seus vibrantes tons esverdeados… Quer dizer, bem, Rotom era uma exceção à regra, mas a aura que envolvia o fantasma e sua capacidade de distorção acabavam se encaixando com a ideia do ilusionismo do mágico, então tudo tinha dado certo no fim.

— Ei, pessoal! — Não era necessário muito mais para captar a atenção dos bichinhos, que logo se aproximaram. O cortador de grama, pra variar, foi o primeiro a avançar, numa aceleração rápida - e parecia estar se divertindo imensamente com a brincadeira de suas rodas, aliás. — Olha, eu sei que a ideia desse tipo de atuação vai ser nova pra vocês… Lembrem-se que precisamos prolongar o máximo possível os confrontos, também. Mas, principalmente, tentem se divertir, ok? — Pediu. Se abaixou, então, junto ao elétrico, retirando do bolso a lente comprada anteriormente e a ajeitou como um monóculo para o animal. O formato mais moderno do objeto fez um bom casamento com o visual do pokémon, e a moça deu-se por satisfeita com esse complemento. O elemento principal, porém, não envolvia o metamorfo, e a ruiva se levantou outra vez — Roselia? — Chamou. O venenoso respondeu com um breve agitar de suas rosas, e observou em silêncio quando a garota se afastou por um momento até a mochila e, dali, retirou uma cintilante pedra de tons claros. Sem demora, retornou para perto do tímido companheiro, que encarou o item com uma dúvida cintilante no olhar. — Tenho um último retoque para você. — “Explicou”. Então, com suavidade, encostou o item evolutivo contra o peito do animal.

Num primeiro momento, nada chegou a efetivamente acontecer, mas a moça tinha paciência. Precisaram de mais alguns segundos antes que o objeto começasse a cintilar com suavidade, finalmente reagindo com o contato empregado e, num estouro de luz, o brilho envolveu o espécime e sufocou sua imagem naquele manto luminoso, ocultando suas características e permitindo o vislumbre apenas do formato de seu corpo, que gradualmente começou a se transformar e alongar - primeiro os membros, e então os espinhos em sua cabeça, que se enrolaram e desabrocharam. Aos poucos, a ruiva também sentiu a densidade da pedra em suas mãos se esvair e permitir engolir pelo pokémon à frente, mas apenas ficou em silêncio, observando sua metamorfose que tão pouco tempo durou antes que o invólucro brilhante se rachasse e partisse em mil pedaços, caindo como uma chuva prateada ao redor do mais novo Roserade. O pokémon, agora buquê, olhou para as flores em suas próprias “mãos”, com uma expressão confusa em primeiro momento, mas aos poucos foi encaixando as peças e o rosto se iluminou - num giro breve, admirou a si mesmo, emitindo um cry animado, que arrancou um sorriso cheio de graça da treinadora.

— E, agora… Vocês tirem um tempo para descansar. Daqui a pouco já devemos entrar! — Finalizou. Um a um, retornou os pokémons para suas devidas esferas, e as guardou com paciência - e teve que lidar sozinha com o peso do nervosismo, e as crescentes dúvidas e receios que tentavam se apoderar de sua mente.

Por fim, com uma respiração profunda, arranjou coragem para observar o espelho. Por mais que tentasse disfarçar, sabia que já passavam três dias que não o fazia, e não era por simples coincidência. Mas eis ali, novamente, um evento que a obrigava a encarar o próprio reflexo, querendo ou não. Começou por baixo, pelos sapatos sociais masculinos pretos - muito bem engraxados, por sinal -, e tentou se distrair com o pensamento de como era engraçado se ver naquele tipo de calçado. Passou pela calça de tecido liso mesma cor, até chegar na camisa social branca de manga longa e, consequentemente, nos suspensórios que marcavam caminho na imensidão clara da peça superior.

Foi obrigada a desentortar a gravata borboleta que pendia no pescoço, e repuxou suas bordas com suavidade, remexendo no curto tecido extra que recaía do laço por sobre o peito - que, aliás, tinha sido pressionado com algumas voltas de bandagens, visando ocultar o volume que, de outro modo, acabaria marcando o figurino. Como complemento mais importante, óbvio, a cartola preta, que recuperou da mesa ao lado e colocou sobre os cabelos ruivos devidamente presos, com o auxílio de grampos, em um elegante coque baixo. Tirou o paletó verde esmeralda do cabideiro e o apoiou no ombro, dobrado verticalmente ao meio e, por fim, alcançou a maleta executiva marrom, que até pouco tempo estava ao lado da cartola. Abriu, apenas para conferir uma última vez se os Full Restore e as frutas estavam devidamente armazenados e, feito isso, a travou novamente e pegou pela alça, dando uma última espiada no reflexo - respirou fundo, e esfregou o rosto. Agora que já estava ali, não teria condições de simplesmente recuar e fingir que nada aconteceu, então… Restava tentar acalmar o coração, a mente e, acima de tudo, tentar fazer um bom trabalho.


E partiu, em busca do diretor.

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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
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OFF :

Restando tão pouco tempo para a estreia do Evento Teatral em Forina, quem se mostrava verdadeiramente um vilão para nós dois era o bendito do relógio… Já não era novidade alguma que tínhamos um prazo apertado para definir nossos papéis e a história que gostaríamos de contar em nossa apresentação, mas sinceramente… Havia tanta coisa secundária a ser feita antes da peça, que parecia não haver mais chances de termos uma epifania capaz de nos trazer um roteiro ideal em menos de três dias. Bem… Ao menos era o que pensávamos, até Natalie surgir com uma ideia, no mínimo, genial! Buscando fugir do clichê da história original de Alice, Naty propôs que buscássemos inspiração para nossos personagens em outra grande obra literária clássica, O Mágico de Oz. Esta sugestão surgiu como uma ideia inocente, em um papo bastante informal enquanto voávamos de Lilycove para Forina, com todas nossas compras emergenciais.

Durante o voo, a ruiva fez uma brincadeira sobre esse possível “crossover”, mas ainda era uma ideia crua e improvável. Entretanto, com o debate certo e com as ideias não tão mirabolantes sendo incluídas de modo mais sensato, esta sugestão tornava-se cada vez mais viável. O desenvolvimento estava tão bom nessa linha de raciocínio, que depois de chegar em Forina, partimos direto para nosso quarto, pegando lápis, papel e o constante auxílio de nossos PokéNav Plus com o intuito de pesquisarmos e escrevermos material suficiente para servir de um belo pontapé criativo ao Diretor que nos assumiria no Festival. Pois bem, com algumas horas de sono a menos em nosso currículo, mas muita força de vontade e alegria em nossos corações, finalmente concluímos uma base interessante, que só precisava é claro, ser transformada em um roteiro de peça, pelos profissionais responsáveis… Tendo ao menos por onde começar, fomos no dia seguinte em busca de um Diretor que aceitasse essa complicada missão.

