Pokémon Mythology RPG
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Ato 02 — Vendeta.

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Antes mesmo que o sorriso convencido pudesse tingir os finos lábios do treinador assim que o réptil acertava o derradeiro ataque com suas presas chamuscadas, culminando no desmaio do inseto rosáceo. No momento em que Ninjask com sua velocidade assombrosa cercava com suas réplicas a ruiva, de sua mão, deixou escapar aquele item estranho ao garoto. Quando o apetrecho escapou das ligeiras mãos da ladina, irrompera do vidro quebrado uma cortina de fumaço, causando espanto a Nicholas.

— Tomem cuidado — soprou sem pensar muito, levado apenas por seu impulso ao ver a névoa sendo levada para sua direção.

Colocou seu antebraço à frente de seu nariz, tapando a respiração para que aquele gás desconhecido não adentrasse suas vias aéreas e causasse qualquer complicação quanto à sua respiração. Ainda com a mão livre com o antídoto em mãos, borrifou-o sobre o corpo do réptil alaranjado, encerrando — enfim — aquela condição melindrosa que tanto o afligia. E, assim como o louro, as demais criaturas semicerravam seus olhos e tapavam suas narinas por impulso. Com sua vista prejudicada devido a névoa, Nico foi capaz de ver o brilho rubro da esfera bicolor recolher a exaurida Wormadam.

Apesar de o vento vindo dos andares superiores empurrarem a névoa para a saída às costas do treinador — como única abertura naquele espaço fechado —, tempos depois, o caminho para o segundo andar parecia livre. Nico lembrava-se dos grunhidos de seu canídeo na direção do esguio vulto visto outrora. Seu fantasma estava nos arredores, não dando sinal algum de hostilidade de qualquer direção que fosse possível. Apesar de derrotar a rocket que o castigou com inúmeras condições negativas, as sequelas dos combates seguidos — entre o agora inconsciente e a garota —, Nicholas pôs-se a pensar se realmente teria uma vantagem notória ao enfrentar seu algoz: o responsável por tomar a cândida treinadora por seus delicados braços e arrastá-la até a toca que se encontrava agora.

O ritmo acelerado do tórax — quiçá movido pela tensão dos ínfimos minutos que se sentira exposto naquela paradoxal imensidão enevoada, nublando seu campo de visão — diminuía aos poucos. Calmamente, abriu a sua mochila, retirando o penúltimo medicamento que repôs no centro pokémon, borrifando-o sobre Charmeleon. Percebendo a evolução de seu inicial naqueles combates subsequentes e buscando garantir também a superioridade numérica, Nicholas não queria perdê-lo celeremente, afinal, estaria em desvantagem ao enfrentar o Drilbur que o louro se recordava com amargor. Aspergiu o gélido remédio contido daquele frasco de plástico, ideal para viagens — longa ou breve —, revigorando levemente seu lagarto. Seus olhos ziguezagueavam aquela penumbra pouco iluminada com a escada à sua frente, buscando pensar como o rocket havia se preparado durante os combates.

“Eu duvido que ela foi embora e deixou aquele arrombado à sorte. Desgraçada, já devem estar tramando alguma coisa”, resmungou mentalmente o treinador, arrumando a alça de sua mochila azul em suas costas. Engoliu em seco, experimentando a tensão de ter uma vida em suas mãos, e em qualquer deslize, poderia deixá-la escapar; Nicholas já carregava essa responsabilidade desde o incidente na rota 101, contudo, Emma agora estava tão próxima que seus pesadelos assaltavam suas memórias enquanto sua visão ainda turva tentava se focar na figura das escadas.

Tornou a respirar fundo. Mesmo com seu interior conturbado, transpassava a calma rotineira que sempre lhe foi característica e sua frieza típica. Não era hora de estragar tudo graças a uma injeção abrupta de adrenalina no vital líquido carmim percorrendo seu corpo entre veias e artérias, pensava Nicholas.

— Mightyena, indique para onde a menina foi. Nós vamos começar a subir. Ninjask, use o Double Team para que consiga olhar em várias direções ao mesmo tempo. Shedinja, vá na frente e sempre me avise se tiver alguma armadilha ou algo hostil — agachou-se, ficando na altura dos olhos da hiena. — Alerte-me se estivermos perto, ok?

Ao murmurar os seus comandos, começou a galgar silenciosamente as escadas. Seu fantasma o alertava sobre qualquer tipo de hostilidade à sua frente, enquanto o canídeo seria a sua direção, guiada por seu olfato. Antes de partir, aproximou o cardigã de Emma das narinas de Mightyena para que o canídeo relembrasse do cheiro da loira.

