[Missão de Sociedade] Forina Floresce! Festival da Colheita!

Haruki não demorou quase nada. Quando chegou encontrou-me numa espécie de transe ao sentir a brisa agradável que aplacava o forte Sol da Cidade, que apesar de quente, não era nada incômodo. Forina tinha ares bucólicos, apesar de ser uma cidade bastante desenvolvida e o ambiente agradável deixava todos mais vívidos, até mesmo eu, que deveria estar caindo de sono a esta altura. De todo modo, com Haruki já disponível, precisávamos traçar nossa estratégia do dia... Depois de uma conversa, optamos por uma rápida pesquisa, desde que não nos atrasasse demais para a ida até a Prefeitura. Sendo assim, ficamos caminhando pelos locais mais próximos e movimentados, buscando alguma aglomeração de pessoas para abordar. Afinal, haviam muitas praças em Forina e não era nada incomum terem artistas de rua se apresentando para expressar sua arte, além de juntar uns trocados, afinal todos precisavam se alimentar...

Num desses passeios passamos por uma movimentada área, com um movimento maior de transeuntes. Resolvemos dar uma passada, afinal era caminho da Prefeitura. Ali haviam dois artistas de rua performando, um deles era um cantor lírico e estava acompanhado de seu Bulbasaur e a outra era uma dançarina, junto de seu Piplup. Ambos atraíam bastante atenção e recebiam uns trocados de um público bastante animado e que sabia dar valor aos seus artistas. Fiz um sinal para Haruki, a fim de nos aproximarmos e já comecei a me misturar na multidão que os observava — Então, que tal isso? Vamos nos misturar na multidão e questionar as pessoas informalmente sobre o gosto delas para as artes... No fim das apresentações a gente pode ir falar diretamente com os artistas também e entender como é "cabeça" do pessoal por aqui — Sugeri, esperando uma resposta do jovem para me espalhar por conta própria. Estando sozinho, pararia perto de algum grupinho e puxaria algum assunto do tipo "Esse artista devia participar do Festival, não é", "Qual será o tema deste ano?", "Será que vai ser melhor do que ano passado?". E com isso, esperava que as pessoas "soltassem informação importante".

Pensei em gravar as respostas e comentários espontâneos, mas fiquei com medo de acabarem notando e me acusando de estar invadindo a privacidade alheia. Sendo assim, apenas tratei de lembrar de coisas mais importantes que tenham sido ditas e evitei chamar muito a atenção. Em seguida, no fim das apresentações, bati palmas e esperei o público dispersar para ir até o rapaz do canto lírico e lhe questionar algumas coisas, mesmo que indiretamente — Linda apresentação! Incrível mesmo, Parabéns! — Abordei, com um sorriso amigável e ainda batendo palmas sutilmente — Deve ter feito aulas de canto, não é mesmo? É um prazer poder presenciar essa música. Fico imaginando se não vou poder vê-lo cantar mais no Festival da Colheita... Eu vim para a Cidade para isso! — Ri em seguieda, passando a mão pelos cabelos e aguardando as respostas do garoto.

A apresentação de rua chamava a atenção não só das pessoas, como a dupla de criadores. Luch e Haruki resolvia se separar e pesquisar de forma rápida sobre a opinião daquelas pessoas ali. Era hora de ter informações sobre o evento que eles estavam administrando, afinal, a missão que era dada para a sociedade era esta: decorar a cidade, administrar o evento, divulgar as atrações, além de desenvolver e executar uma Apresentação Artística. Algo bem abrangente!!!

Luch começava a sua pesquisa, assumindo a frente. Após o fim da apresentação, a população simpática passava informações sobre o achava. Algumas pessoas diziam que era um importante evento econômico para a cidade, os comerciantes adoravam. Algumas pessoas mais jovens falavam sobre como era interessante, afinal, iriam postar várias fotos no Pokégram, esperando uma decoração atraente para aperfeiçoar as fotos. As expectativas eram altas naquele grupo em que Luch questionava, sendo uma amostra mais jovem.