Admito que, achar um diretor ou diretora, firme o bastante para aceitar um texto semi-pronto e preparado pelos próprios atores, não era uma tarefa fácil, mas abraçamos essa possibilidade! Além do mais, restando menos de dois dias para o Evento, acreditava fielmente que apenas os profissionais mais dedicados, impulsivos ou masoquistas acabariam se envolvendo de cabeça no projeto. Felizmente, esse tipo de criatura realmente existia, apesar de eu não estar completamente certo sobre sua natureza... (para meu pavor, ele reunia as três ou mais possibilidades de personalidade). O homem leu, releu e girou o papel, tentando ver algo a mais, terminando a leitura com um grande sorriso no rosto, mas... Estampado também uma  expressão de quem tinha mais dúvidas do que respostas… Por sorte - ou não - isso foi o bastante para convencê-lo a se incluir no projeto e, nos dois dias que se sucederam, a ideia principal foi exaustivamente discutida entre todos nós, que precisávamos alternar nossas atenções entre alterar algum detalhe ou focar mesmo é no ensaio o quanto antes!

Apesar do tempo que nos restou, os resultados pareciam promissores! Ensaiamos incessantemente, até quase à exaustão, principalmente no dia anterior a peça. A imersão no projeto foi tão grande, que na noite que antecedeu a estreia, tivemos sonhos semelhantes entre si, além de bastante estranhos para os padrões de sonhos que costumávamos ter… Era como se o universo dessas obras tivesse deixado marcas em nossas mentes de tanto contato que havíamos tido nas últimas horas. Bizarro! Mas enfim… Se isso fosse nos ajudar de alguma forma, eu digo que seria extremamente bem-vindo! Até o fim do Evento, é claro... Talvez tenha sido pela ansiedade ou talvez pelo próprio sonho, com um quê de pesadelo ocorrido durante a última noite mal dormida, mas Naty e eu acordamos bem cedo na manhã desse Grande Dia. A quantidade de energia acumulada na gente era explosiva, por isso não tive nem tempo de enrolar na cama pela acordar. Comecei logo a me arrumar e também aprontar meus Pokémon, principalmente Meo-Mey, que usaria uma divertida mini-fantasia de espantalho, para me acompanhar. Além dela, estaria acompanhado de Ume e Lenora… A Ivysaur representaria a planta, da plantação que o Espantalho se preza a cuidar e Lenora, uma corajosa Corvo, que não se intimida pelo bobo personagem, mesmo que o normal fosse temê-lo. Por sorte, eu não precisava caprichar tanto no meu visual, afinal era como um boneco cheio de palha em roupas “caipiras” e foi exatamente isso que eu fiz, tanto para mim, como para a Meowth.

— Fique bem quietinha Mey, essa palha espera, eu sei. Mas você vai ficar linda quando terminarmos e estivermos iguaiszinhos... — Comentei com a Pokémon, vestindo-a com uma blusa e calça largas, amarrando as vestimentas na altura dos pulsos e canela para que as palhas que colocasse não vazassem… Em seguida, comecei a jogar a biomassa dentro das roupas, em quantidade suficiente para deixá-la parecendo um grande travesseiro de feno ou algo parecido. A felina observava as vestimentas sem entender de fato as necessidades dela, puxando o pano e o esticando, apenas para soltar e reclamar de tudo aquilo com um miado longo e sofrido. Cortei as murmurações ao enfiar o pequeno chapéu de palha em sua cabeça, passando a  focar apenas na minha arrumação, que ainda precisava de muito pela frente...Enquanto isso, pensava em Natalie e no trabalhão que devia estar tendo para finalizar sua fantasia… Ela sim tinha um grande desafio pela frente, o que talvez me desse tempo de terminar uma maquiagem extra, deixando-me com mais cara de bobo, com uma expressão fixa e que chamava a atenção, mas também divertia e intrigava, como meu personagem exigia… E assim que finalizei todo o figurino, adicionando o chapéu cacomido de palha também, liberei Ume e Lenora para relembrar como elas deveriam agir. Honchkrow precisaria usar e abusar de sua imponência e quase arrogância para, sempre que possível, ameaçar a Ivysaur inocente, enquanto a própria precisava esbanjar ingenuidade, sempre tentando esconder-se atrás de mim, um pacato e nada assustador espantalho. Mas enfim… com isso, finalizava os preparativos para o Teatro. Restava apenas deixar o camarim e ir até a coxia do Teatro, encontrar Natalie e o Diretor para as últimas orientações e assim o fiz de uma vez.

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Off: oi

 Uma dupla muito falante surge no evento ancorado na cidade de Forina e enquanto cada um ensaia suas respectivas partes e coloca seu Pokémon no meio das opções de trincas possíveis.

 Tudo feito e escolhido era hora de começar...

 Com uma bela ideia de combinação a dupla encontra o diretor da peça, a diretora. Uma mulher com cabelos negros, olhos de ave de rapina e a estatura de um poodle. Mas era ameaçadora.

- Mais atores iniciantes, gostei da fantasia, criança - aponta para a jovem treinadora - Vamos começar o ato 1, certo.

 Com a mão levantada aponta para a parte de trás do palco, era hora de iniciar a peça, as orientações eram seguir o script que a dupla trouxe, a diretora estava com bom humor hoje, teve visitas....

 Como iniciariam esse roteiro? A diretora cantarolava uma música, uma referência de outra obra de arte famosa.

Como iniciariam? [MÚSICA AQUI]

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off :


Por sorte, a busca atrás da responsável por dirigir a peça - uma mulher baixinha de olhar penetrante - não se prolongou. Entre toda aquela confusão de atores correndo de um lado para o outro nos bastidores, indiciando que o prazo fornecido para que se arrumassem já chegava ao fim, era incrível como parecia ter encontrado um fluxo próprio que a guiara diretamente ao encontro da diretora. Não só ela, aliás, como também seu parceiro de palco, e a ruiva não pôde evitar um breve sorriso quando o olhar encontrou o do rapaz, e pôde observar o seu figurino, achando graça imediata ao reparar na maneira como a maquiagem havia sido feita para deixar suas bochechas rosadas, fato que incrementava o ar "bobinho" do personagem.