Subiu, moroso e cautelosamente, enfim.

off. :

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Quarta, 17h10min - Rutsboro City
"Nublado, vento forte . 20ºC"  



A fuga da bandida deixava perguntas no ar, das quais Nico não conseguiria responder, a menos se fosse médium, o que não era... O menino usava mais dos itens que sabidamente comprou no Centro Pokémon e assim prosseguia em sua busca naquele prédio, que até agora, não parecia ter ninguém... Os passos na escada, que o levava até o térreo, onde tinha mais outro vão de escadas que levavam aos andares superiores, foram pesados. Mightyena apontava sempre para o alto, mas ao chegar no vão de escadas que ligava o primeiro andar ao segundo, a hiena noturna se desesperava.

Até agora Mightyena seguiu o ritmo de seu treinador, mas no momento em que detectou aquele odor, o canino se encheu de esperanças. Sim! Ele tinha captado finalmente a essência de Emma, tão bem, quanto um 20 em um dado de 20 lados. O pokémon de Nico agora sabia exatamente onde a sequestrada estava, ignorando até o cheiro da ladina que se surrupiava dali. Nico viu seu Pokémon correr, enquanto os clones de Ninjask se dissipavam e sumiam com o tempo... Claro, eram ilusões, não serviam para muito coisa, muito menos para aumentar o ângulo da visão... Charmeleon se manteve quieto, mas não tano quanto Shedinja, que apenas flutuava ao lado do rapaz...

O corredor com quatro apartamentos se mostrava. Nenhum deles era revistado por Mightyena. Com os passos de subida, as pessoas passavam os trincos e rodavam a chave nas portas, muitas delas se certificando que estavam protegidos em seus lares. Alguns apartamentos estavam habitados. Mas o ranger de dentes do lobo era apenas para uma porta, vazia, sem muita importância ou diferente das outras, exceto, pelo Natu que pousava na maçaneta redonda, equilibrando-se perfeitamente ali. Foi naquela porta que Nico viu Mightyena apontar... Bem, nem precisa dizer que o seu alvo já sabia da sua presença... Natu sumia (pela 4 vez)


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O corpo, buliçoso, sentia cada passo na direção superior. O faro do aguçado do canídeo guiava Nicholas rumo ao andar superior; a hiena familiarizava o odor da bandana da loura, e morosamente, guiava o treinador e sua equipe para os andares superiores. Sua frieza corriqueira parecia se esvair a cada degrau que subia, afinal, o peso de ter alguém importante em perigo era inédito para Nico — sabia, sim, dos riscos que uma aventura em um mundo inóspito poderia ser melindrosa, mas jamais esperou acontecê-lo justo em seu primeiro dia. Sentiu uma gota de suor frio, singela, verter de sua testa, correndo como um rio em direção ao oceano; todavia, neste caso, sentia apenas a gravidade e a pressão atmosférica puxá-la contra o chão. O treinador interrompeu o caminho com um repentino tato. Sua respiração agora tornava-se inconstante, e o vai-e-vem de seu tórax tornava-se mais frequente.

Era notório aqui o maior paradoxo da vida tão curta de Nicholas. Suas emoções sempre foram contidas para que exercitasse sua capacidade de raciocínio afim de se tornar forte, mas, naquele momento tão crucial, sentia-se refém de quem sempre achava que dominava.

Aos trancos e barrancos, conseguiu chegar ao segundo andar. Fora repentino os soídos das trancas assim que conseguia ter a clara visão daquele corredor com quatro portas uniformes e simples. Mightyena com o cheiro já familiarizado rangia os dentes para uma porta específica; o loiro, de imediato, fitou a estrutura, assustando-se então com a figura mais uma vez familiar.

Natu.

Sentiu um calafrio percorrer sua espinha assim que suas retinas processavam a imagem do psíquico, retornando aquele pesadelo da rota 101. O canídeo rangia seus dentes sem para e Nico, atônito, mantinha suas pálpebras abertas ao máximo, esboçando até qualquer tipo de falar. Ao abrir a sua boca para que suas cordas vocais vibrassem o ar e emitissem qualquer som audível ao pássaro, em um piscar de olhos, Natu tornava a sumir, tal os outros encontros.

