Uma nova tempestade

Depois da nova falha ao capturar um pokémon selvagem, Sckar começava a pensar que não estava com muita sorte naquele dia. Ele pegou uma nova esfera, e a segurou enquanto se aproximava da criatura caída. Ele disse algumas palavras bonitas, além de um pedido de desculpas, é claro. Com a mão sobre o corpo da ave, ele percebia que ela ia se acalmando à medida que ele falava. E no fim, tentou novamente a captura.

A esfera novamente absorveu o pokémon para seu interior, e ao cair no chão, ela se balançava de um lado para o outro. Depois de apenas duas balançadas a esfera parava e emitia o som característico de quando concluía uma captura bem sucedida. A esfera rapidamente era transportada para o deposito onde ficavam os pokémon do garoto.

Agora que estavam livres para continuar seu caminho. Sckar, o lagarto alado, chamava a atenção do garoto para a escada. Uma grande quantidade de água escorria pelos degraus, como se no andar de cima a chuva estivesse adentrando fortemente o local. Não era um empecilho para quem já havia chegado até ali, mas mesmo assim poderia ser bastante incomodo.

Depois de subir as escadas, o grupo veria o mesmo de antes. Um cemitério guardado pelas paredes da montanha, mas dessa vez havia um grande buraco na parede e um homem tentando tampa-lo com uma lona. O homem chorava enquanto tentava prender a lona sem ajuda, mas a força do vento que vinha da abertura por vezes o atrapalhava. Como ali era um cemitério, o homem parecia estar tentando proteger os túmulos que ali havia, já que a forte chuva começava a prejudicar o solo interno do monte.

- Por que ninguém conseguiu expulsar esse pokémon até agora!? – Ele resmungava enquanto pegava a ponta da lona pela quadragésima vez. Ao perceber a presença de Sckar e seus pokémon, ele tentava fingir que seu rosto estava molhado apenas pela chuva, disfarçando tampando o rosto com a mão como se a chuva o estivesse acertando. Apesar de estar com dificuldade, ele não pedia ajuda, e apenas esperava o garoto terminar de passar para continuar trabalhando.

- Farfetch’d capturada com sucesso!

Apelido / Farfetch’d :

-1 Pokéball [x13]

Vendo os problemas que o homem estava tendo com a tentativa de tampar um grande buraco na parede, os dois Sckars corriam para ajuda-lo. O lagarto segurava a parte mais alta da lona, enquanto o garoto segurava a mais baixa. O homem os olhava de “rabo de olho” e pregava a sua parte rapidamente usando um prego e um martelo. Em seguida seguia para onde Charizard segurava e fazia o mesmo.

- Obrigado! – Ele dizia liberando os dois ajudantes de seu trabalho. - Minha esposa está enterrada ali. – Ele apontava uma lapide coberta de flores. Havia também algumas velas ao redor, mas estavam apagadas e molhadas. - Quando fiquei sabendo da tempestade, vim correndo para cá. Não podia deixa-la dessa forma. Eu a amava demais. – Ele dizia entre lágrimas. Não dava mais para segurar, e nem tinha como fingir. - Mas porque parou para me ajudar? Varias pessoas passaram aqui e me ignoraram. Obrigado! – Ele estava realmente bastante agradecido.

Com a lona totalmente pregada, a chuva já não incomodava mais aqueles túmulos. E agora todos poderiam descansar em paz.

- Você está indo lá para cima? Quer se encontrar com o lendário que está causando essa confusão? – O homem perguntava a Sckar. Enquanto aguardava a resposta, ele ia até sua caixa de ferramentas e retirava um saquinho escuro.

Depois de responder timidamente a pergunta do homem, Sckar aproveitou para ver se conseguia alguma informação sobre o lendário que estava na região. O homem ficou surpreso pelo garoto não saber do que se tratava.

- Acho que ouvi falar sobre esses grupos que estão ajudando as pessoal em troca de recompensas. Sei que não é muito, mas aceite isso como agradecimento. Acho que poderá ser útil para você. – Ele entregava o saquinho para o garoto. Dentro havia quatro frutinhas verdes, conhecidas por suas propriedades curativas. Depois ele voltou a falar sobre o lendário. - Achei que já sabia que havia um lendário no topo do monte. Se bem que na verdade ouvi alguns homens de roupas combinando, falando sobre isso depois que cheguei aqui. Eles pareciam ter alguma suspeita, mas não tinham certeza de qual era o pokémon. – Ele fez uma expressão de quem tenta lembrar-se de alguma coisa. - Se não me engano, eles estão todos vestindo roupas listradas em azule branco. Parecem um time igual os antigos Rockets, mas não parecem tão perversos. Apesar de terem uns bem mal encarados... – Ele dizia se sentando sobre sua caixa de ferramentas e pegando algumas velas de cera de Combee. - Não sei te dizer mais do que isso... Na verdade nem prestei muita atenção. Mas você deve se encontrar com algum desses homens que te falei, e ele podem te dizer algo mais útil.