Infelizmente, porém, não teve tempo para se dirigir à ele, pelo menos em um primeiro momento. A atenção foi cobrada quase instantaneamente (ainda que não em palavras diretas) pela mulher e, para seu alívio, a primeira coisa que saiu de sua boca foi sobre como tinha gostado da fantasia, fato que a treinadora respondeu com um sorriso tímido e um discreto "Obrigada". Não foi uma interação que perdurou, de qualquer maneira, visto que os ponteiros do relógio não paravam de correr e a própria encarregada os lembrou disso, apontando na direção do palco e indicando que deveriam se apressar para iniciar a peça. A ruiva, por sua vez, não teria chances - e não ousaria, se pudesse - de contrariar, então se limitou em concordar e agarrar a mão de Drac para puxá-lo na direção da área em que deveriam iniciar sua obra, rascunhada às pressas e que, ironicamente, realmente aconteceria!

Não demonstrou, inicialmente, o nervosismo que sentia correr por suas veias - mas, em contrapartida, sabia que talvez o tutor tivesse consciência plena do fato, considerando a maneira como sentia as próprias mãos tremendo e, na realidade, sentia até mesmo as palmas meio suadas. Ter o peso de toda uma apresentação sobre os próprios ombros (Maldição, por qual cargas d'água tinha ficado justamente com um dos papéis que apareciam tipo... 100% do tempo???) era... Sufocante. Como bem dito, porém, já estava muito tarde e em cima da hora para que pudesse sequer cogitar desistir de tudo e fugir pra debaixo dos lençóis em algum quarto qualquer no Centro Pokémon.

Ainda não tinha certeza se deveria estar ali.
Ainda não sabia se conseguiria.
Ainda - e tinha medo de descobrir uma negativa, muito em breve.

Respirou, fundo. Em fato, só foi capaz de recuperar o ar quando os pés estancaram à borda da cena que estava sendo montada (que se tratava da entrada de Alice no País das Maravilhas, logo no cômodo da pequena porta), às pressas e cuidadosamente, pelos funcionários do Teatro. Apenas os últimos ajustes eram necessários, ao que tudo indicava, mas não acreditou ser de bom tom adentrar a área antes que os rapazes se retirassem. Os dedos apertaram a alça da maleta que carregava, suaves, e os que estavam entrosados nos do treinador pareceram fazer questão de imitar o ato.

— E-Então... — Gaguejou, e os ombros se encolheram, suaves. — Você acha que a gente consegue, mesmo? — Questionou, em baixo tom. Os orbes cinzentos em momento algum recaíram sobre sua imagem outra vez, bem mais preocupados com as cortinas fechadas logo ao lado do palco, apesar de que já era capaz de ouvir o burburinho provindo da, imaginou, plateia. — ...E se eu estragar tudo, mesmo? — Outra pergunta, embora essa tenha sido mais baixa e, sinceramente, mais para si que para o rapaz. Uma leve mordida no lábio inferior aconteceu, e precisou respirar fundo mais uma vez. Dentro do peito, o coração batia num ritmo assustadoramente descompassado, e se questionava se teria capacidade de encenar por tão longo período.

Devagar, soltou a mão do companheiro de cenário, e esfregou as próprias na calça para que pudesse secá-las, alternando-as, evitando ter que largar a maleta no chão durante esse processo. Ter trabalhado para pensar num contexto tinha sido fácil, e mais ainda ao dividir a ideia com o moreno e encontrar nele o suporte e a animação necessária para que se contagiasse mas, estar ali, com a peça tão iminente, era como um baque de realidade totalmente diferente que a assombrava, querendo ou não. O mais ínfimo pensamento de como seria obrigada a se apresentar na frente de sabe-se lá quantas pessoas era tenebroso. Se tudo desse errado, o trabalho de quantas pessoas será que teria estragado? A maioria delas, senão todas, com certeza nunca mais olharia na sua cara - quer dizer, não que realmente conhecesse tantas assim, em realidade só tinha proximidade com o Valassa, mas enfim.

...Urgh.

— ...Enfim... — Murmurou. Com a mão livre, esfregou o rosto, respirando devagar - para sua sorte, não havia precisado de maquiagem, ou provavelmente teria borrado tudo naquele ato quase involuntário. — Boa sorte pra gente, eu acho. — Deu um sorriso nervoso, e movimentou os ombros. — ...Ou quebre a perna? Acho que também funciona, se o universo não levar ao pé da letra... Ou perna, no caso. — Emendou, franzindo o cenho com sutileza. Imagine só, entrar pra uma "competição" artística e sair com uma fratura? Pfft.

Por conta própria, não ousou olhar para o rapaz - mas apenas por culpa da ansiedade que consumia sua alma. Com o último sinal mudo da equipe de cenário que logo se retirou, a moça engoliu saliva, respirou fundo e adentrou a área. Reparou nos pisos quadriculados, que lembravam bastante um tabuleiro de xadrez. Tentou se distrair com eles, além de com a lembrança do desenho animado feito para o livro, há muito tempo. Pacientemente, retirou a cartola da cabeça e, quando os pés frearam, se abaixou e jogou o chapéu um pouco para frente, observando-o rolar no chão por alguns metros e perdendo velocidade devagar e ainda balançar algumas vezes para lá e para cá antes de finalmente parar no lugar, inerte. A ruiva, então, vestiu o paletó (pouco depois de amassá-lo um pouco entre os dedos), e propositalmente o deixou torto, com uma das mangas "caindo" pelo braço; Também entortou a gravata, ainda que com pesar. Já com a maleta, a colocou sobre o piso antes de empurrá-la mais para longe, observando o objeto deslizar e se afastar. Enfim, deitou no chão, largando o corpo de qualquer maneira e fechando os olhos - imaginando que Luch faria o mesmo.

"Concentra, Natalie.", sussurrou para si mesma, em pensamento. "Viva o papel, e vai ficar tudo bem. É só sentir.", tentou se convencer.

Não sabia se teria um narrador explicando a história - apesar de que logo descobriria, se a resposta fosse positiva -. O alerta do início da peça (para si) aconteceu quando, de repente, ouviu o barulho violento e traiçoeiro de um furacão que gradualmente aumentava de volume. Os dedos se apertaram com sutileza contra o chão, mas não se moveu - não poderia, não deveria, não tinha por quê. O som prosseguiu por uns instantes e, embora com dificuldade, percebeu o chiado do tecido quando as cortinas foram abertas. A parte mais óbvia foi quando o som da catástrofe natural amenizou, até simplesmente desaparecer.

Contou um, dois, três segundos.

Viva o papel.