Já Haruki era bem direto. A sua amostra era composta de pessoas mais velhas. Os senhores estavam querendo o mesmo de sempre: mostrar a riqueza de Forina e suas flores, claro! Principal referência da cidade. Se não tivesse um destaque para o produto principal da cidade, não seria um local bem visto...

O moreno começava a se espalhar e ia chegando até o artista e seu bulbasaur. O menino estava recolhendo os seus trocados, enquanto Bulba começava a tirar aquelas raízes que ele invocara para poder não deixar a rua suja. Felizmente, logo as raízes começavam a secar e ficarem frágeis, facilitando o recolher. Já o gordinho sorria dos elogios de Luch.

- Minha mãe é professora de canto... Festival? Bem, fiquei sabendo que vão abrir para artistas, mas no site da prefeitura não tem nada... acho que se esqueceram, né?- sorria o rapaz, apenas brincando, não de deboche.

O ruivo começava a se aproximar da garota rosada. Seu piplup inchava o peito na presença de Haruki, apenas para poder desafiar aquele menino. O mesmo parecia ser um pouco ciumento...

- Festival da colheita? É o principal evento artístico da cidade... Todo mundo vai! Nem que seja para comer algodão doce. Todo ano este povo reclama, mas quando tá lá se divertem... - a menina brinca, tinha um jeito mais do descontraído, nada de menininha, mas tinha curvas bem delineadas em seu corpo, mas o que chamava mais atenção era um olhar sedutor de quando viu Haruki, com um sorriso de canto e uma leve mordidinha nos lábios. - Quer dizer que você está organizando, é? Então eu irei te ver lá, pelo menos, né?

Comida, economia e auto-exposição. Aparentemente era esse o significado do Festival da Colheita para os espectadores mais jovens daqueles artistas de rua. Algo de certo modo esperado, porém um tanto esquecido por mim até agora. Mas enfim... Com essas ideias oxigenando minha criatividade, agora eu já tinha em mente exatamente as melhores formas de atrair a atenção desses jovens para popularem o Evento e ainda gastarem uma graninha com o comércio local. Restava apenas a opinião de um artista de verdade e foi por isso que escolhi o gordinho lírico como alvo da minha pesquisa de expectativas. Para tal, me aproximei rasgando-me de elogios e ouvi atentamente o que ele tinha a dizer. Aparentemente ele tinha boas esperanças para o Festival, mas decepcionava-se de certa forma com a falta de informações no site da prefeitura... Bingo! Isso significava que tinham muitos artistas antenados no site e realmente seria uma boa ideia anunciar lá a Seleção. Sendo assim, restava apenas retirar mais informações e opiniões preciosas do garoto para seguirmos adiante e resolvermos todas as pendências — Ah sim! A Prefeitura... Eles devem estar atrasados. Eu também andei conferindo por lá e estava me perguntando qual seria a temática principal do Festival, quem sabe... Algo ligado a terra, a ligação das pessoas com o cultivo, ou então relacionado a flores. Eu andei preparando até uma apresentação com meu Roserade e minha Ivysaur, mas seria melhor ter um tema decidido. O que você e seu Bulbasaur acham? Acham algum tema mais especial do que outro? — Questionei, cruzando os braços e rindo. Enquanto isso, notava que Haruki tinha uma aproximação mais direta com a garota há alguns passos de distância de mim e do cantor. Ela olhava para ele de uma forma... Diferente... E internamente eu me divertia com a situação, apesar de fazer o possível para dar toda a atenção apenas ao garoto na minha frente. Veríamos o que ele tinha a dizer...

Luch ainda disfarçava em uma conversa franca com um dos artistas de rua, enquanto Haruki era bombardeado com jogadas de cabelo atrás da orelha, ou mordidas de lábios em cantos inferior, enquanto qualquer coisa que ele dizia era sinônimo de dar risada. Piplup não estava gostando nada daquilo, pois o pinguim inchava ainda mais. Já menina de cabelos rosados, apenas esperava conseguir mais com aquela abordagem, mas parecia que Haruki não estava interessado, mas não destruía as esperanças da moça;

- Então a gente se vê... No festival...- dizia a garota ainda vidrada no rapaz ruivinho, enquanto segurava Piplup, que dava um ataque de raiva na tentativa de voar no pescoço de Haruki.