Sua respiração pesava ainda mais. Ali era o covil dos rockets que açoitavam sua sanidade a cada segundo que passava após aquele sequestro atroz; Nico podia considerar-se sortudo por não morrer naquele lamaçal, palco de seu pesadelo mais profundo e recente. Expirando pela boca uma última vez, estreitou suas vistas na direção da porta, focado, flexionando seu corpo e sustentando seu peso com seus joelhos. Cerrou seus olhos, buscando planejar qualquer tipo de infiltração — mesmo que barulhenta — naquela ocasião em clara desvantagem.

Passaram-se alguns segundos, e subitamente, os orbes cerúleos encaravam aquela porta já com algo em mente. Tratou de chamar as suas criaturas para perto, afinal, era necessário a cooperação entre os pokémons para que a infiltração fosse um sucesso; o louro cogitava também a ideia de a ruiva estar naquele recinto, portanto, tinha de transformar aquela inúmera desvantagem em algo benéfico.

— Charmeleon, você vai usar o Dragonbreath para quebrar a porta. No momento que quebrar, Shedinja, tome a frente, e caso eles lancem qualquer ataque ou coisas hostis, defenda com seu Protect. Se estiver limpo, Ninjask, use de sua velocidade para infiltrar na casa, e vistorie tudo para ver se não tem nenhuma armadilha e se eles estão realmente lá, e caso eles tentem qualquer coisa contra a garota, não deixe em hipótese alguma. Então nós entramos, e fazemos o resgate o mais rápido possível — murmurou, com todos assentindo. — Mightyena, use o seu faro sempre que possível para me guiar até Emma, e enquanto acontece toda essa barulheira, Jigglypuff, vigie a minha retaguarda. É o momento decisivo, espero que estejam prontos.

Era notório a tensão nos corpos de cada criatura, a exceção do fantasma, inexpressivo como de costume. Nicholas encarou aquela porta por um tempo ínfimo, tentando encenar em sua própria cabeça aquela estratégia relâmpago que havia pensado. Sim, não era das mais silenciosas, todavia, àquela altura do campeonato, o som das batalhas e do alarme do carro deveriam ser o suficiente para alertar os bandidos, pensara. Mesmo que fossem pegos de surpresa, a ação relâmpago deixando seu inseto alado livre para agir dotado de sua velocidade colossal.

Era a hora do “vamo ver”. Rogou aos deuses para que Emma ainda estivesse bem.

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Quarta, 17h10min - Rutsboro City
"Nublado, vento forte . 20ºC"  



A tensão estava no ar, deixado por Natu em seu teleporte, trazendo presságios de uma rota que nunca seria esquecida pelo treinador. Os seus Pokémons captavam a seriedade daquele momento. Mightyena se sentia vingado por, só agora, ter conseguido captar o que o seu treinador queria desde o começo, que era encontrar a menina. O cheiro nunca esteve tão perto, poderia pensar o lobo. Em sua frente, a porta separava o caos do interior de Nico da esperança de encontrar Emma e, com força, Charmeleon a escancarava de imediata com o seu golpe que era um sopro poderoso.

Ninjask já se abaixava e entrava. Voava por todo o cômodo. Era um apartamento pequeno, de dois quartos, um banheiro social de portas aberta. Havia uma poltrona roxa, velha e empoeirada, diante de uma televisão de turbo largo velha, ligada em algum canal, sendo possível apenas ouvir a sua programação de final de tarde, típico Casos de Família. Não tinha muita mobília o local e as que tinham eram velhas e empoeirada. A geladeira branca e super antiga emitia um barulho de seu motor prestes a morrer, mas que ainda lutava para congelar os alimentos.

Shedinja mantinha-se a frente de Nico, com Jigglypuff no ombro do garoto e Mightyena ao redor. Ninjask saia de um quarto e ia para outro, que era aparentemente maior, talvez a suíte do apartamento. A porta fechada. Ninjask mantinha-se no alto da porta, voando ali, enquanto Mightyena latia para o segundo cômodo. Nico sentia que tinha alguém ali. Era uma percepção passiva, sem muitos detalhes, ou era uma esperança ainda viva.



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A infiltração foi um sucesso apesar do barulho. Intencionalmente, bolou o plano para testar qualquer mecanismo de defesa ou até mesmo astúcia dos rockets em esperá-lo. Apenas entrar de cara limpa poderia ser muito prejudicial ao treinador, e por isso, separou conforme à sua equipe para conseguir adentrar aquela inóspita residência.

Mas, para a sua surpresa, não havia ninguém no cômodo similar a uma sala de estar. Uma velha poltrona estava de frente para uma televisão de modelo antigo; emitia alguns ruídos audíveis a Nicholas, simplesmente ignorando a programação de — chutou — fim de tarde. Seu inseto alado sobrevoava todo o recinto de um lado pro outro, aparentemente não achando nada, a não ser dois cômodos com as portas fechadas. Seu canídeo continuava a ranger os dentes para uma delas e a outra apenas era estranha a Nico.

