Aventura no Pyre

Igneel percebi o tamanho do desafio que teria de enfrentar, e mesmo com o coração apertado ao ver o pokémon selvagem passando dificuldades, ele decidia manter seu foco principal e ignorar o Seel. Até porque ele não se afogaria propriamente, já que era um pokémon de água. Porém, além de recusar ajudar o selvagem em dificuldades, ele dava uma forma para que Rebeca pudesse ajudar o pequeno a se orientar.

- Tá bom. Pode deixar que vou tentar ajuda-lo da minha maneira. – Rebeca se posicionava de forma que suas duas mãos pudessem se juntar formando um arco na frente de sua boca, e em seguida começava a gritar. - Seel! Deixe que a correnteza te leve. Assim você não vai se machucar e vai acabar chegando em terra firme conosco.

Era difícil saber se o pokémon a tinha ouvido, mas ela preferia acreditar que sim. Segundos depois, ele desapareceu de vista.

Como o treinador tinha orientado, Zabu e Tobi permaneciam firmes em seu trabalho. Os dois continuavam a nadar com toda a força, lutando contra as ondas e o vento. Rebeca ficava mais calada depois que o Seel sumia de vista, ela estava nitidamente preocupada, tão preocupada que parecia até se esquecer do vento que sacudia seus cabelos.

Alguns minutos depois, eles já passavam pela segunda parte do terço do trajeto, e agora já conseguiam ver um relance da praia onde deveriam chegar. O problema maior era que a força do vento estava ainda maior ali. Agora as ondas chegavam a cinco metros de altura, e estava ficando bastante perigoso. Zabu e Tobi usavam toda a força que tinham para se manter juntos, ou poderiam não conseguir manter a segurança dos humanos se se soltassem.

O terço final do trajeto, era bastante traiçoeiro. Alguns obstáculos os separavam de seu destino final. Havia uma quantidade razoável de pedras ao redor da ilha, e entre elas havia um pequeno furacão puxando tudo para o fundo do mar. Além disso, os raios que caiam do céu atingiam alguns pontos na água, e era preciso evita-los para a segurança de todos. Os pokémon estavam tão focados em manter a formação, que não dava para saber se eles conseguiam ver os obstáculos à frente. Igneel poderia alerta-los e guia-los entre as pedras, ou deixar que eles continuassem sozinhos.

Percebendo a localização das pedras em meio a toda aquela agitação, Igneel decidi orientar seus pokémon. Eles não conseguiam ver as pedras muito bem, já que estavam bastante concentrados em manter os humanos seguros. Mas com os comandos do treinador, a dupla de pokémon sabia exatamente o que fazer para conseguir atravessar aquele obstáculo.

O grupo avançou pelas ondas e finalmente chegou na primeira pedra. Na verdade eram duas, uma bem próxima a esquerda e outra mais distante à direita. Como Igneel os orientou a avançarem pelo lado direito da pedra, e sem se aproximar muito, Tobi se jogou para a direita e puxou Zabu que se impulsionava com sua forte cauda. Os dois viravam com bastante dificuldade por causa das ondas e do vento, e além disso o redemoinho começava a afeta-los mesmo que apenas um pouco.

- Acho melhor eles usarem algum movimento para poder nos tirar do meio das pedras. Se continuar desse jeito, o redemoinho vai nos puxar. – Dizia Rebeca apenas para dar sua opinião sobre o que estava acontecendo. Fora isso, ela parecia bastante tranquila, e apenas se concentrava em se segurar firma nas cordas que a prendiam em Tobi.

Depois de desviarem da pedra mais próxima, eles acabaram passando entre as duas primeiras e ficando próximos da área do redemoinho. Agora estavam a poucos metros da praia, mas ainda tinham que passar pelo redemoinho. À frente deles estava uma grande pedra, e à esquerda dessa pedra estava o redemoinho, que junto com a força das ondas começava a puxar o grupo para seu vórtice. À direita da pedra estava o local seguro para passarem, mas eles estavam ficando cada vez mais distantes de lá.

