A Gray Opening Wings

stormy days

Enquanto esperava Vulpix aproximar-se, Ren começou a cantarolar uma melodia calma e relaxante. A raposa estava muito hesitante, e cada passo parecia ser um imenso sacrifício. Quando finalmente estava perto o suficiente, ela acabou mudando de ideia e correu para longe, começando a chorar muito, tristonha.

— O que foi, pequenina? Estou aqui para ajudar. O que quer que tenha acontecido, já passou, eu prometo. Estou aqui para lhe proteger. Vamos, não chore. Deixe eu ver de tenho um petisco para todos nós. — perguntou, ao ver a reação de Vulpix, fazendo uma breve pausa na cantoria. Era realmente muito triste de se ver, e ela estava muito assustada com algo. Voltou para sua bolsa, procurando algo que pudesse ser útil novamente, e acabou por encontrar um pacote de salames embalado à vácuo. Havia até esquecido que trouxera aquilo, quando fugira de casa. Costumavam haver muitos na geladeira do lugar, já que o pai do garoto adorava estes. Ele pegou o pacote mais para irritar o pai que qualquer outra coisa. E felizmente, ele era muito bem embrulhado, o que significava que a comida não estava molhada. Ele deu duas fatias, que já vinham cortadas, para cada pokémon, guardando o restante para os demais. Mas será que Vulpix aceitaria? 

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Ren, Dandara, Hokori, Seel e até mesmo Vulpix comeram o embutido que o rapaz tinha na bolsa, ainda que a vulpina tivesse cheirado ele antes. Aparentemente, todos gostaram, inclusive o pokémon de tipo fogo, que comeu faminto e desesperado. Foi quando a Vulpix abocanhou o pacote inteiro das mãos de Ren e saiu correndo para um caminho que levava para cima.


— Ei, volte aqui! Calma Vulpix! Eu ia precisar disso depois… Bem, não podemos deixá-la sozinha, não é? E talvez, esse seja o caminho que estávamos procurando, Seel! Vamos, com cuidado. — gritou assustado com a movimentação súbita da raposa. Ele rapidamente levantou-se e chamou os demais pokémon para irem atrás da vulpina. Quem sabe o que mais encontrariam?

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Ele começou a subir as escadarias, parando um pouco para ajudar Seel a subir, já que estava tendo uma certa dificuldade. Assim que terminaram o lance de degraus, puderam ver que estavam em um lugar um tanto quanto estranho. Coberto por água, até os joelhos do rapaz, mas… Tinha uma coloração estranha. Atento, disse para seus pokémon e Seel tomarem cuidado, poderia ser algo um tanto quanto… Bizarro.


Ele pediu para Hokori fazer a mesma coisa que havia feito no espaço anterior, evitando assim a água que caía. Talvez Dandara e Seel ficassem mais à vontade com a água, mas Ren ainda não estava muito seguro sobre a fonte avermelhada. Poderia ser algo muito, muito ruim. Vulpix estava do outro lado do lugar, e o garoto foi até ela, iluminando o lugar enquanto andava cauteloso.

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Logo Ren pôde perceber o que estava acontecendo. Começou a correr, para tentar ajudar Vulpix. Aparentemente, havia uma Ninetales, a forma evoluída de Vulpix, sob uma pilha de rochas, e a pequena raposa não queria nada além de ajudar o que parecia ser sua família. Ele chamou os demais pokémon para ajudarem também, separando tarefas desesperadamente.


Hokori precisaria segurar as rochas superiores com seus poderes psíquicos, evitando assim que elas caíssem enquanto as de baixo fossem retiradas. Dandara, Seel e ele ajudariam Vulpix a retirar a grande raposa, que com certeza estava em um estado terrível. Ele não conseguiria oferecer o mais avançado dos tratamentos, mas esperava conseguir ajudar um pouco, pelo menos. Sentia lágrimas escorrerem por seu rosto, triste com a situação. Não era de espanto que a pequena raposa estivesse tão agoniada e tensa. Ren faria o melhor que poderia para ajudar.

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O rosto de Ren estava molhado e inchado. Não por conta das gotas de chuva que caíam com força, mas sim por lágrimas, que escorriam em grande volume dos olhos do rapaz. Antes mesmo de Hokori mostrar tudo aquilo, ele já estava emocionado, mas agora… Acabado. Não havia outra palavra. Por meio de seu Mr. Mime, ele pudera entender tudo que ocorrerá, da forma mais terrível possível.

O mono treinador caiu no chão, sem reação. Então olhou para Hokori, que também estava cansado, e correu para um abraço chorão. Todos estavam extremamente abalados, não havia o que fazer pela Ninetales. Mas também não podiam deixar Vulpix ali, podendo adoecer, ou então ser atacado pelos monstrinhos que machucaram sua mãe. Chorando, Ren foi até a pequena raposa e abraçou-a com forca, tentando transmitir a sensação de que entendia a pequena. Ainda assim, ficaram ali por algum tempo, com Hokori e Dandara entrando no abraço também.

Todos sentiam a dor da pequena, que parecia não querer enxergar o que havia acontecido, mesmo que lá no fundo, entendesse. Mas não poderiam ficar ali para sempre. Precisavam continuar. Da mesma forma, seria frio e grosseiro deixar Ninetales jogada ali. Ren olhou para a raposa menor, ainda embalando-a em um apertado abraço, com evidente tristeza no olhar. Então voltou a cantarolar, uma melodia dramática e repleta de dor, expressando honestamente tudo o que o jovem sentia. Ele levantou, em um suspiro, soltando-se do aperto. Empurrou algumas pedras para cobrir tudo melhor e então… Fez uma cruz com outras pedras, colocando na base do monte que soterrava Ninetales. Ren também colocou o salame na frente de tudo, como se fosse uma oferenda, um sacrifício e honrar para o além.

Olhou para a pequena novamente, esperando que ela entendesse. Embalou-a em um outro abraço, dando todo o suporte que era capaz de oferecer. Finalmente, parou de cantarolar. As lágrimas ainda escorriam, silenciosas. Mas precisavam seguir em frente, era arriscado ficar ali. Mas será que Vulpix entenderia tudo? E será que ela faria mais uma homenagem em nome à seu antepassado? Quem saberia...