[Saffron]Capítulo 2: Restauração

Restauração

Finalmente — repito, finalmente — Karen começava a perceber que algo estava diferente na forma que pensava em Tyrant. Será que ainda se tratava dos efeitos do sorvete de Petalburg? Ou será que o sentimento que a garota sentia por ele já estava começando a se transformar? Quer dizer, a própria já estava até dividindo barra de chocolate com o Ranger... Algo me diz que em um futuro bem próximo saberemos, não é?

Tyrant, por sua vez, servia sua comida, aproveitando para conversar com a mono-treinadora no processo, tendo parte de sua comida furtada por Cupid, que tinha um apetite maior do que sua pequena barriga comporta... Uma fofura, diga-se de passagem. Deitado sobre as almofadas, Ruby levantava e corria na direção da mesa do casal, espreguiçando-se no processo após perceber que haviam terminado de se alimentar e que estavam ambos passando tempo no PokéZap.

— Estão prontos, gente? O mini-porto é aqui perto, lá teremos as ferramentas necessárias pra tirar a água. — disse, já seguindo na direção Norte — Vamos?

Algo a se reparar era na disposição e na excitação que Ruby emanava de seu corpo: quer dizer, ele mal se alimentou e já estava propenso a seguir para a próxima tarefa como se tivesse descansado dias a fio. Disparava na frente mais uma vez e, à distância, era possível vê-lo liberar todos seus monstrinhos para lhe acompanhar.

Caminhar pela dizimada Saffron estava longe de ser uma boa coisa. Por mais que o humor de Karen e Tyrant estivesse bom, para onde olhasse estava tudo destruído aos pedaços... Não é sabido como estão as outras cidades, mas o coração de Kanto certamente havia sofrido um dos maiores baques vistos pela enchente. Passaram, então, por uma outra tenda vazia e completamente coberta, assim como tudo aquilo que a envolvia tapado por uma espécie de pano... O título era da última tarefa entregue ao casal, de busca de pertences. Pelo que conseguiam ver, parecia uma região bem residencial. Sabe-se lá o porquê de todo quarteirão estar coberto e quiçá vazio, mas deve haver alguma explicação.

Alguns minutos de caminhada se passaram e, então, Ruby aguardou Karen e Tyrant para que o alcançasse. Apontou na direção de uma parte com tanta água que chegava até os joelhos, aprofundando-se conforme caminhavam mais e mais, como se fosse uma piscina.

— Vai todo mundo se molhar, mas mais pra lá tem algumas plataformas pra gente ficar em cima. — seguiu na frente novamente — Espero que saibam nadar um pouco.

Não era nada demais, com a água chegando até o peito de nossos protagonistas até que vissem as plataformas em si. Lá, diversas pessoas e Pokémon retiravam a água do jeito que podiam: alguns redirecionavam com poderes psíquicos a água de lá para dentro do poço (o qual estava bem centrado no limítrofe do que parecia ser uma floresta), enquanto outros faziam o trabalho braçal com baldes mesmo. Estava bem tumultuado, então, não parecia que líder alguma daquela tarefa viria falar com nossos heróis... Teriam que se virar com o que tinham.

— Podemos ficar aqui. — Ruby subia em uma das plataformas, agachando seu tronco e estendendo a mão para Tyrant e Karen subirem — Ali tem alguns baldes que podemos usar! — apontou para alguns baldes e ferramentas que boiavam na água — E não se preocupem com peso, essas plataformas são bem reforçadas.

Restauração

Completamente molhados e já posicionados sobre as plataformas em cima da água, a maioria dos Pokémon de Karen e Tyrant conseguiam ajudar carregando baldes ou de alguma maneira dirigindo o fluxo de água até o poço... Mas e os pequenos? Como Percival e Eevee? Bom, havia sim algo que poderiam fazer.

— Tyrant, Karen! — Ruby acenou enquanto carregava um dos baldes — Os seus pequenos podem ajudar a estabilizar as plataformas, que estão todas ligadas entre si por uma corda. — sorriu — É só vocês mandarem eles irem até o final da corda e segurarem com a boca ou só fazer peso lá para estabilizar.

Não parecia ser algo tão divertido quanto o que os demais monstrinhos faziam, mas ao menos era alguma coisa, não é? Inclusive, em terra firme, era possível ver diversos Pokémon bebê ajudando na mesma tarefa que Ruby havia mencionado, o que significa que, de uma forma ou de outra, estava dando certo. Diferente da outra tarefa, essa parecia ser mais trabalhosa, provavelmente pela certa dificuldade que havia de levar os baldes até o poço em cima das plataformas. Arthur, Cupid, Heracross e Amarílis buscavam os baldes necessários e traziam de volta para seus treinadores, mas algo curioso acontecia.

Passimian, ao bater sem querer na parte de baixo do balde, percebia que barulho que ele fazia era semelhante ao de seu coco... Pra quê, né? Arthur sentava em cima da plataforma e começava a batucar em todos os baldes como se estivesse tocando bateria. O feito do símio até trazia risadas de alguns voluntários, porém outros somente encaravam a mono-treinadora como quem dissesse que "aqui não é lugar disso". Independente disso, Passimian decidia focar nas risadas e se sentia uma estrela do rock, aproveitando para acenar de vez em quando com um ar de superioridade para o público... Uma figura.