Apenas ergueu seu antebraço para cima, e instintivamente, todas as criaturas voltaram atenção para o treinador; de maneira espalhafatosa e — paradoxalmente — clara, passou a instruir através de gestos para que seja quem for que estivesse ouvindo ou espiando não ouvisse nada. Com gestos, reuniu Charmeleon junto a Shedinja e Ninjask com Mightyena. Apontando para cada uma das portas, mandou as duplas se dirigirem às aberturas de cômodos diferente: o lagarto e o fantasma iriam para o oposto de seu canídeo e o alado — que, por sua vez, dirigiam-se ao que a hiena grunhia anteriormente. Não obstante, instruiu — mudo — para que o réptil atacasse com o Slash a porta, e em de qualquer hostilidade, o feérico que o acompanhava entrasse na frente e ativasse seu Protect; a mesma coisa com a outra equipe, mas, o noturno cinzento desferiria seu Assurance e o derradeiro cobriria com a energia esmeralda protetora em conjunto à sua exímia velocidade.

Fitou Jigglypuff. Balançou a cabeça, requisitando o que sempre foi pedido: cobrisse a retaguarda de Nicholas e também fosse a backline dos demais, que estavam na ofensiva.

Diferente de outrora, o louro optou por usar ataques físicos para não acontecer como anteriormente com Mightyena e ferisse a treinadora sem querer. Seu plano era apenas ter uma noção de saber quem estava ali, e sendo alguém oculto em qualquer um dos cômodos, que aparecesse. Temia que o ruivo viesse pelas costas ou pela segunda porta trancada, tratando de escancará-la logo em seguida.

Que Emma estivesse ali e cessasse os tormentos de Nicholas. Resistia bravamente às suas memórias mais negativas, que insistiam em nublar seu pensamento focado em resgatar a treinadora. Não era hora de fraquejar, e sabia disso. Restava, apenas, resolver aquele mistério enfim.

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Quarta, 17h10min - Rutsboro City
"Nublado, vento forte . 20ºC"  



Tão perto... O cheiro de Emma preenchia todo o ambiente e isso deixava Mightyena repleto de lembranças. Lembranças da loira que junto de Nico o ajudara. Lembranças que mexiam com o psicológico do rapaz mais do que tudo. Falhas quando estiverem tão perto não seriam toleradas... Nico queria resgatar a menina que tanto mexera com seu emocional! As duplas foram montadas. Jigglypuff tremia no ombro do rapaz, mas se mantinha mais atenta do que nunca. Não iria falar, não queria!

Os movimentos eram deferidos na retangular parte de madeira. Os trincos que sustentavam a porta não iriam suportar eles movimentos pesados deferidos contra eles. Mais uma porta era escancarada. Até Jigglypuff inclinou os seus olhos para ver o que estava acontecendo ali, ignorando a retaguarda de Nico por uns segundos... Os olhos da Feerica Pokémon marejavam!

O cômodo era escuro, empoeirado. No chão um colchão velho e no fundo uma porta que levava a um pequeno banheiro. O quarto era pequeno, a janela do local era lacrada com várias tabuas de madeira, sem luz. O olhar de Nico e seus Pokémons percorriam o cômodo e ali estava o ruivo Rocket, com seu Drillbur ao lado. Seu braço esquerdo envolvia de modo asqueroso o corpo da menina que tremia e se espantava ao ver Nico ali... Parecia que toda a esperança que ela havia perdido agora se tornava uma fagulha de medo. Medo porque o rocket estava com uma arma, uma pistola era apontada para a cabeça da loira, fazendo-a engoli de choro, não por sua vida, mas pela de Nico.

- Ora, ora... Você sobreviveu!- notava o ruivo em uma tonalidade de deboche, correndo os olhos pelos Pokémons em campos, vários que ele não conhecia da rota 101. Do ar, uma figura fantasmagórica pousava ao lado de Emma, com um sorriso inquietante e olhos compenetrados. Parecia um lenço possuído. Shuppet flutuava fazendo círculos ao redor do rocket e da menina, enquanto Mightyena dava um passo.

“CHIC”

O gatilho da arma era puxado. Mesmo sendo um Pokémon, Mightyena interpretava aquilo como um movimento hostil, fazendo os seus passos recuarem... A respiração de Jigglypuff estava ofegante. Estava muito perto de sua treinadora. Foram dois dias horríveis para a Pokémon, que engasgava com seu choro, que queria sair.