***

Quando começou a abrir os olhos, não sabia onde estava. A primeira reação, ainda que lenta, foi movimentar as mãos na superfície lisa do piso, e um gemido dolorido escapou enquanto forçava as palmas contra o chão e buscava apoio pra erguer o corpo, devagar. O rosto permaneceu voltado para o padrão xadrez por um momento, e apertou as pálpebras novamente antes que o tronco encontrasse sustento o suficiente para se erguer. Sentou-se sobre as próprias canelas, e ergueu a face para cima, apertando as pálpebras e tentando acostumar a visão com o novo cenário - quando se abriram completamente, porém, o cenho se franziu, confuso.

— Mas onde raios...? — Questionou, para ninguém em específico. Uma das mãos se levou à cabeça em confusão, mas simplesmente atravessou o ar - não teve reação por cerca de três segundos, os dedos parados no ar, antes que enfim a outra mão se juntasse à primeira e pousassem de imediato contra os fios ruivos, apertando-os de leve. Um sobressalto transpassou sua expressão, como se tivesse levado uma descarga elétrica. — Meu chapéu! — Exclamou, e um olhar atordoado passeou em volta, agitado, antes de enfim se deparar com o acessório largado no chão, lateralmente. Pareceu se acalmar por um instante, liberando um suspiro pesado - então, jogou o peso para os pés, fez um pouco de força e tomou o impulso necessário para se colocar de pé. O rosto se baixou para as próprias roupas, e fez uma expressão desanimada ao reparar o próprio estado. — Diabos, olha só pra mim... — Resmungou. A primeira coisa que arrumou foi o paletó, vestindo-o por completo, e puxou brevemente as lapelas, correndo os dedos por elas e as desamassando - tanto quanto podia -, arrumando as mangas e acertando a peça de roupa sobre o próprio corpo. Segurando as pontas da gravata, a endireitou no pescoço, erguendo o queixo no processo para que o fizesse com mais folga e conforto. Então, caminhou para a cartola até então abandonada, se inclinando sem sequer ver necessidade de dobrar os joelhos, recuperando o chapéu na mão e esfregando sua superfície com a manga do paletó, "limpando-a". Por fim, a colocou novamente sobre a cabeça, acertando e dando um leve toque na aba frontal. Mais uma olhada ao redor, e finalmente encontrou a maleta, caminhando até o objeto e a pescando pela alça, batendo a palma por sua superfície para retirar qualquer resquício de poeira.

Conferiu mais uma vez, então, se todos os seus pertences ali estavam, e não sentiu falta de mais nada. Só aí se deu ao luxo de verdadeiramente olhar ao redor, analisando a sala onde estava, o ar confuso estampado nos orbes cinzentos. Deu alguns passos e giros lentos de 90º para a esquerda e para a direita, se certificando de não dar as costas para...

Para o quê, mesmo?

Ah, enfim.

— Como que eu vim parar aqui? — Perguntou, coçando a cabeça, erguendo um pouco o chapéu no processo, assim que se deu conta de que não existiam portas no cenário, ou pelo menos era o que parecia, em uma primeira checagem mais supérflua. Na verdade, não existia absolutamente nada, além de uma mesa no meio da sala que não parecia ter nada de especial - ou, pelo menos não se incomodou de verificar, naquela hora. O rosto se voltou enfim ao teto, e apertou as pálpebras um pouco, apoiando a lateral de uma das mãos sobre a testa e forçando a visão. — Santa Esmeralda, onde que está o teto? — Indignou-se, e suspirou, permitindo que o braço caísse ao lado do corpo. — Eu caí num buraco, será? Ô, diaxo, viu... — Apoiou as mãos na cintura. — E como que eu vou subir, agora? Eu vou processar quem inventa de escavar esses buracos por aí, isso sim! Ah, eu vou me aposentar, assim não dá, não... — Reclamou, esfregando o rosto e andando para lá e para cá. A última coisa que se lembrava era de ter saído da Cidade das Esmeraldas, e tinha quase a certeza de estar no meio de uma trilha de areia batida, mas não se lembrava do motiv-...

...Sentiu o pé esbarrar em algo firme, ou pelo menos mais firme que o ar, e o rosto se voltou de imediato para o chão. Deu um salto para trás ao se deparar com o corpo do Espantalho, e torceu o nariz, com uma careta frustrada.

— Ah, lembrei. Foi por sua causa. — Resmungou. Então, com a ponta do pé, cutucou o braço do rapaz, o balançando de leve. — Será que morreu? — Perguntou, mais para si que qualquer outra pessoa. Aliás, não estava sozinho ali? Ora, bolas. — Ei. Eeeei! — Insistiu, balançando o corpo do moreno com um pouco menos de leveza, embora ainda com a ponta do pé. Afastou-a, então, e deu um suspiro pesado, e retirou do bolso do paletó um relógio dourado, abrindo-o e checando as horas. Não se atentou, porém, ao fato de que todos os ponteiros estavam parados. — Olha a hora! Levanta, vamos! — Insistiu, guardando o relógio e o sacudindo uma última vez. — Bora, meu filho, eu não tenho o dia todo! Acorda pra cuspir!

Será que tinha morrido, mesmo? Esperava que não, porque com certeza o estrangularia por isso. Quer dizer, estava ali justamente por causa daquele infeliz sem cérebro! Aaaarghhhh!!!

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OFF :

Apesar da apreensão, evidenciada pelo friozinho no estômago, eu estava decidido a fazer a melhor apresentação do mundo naquele Teatro! Não era para menos tamanha empolgação, afinal seria minha grande estreia nesta arte, uma coisa que eu jamais imaginei fazer e agora já adorava, assim, de cara! Além do mais, estaria encenando ao lado de Natalie, uma perfeição em forma de mulher. Por falar nisso aliás, minha única frustração era saber que não teria uma "cena de beijo" na peça... Ou será que havia? Oh céus... Tentando pensar em tudo o que aconteceria do início ao fim do espetáculo acabei ganhando, na verdade, um grande "branco" mental. Parei por alguns instantes antes de chegar no local combinado e arregalei os olhos, respirando devagar.... Não era hora para surtar assim Luch! Não mesmo....  Fui então gesticulando com minhas mãos vazias, sacudindo a cabeça conforme ia lembrando de tudo e, ao constatar que o esquecimento fora momentâneo, desatei-me a sorrir aliviado, continuando meu caminho até o destino, após bater palmas e esfregar as palmas das mãos, aquecendo-me.

