Off :
Não se preocupe, amorzinho, sei que essa época está sendo difícil. Imagino que esteja tendo uma rotina cansativa, desejo-lhe melhoras <3 cuide-se bem, ok?
Como dizem, situações desesperadas pedem medidas desesperadas. Narrativamente, para mim não faz sentido que uma humana consiga durar tanto tempo sem água potável, principalmente considerando que ela bebeu água salgada, andou em um deserto, comeu biscoitos e fez caminhadas tão longas no labirinto ^^’ então resolvi adicionar essa parte para deixar mais coerente, espero que não faça mal hahaha
No fim, tinha mesmo um túnel ali embaixo, e Poochyena conseguiu descobri-lo. Na verdade, não era um único, mas uma rede completa deles, interligando-se e entrelaçando-se de uma forma que lembrava muito os corredores que havíamos percorrido. Parecia muito extensa… será que cobria toda a área do labirinto? Não havia como ter certeza, mas provavelmente era daquilo que Arbok estava falando com “em baixa escala”. Se ela estivesse certa, aqueles túneis seriam capazes de nos levar ao coração do labirinto, ou seja lá como Yoshiro resolveu chamar. E, falando em na menina, ela devia estar bem orgulhosa de si mesma, desvendou a primeira parte do enigma sem problemas. Olhei para a minha treinadora, esperando vê-la com um sorriso vitorioso no rosto. No entanto, o que meus olhos encontraram não foi isso.
A garota estava parada na beira do buraco que o lobinho cavara, olhando para baixo em uma mistura de preocupação e desconforto. Contudo, esse desconforto não parecia ser causado pela descoberta. Ela estava com uma das mãos no pescoço, sem apertá-lo, como se estivesse de alguma forma tentando livrar-se de algum tipo de dor. Foi então que notei que, embora estivesse espirrando menos agora, Yoshiro vinha pedindo por água desde o nosso nada confortável passeio no deserto. Ela andou em um clima árido, comeu doces, fugiu de bestas mitológicas e percorreu aquele labirinto de uma ponta à outra… tudo isso sem uma só gota de água. Para mim e para Poochyena podia não haver tanto problema, somos mais resistentes, mas uma criatura tão frágil quanto um humano precisa de mais cuidados.
Desculpe, Yoshiro, não tomei conta de você direito… Não havia sentido em verbalizar aquilo, mas ainda assim aquela constatação me deixou envergonhado. Eu devia ter notado que minha humana estava chegando ao limite… e, acima de tudo, deveria saber como ajudá-la. Yoshiro notou meu olhar sobre ela e abriu a boca para dizer alguma coisa, mas mudou de ideia e voltou a fechá-la. Para alguém que se tornava tão tagarela quando nervosa, ela estava anormalmente calada já há algum tempo. Não precisava ser nenhum gênio para notar o motivo… minha humana precisava de água. Mas onde raios acharíamos isso? Até a fonte que encontramos estava vazia!
Foi então que me lembrei da pergunta que Yoshiro tinha me feito logo após encontrarmos aquele ovo. Será que… meu Water Gun realmente dava para beber? Bem, se ela parecia desesperada o bastante para tentar antes, nem imagino como esteja agora… o olhar da garota mostrava a dor que ela não conseguia colocar em palavras, me senti mal por não ter dado mais atenção ao estado dela antes. Estar cansado pela batalha não era justificativa para não notar como minha parceira estava!
Sem mais escolhas, fiz o mesmo que havia feito no deserto: lancei meu Water Gun para cima. Dessa vez, formei um jato mais fraco, não queria encharcá-la, e me afastei o suficiente para não afetar a terra ao redor do túnel. Yoshiro arregalou os olhos ao sentir as gotas respingarem em seus cabelos e logo se aproximou mais de mim. A menina aproveitou-se da água para lavar as mãos e, em seguida, uniu-as formando uma espécie de “concha” que ela usou para recolher um pouco de água e levá-la à boca. Repetiu a mesma ação algumas vezes e, quando parou, interrompi meu Water Gun. Yoshiro não me disse nada, entretanto, o olhar agradecido que me lançou valeu mais que mil palavras. O rosto da treinadora, antes turvo de desconforto, estava mais tranquilo e o alívio era claro em suas feições. Definitivamente não era a situação mais confortável do mundo, mas suponho que qualquer coisa seja melhor que morrer de sede...
Se o momento fosse outro, eu ficaria refletindo sobre como Yoshiro teve sua vida alterada em um único dia. Quem diria que a garota mimada e de família rica de quem Daisuke tanto me falava, acostumada a ter do bom e do melhor, teria que se submeter a isso para sobreviver? Mas enfim, não havia tempo para tais divagações. Poochyena ainda estava lá embaixo, e nós tínhamos que escolher o que fazer: ou tirá-lo de lá, ou descer com ele. Não foi uma escolha difícil. Nos túneis, estaríamos percorrendo caminhos desconhecidos e possivelmente perigosos, mas sem Minotauro. No labirinto, estaríamos andando por caminhos igualmente desconhecidos e perigosos, mas com o Minotauro. Além disso, a parte subterrânea parecia se encaixar bem com o enigma de Arbok, o qual, no momento, era o nosso melhor guia. Seguir caminho por aqueles túneis era, de fato, a nossa melhor opção, e minha treinadora parecia ter percebido isso também.
Última edição por Hanakko em Dom 24 maio - 0:26, editado 1 vez(es)