- Não sei o que você veio fazer aqui, mas não acho que você seja de alguma forma rentável... Mas aprecie, pois será a última cena que você verá...- ameaçava, dessa vez, tirando a arma da cabeça de Emma e apontando para Nico. Emma tremeu, fechou os olhos e pedia no seu interior que ela fosse o alvo, não Nico. Ela não tinha escolhas! Os Pokémons se uniram todos na frente de Nico.

O barulho da arma disparando era ensurdecedor. A menina tremeu e chorou. Um Protect (sabe-se lá de onde) surgiu na frente de todos, ricocheteando a bala, que por sorte de todos, caia em algum lugar do cômodo, espantando até o ruivo. Jigglypuff, inchado, pesava no ombro do seu parceiro de resgate. Seus olhos ainda brilhavam levemente o tom esmeralda, por ter conjurado a barreira protetiva.


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O músculo cardíaco batia em frequência acelerada, em descompasso com toda a feição apresentada — atônita — do treinador no momento em que vira a figura da treinadora envolta pelo asqueroso braço canhoto do homem que tanto maldisse e desejou todos os males possíveis em sua frente. Seus olhos esbugalhados e sua boca semiaberta ensaiando qualquer coisa a exprimir, abafados pela adrenalina percorrendo cada milímetro de seu corpo somado ao cenho cabisbaixo de Emma.

O tanto que Nicholas lutou, venceu poderosos inimigos e até mesmo beirou a insanidade finalmente entregou algum resultado, mas nada satisfatório. Uma arma de fogo repousava na cabeça da garota, que apenas tremia diante da silhueta daquele em quem confiara a Jigglypuff — e, quiçá, seus próprios sentimentos. Pouco tempo depois, um fantoche pairou sobre o rocket, com sua feição sarcástica a observar Nico e seus pokémons; estes, por sua vez, hora ou outra eram pegos encarando o treinador, receptivos a qualquer ordem que seja, e nada saía.

Nem mesmo os dizeres ríspidos e galhofeiros do malfeitor conseguiam despertar Nicholas daquele transe, afogado na figura pávida de Emma, taciturno, com o revólver apontado para a sua cabeça. Sua personalidade cândida e jocosa era substituída pelo temor tanto de sua vida quanto a do “salvador”. A fada rósea partilhava da ansiedade e pavor ao ver sua mestra naquele estado; ora, as duas funcionavam como uma dupla nunca dantes vista, de sincronia singular em tudo o que faziam, e os dois dias separados de sua extensão fora o suficiente para que Jigglypuff vislumbrasse mundos e coisas horríveis — tal Nico quase entregando ao seu lado mais negro e oculto.

O que aconteceria a seguir poderia selar os acontecimentos. As ameaças proferidas pelo ruivo agora dirigiam-se a Nicholas, fitando apenas o movimento singelo do malfeitor em arquear seu braço direito, com o cano da pistola apontada para o louro. Momentos atrás, o canídeo ousou em arquitetar uma ofensiva com a ordem de seu treinador, contudo, fora impedido pelo ruído da pistola engatilhar. O cenho de Nico então franzia, com os orbes cerúleos, inexpressivos, semicerrando-se, estreitos na figura daquele homem que amaldiçoou e jurou acabar com o mesmo; no final, sentia-se apenas mais um refém dele. Seus pedidos desesperados a Arceus, a divindade responsável por toda a criação e destino dos mortais parecia divertir-se diante das melindrosas ocasiões que colocava o novato, de tal modo que conseguiu despertar seus demônios internos que deram poucos sinais mesmo na existência de dezessete anos do garoto de Kanto. Rogava até mesmo a Giratina, ofertando sua modesta alma para aquele que as crendices apontam como o “pai do caos” apenas para que a menina que tanto lhe era terna fosse liberta sem arranhões.

Para ser contrariado ironicamente ao final de tudo.

Suas criaturas colocavam-se à frente da silhueta de Nico, já conformada com o destino; fechava a sua boca em expressão carrancuda, com seus olhos fixos nas janelas do ruivo. Sua mente contava mentalmente os milissegundos que tinham de vida naquele ínfimo lapso temporal de o rocket puxar o gatilho da pistola e fazer o projétil perfurar o corpo do louro. Assentia apenas que Emma estava bem, e ao fim de tudo, não ligava de entregar sua vida para alguém com mais potencial que ele em tudo o que fazia; não titubeou e nem recuou em momento algum, manteve-se de pé, sem retirar suas vistas da figura do bandido, começando a sentir o abraço gélido da morte.