Eles já estavam a quase meia hora enfrentando aquelas fortes ondas, e isso fazia Tobi e Zabu ficarem bastante cansados. Vendo que a força das águas continuava os puxando na direção do redemoinho, Rebeca começava a ficar preocupada, e olhava ao redor para ver se conseguia pensar em algo, mas estava começando ficar difícil pensar com todo aquele barulho.

Por fim o redemoinho acabou conseguindo puxar os pokémon para dentro dele, mas os pokémon de Igneel não eram bobos e pareciam ter um plano para se livrarem do perigo. O primeiro a fazer alguma coisa foi Tobi, que rapidamente criou uma onda com seu próprio poder à frente do grupo com Surf, aquilo fez com que eles não afundassem de uma vez quando alcançaram o vórtice. Em seguida foi a vez de Zabu, e ele se agarrou em Tobi e se lançou para a frente com a força de seu Waterfall. Nadar contra a força de um redemoinho não era muito diferente do que ir contra uma cachoeira, e com a combinação de movimentos dos dois eles conseguiram realizar aquela façanha.

Assim que se afastaram do redemoinho pelo outro lado, os movimentos que tinham usado acabaram os impulsionando para fora da água. Tobi rapidamente puxou Rebeca para a frente de seu corpo, e aparou a queda com a parte de trás de seu casco. Já Zabu usou uma mordida para se agarrar em uma árvore e evitar que ele e Igneel caíssem e se machucassem.

Enfim o grupo chegava na ilha, apesar de não terem feito uma aterrissagem muito perfeita.

Assim que chegaram, Igneel se deixou para descansar um pouco, aliviado por terem conseguido sobreviver. Rebeca estava meio que em choque, já que por pouco tinha sido esmagada por Tobi que no último segundo a puxava para frente.

- Nossa, achei que ia morrer agora. – Ela dizia dando um sorriso sem graça e finalmente se levantando. - Obrigado pela carona. – Ela agradecia Tobi fazendo um carinho em sua cabeça. O Blastoise se sentia reestabelecido com aquilo, e rapidamente começava a pular com os braços para cima assim como Igneel falava para fazerem. Zabu achava um pouco de graça, já que percebia que era apenas uma brincadeira do treinador, mas Tobi não se importava.

A praia onde tinham chegado, era cercada por vegetação e uma grande paredão de pedra que era a lateral da montanha. Algumas arvores tropicais que haviam ali se sacudiam bastante com a força do vento, e a chuva não tinha dado nenhuma trégua desde que tinham chegado na rota 121. As grossas gotas que caiam sem parar, chegavam a machucar um pouco por causa da força. Eles precisavam procurar rapidamente por um abrigo.

- Igneel, acho que a entrada fica daquele lado. – Ela comentava apontando para a direita da montanha. - Se quiser, posso deixar você ir comigo. – Ela dizia dando uma piscadinha de deboche. O treinador terminava de recolher seus pokémon para que descansassem até o momento da batalha, e em seguida ia atrás da garota que já tinha começado a andar sem ele.

A direção que eles escolhessem para seguir era meio que indiferente, já que a montanha tinha apenas uma entrada principal. Seria muita sorte se eles encontrassem outro caminho para poder seguirem até o topo. Com isso a dupla seguiu uns vinte metros andando ao lado da parede da montanha, até que alcançaram a abertura que dava acesso ao cemitério interno da montanha.

- Credo, que lugar feio. – Rebeca dizia ao passar pela entrada. Por mais que o local estivesse escuro, a iluminação que vinha dos relâmpagos era mais que suficiente para dar uma visão do que tinha lá dentro. - Atchum! – Ela espirrava depois de passar a mão sobre uma velha lapide cheia de poeira. - Tá imundo isso aqui. Nem parece que é um local turístico.

A garota permanecia andando na frente, e depois de ver que estava tudo coberto de poeira, ela começou a torcer partes das suas roupas para ver se conseguia se secar um pouco. Além disso, ela também torcia os cabelos para tirar o excesso de água, e continuava andando em direção à escuridão do interior da montanha.