Ao fazer a próxima curva à direita, notei que já estava na região da coxia, onde todos os atores ficavam aguardando e se preparando antes de realmente entrar em cena. Naty chegava junto comigo ali e assim nós dois encontrávamos a diretora! A mulher, baixinha e com um jeitão de que "morderia" os atores desleixados, nos recebeu com bastante gentileza até mesmo elogiando o figurino da garota. Aliás... Que figurino! Ela estava um verdadeiro Senhor de Respeito, não diminuindo em nada sua beleza estonteante, é claro. Sorri para ela, dando uma piscadinha e fazendo "joinha" com as mãos. Em seguida, fomos liberados para o Ato 1, seguindo o roteiro que nós mesmo tínhamos planejado. Agora livres para agir, pudemos chegar bem perto um do outro, no momento em que Natalie segurou a minha mão. Eu já tinha ideia do quão nervosa a ruiva estava, mas só tive noção exata do nível de estresse e pressão sobre ela quando senti o quão úmida de suor estava... Sorri para ela, condescendentemente, ouvindo seus questionamentos sobre sermos capazes ou não de realizar isso — Se eu acho? Eu tenho certeza absoluta! Olha só como estamos incríveis e além do mais, ensaiamos bastante e nós mesmo fizemos a peça, então... Se precisarmos mudar algo na hora H, não será nenhum crime afinal... E sobre "estragar tudo". Bem, pense por esse lado, eles nunca viram dois personagens de Oz em Wonderland. Tudo será novidade, não temos como estragar o que nunca existiu — Comentei, por fim, dando mais uma piscadela para a garota, sorrindo.

Apertei a sua mão com mais força então, entrelaçando nossos dedos e observando o término da montagem relâmpago do cenário. Era realmente incrível como conseguiam fazer tudo em um tempo recorde desses... Notava a movimentação da garota e sabia que ela não se acalmaria até de fato, iniciar a apresentação. Por isso, tentei manter-me o mais calmo possível, mesmo que estivesse tão nervoso quanto... Olhei para trás e vi que minha trindade de criaturas estava preparando-se individualmente e realmente não quis atrapalhar, apenas chamando Meo-Mey para que subisse em meu ombro e se empoleirasse, esperando a abertura das cortinas. Não demorou muito para que tudo ficasse pronto, com os cenários e objetos cenográficos diversos em seus devidos lugares. Rapidamente todo o lugar ficou vazio de trabalhadores e Pokémon, apenas esperando a nossa chegada. Olhei então para Natalie e aproximei-me, dando um selinho em seus lábios, com cuidado pra não destruir a maquiagem de "bobo" que eu tinha. — Bem, que quebremos a perna, figurativamente, é claro... — Comentei, rindo baixinho em seguida e acompanhando a menina até o palco. Ela havia lançado sua cartola antes de tudo, bem longe, para causar o efeito que pretendíamos. Eu também agi, retirando uma sacola de palha livre, de um dos cantinhos da coxia e espalhando por perto do lugar onde eu ficaria... Ume e Mey foram até as proximidades e deitaram-se umas sobre as outras, simulando um desmaio, enquanto Lenora ficaria sobre um poleiro especialmente criado para ela, observando a cena que se seguiria, com uma expressão de impaciência e negação. Pois bem... Tudo decidido... Restava agora começarmos! Para tal, Natalie e eu fomos até as marcações e simplesmente caímos no chão, largados.

Que o Show se inicie!

...

...

...

Um som de tornado assombrava a plateia e deixava um tom de mistério sobre o que ocorria no palco, por trás de tanta escuridão... Este mistério só foi se revelar quando, após a cortina ser totalmente aberta, as luzes se acenderam, revelando um cenário caótico, típico da passagem do tornado de outrora. Eu me encontrava no chão, com o corpo estranhamento dobrado de modo a deixar apenas o meu traseiro apontado para o ar. De fato, era uma aparência de morte, se consideramos toda a palha espalhada pelo chão, como se eu realmente tivesse... Explodido! Entretanto, minha cena era bem pequena nessa parte, já que todo o estrelato ficava por conta de Natalie e sua versão de O Mágico de Oz. A ruiva, muito habilidosamente, roubou a cena em um quase-monólogo, recheado de expressões e muitos detalhes para atrair a atenção do público... De acordo com nossos ensaios, ninguém se mexeria até a "deixa" correta, deixando apenas O Mágico passear pelo cenário, enquanto Lenora o encararia silenciosamente com seu olhar de reprovação, mas tão quieta e lenta que poderia se disfarçar facilmente ao cenário. Minha reação só viria quando finalmente Natalie terminasse suas falas e, o tom de mistério fosse levado ao palco, com um foco de luz exatamente sobre mim e um som de rufar de tambores para prolongar a dúvida sobre a vida ou morte do espantalho. Lentamente então, ergui um dos braços do chão, bastante trêmulo, como se pedisse socorro para os céus, mas sem alterar um centímetro do resto do meu corpo. Por fim, o que sobrou foi minha mão no ar, fazendo um sinal de "positivo" com os dedos e acompanhado agora de um "TÁ-DÁ" da sonoplastia, em um toque cômico.

Tendo revelado que estava tudo bem, restou a mim recolher o meu corpo e, apoiando as duas mãos no chão, erguer-me sobre as duas pernas. A maquiagem, perfeitamente preparada para esse momento, dava o tom paspalhão ao personagem, que apesar de estar todo destroçado pela ventania anterior, sorria e saltitava, alternando a perna em que estava de pé — Que viagem, seu Mágico! QUE VIAGEM! Quando vamos de novo? — Questionei, dando um soquinho no ar de alegria. Em seguida, interrompi a fala do interlocutor que ainda se iniciava, apenas para tossir algo para o outro lado e com isso, fazer um bando de palha voar pelo cenário — Desculpe! Acho que peguei um resfriado, Senhor Oz! Mas, onde estamos afinal? — Completei, fazendo uma cara de espanto exagerado, enquanto rodava num ângulo de 360 º, perdido... Terminando o tour ao encarar novamente o personagem de Natalie, assustando-se de forma bastante boba, até mesmo com um gritinho, por causa da presença do "homem", mesmo que fose óbvia. Emendando então o susto, toquei-me da presença das criaturas largadas no chão — Meus queridos bebês! A Gatinha Espan e Plantinha Tália. Estão bem? — Comentei, levando uma mão até o chapéu para segurá-lo durante a corrida até os Pokémon ainda desmaiados no chão. Desengonçadamente então, abaixei-me para observá-los, enquanto esperava O Mágico de Oz tomar alguma decisão inteligente que nos tiraria daquele estado terrível de aprisionamento.