O som da chuva continuava forte do lado de fora, mas agora a água não incomodava mais os túmulos. Assim o homem começava a acender algumas velas ao redor da lapide de sua esposa falecida. Ele tinha uma expressão meio triste no rosto, estava sentindo falta da companhia. Mas ele não demorou a quebrar o silencio novamente. - Se você subir direto três lances de escada, vai chegar a uma área aberta. Se não me engano, eles estavam se reunindo nesse local. Boa sorte em sua busca! – Ele abriu um sorriso sincero e se despediu de Sckar com um aceno.

Agora o garoto já sabia onde ir, e o que procurar. Só precisava seguir adiante o mais rápido que pudesse.

+4 Lum Berry [x05]

- Sckar, obrigado mais uma vez. Prazer em conhece-lo! – O homem dizia com um novo sorriso. - A proposito, me chamo Jorge. E pode deixar que logo eu vou embora... Só vou passar mais um tempinho com minha amada. Conto com você!

Despois de se despedirem, os dois seguiram seus caminhos. Jorge ficou ali por mais alguns minutos, enquanto Sckar seguia em direção ao topo do monte. O garoto seguiu para o próximo lance de escadas, e rapidamente chegou até o terceiro andar. Aquele andar não estava escuro como os outros dois, por causa da falta de vento ali, as velas deixadas pelos visitantes estavam todas acesas, apesar de bastante curtas. Não durariam muito.

O garoto olhou ao redor, e viu que a próxima escadaria estava bem ao lado da que tinha terminado de subir. Ele parecia estar com sorte, e logo chegaria ao quarto andar. Mas antes de subir, acabou ouvindo vozes. Parecia que havia dois homens conversando em algum lugar daquele andar, e apesar de estar bem iluminado se comparado aos outros, ainda assim era uma iluminação fraca. Do outro lado do andar, havia um local mais escuro, e as vozes pareciam estar vindo de lá. Por causa da distância, não dava para saber o que era falado. Será que valia a pena verificar?

Seguindo seus instintos, o garoto decidia por seguir em direção às vozes que ouvia. Se fossem os tais homens que Jorge havia comentado, e eles fossem bandidos, Sckar não poderia ignorar. Sendo assim ele seguiu furtivamente na direção do canto escuro.

Depois de retornar o grande lagarto, o garoto liberou Firestorm para acompanha-lo. A patinha poderia ajudar caso precisasse, e por causa de seu tamanho mais compacto poderia ser menos perceptível.

Ao se aproximarem o suficiente, começaram a ouvir o teor da conversa. - ...voltou de lá. Assim fica difícil. – Um dos homens dizia aborrecido.

- Mas a culpa é de vocês que são burros demais. Como que contam para eles onde procurar e depois deixam irem sozinhos. É claro que alguém vai roubar e ir embora. - O outro dizia bravo. - Não aguento mais isso!

Ao se aproximar um pouco mais, foi possível ver que eles estavam conversando em uma abertura no fundo. Parecia ser uma segunda escadaria, que também levava para algum lugar acima.

- Tá bom. Mas a culpa não é nossa... O líder que não deixou nós treinarmos o suficiente. Foi tudo feito as pressas. – O primeiro dizia novamente. - Mas pode deixar que não vou deixar ninguém passar por esse atalho aqui. Se quiser ir lá pra cima, pode ir.

Logo em seguida, ouviu-se passos subindo os degraus rapidamente. - Se qualquer um passar daqui, pode se considerar um homem morto! – A voz do segundo já estava um pouco distante.

Depois de ficar sozinho por alguns segundos, o homem saiu da abertura. Ele se vestia com uma camiseta azul e branca, listrada na horizontal. Uma bandana preta com um “A” estilizado, prendia seus cabelos. - Tudo é culpa dos recrutas... Sempre dos recrutas... – Ele resmungava com a cara fechada.