Igneel parecia não se incomodar em deixar que Rebeca tomasse à dianteira, chegava até a se lembrar de sua parceira Kelly que não via a um bom tempo por causa dos acontecimentos recentes. O jovem continuava andando tranquilamente enquanto decidia liberar sua Raichu para ajudar com a iluminação. Assim que a roedora se materializou ali naquele local escuro, ela deu alguns saltos animados e partiu em frente juntamente com Rebeca, e sem deixar de usar sua habilidade natural para iluminar o caminho, mesmo que levemente.

Não eram apenas as faíscas de estática de Ária que iluminavam parte do local, mas os relâmpagos do lado de fora também ajudavam com isso. Ela também não estava muito preocupada com o que estavam fazendo ali, e queria apenas ficar à frente do grupo, começando uma leve disputa de velocidade com a garota que queria o mesmo.

- Você não é nada fofa. – Dizia Rebeca depois que Ária passava por ela e fazia uma cara de deboche. - Igneel. Você podia recolher sua Raichu, ela não fica quieta. - E fechava a cara emburrada.

Apesar da pequena disputa, tudo estava indo bem. Não demorava para que o grupo encontrasse uma escada, e assim podiam subir direto para o segundo andar. Porém, um som estranho acabou atraindo a atenção dos dois, parecia um gemido de dor, e ele vinha de trás. Uma sombra surgia na porta por onde eles tinham acabado de entrar, e parecia pertencer a um pokémon.


Rebeca encarou a sombra com uma expressão de duvida, e por fim notou que se tratava de alguém que eles tinham encontrado antes. - Seel!? É você? – A criatura respondeu com outro gemido e depois caiu no chão. A garota rapidamente correu em direção ao pokémon que desfalecia na entrada da montanha e rapidamente pegava um Potion em sua mochila. - Não se preocupe, vou cuidar de você! – Ela dizia enquanto encarava Igneel com uma expressão de fúria nos olhos, como se dissesse que a culpa fosse dele.

Era realmente o pokémon que haviam visto no mar em fúria, ele de alguma forma tinha conseguido chegar ali. O problema era que parecia que ele tinha se chocado com alguma das pedras que estavam no meio do caminho, ou poderia até mesmo ter sido sugado pelo redemoinho e se machucado.

Rebeca ficou apenas calada depois que Igneel jogou as verdades contra ela. Logo em seguida ele começou a seguir o caminho novamente, deixando Rebeca sem escolha a não ser pegar o pokémon e o seguir correndo.

Seel estava bastante fraco, parecia ter sido arrastado de muito longe até ali, e não tinha forças para continuar andando. Mas a garota estava disposta a ajuda-lo e assim pegou uma de suas esferas vazias e o colocou nela. Com o pokémon protegido, ela se levantava e voltava correndo para o lado de Ária.

O clima tinha ficado bem estranho entre os dois, mas a garota não parecia nenhum pouco disposta em se desculpar por ter acusado Igneel da condição do pequeno Seel. A Raichu percebia que as coisas estavam ficando tensas ali, e começava a correr na frente e a fazer piruetas para tentar melhorar o clima.

O segundo andar estava iluminado, diferente do primeiro. Várias velas acesas estavam posicionadas de forma que formavam um caminho no centro das lápides em direção a próxima escadaria. Ária corria na frente e desaparecia entra as placas de pedra, sempre se mantendo abaixada para não ser vista. Rebeca começava a ler algumas das placas que indicavam os nomes e o período de vida das pessoas enterradas ali, e acabava se distraindo com aquilo. Igneel apenas seguia em direção ao próximo andar, já que tinha pressa para chegar no topo.

- AH! – A garota gritava quando a Raichu surgia do nada de trás de uma das placas que ela lia. A pokémon de Igneel ria como se fosse a coisa mais divertida do mundo, e não parecia se importar de quase ter matado a garota de susto. Logo em seguida, Rebeca dava outro grito, mas dessa vez por causa da criatura que surgia de trás de Ária sem que ela percebesse. - AH!


O fantasma que aparecia encarava a garota enquanto ria da travessura de Ária contra ela. Ele não parecia agressivo, mas Rebeca não gostava nenhum pouco de fantasmas.