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 O evento começava, a dupla desempenha seus papéis nessa versão conjunta de duas obras que deixariam a Broadway com inveja - ou raiva - de qualquer forma diante de suas respectivas chegadas uma floresta surge, com árvores tortas, outras rindo e algumas chorando, tudo era cinzento e estranhamente frio - o máximo possível em uma produção teatral de custo médio. Cuidando como proceder diante do novo, está que escreve pensa que o caminho é feito conforme o avanço e era isso que a floresta indicava.

 De cima de um dos galhos um sorriso estranho e quase psicótico levita no ar de um lado a outro. Quem seria?

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Só existia uma coisa - ou alguém, no caso - que a impedia de mergulhar completamente no papel: Seu próprio parceiro de palco. Não por fazer um trabalho ruim, muito pelo contrário, afinal sua atuação (logo descobriu) praticamente dava vida ao personagem. O problema era que a mente flutuava até momentos antes da entrada no palco, e eram em suas palavras e atos que a mente se focava se focava para tentar se convencer de que tudo não desandaria e a peça não viraria um caos e iria pelos ares. Ao mesmo tempo, era no papel que tinha que se concentrar.

Ou seja, sentia como se o furacão de Oz passasse também por seu próprio coração, aquecido e bobo. E o esforço para tentar mantê-lo "nas rédeas", naquele momento, era mais que necessário para não correr o risco de deixar os próprios sentimentos fluírem e se estamparem durante a encenação - ou tinha a sensação que a "braveza" inicial do Mágico corria um sério risco de se transformar em platonicidade bem diante dos olhos da plateia.

Com esse fluxo de pensamentos, acabou atrasando uns dois segundos a próxima fala, fato que felizmente não chegou a ser grave para a cena - afinal, foi praticamente o tempo do cenho se franzir à reação animada do Espantalho, em uma situação que ele deveria estar exatamente... sei lá, o contrário? Hm.

— Ora, nós- — E o fato de ser interrompida apenas serviu para amenizar o fato. A expressão de preocupação veio e foi num rápido instante, considerando que se ele "morresse", talvez fosse só... Encher de palha de novo, sei lá? Bem, pelo menos foi o que passou por sua cabeça num primeiro momento - e teve quase a certeza que foi culpa do papel, gritando para se manter dominante. — Bem, estam- — Começou outra vez, mas novamente cortado pelo repentino grito assustado do Espantalho, que fez seus próprios olhos arregalarem e os ombros saltarem. Mal teve tempo de reagir, porém, antes que a criatura se voltasse aos pokémons até então jogados no outro canto, e o deixou falando com o vento para ir até lá.

Pisou forte no chão, e uma respiração pesada escapou.

— Por que que pergunta, então?! — Reclamou para suas costas, frase que o boneco simplesmente ignorou - ou conseguiu ficar desatento o suficiente para não perceber. Com um suspiro pesado, balançou a cabeça negativamente. — Agora mais essa, preso nesse buraco com o cabeça de vento... — Resmungou, esfregando o rosto. Não era como se tivesse alguma raiva do Espantalho, mas a situação repentina acabou induzindo esse tipo de pensamento. O olhar se desviou para o chão, para a palha espalhada... E, para falar a verdade, a ideia que teve foi completamente de última hora. Enquanto o boneco ainda se aproximava de Ume e Meo-Mey, entre seus resmungos, apoiou a maleta debaixo do braço e se abaixou para começar a juntar e recolher uma bela quantidade de palha do chão. Ainda resmungando, com as mãos cheias, se aproximou por trás do rapaz...

E então, de uma vez e com um breve puxão da parte de trás da sua gola, enfiou o montinho todo pra dentro. Deu um tapinha na parte detrás de sua roupa pra acomodar o novo volume de palha, e usou toda a força de vontade que tinha pra evitar um sorriso no processo, afinal, era uma atitude SERÍSSIMA, ok?

— Continuando... Bem, eu não sei se tenho certeza. Agora, vamos dar um jeito de sair daqui. Vai ser rapidinho, você vai ver e... — Então, se voltou para dar uma olhada novamente ao redor, e o susto que tomou quando se viu rodeado de árvores não estava escrito nem nos gibis. Bem, não planejava ficar preso ali, mas não é como se esperasse que realmente o cenário mudasse instantaneamente, sabe? Quase como se tivesse sido... Num passe de Mágica!

...haha

Infelizmente, logo percebeu, não estavam sozinhos. Nem bem teve tempo de explorar o novo local, quando o olhar se deparou quase imediatamente com um longo sorriso estampado no escuro, e sentiu a ameaça inevitável do desconhecido. A mão recuperou a alça da maleta debaixo do braço, e tomou para si outra vez a liberdade dos movimentos, estreitando o olhar e apontando na direção da criatura oculta - acreditou - nas sombras.

— Alto aí! Quem é você?! — Questionou de imediato. — É bom se revelar, ou... Ou vou ter que te fazer aparecer! — Ameaçou, embora sentisse as pernas trêmulas. Arregaçou uma das mangas do paletó, que logo caiu outra vez, e apontou para o enorme sorriso. — Fique sabendo que eu sou o maior mágico da região! É bom não vir com gracinhas! — Ratificou. Não tinha certeza de onde estavam, mas imaginou que pudesse manter o papel. Não deveriam estar tão longe de sua terra natal - e ninguém seria tolo o bastante de mexer com o grande Mágico de Oz...

Certo???

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Estava tentando realmente encarnar o personagem. Ou melhor, empalhar o personagem? Enfim... O Espantalho era um bobo, para não dizer "burriquinho", então eu precisava expressar uma certa inocência em minhas falas e ações, que culminavam em quase uma irritação para quem as ouvia, principalmente quem tinha de lidar diretamente com ele, no caso O Mágico de Oz. Ficava me perguntando se Natalie resistiria a uma bela risada em alguns momentos que eu preparava para as próximas cenas e tinha dúvidas se eu mesmo não cairia na tentação de uma gargalhada diante de uma grande bobeira... MAS QUE SEJA! O Show tinha que continuar e foi exatamente isso que fizemos... Enquanto eu ficava gesticulando perante Ume e Meo-Mey, ou melhor, Espan e Tália, O Mágico de Oz abaixou-se a recolher toda a PALHA esPALHAda, puxando em seguida a gola da minha blusa para encaixá-la de volta ao meu "corpo", seguido de batidinhas em minhas costas. Obviamente aproveitei o momento para mais uma tirada cômica, deixando minha cabeça pender para o lado, como se tivesse deslocado-se com o movimento brusco do Mágico — Oh! Obrigado! O Senhor é muito gentil, acho que agora está tudo bem, como deveria estar! — Comentei, com a melhor expressão boba em minha face, sorrindo abertamente, apesar da cabeça pendendo, escandalosamente.