Veio o ensurdecedor ruído, e com ele, o projétil lançado a partir do cano da arma.

Cerrou seus olhos conformado. Todavia, antes mesmo que pudesse imaginar qualquer coisa, a fada reuniu a energia esmeralda em volta de seu rechonchudo corpo, convocando uma barreira protetora exatamente àquela utilizada para sair das garras de Liepard. O poder era o suficiente para desviar o projétil, fazendo-o ricochetear para qualquer canto remoto do velho cômodo em que toda aquela infinitude de agouros dos novatos se passava. Nico deu-se em conta de que estava vivo quando abriu seus olhos subitamente, fitando a muralha retrair-se para o corpo de Jigglypuff.

— Você... — balbuciou, quase em tom inaudível, encarando a figura da fada protegendo-o de um golpe possivelmente fatal sem necessitar de comandar.

Nicholas não conseguia nem ao menos expressar sua gratidão à Jigglypuff mediante à tensão instaurada naquela mínima atmosfera. A distância, apesar de ínfima, mais parecia dois mundos díspares com espaço de milhões de anos luz, separados apenas por aquela maldita arma. Apesar de estar tensionado, o louro buscou abafar seus sentimentos mais impulsivos e odiosos, encarando o bandido então.

— Eu estou aqui para barganhar
— começou, levando suas duas mãos ao bolso. — Odeio revelar isso aos outros, mas acredito que seja necessário. Na verdade, eu sou um filho de Joseph Stone fora do casamento; isso mesmo, o dono da Devon Corporation, e ele me escondeu por todos esses anos. Caso seja revelado minhas origens, ele perderia muito dinheiro em ações, e é por isso que ele sempre buscou abafar a mim e minha mãe. Se você quer dinheiro, para meu pai não é problema, mas tem uma condição: primeiro, ela vai sair daqui sem um único arranhão, e eu tomo o lugar dela. Feito?

Inventou uma mentira nas poucas informações que reunira acerca do sequestro e do lugar que passou. Recorrendo às suas lembranças mais remotas, lembrava-se de que o homem ao qual se referia era o pai de Steven, conhecido por ser o campeão de Hoenn; e nada disso importava no final. Com o canto de seus olhos, passava uma mensagem clara à Ninjask: que utilizasse de sua velocidade quando ordenada pelos mesmos sinais que Nicholas passara outrora em caso de qualquer brecha deixada pelo rocket.

Nico gostaria apenas que aquela história fosse levada adiante, afinal, não se importava de trocar de lugar com Emma, afinal, julgava-se fraco por não a ter protegido no momento mais crucial. Não obstante, a treinadora também cedeu sua própria vida e bem estar para que Nicholas não fosse levado para o mesmo destino que ela; e, segundo o treinador, estava na hora de pagar a dívida.

Agora, restava com o rocket se aceitaria aquela estória inventada por Nicholas ou não.

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Quarta, 17h20min - Rutsboro City
"Nublado, vento forte . 20ºC"  


As preces para todos os pokémons deuses eram feitas naquele cubículo. Nico, diante do agressor, nunca esteve tão perto de sua amada... Sua paralisia momentânea só foi vencida com o impacto da bala de ferro batendo no escudo e ricocheteando na sala. Jigglypuff agia naquele momento, salvando a vida do loiro, enquanto Emma continuava envolta nas “garras” de seu agressor. O olhar da menina parecia perdido, temeroso.. Até falar parecia difícil para ela...

- Nico..- sussurrava, calando-se na medida em que o cano da pistola do ruivo era pressionada em sua mandíbula. O olhar do rapaz rocket era inclinado a ameaçar. Uma puxada de gatilho e a vida da menina ia-se embora. Jigglypuff tremeu.

A tática de Nico então era a paz! “Paz”, entre aspas. O rapaz contou ao ruivo a sua história, que o fazia arquear a sua sobrancelha, em direção a cada palavra do rapaz... Tal situação, ao menos, chamava a atenção daquele bandido, que não parecia muito convencido daquela historia para Taurus dormir, mas a dúvida ficava...

- Se isso é verdade, você não acha que não seria melhor eu ficar com os dois e ganhar o dinheiro do resgate de ambos... Não sei se você sabe, mas não está em posição de negociar...- informava, olhando para todos os integrantes. Ele tinha dois Pokémon contra 5 de Nicholas, mas tinha uma arma e tinha Emma... Poderia estar levemente na vantagem, enquanto o menino estava tentando pressioná-lo. A situação era delicada...