Já o moreno, estava ainda jogando algumas indiretas para o garoto mais gordinho de voz surpreendente. O criador comentava sobre possíveis apresentações, incluindo o uso de Pokémons como o seu Ivysaur e Roserade. O menino ficava surpreso, enquanto Haruki se aproximava.

- Realmente o tipo grama é o tipo de Forina..- brincava o rapaz - Eu acho que o grande desafio do artista é se adequar ao tema e não o contrário... Mas darei o meu melhor sempre... Ano passado não teve show de artistas da terra, e foi bem decepcionante... Este ano não espero que o Ginásio de Forina e a Prefeitura cometam o mesmo erro. Acho que quanto mais opções para agradar o máximo possível, melhor...

O Cantor Lírico me deu algumas informações importantes, mesmo que sem querer. Ele comentou que, para ele, o verdadeiro artista deveria adequar-se ao tema e não o contrário e que no último ano não havia tido uma apresentação de artistas da terra, o que provavelmente deve ter decepcionado muitas pessoas e elevado a expectativa para o Festival desse Ano. Isso era uma faca-de-dois-gumes certamente, pois se tudo fosse muito bem, a Virtuum ganharia uma forte reputação com a Cidade. Contudo, se as coisas desandassem, teríamos ainda mais reclamações pois nada é mais frustrante do que despedaçarem nossas expectativas. Certamente teríamos muita pressão sobre nossos ombros, mas também uma oportunidade única de brilhar como organizadores — Você tem razão... Realmente... Também espero que esse ano não desperdicem a oportunidade de dar espaço aos artistas. Mas... Algo me diz que vai tudo dar certo! — Comentei, expressando uma leve risada e depois cruzando os braços, ao observar a aproximação apressada de Haruki, que deixava a garota do Piplup para trás — Bem, obrigado pela conversa! Espero que a gente se encontre por aí durante o Festiva, daí apresento a minha Ivysaur e meu Roserade ao seu Bulbasaur! — Comentei, acenando e sorrindo, afastando-me logo depois da despedida, para interceptar Haruki durante sua aproximação.

— Ótimas notícias Haruki! — Comentei, aproximando-me com um largo sorriso no rosto — Já tenho excelentes ideias pra atrair o público mais jovem e ainda deslanchar a economia da Cidade. Se tudo der certo, a Virtuum vai ficar muito conhecida por todo o Mundo! Vamos andando, vamos nos apressar até a Prefeitura e daí no caminho eu vou dizendo o que eu ouvi das pessoas e você também me conta um pouco, pode ser? — Questionei o Coordenador, ajeitando as alças da pesada mochila sobre os ombros, enquanto tomava o rumo do Órgão Público, junto do garoto — Primeiramente, descobri que os jovens estão ansiosos pelo movimento econômico que a Cidade vai ter, então precisamos sim investir em barraquinhas. Mas é mais do que isso, eles querem "comprar" uma "experiência", principalmente se puderem mostrar para todos os amigos isso, pelas Redes Sociais... — Comecei a comentar, tentando construir um raciocínio — Minha ideia é fazer uma grande área como Praça de Alimentação, daí tentar investir em iluminação colorida e se possível interativa. Colocar painéis com desenhos temáticos, onde o público escolha a luz do momento para tirar fotos e postarem no PokéGram com uma Hashtag da Virtuum e do Festival. Só que para ter acesso a isso, é preciso trocar uma nota fiscal de uma comida ou produto consumido por um voucher com tempo limitado para tirar fotos livremente... — Comentei minha ideia inicial, rindo em seguida. — Estou empolgado e ainda tenho muitas ideias, mas conte antes sobre sua experiência com o povo lá na Praça...

Os dois jovens se encontravam para uma pequena troca de informações, enquanto iam para a prefeitura, não muito longe dali. Algumas informações de várias faixas etárias se cruzavam: os jovens queriam lugares para tirarem boas fotos e postarem nas redes sociais, os adultos queria um comércio forte para movimentar a economia da cidade e os velhos queriam realçar o seu regionalismo com o que há de melhor ali, enquanto a menina de cabelos rosados queria o corpo de Haruki para ela...