O Mágico de Oz então, resolveu tomar o controle da situação, procurando um jeito de sairmos deste lugar, mas antes mesmo de conseguir se expressar plenamente pela milésima vez, foi surpreendido pelo surgimento repentino de uma... floresta? Sem tempo para ajustar minha cabeça, o parabenizei — Mas o Senhor é incrível mesmo hein! Uma floresta! Agora estamos salvos! — Comentei, erguendo os braços para o céu, quando fui surpreendido por Meo-Mey, que surgiu de trás de mim, sobre o meu ombro, ameaçando uma figura suspeita nas sombras com suas garras e um som de desafio. Obviamente, viramos de imediato para esse sorriso misterioso na escuridão. O Mágico de Oz não pensou duas vezes em mostrar todo seu poderio tremulante, dizendo que se não surgisse, ele o faria aparecer. Fiquei durante todo o tempo quieto, apenas observando, mas senti-me na obrigação de acalmar os ânimos exaltados, pelo menos quanto à Meowth, que ainda mostrava suas afiadas garras. — Deve ser um indivíduo perdido, Espan... A última coisa que queremos é Espantar alguém, não é mesmo? — Comentei, acariciando a cabeça da felina, que parecia indgnada com as minhas palavras, dando de ombros e depois fazendo o famoso facepalm.

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Não era um teatro sootopolitano da vida mas ainda assim era colossal; talvez Natalie e Luch não tivessem reparado (ou não quisessem) na imensidão que lhes viam mas, se parassem agora, veriam um mar de gente! Ou melhor, gentinha; um mar de crianças que vieram ver a peça. O público podia não ser o alvo mas acabou por tomar o tiro certeiro, numa mistura de dois nonsense clássicos a plateia foi infestada por crianças! Óbvio que a empolgação de mirins é sempre mais gostosa de ouvir, né? Quando Oz põe as palhas de volta no espantalho, numa palhaçada só, risadas se tornam uníssona e a dupla é muito bem recebida.

Assim começava o show, com gargalhadas bobas e sorrisos banguelos; havia alguns pais, mães e professores na plateia mas não compunham nem um terço do estabelecimento. Ah, mas tinha um deslize! Ao pé do palco uma criança chorava, morrendo de medo do personagem de Luch. “Que troço mais feio!”, entonava a irmã mais velha do menino, “É o bicho papão, ele veio te comer” e continuou, num sadismo pouco raro nessas relações.

Claro que quanto à isso os dois não podiam fazer nada; dificilmente ouviriam coisa alguma daquele palco, ainda assim isso era indicativo suficiente para a direção da peça pegar uma chave no ar: a sinopse não havia sido explicitada. Por mais que há de se pensar que a maioria das pessoas que pagam para ver uma peça no teatro sabe minimamente sobre o que ela é, não há como levar isso como regra. Talvez uma ou outra criança não conhecessem o Magico de Oz ou o Espantalho e pela falta de introdução a irmã mais velha pode falar “é o bicho papão!”. Bem, não permitiremos isso! Numa astúcia pouco comum a direção usou do seu talento em dar nós em pontas soltas e mudou o cenário. Como? Bem, parecia mágica mas não era; teatros de baixo orçamento tendem a ser assim: o fundo é projetado numa tela ao fundo, presa por uma haste. Dessa forma é mais fácil controlar todo o conteúdo que se passa, sem muitas despesas e, principalmente, num passe de mágica!

A floresta que aparecia como cenário central agora sumiu, dando espaço ao infinito caminho dourado que levava à Emerald City; suas grandes construções esverdeadas e brilhosas estavam ao fundo, bem lá no fundo da tela. O sorriso ao céu podia até ser um personagem mas ele se contentou em apenas ser isto; um sorriso. A imagem parou. Um som artificial de vento tomara o lugar e só depois de algum silêncio o sorriso decidiu responder:
- Não sei se o maior mágico mas que é o maior linguarudo eu tenho certeza -  O sorriso então abriu-se mais… e mais… e mais um pouco. Abriu-se tanto que pôs a língua para fora num ato debochado - E estamos num país de línguas muito grandes.

Dito isso uma gargalhada se ouviu; toda a interpretação do sorriso era feita por um megafone ao fundo do palco, que criança alguma poderia ver! Isso não só apetitava o mistério das como também causava um efeito levemente cacofônico; não intencional mas que ensurdecia Natalie e Luch aos poucos, já que estavam no palco e sujeitos à toda aquela vocalização:
- Se quer saber onde estás é melhor começar a pensar o que veio fazer. Como diabos toma um caminho e depois não sabe como vai parar nele?

O cenário começou a mudar e do caminho dourado surgiu Emerald City; suas imensas esmeraldas e o reluzir forte do chão ladrilhado. Uma luz forte caiu sob Natalie e todas as outras se apagaram. Oz estava no centro do holofote! Aproveitando a ênfase no protagonista e a escuridão total do resto do recinto surgiram ladainhas e gritos. Do fundo, dos lados, da frente, até do teto parecia vir murmúrios e, entre estes todos algumas vozes se sobressaíram num grito enfático:
- É um pilantra! - Disse a primeira voz, bem no fim do teatro, sendo logo em seguida por outra entonação, dessa vez mais grossa e lateral - Você disse que lhe daria um cérebro mas ele continua burro como uma porta! - E com isso uma terceira voz tomou o cenário, agora feminina, bastante aguda e vinda da tela -  Eu sempre acreditei em você mas dessa vez não tem como... é um mentiroso mesmo!

E aos gritos Natalie se tornava o Oz rejeitado; seu papel seria minimamente contextualizar quem era e como parara naquela situação. Sendo chamada de Coach ao vivo e à cores!? Oz não podia deixar essa passar, ao menos não fácil assim; era melhor que se defendesse ou, ao menos, jogasse um balde de água fria na plateia, contando logo sua história. O espantalho era peça chave do problema e se não metesse os pés pelas mãos poderia ser de grande ajuda.