Ninjask sobrevoava em campo, ainda perto de Nico, mas com o olhar atento. O ruivo rodopiou a arma em devaneios. - E acho que seria conveniente que assim fosse...- nem terminava de falar, que foi o tempo de Ninjask descer e se colocar entre Emma e o Rocket! Ninjask escolhia então invocar a sua barreira... O corpo do inseto era envolto de uma esfera verde-esmeralda, que cresceu se expandindo ali, jogando Emma para o lado e o Rocket para o outro. Os tiros eram ouvidos!

“BANG, BANG!”

Mais balas ricocheteavam toda aquela sala. Fazendo com que não só Ninjask agisse, mas Jigglypuff pulasse fora do ombro de Nico e caísse junto de Emma. Mightyenna tentou avançar, mas Drillbur entrou na frente. O fantoche Pokémon sobrevoou, ainda com o sorriso sádico/animado, como se não soubesse a seriedade. Shedinja se posicionou a frente de Nico...

- ARG! Drillbur, Rock Slide, Shuppet, Thunder Wave!



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Mesmo em clara posição desvantajosa, o louro ousou uma negociação com o malfeitor, apenas se oferecendo para trocar de lugar com Emma. O pedido era negado prontamente com clara desconfiança por parte do rocket; Nico notara ainda na rota 101 que ele não era dos mais inteligentes — mesmo sendo pego por ele graças à desvantagem imposta pelo número de inimigos —, contudo, conduzia aquele ambiente ao seu favor apenas por ter a arma apontada para a treinadora de douradas madeixas.

Nicholas cerrou seus punhos em cólera, timidamente abafada no momento em que a treinadora balbuciava seu apelido, afinal, fora abafada quaisquer pelo ferro gélido fechar sua trêmula boca. As ríspidas palavras do rocket eram apenas uma distração que o treinador utilizara para contornar àquela situação melindrosa. Sua velocidade prodigiosa garantia um coringa na manga de Nico conseguir libertar Emma dos braços vis do bandido.

E fora o suficiente. Enquanto buscava intimidar ainda mais o louro, como um flash, o inseto alado interpunha-se entre a loira e o rocket. Com a energia esmeralda canalizada sobre seu exíguo corpo aliado à sua agilidade, a barreira protetora es expandiu tendo o seu corpo como o epicentro, fazendo força o suficiente para libertar Emma do rocket. Espalhafatosamente, o malfeitor apenas disparava mais duas vezes a ensurdecedora pistola; as balas ricocheteavam contra o Protect evocado por Ninjask, perdendo-se no diminuto cômodo em meio à penumbra parcial. Rapidamente, a fada rechonchuda pulava para o ombro de sua mestra, e era nesse momento que a equipe liderada pelo louro arquitetava seu avanço.

— Vocês duas, corram! Ninjask vai dar cobertura para vocês, eu dou conta desse verme — bramia, olhando de relance para Emma. Nicholas gostaria de gastar mais tempo afogando-se no oceano dos olhos da treinadora, contudo, a situação não lhe permitia ambos entreolharem-se ternamente como na cabana próximo a Littleroot novamente; era a hora de, enfim, conseguir a sua vingança.

Mightyena arqueava seu corpo, abaixando suas patas dianteiras para avançar, interceptado por Drilbur. O fantoche fantasmagórico que flutuava outrora próximo a Emma avançava tal seu companheiro, flutuando próximo à toupeira. Ainda desequilibrado, o rocket bramiu alguns comandos para os seus pokémons devido à surpreso do avanço do rápido inseto. Shedinja flutuava próximo ao louro, sem participar ainda no combate; o canídeo e o inicial ficavam na linha de frente, encarando seus adversários.

— Charmeleon, Protect e Dragonbreath em Drilbur; Mightyena, Taunt e Assurance em Shuppet — exprimiu, mais uma vez, olhando de relance para Emma onde quer que ela estivesse. — Pega as suas coisas e vai!

Nicholas abriu mão do seu inseto que se mostrava eficiente em combates — apesar da desvantagem dos ataques de Drilbur — para que o mesmo acompanhasse Emma em sua fuga. Os disparos seriam interceptados instintivamente pelo Protect evocado ora por Ninjask, ora por Jigglypuff. Ficava apenas com a evolução fantasmagórica de seu remoto Nincada, para que o mesmo ajudasse seu mestre a rebater os tiros — ou sabe-se lá o que mais o rocket dispararia —, deixando o combate com Charmeleon e Mightyena.