Os criadores caminhavam pelas ruas, naquele ritmo normal. Movimento médio de manhã. Lojas abrindo. Pessoas comprando, vivendo sua vida, até chegar no prédio que seria a Prefeitura. Era um prédio alto, com acabamento de tijolo escuro. Suas escadarias de cimento cinzento com um arco de fores em cima delineavam a placa que dizia “Prefeitura”; Os meninos sumiam as escadas até o segurança abria a porta e lá dentro se via um ambiente bem árcade. Salão aberto, com acesso a alguns corredores e uma escada lateral que levava aos andares seguintes. Uma recepção cujo balcão separava os visitantes da funcionária. E por falar nela, era uma mulher de meia idade, talvez já tinha atingido seus 60 anos. Cabelos ruivos desgrenhados, com óculos rosado de gatinho. Seu nariz pontiagudo parecia enorme para a fase já puxada pela idade, enquanto seu batom vermelho se destacava. Estava com uma lapela que era usada para atender ligações, enquanto digitava no computador...

-Ah, ai eu disse para ela: “Querida, você não pode fazer isso”. A mulher endoidou... É uma falsa e sonsa, é porque ela não sabe o que o marido dela faz de noite... Eu? Falar? Não falo não, amiga, minha boca é um túmulo, não vou sair falar o que não é da minha conta. Se ela quer ter um marido que gosta de sair com os amigos de noite e acha que tá tudo bem, tá tudo bem...

A mulher continuava com a conversa, que com certeza não tinha nada de profissional em sua fala, apenas fofaca e intrigar... Inclusive, ela começava agora a comentar do último capítulo da novela.

- Menina, mas ele não tá um gato nesta novela? Gente, aquele cabelo pentiadinho de lado, com o Absol.. é a cara dele... Dizem que o Absol é dele, mas eu acho que é um daqueles Pokémons que eles contratam para fazer novela... Eu acho que é nessa sexta feira que ele descobre que é filho adotivo...

Enquanto discutíamos sobre as muitas informações apreendidas pelos moradores de Forina, acabamos chegando na Prefeitura da Cidade. Um edifício bastante simples, mas bonito, correspondendo ao estilo daquela Cidade das Flores. — Não vai ser fácil juntar as vontades de todas as gerações realmente... Mas podemos tentar, tenho bastante otimismo de que vamos fazer um Evento memorável! Aliás... O menino da praça também me disse que o tema é o de menos para os artistas, que iriam adequar-se ao que viesse. Ah! E ele "reclamou" sobre a falta de informações no Site, o que quer dizer que tem gente de olho na Página da Prefeitura, a espera de alguma Seleção. Pelo que vi, ano passado não teve apresentação de artistas e decepcionou muita gente... Então, se já conseguirmos fazer algo começaremos com o pé direito! Não acha? — Até mesmo quando adentrávamos o estabelecimento público, ainda fervilhávamos de empolgação, repassando o que tinha faltado e fazendo planos para dar alguma coesão a todas as nossas necessidades. Nesse instante, mal sabíamos que todo a nossa disposição e criatividade poderia muito bem ser convertida em impaciência e ódio se deixássemos o coração falar mais alto. Ali, naquela recepção, havia apenas uma funcionária já idosa e certamente teríamos que resolver todos nossos problemas com ela, independente de sua vontade de trabalhar... Entretanto, naquele instante, eu ainda não havia passado por tal provação e a inocência em meu sorriso indicava que sofreria muito em meu percurso — Bom Dia! — Comentei, com um largo sorriso no rosto, apoiando-me sobre o balcão e observando a mulher, que ainda conversava bem entretida com alguém pelo telefone — Erm... Nós viemos aqui conseguir um Alvará para o Festival da Colheita! E outras coisinhas também... Mas primeiro, o Alvará. É aqui que conseguimos? — Questionei, sem imaginar o que veria pela frente. Contudo, confiava de que não iria perder um dia inteiro com isso pelo menos, afinal ainda teríamos muita coisa para fazer até o dia do Evento e quanto antes apressássemos isso, melhor.