Progresso do Evento - Shianny :


Progresso do Evento - Luch :


OFF: EIIIIII <3

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O Mahiro é o melhor do mundo <3

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off :


Acima de qualquer coisa, existiam dois fatos que a faziam relaxar, ainda que pouco a pouco, com o papel protagonista: a) Ter Luch como parceiro de palco. Ver a maneira como o rapaz conseguia desenrolar o próprio personagem com tanta facilidade era um alívio incalculável e, para além disso, se sentia confortável em saber que podia contar com o auxílio do moreno na maior parte das cenas, e b) A reação aparentemente positiva da plateia era responsável por aquecer seu coração, e aos poucos forçava-o em retorno à calmaria. Talvez não fosse nenhuma atriz profissional, e na verdade estava bem longe de ser, mas a parte importante é a recepção dos espectadores à obra apresentada, certo? Se eles aprovam, está tudo ótimo e fim - ou pelo menos era com esse pensamento que tentava se convencer que ainda tinha em mãos as rédeas daquele evento.

O tempo na "floresta", em fato, foi quase mínimo. Logo o cenário ao fundo tratava de se metamorfosear novamente, e o coração do Mágico certamente encontraria paz quando os olhos se encontraram com a paisagem tão pertencente à Oz - ainda que existisse uma coisa fora do lugar. Um único e maldito elemento que contrastava em estranheza com seu querido país, e este era o sorriso hediondo que se estampava no céu, imóvel, como se fosse apenas parte do celeste manto azulado. O olhar se estreitou, desconfiado, antes mesmo que tivesse chances de permitir que um suspiro aliviado escapasse, e aquele sentimento logo se provou justificado quando a imagem da cidade repentinamente pareceu congelar, como se fizesse parte de uma ilusão, e a ousada voz ecoou pelo palco.

Num primeiro momento, os olhos se arregalaram com brevidade, e recuou dois passos receosos. Assombrou-se com o tapete muscular que se desenrolou para fora daquela curvatura labial, enorme, viscoso, inumano, e a expressão torceu-se em desgosto com as patifarias proferidas por tal estranha criatura, a qual sequer era capaz de enxergar por completo. Não teve tempo de responder de imediato, porém, visto a gargalhada altíssima que se seguiu, e teve seu efeito amplificado pelo eco natural oferecido pelo palco. Viu-se atordoada por um momento com o alto som, ainda que talvez devesse tê-lo esperado - infelizmente, o tempo tinha sido muito pouco para que houvesse simplesmente se acostumado com o efeito que o megafone trazia, mas se manteve forte como pôde, apertando a alça da maleta e evitando reações ao estrondoso barulho.

— Desaforado! — Gritou em resposta, apontando ao sorriso mais uma vez. — Tem uma sorte tremenda que estamos sem tempo, ou eu haveria de dar-te uma lição - e aí sim se arrependeria do tamanho dessa tua língua! — Retrucou, quase de imediato, frustrado - ainda que, no fundo, fosse só uma desculpa para mascarar o fato de que não, aparentemente não seria capaz de arrastar aquela criatura à luz, por mais que o houvesse ameaçado anteriormente. Na verdade, lá em seu âmago, temia com todas as forças que tipo de ser seria capaz de brincar daquela maneira com a paisagem, revelando-se sem fazê-lo. Talvez por culpa do desconhecido, mas o fato é que deveria se apressar e fugir dali, o mais rápido possível! — Vamos, Espantalho! Deixe estar esse aí! — Exclamou, batendo os pés e dando alguns passos para frente...

E então, se viu propriamente na Cidade das Esmeraldas, e logo tudo escureceu. O sobressalto foi imediato, e quase pulou no lugar quando a luz desapareceu, permitindo que apenas um feixe de holofote se mantivesse centrado sobre sua cabeça. A expressão, inicialmente, se torceu em confusão, e olhou de um lado para o outro, trazendo a maleta um pouco mais para perto do corpo.

— Espantalho? — Chamou, incerto. Não obteve resposta, óbvio - e ainda que não fosse capaz de ver claramente, podia enxergar a silhueta do rapaz estática na escuridão, aguardando que as luzes se acendessem outra vez. Aquela era sua cena, afinal, e era sozinha que deveria fazê-la, gostasse disso ou não. Então, arriscou mais alguns passos perdidos no palco, para frente e para a beira, evitando se aproximar de Luch para que o holofote não o capturasse...

As vozes logo começaram. A primeira fez-lhe saltar no lugar, e olhar assombrado de um lado para o outro, em busca de sua fonte, a qual infelizmente não encontrou. Os ombros encolheram, como os de um bicho encurralado no canto, e uma das mãos foi para o chapéu quando a algazarra de vozes começou.

— O quê? — Questionou, hesitante. O corpo se voltou parcialmente na direção de onde vinha a segunda voz, num giro rápido. — Não! — Retrucou, mas à medida que as acusações aumentavam, foi incapaz até mesmo de manter os olhos abertos, apertando as pálpebras com força. Levou as mãos aos ouvidos, tampando-os, a maleta se espatifando no chão quando a soltou de repente. Se viu encurralado no passado, as garras duvidosas dos habitantes da cidade sufocando-o perante o fracasso com o Espantalho. Balançou o corpo de um lado ao outro, em negativa, a respiração descompassando gradualmente e os pensamentos girando, atormentados.

Como pessoa, em fato, sentiu cada palavra rasgando a própria alma, retorcendo-a em questões não resolvidas do passado. Um canto obscuro do seu coração se viu afetado e imerso no contexto da peça, sufocado, fato que contribuiu relativamente para uma veracidade quase inacreditável dos sentimentos na expressão - uma maravilha ao teatro, um terror para si mesma, caso não fosse capaz de controlar aquela enxurrada de emoções. Felizmente, o fez, poucos segundos após o início das acusações malditas que ecoavam pelo palco, quando os braços se soltaram de uma vez ao lado do corpo.

— Chega! — Urrou, e com isso esperou dar fim ao pandemônio de palavras que escoavam podres - apesar de, bem, verdadeiras - pelo teatro. A respiração se manteve alterada por um momento, o corpo trêmulo, os dedos se fechando em punho e as unhas apertando firmes contra a palma. Eu sou o único e verdadeiro Mágico dessa cidade, e eu provarei à todos vocês! — Exclamou, e abaixou-se apenas para agarrar a maleta. — Eu levarei o Espantalho para meu antigo berço, o lugar de minhas origens, e o transformarei no maior gênio desse século! — Sentenciou, ajeitando a cartola na cabeça, e o paletó sobre o corpo, num gesto quase colérico. Começou a andar, então, dando algumas voltas e giros pelo palco. — E todos vocês vão se arrepender dessas heresias, e me implorar por perdão! — Sibilou. Continuou andando, até se reencontrar no lugar onde estava, inicialmente, antes que as luzes se apagassem. Era necessário uma continuidade, afinal!

...E esperou que elas se acendessem, outra vez.

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