Pelo seu tom de voz, era quase como uma súplica à fuga da loura; a mesma deve ter passado por inúmeros agouros, pensou Nico, apenas por encarar sua feição fragilizada. Foram dois longos dias trabalhando em saber onde os rockets estavam para que usufruísse de sua liberdade e volvesse a cintilar com sua radiante personalidade. As evocações das divindades — sem intenção — auxiliaram à garota de Kalos a desvencilhar-se do bandido.

Agora, corra, Emma, por sua liberdade.

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Quarta, 17h20min - Rutsboro City
"Nublado, vento forte . 20ºC"  


A oportunidade havia sido criada. Ninjask e sua ultra velocidade lançava a menina e o rocket para longe. Aquele machucado era apenas um pequeno preço a se pagar pela liberdade. Com os gritos de Nico, Emma despertava-se, agarrando Jigglypuff e saindo correndo do quarto, com medo e pavor... Aquela reação foi bem instintiva, quase um reflexo, mas no momento em que a loira saia, ela passava do lado de Nicholas. Seus olhos se cruzavam naquele momento. O cabelo esvoaçante da menina parecia lindo, mesmo debaixo daquela poeira e sujeita. A face inchada e os cortes na testa não interferiam na face angelical que Emma tinha... Aquele transe só era despertado por mais tiros!

Shedinja era o rápido dessa vez! Enquanto a menina agarrava a bolsa na sala ao lado, o fantasma de Nico abria um Protect contra mais tiros. O rocket, que outrora se sentia o maioral naquela sala, agora apenas canalizava a fúria em seus tiros e Pokémons. A batalha estava armada mais uma vez!

Os latidos de Mightyena era intimidador! Não era o canino pacífico da rota 101! Neste meio tempo, ele tinha absorvido um pouco da ira do loiro e conseguia ser, quando queria, tão demoníaco quanto o rapaz. Charmeleon ainda resistia a essas forças das trevas, mas, no fim, ele era o inicial de Nicholas. Enquanto o latido surgia, a barreira de esmeralda que começava a ser um problema para o ruivo surgia de novo, enquanto Shuppet era provocada e não agia, pra nada, choramingando maldições contra o corpo da hiena.

Agora Drillbur saltava e do seu corpo luzes brancas conjuravam várias rochas para o pequeno cômodo. Nico teve que se afastar. Em um ambiente tão pequeno, tanto ele, quanto o ruivo poderiam ser ferir diante dos golpes. Mightyena latia de forma abafada naquele golpe, enquanto Charmeleon estava protegido. [-13 HP| 29] O pequeno comido sem luz ficava sem muito espaço, principalmente para as pedras.

Mightyena saia saltando sobre as pedras, pulando de um lado para o outro, indo até Shuppet. Charmeleon saia do vazio que era o vão de pedras que formou ao seu redor e disparava um sopro, que parecia um vapor, condensado com energia azul-escura. Dragonbreath atingia Drilburr em cheio. [-12HP| 60] Ao mesmo tempo, Assurance caia sobre a cara da fantasma, tendo agora, reais motivos por choramingar. [-47 HP| 8]

Drilbur fora o último a atacar e, também, a causar danos grandes. Mais pedras eram trazidas para aquele cubículo e ninguém sofria mais daquilo senão Charmeleon.[-24 HP| 2] Mightyena também ficava mais cansado com o último golpe [-13 HP| 16] Foram batalhas poderosas, uma atrás da outra... Era normal aquela situação...



       


Charmeleon:
Normal
Mightyena:
Normal
Hold Item 1:
--
Hold Item 2:
---
Trait 1:
Blaze
Trait 2:
Intimidate

lv24 Charmeleon


2/62
lv25 Mightyena


16/70
Ato 02 — Vendeta. - Página 13 CharmeleonAto 02 — Vendeta. - Página 13 Mightyena
Ato 02 — Vendeta. - Página 13 DrilburAto 02 — Vendeta. - Página 13 Shuppet
lv28 Drilbur


60/72
lv24 Shuppet


8/55
Trait 1:
Sand Rush
Trait 2:
Insomnia
Hold Item 1:
--
Hold Item 2:
--
Drilbur:
Normal
Shuppet:
Taunt 2/3

Campo: Quarto pequeno e escuro, várias pedras no chão de vários tamanhos. +20% de Power em Golpes darks.

Progresso da Rota - Nico :

descriptionAto 02 — Vendeta. - Página 13 EmptyRe: Ato 02 — Vendeta.

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